tag:blogger.com,1999:blog-6781577353828750712024-03-19T03:32:28.692+00:00Ilha de OrjaisJosé Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.comBlogger256125tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-69042210750974274302023-12-10T13:19:00.002+00:002023-12-10T16:56:49.207+00:00Nº 256 Esther Gloria Prieto e os Festivais da Canção<p><span style="font-family: arial;"><br /></span></p><p style="text-align: right;"><span style="font-family: arial;"><b>Heterodox@s galeg@s 02</b></span></p><p><span style="font-family: arial;">Na década de 1960, no Estado espanhol houve uma eclosão de festivais de música que seguiram o modelo do de San Remo, Itália. A celebração desses eventos logrou descobrir novas figuras da canção, além de agregar alguns sucessos eternos ao repertório. Mas, por trás do puramente artístico, encontramos uma luta entre localidades e áreas geográficas da Península, na procura de aproveitar o chamado milagre turístico espanhol. Assim, os Festivais de Benidorm, do Mediterrâneo ou de Maiorca contavam com o apoio </span><span style="font-family: arial;">das respetivas câmaras municipais</span><span style="font-family: arial;">, quando não eram diretamente organizadas por elas. Inclusive, como em Maiorca, as canções tinham a obriga de promover explicitamente os atrativos turísticos da ilha.</span></p><p><span style="font-family: arial;">Finalmente, o estudo dos festivais é um magnífico observatório para a análise do controlo político exercido por uns e por outros, na aparentemente monolítica ditadura de Franco. O festival de Benidorm, por exemplo, foi criado pola Rede de Emisoras do Estado (REM), grupo controlado polas <i>FET y de las JONS</i>, dependendo diretamente da Secretaria General del Movimiento. Este controlo absoluto durou até à chegada de Manuel Fraga Iribarne ao cargo de <i>Ministro de Información y Turismo</i>. Então, o dinheiro veio deste ministério para quem o lema “divisas para o turismo” era um dogma de fé.</span></p><p><span style="font-family: arial;">É curioso como um Estado democrático -também em aparência-, como o atual, recupera do ostracismo esta festa com ADN franquista. Igualmente paradoxal é a ingenuidade, se é que houve, do grupo de Tanxugueiras em tentar vencer no referido concurso. O Benidorm Fest é um evento que continua a ser controlado polo REM, chamemos-lhe agora TVE, com a despesa de dinheiro público em benefício das mesmas zonas turísticas de sempre e cum alvo estético ou musical previamente determinado. Nada importa nem o público, nem a crítica, nem a qualidade do produto. O único interesse é a promoção de uma ideia de Estado onde os alalás galegos são supérfluos </span><span style="font-family: arial;">em democracia</span><span style="font-family: arial;">, como já foram supérfluos, em ditadura, os lalalás em catalão.</span></p><p><span style="font-family: arial;">Na Galiza também tivemos os nossos Festivais, algum tão meritório como o do Minho de Ourense. A sua primeira edição ocorreu em 1965, sendo apresentadas 55 canções em espanhol, 19 em português e 17 em galego. É preciso dizer que o jornal La Región fez campanha para que no festival fossem divulgadas letras em galego, numa altura em que apenas Los Tamara tinham dado o passo de cantar na nossa língua, e o casulo de Andrés do Barro ainda estava por eclodir.</span></p><p><b><span style="font-family: arial;">Esther Gloria Prieto, pioneira.</span></b></p><p><span style="font-family: arial;">Esther Gloria Prieto Alcaraz (Madrid, 31/10/1930*- Valencia, 24/04/2012) nasceu em casa de artistas, sendo seus pais Julío Prieto Nespereira e sua mãe a cantora Paquita Alcaraz. Do pai existem numerosas monografias, catálogos e artigos, sendo desnecessário deter-nos nele. Basta dizer que foi um dos maiores gravadores da pintura espanhola do seu tempo e que era irmão da compositora e pianista Obdulia Prieto.