Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Antonio. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Manuel Antonio. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 11 de agosto de 2020

nº 246 Manuel Antonio na olhada moça de Carvalho Calero.

 

Lembranza do Ulises morto.

f.1 Grave, fremoso, profundo, sonoro e raiolante destiño o de algúns homildes lugares da terra, que ven abrirse a rosa de un ilustre nadal. De Belén virá a luz! A escondida, a sinxela, a pequena cidade de David, dormida antre palmeiras, arrolada pol-as voces pervagantes dos pegureiros que apacentan as súas cabras nos soutos verdecentes e á pomba mensaxeira do vento confían o mensaxe de unha canción... Eiquí, no nosa terra, a vila mariñeira de Rianxo sabe de esas doces maternidades. I en lembranza de un fillo seu, acendemos hoxe a lámpada do recordo.

 

f.2 Compríronse tres anos de tránsito de Manoel Antonio. No ceo dos mariñeiros, fumando a súa vella pipa, estará agora, cicáis en tranquila conversa con Neptuno1, cuias barbas fluviás, acio de xebras e de cunchas, tremarán, por ventura, unha leda risada de petrucio patrón. Verde pazo do Rei do Mar; de cristal de roca, puro e limpo! Ceo salgado! Anxos de escamadas colas, de ollos belixerantes, de redondos peitos! Alá estará Manoel Antonio, esquecido de nós, amigo de Simbad2 e amado das sireas.

 

f.3 Pero, dorna fugaz, do seu paso pol-a terra ficóunos un ronsel. Este ronsel3 é “De catro a catro”. Na cuberta da súa nao, no silenzo caviloso das guardias, araña mariñeira, ia tecendo o seu diario de abordo. Matinaba inauditas descubertas queimaba na súa pipa forte tabaco de estelares navegacións, esculcaba a dor da noiva goleta, cambeaba radiogramas estranos con estrelas descoñecidas. E todo elo nol-o dou, un bó dia de marzal, no caristel4 de un cuaderno de poemas.

 

f.4 Lírico Ulises5. “Odisea6”. Mais nosa “Odisea” tiña que ser lírica. Non podía narrar aventuras de un rei que regresa ao fogar perseguido dos deuses nemigos. Tiña que ter por héroe a un poeta; e por rapsodias, desafiadas cancións. Canciós que aboian corpos de afogados, en que as estrelas dialogan cos mastros e as gueivotas levan no peteiro as cartas dos mariñeiros namorados: un mar sulcado pol-a quilla de buques pantasmás; un mar que guarda no fondo do seu ventre de chumbo, paraisos de coral e madrépora donde os poetas náuticos fuman, xogan e xuran, parolan co Capitán Nemo7 e beben o acedorón8 que lles sirven as sireas, taberneiras de adegas sulagadas.

 

f.5 Alá estará Manoel Antonio, n-algún bar submariño, xogando as cartas con Corbiére9. Esquecido de nós, no seo dos mariñeiros. Pero nós non o esqueceremos endexamáis. Porque é o noso Ulises. Porque escribíu a nosa Odisea. E na data da súa morte, todos os que o amamos, inclinados á beira do mar, escoitamos un son lonxano, unha sombra de son. E o bronce submariño, o sino mergullados dos bretóns10, a campá dos mortos de que a Salgari11 falou o vello logo Catrame12, que dobra en lembranza e honor de Monoel Antonio. Ulises galego.

 

R. Carballo Calero. El pueblo gallego. 23 de fevereiro de 1933

-----------------------

 

Quando o Dr. Ricardo Carvalho Calero (1910-1990) publica este artículo era um moço de vinte e dois anos recém formado em direito e acabava de cumprir-se o terceiro cabo de ano da morte do poeta rianxeiro Manuel Antonio. A peça jornalística que nos oferece o Dr. Carvalho Calero é duma beleza notável e está ch eia de referências literárias que descrevem, acho que felizmente, a imagem e personalidade do poeta do mar de Rianxo. Aínda ciente de que o artigo não precisa de ser explicado para que um possa gozar dele plenamente, deixem-me um pequeno comentário de texto para uma leitura um bocadinho mais profunda, e nunca melhor dito, poder mergulhar-nos nas profundidades do relato qual capitães Nemo.

 

f.1 Curiosa esta comparação entre a simples Belém, com o seu presépio e os seus pegureiros e a Vila marinheira de Rianxo, que sendo também um lugar muito humilde, dá a humanidade um personagem ilustre do tamanho de Manuel António. Em realidade, com Castelao e Rafael Dieste foram três os vultos da nossa cultura paridos por Rianxo. Resulta algo questionável o pensamento de Carvalho Calero, já que nenhum dos três são filhos de humildes marinheiros, mais bem da burguesia vilão com a capacidade económica suficiente para dar-lhes estudos universitários. Mas entendemos que o contexto rianxeiro das primeiras décadas do século XX tinha algo de Arcádia, propícia para a formação de intelectuais humanamente bons e por natureza galeguistas. Assim o confessava o próprio Manuel Antonio.


"Mais a miña biografía non é miña; pertence á nosa vila e é dentro d'ela coma unha d'esas horas anónimas que todol-os días c'o mesmo paso invariábel recorre a agulla insensíbel d'o reloxe d'a torre que peta n-as horas coma un sonámbulo. Eu pudera ben trocar a miña biografía pol-a d'unha pedra d'a rua, pol-a d'un árbore d'a plaza ou pol-a de moitos homes que conezo de vista." Manuel Antonio. Obra completa: V. I Prosa. Ed. Xosé Luís Axeitos Agrelo. Real Academia Galega; s.l. 2012 p.87 


 f.2    (1) Neptuno: Deus romano do mar.

 

         (2) Simbad: Marinheiro fictício do livro As mil e uma noites.