</span></p><p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">* Os dados de nascimento e óbito são retirados de sua certidão de óbito. </span></p><p><span style="font-family: arial;">Menos conhecida é a figura de Paquita Alcaraz, cançonetista que, apesar da sua curta vida, desenvolveu uma carreira repleta de acontecimentos notáveis. Estreou o filme mudo <i>Alma rifeña</i> (1922) de Juan Buchs e foi Teresa na estreia de <i>El huesped del Sevillano </i>do maestro Serrano.</span></p><p><span style="font-family: arial;">Após se casar com Julio Prieto Nespereira (1930), a cantora deixou os palcos por um tempo. O fato de ter engravidado imediatamente deve tê-la incentivado a abandonar as tábuas por cerca de três anos. Finalmente decide regressar, mas já não como estrela de teatro musical, mas como liederista, acompanhada apenas por um piano e em espaços íntimos e intelectualmente elevados. Seu último concerto acontece no Lyceum Club Femenino o 30 do março de 1933. Uma despedida carregada de simbolismo, pois o 27 de setembro do mesmo ano morre de septicemia. Gloria tinha, na altura, três anos.</span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCv7tMVV7rAgTnkYh5CngAGiYKN_UqM8pSet83nJaGYm9l1oW2yB9DWmXs02hhqEEG2bFK2sOLDFlZLAj_9WOwy3RrQ-qf09dPjIPfyd0bCm6etzAlbz6WYH5UDxavRMsfby6_tDf_SvsPU3DNuKlUS-kC4xP_j_iv-hNQoX3xhzWmHXGxtDO4zEYnFqbX/s1150/Mundo%20gr%C3%A1fico%203%202%201926.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1150" data-original-width="880" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCv7tMVV7rAgTnkYh5CngAGiYKN_UqM8pSet83nJaGYm9l1oW2yB9DWmXs02hhqEEG2bFK2sOLDFlZLAj_9WOwy3RrQ-qf09dPjIPfyd0bCm6etzAlbz6WYH5UDxavRMsfby6_tDf_SvsPU3DNuKlUS-kC4xP_j_iv-hNQoX3xhzWmHXGxtDO4zEYnFqbX/s320/Mundo%20gr%C3%A1fico%203%202%201926.png" width="245" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Múndo gráfico, 03/02/1926</td></tr></tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLr23IJUsb5MqEFyfFPhgOipZc2pb8012Lahwrx3ej9J7c_kqJQKV4Hi16eeIqXqi9JcbcOKKev0bU82ekM-EgMUCvhlBf8bH5Pujzqw2qs-dHj925hhuQhTWIMA2-umYYUMplV4oOEYQIO8bkB6jqsr0ec951oFZcJWw4c8AHpvj8UC9MC7Hl8G31D8bn/s642/Ondas%203%204%201927.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="642" data-original-width="494" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLr23IJUsb5MqEFyfFPhgOipZc2pb8012Lahwrx3ej9J7c_kqJQKV4Hi16eeIqXqi9JcbcOKKev0bU82ekM-EgMUCvhlBf8bH5Pujzqw2qs-dHj925hhuQhTWIMA2-umYYUMplV4oOEYQIO8bkB6jqsr0ec951oFZcJWw4c8AHpvj8UC9MC7Hl8G31D8bn/s320/Ondas%203%204%201927.png" width="246" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ondas, 03/04/1927<br /><br /><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc5fCOiN3QW5mw1wyafvAuVjK5KczcdNEg7pmkcAUOQC0NJQTa9Ay1xk5U9NfRrL9ogbloEPbTURRyBbclZcGcPOxLj2zqpLUPEZOQ4Lv2OU6xv0yV45cN3CadjlQRzt0d3pV392rHM-xguPJCLYt6jBRXEJ2kSYxczssi3lfTHNhyphenhyphen5ygk3lGrGiaNxMA8/s351/Paquita%20Alcaraz.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="351" data-original-width="162" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjc5fCOiN3QW5mw1wyafvAuVjK5KczcdNEg7pmkcAUOQC0NJQTa9Ay1xk5U9NfRrL9ogbloEPbTURRyBbclZcGcPOxLj2zqpLUPEZOQ4Lv2OU6xv0yV45cN3CadjlQRzt0d3pV392rHM-xguPJCLYt6jBRXEJ2kSYxczssi3lfTHNhyphenhyphen5ygk3lGrGiaNxMA8/s320/Paquita%20Alcaraz.png" width="148" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">La nación, 02/11/1933<br /><br /></td></tr></tbody></table></td></tr></tbody></table></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></div><p></p><p><b><span style="font-family: arial;">Compositora dos Festivais da Canç</span></b><span style="font-family: arial;">ã</span><b><span style="font-family: arial;">o.</span></b></p><p><span style="font-family: arial;">Esther Gloria Prieto era madrilena de nascimento, educou-se em Madrid e o seu trabalho como montadora musical de TVE sempre se desenvolveu fora da Galiza. Não sei se podemos considerá-la galega porque o pai o fosse. Mas o certo é que sempre manteve uma relação com Ourense, onde vivia a sua família paterna e com Pontedeume, estância de veraneio e vila na que morreu e foi enterrado seu pai. Se a considerarmos galega seria, muito provavelmente, a primeira compositora profissional de canção ligeira do nosso pais. </span></p><p style="text-align: center;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyLW7nvsj2aeENzTwsCCrIRJOd0x8T5bLfWkEVcln9U29145OvqrbN5wIHErW6edDGB255hELroyLQ-KkK7TmqIvaI-GAyFXrGal4vobKGeL9uVDVEUxrVvD-S2IwsdwGeMOQgcH_PTsp-tXMyxENNY51x1cSHMWpgRbXpvxGJu3mirWc9nEkSMK1wIUBn/s375/Captura%20de%20pantalla_2023-12-10_17-55-26.