 

 f.3   Alguma vez li, lamento não lembrar a citação, que (3) ronsel era uma palavra que os poetas aprenderam dos marinheiros de Rianxo. Sei lá! Mas o caso é que não se documenta na nossa literatura antes de ca. 1922. 

 

Pescaremos nas redes d'os atlas

 

ronseles de Simbad

 

De catro a catro.

 

         (4) Caristel é uma palavra que pertence ao vocabulário literário exclusivo do Dr. Ricardo Carvalho Calero, aparecendo em versos: Rosa secreta, caristel de orballo e também em peças de teatro: A Arbre ou o Auto do prisioneiro. A palavra mais habitual no léxico galego seria canistrel: cesto de varas. 

 

 f.4    (5) Ulisses: Ou Odiseo, rei de Ítaca, personagem principal da Odisseia de Homero.


         (6) Odisseia: Poema épico grego atribuído a Homero. Século VIII a. C.


         (7) Nemo: Comandante do submarino Nautílios, do livro de Jules Verne Vinte mil léguas submarinas.


        (8) Acedorón: Tal vez se esteja a referir ao kykeon, bebida que aparece na Iliada, feita a base de água, cevada e ervas.


 O parágrafo f.4 parece-me o mais formoso do artigo porque conecta perfeitamente com todo o imaginário manuelantoniano. Tal é assim, que ao ir lendo palavras como afogados, cartas, mastros, gaivotas, evocamos imediatamente versos e poemas inteiros do poeta rianxeiro. É sugestiva (e poética em si própria) essa ideia de que a lírica galega não pode ser épica, no sentido de narrativa, senão em forma de canção. Os heróis não seriam, então, os guerreiros, mas sim os/as poetas. Já o dizia o camarada Hernández: Tristes guerras, si no es el amor la empresa.


 f.5     (9) Corbière: Tristan Corbière (1845-1875) foi um poeta bretão representante do simbolismo e pertencente ao grupo dos Malditos. Certamente o paralelismo com Manuel António é surpreendente:

 

- Ambos nasceram no mês de julho.


- Ambos enfermaram de crianças: T.C. reumatismo articular e M. A. tuberculose.

 

- Ambos tiveram um único amor re-conhecido: T.C. Amida Giuseppina e M. A. Mercedes Rodríguez Pimentel.

 

- Ambos publicaram só um livro em vida: T.C. Les Amours jaunes e M. A. De Catro a Catro.

 

Ambos colocaram ao mar no centro da sua poética.

 

- Finalmente, ambos  morreram de tuberculose a idade de 29 anos.

 

Que Manuel António era uma reencarnação do poeta bretão fica claro nos seguintes versos:

 

Eu sou o cachimbo de um poeta,

 

sua ama: que a Besta lhe aquieta.

 

De O cachimbo de um poeta. Os amores amarelos.

 

        (10) O sino mergulhado dos bretões faz referência a lenda da cidade de Ys, que ficou sob a água por culpa dos seus pecados. Os sinos da Sé, mesmo assim, continuavam a dobrar produzindo um som abafado.


        (11) e (12)  O italiano Emilio Salgari (1862-1911) publicou em 1894 Le novelle marinaresche di Mastro Catrane, como o seu nome indica, contos marinheiros dum velho lobo de mar.

 

 -----------------------

 

Em 1930, ano da morte de Manuel Antonio, o professor Carvalho Calero ainda era para muitos Ricardito, o jovem poeta do Ferrol autor de Trinitarias, livro de versos em castelhano. Mas ao tempo que madurava como pessoa ia publicando por solto os seus primeiros poemas e os seus primeiros artigos em galego. E nessa Odisseia  de aprendizagem, de toma de consciência, de militância, que tantos vivemos, o Dr. Ricardo Carvalho Calero foi-se convertendo no nosso herói, um Ulises-guia neste eterno navegar no que nunca damos chegado a porto.

 


Vida Gallega nº 367; 10 de fevereiro de 1928.


Original de Lembranza do Ulises morto.


Como ilustração musical a esta postagem recomendo-vos escutar La Cathédrale Engloutie de Debussy, baseada no mito da cidade asulagada de Ys. 

 

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

nº 192 José Sánchez Vázquez, o final dum ofício.




José Sánchez Vázquez [Rianxo, 14/08/1877; Padrão, 08/01/1939] é minimamente conhecido por ser o tio crego do poeta rianxeiro Manuel Antonio. Porém, o sochantre é para mim uma personagem com nome próprio, infelizmente ignorada não só pelo grande público, mas também por os próprios historiadores da música galega. Com este artigo não pretendo fazer uma biografia por extenso do mestre salmista, só dar a conhecer alguns aspectos que considero de urgente divulgação, deixando para mais adiante partilhar quanto logrei saber da sua vida e obra.






Foto: 
Arquivo X. Santos e X. Comoxo

I
Parentescos

a.- José Sánchez Vázquez era irmão de Purificação Sánchez Vázquez, mãe de Manuel Antonio.  
b.- O avó de José Sánchez Vázquez era irmão do pai de Severo Araújo Silva, Bispo Auxiliar do Arzobispado de Santiago de Compostela.

Estas ligações familiares vão ser fundamentais para que partituras até agora desconhecidas ou perdidas façam agora parte do recentemente criado Fondo Local de Música do Concello de Rianxo.

II
O Sochantre de Íria

A sua nomeação como presbítero tem lugar em janeiro de 1902 e um ano mais tarde já aparece citado na imprensa como Sochantre de Íria, pelo que deveu aceder a este cargo quase imediatamente trás a sua ordenação. Durante os trinta e sete anos que restam até a sua morte, José Sánchez Vázquez teve uma intensa vida dedicada por completo à música, bem seja como cantor, como regente ou como dinamizador e organizador de eventos culturais.
A sua actividade como cantor não se reduzia apenas a Íria Flávia, senão que acudia lá onde era reclamado, principalmente à Ponte Vedra dos seus amigos Mercadillo, Torres Creo, Isidro Puga ou o mestre de capela Manuel Taboada Nieto. Gostava de cantar cantigas galegas, como a titulada Bágoas de Puga ou Choros e Cántigas de Sanmartín, da que falarei mais adiante.

«La orquesta y voces de los Sres. Mercadillo y Torres [Creo], reforzada con el tenor de Iria D. José Sánchez, interpretó con gran maestría la hermosa misa de Gomig, el Motete de Cortina y Genitore de Guilmar.» El Diario de Pontevedra: nº 7596 06/09/1909
 
A sua sólida formação musical permitir-lhe-ia dirigir orquestras e coros os quais interpretavam música não apenas religiosa. Graças a imprensa da época, podemos saber como eram aquelas orquestras, muitas vezes reforçadas com músicos de Compostela ou de Ponte Vedra. Assim, no Diario de Galicia 20/02/1914 ou em El Barbero Municipal, 21/11/1914 encontramos uma orquestra regida pelo P. Daniel Gómez, franciscano do convento de Ervão, da que fazem parte os violinistas Srs. Rodríguez, Castro e Diéguez, nas flautas os Srs. Balado e Rey, no contrabaixo o Sr. Sánchez e no piano o Sr. Cardama. Aqui, aparece o Sochantre tocando o baixo, mas, habitualmente, era ele próprio quem dirigia a orquestra, alternando-se instrumentais e peças cantadas.
Também dirigiu os coros de meninos, as vozes participantes nas missas e nos diferentes ofícios e sobre todo, o Orfeão Antoniano.
Este último está muito relacionado com o seu papel de organizador e dinamizador de eventos entre os quais a organização da Juventud Antoniana e as celebrações do dia de Santa Cecília.
O interessante é que em todas estas celebrações havia sempre um lugar para a canção galega de concerto, assim como um espaço para os seus amigos músicos, como o guitarrista Daniel Paz Rodríguez O Rosquilheiro.
Como curiosidade dizer que depois de morto o Sochantre, a sua irmã e mãe de Manuel Antonio, Dna Pura, continuou a costear a Missa Solene da celebração de Santa Cecília à que habitualmente se associavam os músicos de Padrão.                                         


III
Os organistas de Íria Flávia

José Sánchez Vázquez viveu o declive do ofício de sochantre e organista na igreja de Íria Flávia. Acho que ele foi o derradeiro sochantre e que conviveu com os últimos organista por oposição da ex-Colegiada. Pouco antes da sua posse como cantor de Íria, o órgão foi restaurado, o qual manifesta um certo interesse por mantê-lo em óptimo funcionamento. No século XIX, alguém que tivesse vontade de escutar uma Missa Solene com órgão em Padrão podia escolher entre o do Convento de Ervão, o do Convento do Carmo, o da Escravitude ou o de Íria, e quiçá algum mais que se me passa.
Dos organistas de Íria, acho que não há nada publicado, assim que achego aqui o que sei, entendendo que a pouco que se investigue, muito de quanto digo pode ser ampliado ou mesmo rectificado. 

Em 1881, foi nomeado organista da Ex-Colegiada de Íria Flávia D. Pedro Rodríguez [1881-1887]. Só seis anos mais tarde sai publicado no Boletín del Arzobispado o edital pelo qual se convoca a vaga de organista de Íria Flávia.

«Hallándose vacante la Capellanía, ad nutum amovible, erigida en la Colegiata de Iria Flavia bajo la advocación de San Rosendo y afecta al cargo de Organista, el Excmo. y Reverendísimo Prelado, mi Señor, á quien pertenece su provisión, ha determinado anunciarla á concurso, como por el presente se verifica, por el término de veite días á contar desde el de la fecha, dentro del cual los aspirantes, que deberán ser Presbíteros, dirigirán á Su Excia. Revma. la correspondiente solicitud, acompañada de letras testimoniales de sus Prelados, si fuesen extradiocesanos.
Las obligaciones del agraciado serán: residir en Iria Flavia, asistir á las horas menores todos los días, tañer el órgano en las misas conventuales y demás funciones propias de la Colegiata ó que determinare el Párroco como Presidente, y aplicar el Santo Sacrificio todos los domintos del año por las almas é intención de los fundadores de las Obras pías, con cuyas rentas se ha constituido la Capellanía.
Su dotación anual es de cuatro mil reales, que se cobrarán por trimestres en la forma que el Estado satisfaga los intereses de la deuda pública.
Santiago 29 de marzo de 1887. –Por mandado De Su Excelencia Revma. el Arzobispo, mi Señor, Dr. D. Vicente Álvarez Villamil, Secretario.» Boletín Oficial del Arzobispado se Santiago. Ano XXVI nº 1098 31/03/1887

José María Sanmartín Catoira, [1887?-1907] Era natural de Pontecessures, onde morreu em 10 de janeiro de 1951. Foi, alem de organista por oposição em Íria, pároco em Redondela e Cangas do Morraço, sendo o seu último destino a igreja de São João Apóstolo de Santiago de Compostela.
Sabemos que foi o autor dalguma balada galega como a titulada Choros e cántigas, editada por Canuto Berea, a qual se publicitava na prensa de 1909 e continuava a ser interpretada nas festividades religiosas organiçadas por José Sánchez em 1933.