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="215" data-original-width="375" height="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyLW7nvsj2aeENzTwsCCrIRJOd0x8T5bLfWkEVcln9U29145OvqrbN5wIHErW6edDGB255hELroyLQ-KkK7TmqIvaI-GAyFXrGal4vobKGeL9uVDVEUxrVvD-S2IwsdwGeMOQgcH_PTsp-tXMyxENNY51x1cSHMWpgRbXpvxGJu3mirWc9nEkSMK1wIUBn/s320/Captura%20de%20pantalla_2023-12-10_17-55-26.png" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Arquivo de TVE<br />La importancia de llamarse Ernesto. Estudio 1</td></tr></tbody></table></p><p><span style="font-family: arial;">A sua atividade estará limitada a festivais de música, concursos nos quais podiam ser recebidos importantes prémios em dinheiro; valores que facilmente podiam variar entre trinta e cem mil pesetas na época. Além disso, a canção que ganhava um prémio ou simplesmente tinha sido selecionada, acostumava ser</span><span style="font-family: arial;"> gravada num álbum ou impressa a sua partitura, algo que gerava </span><i style="font-family: arial;">royalties</i><span style="font-family: arial;"> de imediato.</span></p><p><span style="font-family: arial;">Aqui fica uma pequena retrospetiva da presença de Gloria Prieto em algum destes festivais.</span></p><p><span style="font-family: arial;">-Ao primeiro festival ao que acode Gloria é o da Canción de Madrid em 1961, onde obteve o 5º prémio com<i> Sólo quiero olvida</i>r, tendo como letrista a Amado Regueiro Rodríguez, o mesmo que fez a adaptação livre do texto do <i>Hino da Alegria</i>, popularizada por Miguel Rios. </span></p><p><span style="font-family: arial;">-Um ano depois, apresentou as suas <i>Canciones Tristes</i> </span><span style="font-family: arial;">ao prémio Montes d</span><span style="font-family: arial;">o Festival da Canción Gallega de Ponte Vedra, obtendo uma menção honrosa. Embora o género musical deste concurso pontevedrino fosse radicalmente oposto aos até agora mencionados, em alguns aspetos da sua organização eram muito semelhantes. </span></p><p><span style="font-family: arial;">-<i>Huella de ti</i>, cantada por Gelu, foi pré-selecionada para o Festival de Eurovisión de 1962 e gravada por Los 4 de Barcelona e Elvira. Também foi impressa pela editorial Quiroga.</span></p><p><span style="font-family: arial;">-Em 1963 é finalista em Benidorm com <i>Lluvia,</i> da que também era autora da letra. Foi gravada por Fina Galicia para Iberfón.</span></p><p><span style="font-family: arial;">-7 de julho de 1963. Estreia no Festival de la Canción Gallega de Ponte Vedra de <i>Canções Tristes</i>, pola soprano Carmen Pérez Durías e da pianista Carmen Martín.</span></p><p><span style="font-family: arial;">-Em 1965 participou no I Festival del Miño com <i>La voz del río</i>, letra de M. Martínez Remis, poeta madrileno, argumentista de filmes espanhóis de baixa qualidade e letrista de alguns sucessos musicais, na voz, por exemplo, de Sara Montiel. Com esta peça consegue o segundo prémio.</span></p><p><span style="font-family: arial;">-Para a segunda edição do Festival del Miño (1966) apresenta três novas canções: <i>Palabras gastadas</i> e <i>La niña del río</i>, novamente do letrista Martínez Remis e <i>Todo lo que yo sé</i>, com letra e música sua. Com <i>Palabras gastadas</i> ganha o segundo prémio. Foi gravado para a discográfica Berta por Elvira.</span></p><p><span style="font-family: arial;">-IV Festival del Miño (1968) <i>De tu mano aprendí</i>, letra e música de Gloria Prieto.</span></p><p><span style="font-family: arial;">-II Festival de la Canción Infantil de TVE. Apresenta duas cançoes, <i>Vamos a contar mentiras</i>, música e letra sua, cantada por Ana Kiro e <i>El Conjunto Sideral</i>, com letra de Marisa Medina, interpretada por Sabrina.</span></p><p><span style="font-family: arial;">-No Festival de Eurovisión de 1969, na edição que finalmente ganhou Salomé, Gloria poderia ter presentado <i>Mil veces volverías,</i> con letra da televisiva Marisa Medina, mas este é um dado que não posso confirmar.</span></p><p><b><span style="font-family: arial;">As divas de Gloria Prieto</span></b></p><p><span style="font-family: arial;">Resulta difícil rastrear todos os cantores e cantoras que incluíram músicas de Gloria Prieto nos seus álbuns. Alguns dos seus sucessos foram registados por diversos artistas, a maioria com uma vida profissional não muito longa.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><b><span> </span>Cantoras n</b>ã<b>o galegas</b></span></p><p style="text-align: left;"></p><ul style="text-align: left;"><li><span style="font-family: arial;"><b><span> Elvira</span></b></span></li></ul><p></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">De todas as suas intérpretes, foi com a cantora valenciana Elvira -que para que não houvesse dúvidas sobre a sua origem era conhecida como La Voz de Naranja- com a que manteve uma relação pessoal e profissional mais intensa. Elvira acabou fazendo parte da família, já que Gloria foi madrinha da sua filha, a dançarina Esther Ponce.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/V6h96kZgpvg?si=C7IWpzUpRzpt3MEu" title="YouTube video player" width="560"></iframe></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><i>Huella de ti</i>, neste caso cantada por Elvira, é um slow-rock com orquestração de <i>big band</i>. A "voz de naranja", caricaturada desta volta com propositado estilo anglo-saxão, dificulta, em boa medida, a compreensão do texto.</span><span style="font-family: arial;"> </span><span style="font-family: arial;">Sendo o arranjo musical mais do que correto, e mesmo, a meu ver, não desprovido de beleza, questiona-se como soaria esta peça com a intervenção de gargantas menos maquilhadas como a de Fina Galicia. De qualquer forma, em 1962, esta canção não teve sorte na pré-seleção do Festival de Eurovisão. Ela foi defendida por Gelu de Granada, terminando em último lugar dos dez competidores. Não sei se conta como desagravo patriótico saber que a vencedora, <i>Llámame</i> de Victor Balaguer, ficou em último lugar na fase final realizada no Luxemburgo, sem receber um único ponto do júri.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/QTZcgoDVC9w?si=uQXFE46ynMYr5X3t" title="YouTube video player" width="560"></iframe></span></p><p style="text-align: center;"><br /></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><i>Palabras gastadas </i>mostra algumas chaves do que será o estilo preferido nas composições de Gloria, principalmente uma maior influência da música francesa sobre a anglo-saxónica ou italiana. Se o texto fosse em francês poderia passar por um gémeo em estilo de <i>Ma vie</i> de Alain Barrière ou <i>Capri c'ést fini</i> de Herver Vilard. </span></p><p style="text-align: left;"></p><ul style="text-align: left;"><li><span style="font-family: arial;"> <b>Sabrina</b></span></li></ul><p></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">Com as demais músicas selecionadas para o II Festival da Canção Infantil da TVE, 1968, a cantora Sabrina gravou <i>El Conjunto Sideral</i>, música de Gloria e letra de Marisa Medina. Sabrina era presença habitual nos festivais de verão espanhóis, entre os quais, como não poderia deixar de ser, o do Miño (Ourense).</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1cYaDXZVvmuh1kyYBhZUzmI-fduIgJUsu/view" style="font-family: "Times New Roman"; margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" data-original-height="1173" data-original-width="1105" height="44" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU4h3H2TgbujkLP3sn1ReUh5CAlBYO5z-3cnOcqxxljNq6r_l13fphVMvDl6_yWV0lEszH9DbUti0-C8DpP3I8PQ-nM_2vXag05eb99Wk3E7AbvVW0vCvAT4tkEsQjX6ho_mft2EekfuQw1qdAjLboK-HtNITsXrZMrQhNV-h6be6e45qaMN1bElIfwaOv/w41-h44/SID%2008714423120913230.jpg" width="41" /></a></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Ouvir</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">Ora, sem comentários...