El Eco de Galicia. nº 954 13/10/1909

El Compostelano - Num. 3810 (31/01/1933)

Em 1907, convoca-se novamente a vaga de organista por translado de José Sanmartín. A dotação anual será nesta ocasião de mil pesetas. Gaceta de Galicia. nº 140 22/06/1907

- Manuel Forján Ojeros. [1907-1912] Em 1910 era aluno de Arqueología y Historia Eclesiástica da Universidad Pontifícia Compostelana. Como homenagem a Antonio Lopez Ferreiro, morto em abril desse mesmo ano, a aula organizará uma velada na que vai ser interpretada a cantiga elegíaca Pranto de Galicia, de Manuel Forján. Dois anos mais tarde, em abril de 1912, morre quando cursava terceiro ano de Teologia. 

«Era el Sr. Forján un excelente músico, autor de varias composiciones de relativa importancia. La enfermedad que le condujo al sepulcro la contrajo preparándose para la plaza de organista vacante en la catedral compostelana.
Desde hacía varios años era organista de la Colegiata de Padrón, habiendo obtenido el cargo desde bastante joven, cuando casi era un niño.
Encarecemos á nuestros lectores unan sus oraciones á las nuestras en sufragio del alma del finado.» El Eco de Galicia. nº 1746 28/04/1912 

Embora a sua juventude, Manuel Forján era organista de Iria Flavia por oposição. Durante as suas ausências, substituía-o no órgão da Colegiada o seu irmão Joaquín Forján. Na altura, dirigia a Banda de Música de Padrón um outro Manuel Forján, ao que cremos parente dos irmãos organistas. 

- Joaquín Forján Ojeros. Irmão do anterior, foi organista ocasional em ausência de Manuel Forján.

- Adolfo Cardama Cortés. Dodro, 23/06/1879- A Póvoa do Caraminhal 19/03/1942. Quiçá o organista que mais vezes aparece ao lado de José Sánchez, e do que deveu ser, além de mais, grande amigo. O primeiro dado que tenho do duo Sánchez-Cardama é de 1908, na igreja de São Julião de Requeijo. Cardama tocava principalmente o harmônio e o piano, mas é possível que tocasse o órgão em certas celebrações. As suas ocupações como funcionário em diferentes concelhos como o da Póvoa do Caraminhal, dificultou-lhe uma maior actividade como músico. Era filho de Ramón Cardama, mas ignoramos se tem alguma relação de parentesco com o organeiro compostelano do mesmo nome.

«A continuación ocupa el escenario el Sochantre de Iria Flavia, don José Sanchez, que cantó la melodía gallega Bágoas, del maestro Puga, acompañándole con el armonium D. Adolfo Cardama, siendo objeto de una ovación el Sr. Sánchez por el exquisito gusto con que interpretó la obra.» El compostelano. Nº 1290 (12/06/1924)

IV
Uma festa em Bastavales
Com um minuto de intervalo

«A las nueve, Misa cantada en la capilla, acompañada de la grandiosa Orquesta de Iria-Flavia que será reforzada con valiosos elementos de la Catedral de Santiago, compuesta de doce profesores, entre los que figuran el tenor D. José Sánchez y el barítono M. R,. Espinosa.»
«Por la tarde, a las tres, darán comienzo los grandes bailes populares amenizados por las bandas de Brión y Rianjo y por el popular cuarteto regional gallego de Soutelo de Montes, desarrollando un variado programa de bailes, los que se alternarán con un minuto de intervalo.»
«A las tres de la tarde continuarán los bailes populares estando la música a cargo del afamado director D. Ángel Bandín.» El compostelano. nº 1858 02/06/1926 Festas em São Julião de Bastabales em honor da Virgem do Carmem.

«La orquesta y voces de los Sres. Mercadillo y Torres, reforzada con el tenor de Iria D. José Sánchez, interpretó con gran maestría la hermosa misa de Gomig, el Motete de Cortina y Genitore de Guilmar.» El Diario de Pontevedra: nº 7596 06/09/1909

«La orquesta y voces de los Sres. Mercadillo y Torres reforzadas con el valioso elemento del tenor de Iria, D. José Sanchez, justificó una vez más la altura de su justo renombre, en la interpretación de los Gozos de Velardi, á solo de bajo y duo de barítonos, en el Tantun ergo de Loxvi y el Genitori de Guilma.»

V
Despedida a la Sma. Virgen
 
A única partitura das conservadas no Fondo Local de Música do Concello de Rianxo que consideramos da autoria de José Sánchez Vázquez é a titulada Despedida a la Santísima Virgen, a qual está datada em 7 de setembro de 1934. Pela sua letra trata-se duma composição semelhantes as muitas que se conservam, alguma mesmo no nosso arquivo, de Salutação e Despedida, normalmente postas em boca, a modo de hino, dos peregrinos que acodem a um santuário. Considero, pois, que se trata duma Despedida à Virgem de Guadalupe das pessoas assistentes à sua celebração.