</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><b>As nossas cantoras</b></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">Mas no que diz respeito aos interesses galegos, as suas canções são interpretadas polas mais grandes do seu tempo: Fina Galicia e Ana Kiro.</span></p><p style="text-align: left;"></p><ul style="text-align: left;"><li><span style="font-family: arial;"><b><span> </span>Fina Galicia</b></span></li></ul><p></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">Como já tenho contado neste mesmo blogue, Fina Galicia foi uma das triunfadoras do V Festival da Canción de Benidorm. A artista corunhesa gravou vários EP, com canções próprias do ambiente ye-ye e aperturista da época. Numa compilação das vinte canções finalistas do Festival, Fina Galicia grava <i>LLuvia</i> de Gloria Prieto.</span></p><p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJyVXWJ55Ssx9HyhV1cYbwUI1wY-JZKzu7nE2M3G9_uP66kNzkNk6tsi7yxxUawA3E79n82-JSHQtR2YE4WlELDsRP0eVZUaCAVSd7w8IYlI729LZGZ9u8g8MisLUJrbSFSOJ9eq4nPs1xvOBnHNo82tNMuvID0FhqovbJo-aJ5zux-13R_MpQrgATYg2t/s3655/SID%2008714423120913160.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3497" data-original-width="3655" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJyVXWJ55Ssx9HyhV1cYbwUI1wY-JZKzu7nE2M3G9_uP66kNzkNk6tsi7yxxUawA3E79n82-JSHQtR2YE4WlELDsRP0eVZUaCAVSd7w8IYlI729LZGZ9u8g8MisLUJrbSFSOJ9eq4nPs1xvOBnHNo82tNMuvID0FhqovbJo-aJ5zux-13R_MpQrgATYg2t/s320/SID%2008714423120913160.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXbI7ODb5kgrmDlhUr_uh0WVDxfYYDj7y3QWY0s9GQDb1ol-0WMSZKuz_vGzD2z7bX8qw-f8dljhZS1A_MxhwmJM9WJHqu8mpe0UKk5u9fxP2K-tUf4Ql8583P92khl0t74wv7gaozJrQoocROnGsQG9MK_fShykQCo2sXa31FsX9d2ilBPwpXX_iEJqau/s3663/SID%2008714423120913191.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3498" data-original-width="3663" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXbI7ODb5kgrmDlhUr_uh0WVDxfYYDj7y3QWY0s9GQDb1ol-0WMSZKuz_vGzD2z7bX8qw-f8dljhZS1A_MxhwmJM9WJHqu8mpe0UKk5u9fxP2K-tUf4Ql8583P92khl0t74wv7gaozJrQoocROnGsQG9MK_fShykQCo2sXa31FsX9d2ilBPwpXX_iEJqau/s320/SID%2008714423120913191.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">Arq. do Pico-Rodríguez. Fondo Local de Música do Concello de Rianxo</span></div><p></p><p style="text-align: center;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1zhAuxf9GYYIJViPp6HtxvtI0a0hZouA7/view" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" data-original-height="1173" data-original-width="1105" height="44" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU4h3H2TgbujkLP3sn1ReUh5CAlBYO5z-3cnOcqxxljNq6r_l13fphVMvDl6_yWV0lEszH9DbUti0-C8DpP3I8PQ-nM_2vXag05eb99Wk3E7AbvVW0vCvAT4tkEsQjX6ho_mft2EekfuQw1qdAjLboK-HtNITsXrZMrQhNV-h6be6e45qaMN1bElIfwaOv/w41-h44/SID%2008714423120913230.jpg" width="41" /></a></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">Em <i>Lluvia</i> pudemos ouvir a bela e afinada voz de Fina Galicia, madura apesar da juventude e, ao contrário do que é habitual nos restantes participantes do evento levantino, muito natural. Outra característica das músicas de Gloria Prieto e presença de introduções instrumentais, por vezes bastante longas, destacando-se algumas de piano, criando efeitos sonoros, como neste caso, evocando nas notas mais altas do teclado o som da chuva batendo no chão ou no vidro.</span></p><p style="text-align: left;"></p><ul style="text-align: left;"><li><span style="font-family: arial;"><b><span> </span>Ana Kiro</b></span></li></ul><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNpdBdFI3C8nqOovEcEPG1o1SlFEG4QU1ooI5MIOCLdL92CtQjgEfXeDDnc6vxnnGVNc9SaYFONcPImEvY4YQt_PQSh2knuZuzfSNCq5_9OX5WyyUH-qbDP189_77jyQlma-v472j0Dgzj0gxU8pXcGGLgYxh_9BXZ4DpttOKajTCSxN4VuzynmXLS3YR9/s2186/SID%2008714423120913221.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2132" data-original-width="2186" height="312" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNpdBdFI3C8nqOovEcEPG1o1SlFEG4QU1ooI5MIOCLdL92CtQjgEfXeDDnc6vxnnGVNc9SaYFONcPImEvY4YQt_PQSh2knuZuzfSNCq5_9OX5WyyUH-qbDP189_77jyQlma-v472j0Dgzj0gxU8pXcGGLgYxh_9BXZ4DpttOKajTCSxN4VuzynmXLS3YR9/s320/SID%2008714423120913221.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU4h3H2TgbujkLP3sn1ReUh5CAlBYO5z-3cnOcqxxljNq6r_l13fphVMvDl6_yWV0lEszH9DbUti0-C8DpP3I8PQ-nM_2vXag05eb99Wk3E7AbvVW0vCvAT4tkEsQjX6ho_mft2EekfuQw1qdAjLboK-HtNITsXrZMrQhNV-h6be6e45qaMN1bElIfwaOv/s1173/SID%2008714423120913230.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1173" data-original-width="1105" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU4h3H2TgbujkLP3sn1ReUh5CAlBYO5z-3cnOcqxxljNq6r_l13fphVMvDl6_yWV0lEszH9DbUti0-C8DpP3I8PQ-nM_2vXag05eb99Wk3E7AbvVW0vCvAT4tkEsQjX6ho_mft2EekfuQw1qdAjLboK-HtNITsXrZMrQhNV-h6be6e45qaMN1bElIfwaOv/s320/SID%2008714423120913230.jpg" width="301" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: small;">Arq. do Pico-Rodríguez. Fondo Local de Música do Concello de Rianxo</span></div><p style="text-align: center;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1SVBNaqfrvkITEWOgFBWjHmMYf2jaRTWy/view" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" data-original-height="1173" data-original-width="1105" height="44" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU4h3H2TgbujkLP3sn1ReUh5CAlBYO5z-3cnOcqxxljNq6r_l13fphVMvDl6_yWV0lEszH9DbUti0-C8DpP3I8PQ-nM_2vXag05eb99Wk3E7AbvVW0vCvAT4tkEsQjX6ho_mft2EekfuQw1qdAjLboK-HtNITsXrZMrQhNV-h6be6e45qaMN1bElIfwaOv/w41-h44/SID%2008714423120913230.jpg" width="41" /></a></p><p style="text-align: center;">Ouvir</p><p style="text-align: left;"><i style="font-family: arial; text-align: justify;">De tu mano aprendí</i><span style="font-family: arial; text-align: justify;"> começa com uma bombástica introdução de piano solo, um tanto Tchaicovskiana, preludiando à voz da Kiro num estilo de canção e desempenho que não a favorece em nada.</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjruPLNK-AKsl64mNgYAu6vzZ7lJd3lh2vZhJBO8K9wNm75yMSKt27RJ53aIbMx-i9tOlbKhFGocs-HRUX6q4qT9hBgQEbzjl7BD3JSyid_rZe6x91t-e02HdPd4wA61uoIEqfQ9y3wpl0HQyEcxvA2Pe5Fj8hGR9zkf51kXrGSNjfGq8DeG-YI_zTK9vKR/s677/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_14-15-55.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="674" data-original-width="677" height="319" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjruPLNK-AKsl64mNgYAu6vzZ7lJd3lh2vZhJBO8K9wNm75yMSKt27RJ53aIbMx-i9tOlbKhFGocs-HRUX6q4qT9hBgQEbzjl7BD3JSyid_rZe6x91t-e02HdPd4wA61uoIEqfQ9y3wpl0HQyEcxvA2Pe5Fj8hGR9zkf51kXrGSNjfGq8DeG-YI_zTK9vKR/s320/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_14-15-55.png" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifKDrjxHEDXjb_DV0rMri2RKG5MRETd-Q-Obzf5VUuyFcjYuLyLXKD59fXh9C1sAUmH1hRIwOn4yfHaDbFXQAVN7Y1b-SQI9LTubAOJSb6kFOvysUIpVa5ddeZVHzo7y-sv1VqewAvFPWK8wVW-QO1NAt1M0peLcY1YCBLlJnyJlZjcfXp75qrv62ac0MN/s669/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_14-13-25.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="669" data-original-width="664" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifKDrjxHEDXjb_DV0rMri2RKG5MRETd-Q-Obzf5VUuyFcjYuLyLXKD59fXh9C1sAUmH1hRIwOn4yfHaDbFXQAVN7Y1b-SQI9LTubAOJSb6kFOvysUIpVa5ddeZVHzo7y-sv1VqewAvFPWK8wVW-QO1NAt1M0peLcY1YCBLlJnyJlZjcfXp75qrv62ac0MN/s320/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_14-13-25.png" width="318" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: small;">Arq. do Pico-Rodríguez. Fondo Local de Música do Concello de Rianxo</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: small;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><a href="https://drive.google.com/file/d/12qeLW2oTm3bEZ6uqg-GM8VNDj7k-cJD5/view" target="_blank"><img border="0" data-original-height="1173" data-original-width="1105" height="44" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgU4h3H2TgbujkLP3sn1ReUh5CAlBYO5z-3cnOcqxxljNq6r_l13fphVMvDl6_yWV0lEszH9DbUti0-C8DpP3I8PQ-nM_2vXag05eb99Wk3E7AbvVW0vCvAT4tkEsQjX6ho_mft2EekfuQw1qdAjLboK-HtNITsXrZMrQhNV-h6be6e45qaMN1bElIfwaOv/w41-h44/SID%2008714423120913230.jpg" width="41" /></a></div><p style="text-align: center;">Ouvir</p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Em <i>Vamos a contar mentiras</i>, a voz de Ana Kiro apresentasse-nos muito próxima, com um carácter otimista, sendo o resultado uma escuta agradável que transmite vibrações muito boas.