© Fondo Local de Música do Concello de Rianxo

VI
Epílogo
O organista de Iria de José Filgueira Valverde

Ao organista de Iria, un músico vello de enterros e festas, bo bebedor, forte, roxo de moita sona en toda a terra de Padrón, viráraselle o sentido. Deixara o viño e as esmorgas, dera en se pechar polas noites na igrexa a tanxer no órgano cousas estrañas; subía ao campanario para adeprender aos mociños repiques novos, tiña longas conversas co gaiteiro de Isorna e saía cara os soutelos do río, no raiar da alba, cun feixe de papeis baixo do brazo. Sentira o proído de engaiolar unha cántiga que teimosamente se escoaba nos seus oídos e tendía a cotío o ichó para esligala como se fose un loiro paxariño.
Despois de moitos traballos, arriscouse a amostrar canto levaba composto ao oranista de Santiago. Saíu de Iria, polas oitavas de Nadal, cunha carta de presentación do Abade, con moitos papeis na alxibeira e o verme dun degoiro no peito. Nos seus oídos ecoábase aínda, con leda teimosía, o belido tema que topara e seguindo no maxín a súa obra —Op. I—, deténdose en cada acerto, á mañá do repaso que un fai do soño lonxano, deuse a cantalo, a cantalo namentres o tren repinicaba a muiñeira das costas e debullaba o alalá dos chans sobre o trémolo da paisaxe e o pedal azul do ceo.
(O crego cativiño e descoñecido que se sentara a par del en Osebe íao escoitando cos ollos pechados nas follas do breviario).
Nos altos da Catedral renxía o fol do órgano, barquín de forxa, e as mans do Organista de Santiago, mans afeitas a temperar o ferro roxente dos graves na agua xeada dos agudos, afiaba os sons a circias marteladas. Embazábase o aire dunha sutil poeira, erguíase un mesto fumeiro... De súpeto é a nidia claridade da súa cántiga a que avesca o músico de Iria, envolveita na néboa dunha fuga. O paxariño que el quixera esligar coas súas mans de labrego, afeitas a coller niños caera no ichó daquel creguiño descoñecido que cos ollos pechados nas follas non pasadas do breviario fora escoitando o seu cantar.
O organista de Iria xa non tenotu falarlle. Con ollos embazados pola poeira das bágoas, coa gorxa atuída polo fumeiro dun salaio, estrizou os papeis e tornou aos enterros, ás festas, ao viño e ás esmorgas.
Na terra de Padrón díxose que os médicos de Santiago lle arrincaran do peito un verme. Tornáranlle o sentido. 
Quintana Viva. p. 47 e 48 La Voz de Galicia, S. A.; Corunha. 2002


quarta-feira, 21 de maio de 2014

nº 184 Decálogo de Manuel Antonio


Antologia arredista e sentimental de Manuel Antonio.

DECÁLOGO 
de
MANUEL ANTONIO

I

Ti, Rodolfo Cruceiro, que eras tão galego, tinhas que ser, como bom galego, multiforme e omnímodo. PROSA p. 65 

II

Madrid, poço negro de todos os resíduos da península. PROSA p. 136 

III

Diferença entre um galego e um espanhol: ser ou não ser. PROSA p. 207 

IV

Estrangeira por estrangeira vale mais uma fala de Europa que a da Meseta. PROSA p. 140

V

Nos prostíbulos já sabem/ que a nossa moeda/ tem o anverso de ouro/ e o reverso sentimental. POESIA p. 117

VI

Topei um Alquimista/ que queria fazer terra/ e não tinha mais que ouro. POESIA p.178

VII

A mim dá-me pena cada casa nova que se faz em Rianjo. Eu quisera que todos lhe tivessem o respeito que eu lhe tenho. Não são capazes de enxergar esse desejo que ele tem de seguir sendo sempre como sempre, sem novidade. Se eu tivesse muito dinheiro havia mercar Rianjo para metê-lo debaixo dum imenso fanal e deixa-lo assim. CORRESPONDÊNCIA p. 202

VIII

A aventura espanhola. Mas falas de Espanha? Cuidado que és fúnebre. Eu não che digo nada disso, porque não gosto de fazer brincadeira dos mortos. CORRESPONDÊNCIA p. 108

IX

Uma das coisas que mais me fazem odiar todo castelhanismo é o lento assassinato que comete com todo o nosso, e cujo exemplo mais patente é a fala. CORRESPONDÊNCIA p.100 

X

Todo passa, e alguma hora chegará que quiçá abonda para justificar uma vida sem rumo. Por enquanto, recomendo-te que sejas galego, é dizer, humorista. CORRESPONDÊNCIA p. 136



BIBLIOGRAFIA:

- Manoel-Antonio, Correspondencia III; edición, limiar e notas de Domingo García-Sabell. 
Vigo : Galaxia, 1972. CORRESPONDÊNCIA

-Obra completa / Manuel Antonio ; edición e notas de Xosé Luís Axeitos Agrelo. 
[A Coruña] : Fundación Barrié : Real Academia Galega, D.L. 2012 PROSA.

- Poesía galega completa / Manuel Antonio ; edición de Xosé Luís Axeitos
Barcelona : Sotelo Blanco, D.L. 1992 POESIA.



quarta-feira, 30 de abril de 2014

nº 182 Pecinhas musicais do arquivo familiar de Manuel Antonio.

Para os meus alunos da Uned Senior de Rianjo

Já faz alguns verães teve a oportunidade de trabalhar uns dias com o arquivo da família Pérez, da que era membro o poeta rianjeiro Manuel António (Pérez Sánchez), tantas vezes lembrado por mim nas páginas do meu blogue. Entre os muitos papeis manuscritos, algum deles de uma beleza e importância histórica espantosa, apareceu uma folhinha de um quarto com umas diminutas peçinhas para piano que me deixaram absolutamente impressionado. Após fazer uma transcrição rápida enviei-lha ao amigo e grande pianista Alejo Amoedo para que ele me dera o seu parecer. Este, tão amável, não só me deu o seu parecer, também as interpretou ao piano e as gravou com o seu telefone para que eu ouvi-se ao vivo. Tenho que reconhecer que quando recebi o agasalho chorei emocionado.
A dia de hoje, e antes de trabalhar a fundo com o arquivo, considero que o autor é José Pérez, nome que aparece no próprio documento junto com uma data, agosto de 1922.
Aguardo que dentro de pouco podamos conhecer mais coisas do importante arquivo musical da família Pérez. Trata-se dum magnífico documento da Galiza musical da primeira metade de século, e achega, também, muitas claves sobre a vida musical das pequenas vilas galegas. Este arquivo propriedade do Concelho de Rianjo, e por isso mesmo, de tod@s @s rianjeir@s, é uma oportunidade única para a criação de um Arquivo Musical imprescindível numa terra considerada como «tão musical». Que assim seja.

Partitura original:



                                      

Interpretação de Alejo Amoedo: OBRIGADO, AMIGO.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

nº 178 No cabo de ano de Manuel Antonio.


O 28 de Janeiro de 1930 morria em Asados o poeta Manuel Antonio. Resulta um bom exercício historiográfico ver a recepção que tal sucesso teve nas páginas do jornal El pueblo gallego, onde ele colaborara, assim como a relevância das pessoas que assinavam os artigos. Só um dia depois da morte do poeta, Johan Carballeira publicava um panegírico titulado "El viaje sin regreso", uma viaje que o próprio Carballeira percorreria só sete anos depois, vítima das balas fascistas. 

El viaje sin regreso
------
Murio Manuel Antonio, hombre y poeta.

Frente al despierto mar del atlántico enero, alargando en crudos horizontes se hizo el día de ayer un cadaleito-velero para llevar a navegar en la eternidad a Manuel Antonio.
Desnudo y puesto "como los hijos de la mar", del verso de Machado, esperó ese viaje sin regreso. Todo el mar celta del mozo poeta, hizo una cruz de silencio y sangró con los ramos desnudos y luminosos de sus versos de piedra madura.
El cósmico acento del poeta partió para las lejanías. Su voz marinera verde y vital como el viento se fué en ondas hertzianas a hacer fiesta de belleza fuera de la rueda del mundo. 
Manuel Antonio: "estás juntando soledades". Y he aquí que tu responso te lo rezan tus versos:

Xa che levaron os ollos
relingadores de lonxanías
e pescadores de profondidades.
Xa che levaron a voz
asolagada na furna xiróvaga
por onde escoan as tempestades.

***

A esta hora en que cierra los ojos Manuel Antonio, Galicia pierde a su poeta más perfilado, mas denso, más universal.
Su poesía está ahí ya categorizada en esqueleto, resistiendo el embate del tiempo, porque sus versos, no son versos inconsútiles, blanduchos y sonorizantes y tiernos como de carne. Son enjutos. De hombre. Sus versos son de hueso. Los que tienen más hueso de todos los que se fundieron en verba gallega. Su poesía tiene dentro sustancia, materia de eternidad desinfectada, clara y perenne. A esta elaboración llegó por recursos de amor, de pensamiento, de caminar con hundidos pasos de hombre y aire de arcángel.
Los poemas de Manuel Antonio se parten a cada contacto en seguros voladores caminos como el diamante se deshace en rosas interiores de luz.
Paul Valery, cae catedrático hondo de poesía por ejemplo, al contrastar el valor poético de Manuel Antonio le grabaría encendidamente el juicio de los 18 quilates supremos.
Manuel Antonio, como ese otro gran poeta Amado Carballo, muere antes de cumplir los treinta años. Como Carballo, su escuela es netamente moderna. Está dentro de la más pura escuela novecentísta. Su libro "De catro a catro" es un libro de versos que se sostienen por sí solos, valientemente y se hacen un sitio de honor al lado de la lírica española, mejor formada de últmima hora. Con Antonio Machado, con Juan Ramón Jiménez, con Jorge Guillén, con Pedro Salinas, con Juan Larrea, con Gerardo Diego.
Pero hay algo más que un finísimo esteta en el poeta "De catro a catro". Hay un valor humano verticalísimo. Hay una hombría, un civismo, una rigurosa ética haciendo ámbito a su juego lírico.
Porque este mozo que nació en Rianjo e hizo un mapa de ronseles en el mar cantó con la mas honda voz de hombre cara a Dios.
Se fué Manuel Antonio y en este enero de 1930 pierde Galicia a su poeta mas hecho y derecho.
Una gavilla de fervores internos, del pensamiento al corazón hondos como su muerte, serán su eviterno cortejo.

Juan Carballeira, El pueblo gallego (31/01/1930)

O dois de fevereiro aparece no mesmo jornal uma pequena nota de Manuel Pazos Jiménez, autor do que desconheço qualquer dado bio-bibliográfico. Com o artigo, inclui-se um poema, Lied ohne worte, publicado originariamente em De Catro a Catro e uma fotografia que parece ser do poeta de Assados. No pdf consultado [Galiciana], a qualidade da fotografia é péssima, mas acho que o documento resulta muito interessante.

Manuel Antonio, al otro lado 


Manuel Antonio, el fuerte cantor del mar, de ese mar desvelado de espumas y brisas, se ha esfumado. En su pipa marinera consumió el tabaco del recuerdo pleno de eternidades.
No es ahora momento propicio para desempapelar el elogio. Su solo nombre, pleno de sugerencias renovadoras plasmadas en su libro "De catro a catro", manual de mares cosmopolitas y punto de apoyo del creacionismo gallego es más que suficiente para descubrir su fuerte personalidad.
 Ha caido no con un verso en la boca, sino hastiado de horizontes que hoy nos hacen pulsar en su exaltación un treno lúgubre y fatal.
Y así, pues, en Asados, frente al mar -su mar celta- cayó envuelto en promesas deshojando el almanaque. Manuel Antonio atravesó en la barca de Caronte. En la boca llevaba la moneda poética de su creacionismo.

Manuel Pazos Jiménez, El pueblo gallego (02, 02, 1930)

Quiçá o mais emotivo de todos os artigos é o escrito por Antón Vilar Ponte, já que desprende um apreço sincero não só pelo poeta, senão também pelo ser humano. Em 1921, Manuel Antonio pede a Vilar Ponte que lhe publique um poema no jornal A Nosa Terra, do que era director. Nesse mesmo ano celebrara-se em Vigo a III assembleia nacionalista. 