</span></p><p></p><ul style="text-align: left;"><li><span style="font-family: arial;"><b><span> </span>Madalena Iglésias</b></span></li></ul><p></p><p><span style="font-family: arial;">Madalena Iglésias (Lisboa; 24 de octubre de 1939-Barcelona; 16 de enero de 2018), nascida Madalena Lucília Iglésias do Vale, era, como Glória, meio galega. A sua mãe foi a pontevedrina Lidia Garrido Iglesias, refugiada em Portugal devido ao golpe de estado franquista**, que após casar com o almadense José Rodrigues do Vale, vai morar na freguesia portuguesa de Cecilhas. <span style="font-size: x-small;">Bayo Veiga, Luís <i>O Pharo</i>l, nº 28, ano 11, Novenbro de 2015. p. 3</span></span></p><p><span style="font-family: arial; font-size: x-small;">** Dados oferecidos por Madalena Iglésias em entrevista concedida por Júlio Isidro ao programa Inesquecível da RTP.</span></p><p><span style="font-family: arial;">Madalena é um ícone da canção, da rádio e do cinema portugues, com uma grande relação com os meios artísticos espanhóis nos anos da sua atividade profissional, décadas de 60-70. Prova disto é que a sua primeira presença na rádio espanhola fosse da mão de Bobby Deglané, sendo apadrinhada por Lucho Gatica e Paquita Rico. </span></p><p><span style="font-family: arial;"></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture; web-share" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/XPk0G35FG2E?si=qpMaTOpMHDL0-p21" title="YouTube video player" width="560"></iframe></span></p><div><br /></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Mil veces volverías</i>, apresenta, a quem antes não a conhecia, uma Madalena Iglesias no seu papel, com todas as suas virtudes e defeitos. A sua voz profunda, algo abafada, uma atitude hierática, pouco expressiva, mas, ao mesmo tempo elegante e sedutora. Foi uma pena que Madalena não se tenha aventurado mais no território do Fado e da canção folclórica portuguesa, onde a sua voz, na minha opinião, encaixa muito melhor, como demonstra a sua magnífica versão do <a href="https://www.youtube.com/watch?v=wcCozAfG8nI">Fado da Madragoa</a>.</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i><br /></i></span></div><div><b><span style="font-family: arial;">Pré-catálogo de Esther Gloria Prieto.</span></b></div><div><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div><div><i><span style="font-family: arial;">Amor misterioso</span></i></div><div><i><span style="font-family: arial;">Andrómaca</span></i></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Arroto</i> <b>com</b> Camilo Williart Fabri</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Bárbara</i> <b>com</b> Camilo Williart Fabri</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Duérmete bebe</i>. <b>Impresso</b> Ediciones Musicales RCA Española, S.A.</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Caminos</i></span></div><div><i><span style="font-family: arial;">Cuatro canciones tristes</span></i></div><div><span style="font-family: arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>O enterro da moza. <b>Letra</b> de Ben-Cho-Sei</span></div><div><span style="font-family: arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Canzón de berce. <b>Letra</b> de José Fernández Méndez</span></div><div><span style="font-family: arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Soedade plena. <b>Letra</b> de Pura Vázquez</span></div><div><span style="font-family: arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>A cidá de Santiago. <b>Letra</b> de Federico García Lorca</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>De tu mano aprendí..