 Exemplos
------
O noso poeta do mar

Eu sabía que Manuel Antonio hachábase apreixado por unha grave doenza, mais iñoraba que ista doenza poidese arrincalo tan axiña da terra. O lér a nova da sua morte sintín com'a friaxe d'un coitelo no mais fondo do meu ser, mentres d'orvallo queimante enchíanse os ollos...
E penso agora, como pensei cand'o Amado Carballo ceibou o derradeiro salaio, nos predileitos dos deuses, dos que dixo Plauto:
"Quem dií diligunt, adolescens moritur." [Frase das Bacanas que vem a dizer: "Quem vive bem, vê a morte antes de tempo."] Nota de Ilha de Orjais.
E lembro ô pálido e doente tísico aleman, pai espiritoal do "naladif" Laforgue, que se chamava Novalís e que morreu novo, com'o mesmo Laforgue, como Guyan, como Wateau, como Rodembach, como Becquer, como Julián Casal, como Gutiérrez Nájera, como tódol-os grandes predestinados, com'os eleitos do ceo do Arte, que nasceron con esceso dàmor e dèsprito.

------

D'aquela, xa fai d'isto moitos anos, dirixía eu a revista "A Nosa Terra". Recibín pol-o correio unha cuartilliña c'unhos versos estranos na compaña d'unha carta moi soberbia no que pouco mais ou menos puiden ler: "Supoño que non publicarán este poema que mando e que coido que non está mal feito". Firmaba: Manuel Anonio. Nunca, en ningures, tiña ouvido tal nome. Pro os versos agradáronme, e viron a lus de contado, c'unhas liñas ô pé escribidas da miña mán a xeito sinceiro de alusa loubanza. Aqueles versos foron os primeiros do egrexo autor de "Catro a catro" que da forma manuscrita pasaron â forma impresa. Asín nasceu a miña amistade estreita e íntima con Manuel Antonio. Asín foi dend'entón o probe poeta agora finado, cada vez que viña â Cruña, un bô irmán no meu fogar, que inda sendo pequeno puidera dicir con frase de Gauthier, que se non veu nunca cheio de verdadeiros amigos. ¡O meu fogar, hoxe de loito, de loito para sempre, pol-a perda da boa muller, dina compañeira d'un home de combate que o alegraba, onde c'os brazos abertos tiveron acollida garimosa cantos pelingrinos do Ideal, alcesos no amor â terra a él chegaron!...

-------

Manuel Antonio, outo e magro, co'as meixelas tinguidas da coor rousada da tisis, c'o corpo esquélico, sempre levando a cachimba mariñeira nos labios finos e pálidos, tocado de chapeu bohemio e de chalina d'artista oitocentista, soñaba a toda hora con aventuras esóticas. "Vostede nasceu -dicíalle o noso filósofo Xohan Viqueira, outro malogrado do galeguismo, como Porteiro, como Losada Diéguez- para ser o enxebre poeta do mar". E isto foi, sinxelamente. A sua musa creacionista zugou a calma dos "camiños innumerabres", de que falara Esquilo, para eternizar no arte lírico impresións belidas e requintadas do océano, que teñen un senso inmurchabre de universalidade.
Pola patriótica editorial "Nós" os poemas "De catro a catro" sairon do ineditismo para se cinguiren de loureiros sempre vizosos. E con eses loureiros o nome de Manuel Antonio -o galeguista radical que arelaba a rexa acción- terá un posto d'honor nas nosas antoloxías líricas. No cimeterio de Asados o merlo xovial e luzivio de Guerra Xunqueiro, todo en loito de plumaxe negra e de peteiro de cera marela, eu ben sei que ha de lle facer exequias de cristal ôs restos apodrecidos do probe poeta mariñán, sobre dos que chora bágoas amargas a nova Galicia. 

P.S. -Manuel Antonio, en colaboración con Alvaro Cebreiro, o dibuxante, publicou fai anos, cando poucos o coñecían ainda, un manifesto de vanguardia, en galego, que era un verdadeiro panfleto iconoclasta. 

A. Villar Ponte El pueblo gallego (05, 02, 1930)

No museu de Manuel Antonio em Rianjo, há uma formosa fotografia na que podemos ver a Bal y Gay compartindo taças com ilustres rianjeiros. O compositor lucense era uma assinatura habitual de El pueblo gallego. Em 1930 data Bal y Gay Seis pezas para Canto e piano encol de verbas de Amado Carballo, composição que felizmente podemos escutar no som ambiente cada vez que visitamos o museu de Manuel Antonio.

S.O.S.
"Peace, peace! he is not dead, he doth not sleep
He hath awakened from the dream of life"
[Paz, paz! Ele não está morto, não está dormindo, 
apenas acordou do sonho da vida] Nota: Tradução Ilha de Orjais
Shelly: Elegía en la muerte de Kents.

"S.O.S." Así se titula un poema de este Manuel Anonio, marinero que acaba de emprender el viaje sin retorno. Y "Sós" tituló él otro de sus poemas. Curiosa coincidencia, ésta, del idoma gallego con la internacional telegrafía de los navegantes. Grito de angustia, señal de peligro, ancia de auxilio, ese S.O.S. deviene, no sé por qué extraños designios, la exacta grafía de la verba con que nosotros expresamos nuestra plural soledad.
Símbolo cristalino esta coincidencia en Manuel Antonio, poeta gallego, surcador de todos los mares, hombre que acuñó paisajes lejanos con su insobornable troquel gallego y que dió al ruiseñor aldeano un acento vibrante de pájaro marino. Poeta ejemplar en esta hora gallega, afincado en la tierra y su mirada a navegar, unido al destino de nuestra cultura y, por eso, conscientemente, incansable peregrino. Poesía, la suya, universal y gallega. Comunión estrecha de nuestro idioma con el más puro lenguaje internacional.
¡Sós! ¡S.O.S.! ¡Solos! ¡Auxilio!, quiero gritar yo hoy en la muerte de Manuel Antonio. Tras Amado Carballo, cuyo tránsito quebrantó radicalmente a nuestra lírica, perdemos ahora a este nuestro primer poeta. Ambos, desaparecidos en el umbral de los treinta años. "Los amados de los diosos mueren jóvenes". Tal vez. Y es tremendo que a Galicia corresponda el dar crédito a esa frase. Pero tal parece su destino.
¿A dónde dirigir ahora nuestra vista que no encontremos soledad?

---------

Con esta muerte, y a costa de todas nuestras esperanzas, ese libro singular que se llama "De catro a catro" penetra hoy en la inmortalidad. Manuel Antonio y su obra alcanzan -prematuramente, sí, pero para siempre- esa madurez que sólo se logra en la muerte. Manuel Antonio, a quien yo he visto atravesar las rúas compostelanas con su aire de sonámbulo, la mirada perdida en invisibles horizontes, ha despertado al fin. Desde ahora es una figura concreta, perfilada, cerrada y persistente. Figura, ya, del Pórtico de la Gloria de nuestra cultura. Definitivamente rodada su obra de imposibilidades, notaremos ahora toda su fuerza -"enorme y delicada".
Y sabremos, también, cuánto el futuro de nuestra lírica ha perdido en este definitivo despertar de Manuel Antonio.

Jesus Bal y Gay El pueblo gallego (06, 02, 1930)

Não conheço muitos mais artigos publicados imediatamente depois da morte de Manuel Antonio, fora destes de El Pueblo gallego. Há mais um de Otero Espasandín sobre o seu amigo em Nueva Espanha mas espanta-me, ou quiçá não tanto, a ausência de penas ilustres do nacionalismo galego.

Como esta postagem está a sair um bocadinho trágica, e só para descontrair, achego uma cantiga com uma história curiosa. Ao lado do meu computador tenho um teclado Yamaha, dotação da Xunta para as aulas de música em primária. Soa horrível, mas é muito útil para fazer harmonizações e arranjos para a escola. Quando lia os artigos sobre o passamento de Manuel Antonio comecei a perguntar-me como seria o enterro em Assados. Teriam ido vultos do galeguismo? A intelectualidade rianjeira?
Não faço a menor ideia, nem sei se alguém me saberá contestar a estas perguntinhas. Mas na minha cabeça começaram a sonar os sinos da igreja de Assados. Os sinos converteram-se numa melodia que levei ao teclado escolar, conhecido familiarmente como «o matraquilho». 
Eu não toco piano, apenas pouso os dedos para juntar sons e fazer acordes, mas o resultado da minha ensonhação manuelantoniana foi uma humorada que titulei Sinos para um poeta defunto. Canção para piano escolar e soprano prescindível.
Não mo levem a mal.


Baixar MIDI
          PDF

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

nº 150 O neno e o velho

É sabida a minha admiração por Manuel António, quase diria que devoção por aquele que foi mestre de poetas, navegante profissional e músico amador. Gostava da sua poesia e agora estou louco pela sua prosa a qual chegou a nós graças ao volume editado para a R.A.G. por Xosé Luís Axeitos.
O trabalho do académico rianjeiro é fantástico, presentando-nos os textos tal como os escreveu no seu dia Manuel António e com breves notas eruditas, e não mais das necessárias.
Suponho que hei tornar a esta publicação para dar a minha opinião sobre os textos manuelantonianos, mas hoje, próximos ao dia de defuntos, quero publicar um conto gráfico, abusando dum texto extraído deste volume de prosas, concretamente da página 63, por se alguém quer consultar o texto completo e na grafia original.


Para quem quiser o pdf: aqui

domingo, 10 de junho de 2012

nº 137 Manuel António


                                 Agasalho bicromo para Teresa e Dália,
                                  com Manuel António ao fundo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Nº 135 Uma foto que cumpre 100 anos.

Faz uns dias, com motivo dum concerto que se celebrou no Conservatório de Música Profissional de Compostela, visitaram a Galiza o compositor José Evangelista, a sua esposa Matilde Asencio e a violinista Tânia Camargo Guarnieri, filha do grande compositor brasileiro Motzar Camargo Guarnieri. Acompanhados da organizadora do evento, a guitarrista Isabel Rei, visitaram Rianjo, sendo recebidos na casa do concelho pelo presidente da câmara Adolfo Muiños. Por sugestão de Adolfo, a comitiva dirigiu-se ao Museu de Manuel António, onde pudemos ver as magníficas instalações e escutar os interessantes comentários dos nossos visitantes. 
José Evangelista e a sua esposa, ficaram namorados das grandes fotografias do fotógrafo Xosé Pérez, parente do Manuel António. De entre todas houve umas poucas nas que demoramos um bocadinho mais. Concretamente repararam no texto dum jornal, La correspondencia española, cujo manchete em maiúsculas dizia: «CÓMO OCURRIÓ LA CATÁSTROFE.»

Fonte: Casa Museu de Manuel António 

Acho foi Matilde a que comentou que aquela catástrofe deveu ser bem grande para se publicar a toda página.
Picou-me a curiosidade, e depois de muito buscar, dim com a página em questão. A data de publicação é o 20 de abril de 1912. Os afeiçoados às efemérides já saberão que essa edição de La Correspondencia de España está dedicado ao Titanic, afundido dez dias antes fronte as costas de Terranova.

Fonte: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes

Não deixa de ter certo aquele que a fotografia de Xosé Pérez, onde se amostra um jornal com a notícia do afundamento do grande transatlântico britânico, esteja pendurada dum cravo no museu do poeta navegante. Estou certo que se lhe deram a escolher a sua morte, Manuel António preferiria ter morto afogado que de tuberculose.