</i> <b>Letra</b> de Manuel Martínez Remis</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>El conjunto sideral</i>. <b>Letra</b> de Maria Luisa Guiu Medina</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Huella de tí</i>. <b>Impress</b>o Ed. Quiroga</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Julia </i><b>com</b> Camilo Williart Fabri</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>La voz del río.</i> <b>Letra</b> de Manuel Martínez Remis</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Lluvia</i>. <b>Impresso</b> Ed. Quiroga</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Los veraneantes</i> <b>com</b> Camilo Williart Fabri</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Mil veces volverías</i>. <b>Letra</b> de Maria Luisa Guiu Medina</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Nocturno. </i><b>com</b> Camilo Williart Fabri</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Palabras Gastadas</i> <b>Letra</b> de Manuel Martínez Remis</span></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Solo quiero olvidar</i>. <b>Impresso</b> Ed. Quiroga</span></div><div><i><span style="font-family: arial;">Tus caminos</span></i></div><div><span style="font-family: arial;"><i>Y para que?</i> <b>Letra</b> de Milagros Castro Méndez; <b>Impresso</b> Ed. Re-do-la</span></div></div><div><span style="font-family: arial;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: arial;"><b>Conclussoes finais</b></span></div><div><span style="font-family: arial;"><b><br /></b></span></div><div><span style="font-family: arial;"><div>Este artigo só é uma aproximação ao reportório de Esther Glória Prieto, sendo absolutamente consciente de que o seu catálogo deveu ser significativamente mais cumprido que o aqui exposto. Contudo, tenho a esperança de que seja, quando menos, significativo.</div><div>Nesta minha primeira abordagem a dito reportório tiraria as consequências que se seguem:</div><div><br /></div><div>1º Parece evidente a influência da canção francesa no estilo da Prieto. Talvez, se combinamos isto com a chegada ao Estado Espanhol da onda italiana e anglo-saxona em forma, respetivamente, de canção romântica e ye-yê, podamos entender o porquê as suas composições não tiveram um maior sucesso. Em definitiva eram igual de boas ou más que o resto das suas competidoras.</div><div><br /></div><div>2º Os artistas que o puderam fazer, enviavam a estes festivais a partitura completa, incluindo as respetivas partes, de acordo com o modelo de instrumento que lhes foi previamente comunicado. Sabemos que Gloria Prieto enviou estas partituras, por exemplo, para o Festival del Miño, por isso é mais do que provável que os arranjos que ouvimos nas gravações sejam originais dela.</div><div><br /></div><div>2º Neste artigo achegamos um importante catálogo de nomes que interpretaram as canções de Gloria Prieto. Ana Kiro, Fina Galicia, Gelu, Sabrina, Elvira e Madalena Iglésias. Todas elas mulheres muito novas, vozes femininas que, quiçá excetuando a Fina Galicia, procuravam um espaço de lado das Marisol, Rocío Durcal ou Karina. Tenho a certeza de que alguma voz masculina cantou as suas canções, mas não dei com nenhuma gravação impressa. É muito possível que a autora escrevesse pensando em ser interpretada por uma voz feminina, com o cliché próprio deste tipo de eventos.</div><div><br /></div><div>3º Repassando os discos da época, resulta infrequente encontrar mulheres ocupadas em compor peças de género ligeiro. Os compositores eram, na sua esmagadora maioria, homens, e nas raras ocasiões em que aparece o nome de uma mulher é, normalmente, para assinar a letra da canção. Uma ilustre exceção é a de María Josefa López Fernández, autora juntamente com Aniano Alcalde do eurovisivo <i>Vivo cantando</i>. Também assinou, desta vez em parceria com o marido Ricardo Ceratto, <i>Mi Tierra Gallega</i>, que Pucho Boedo e Los Tamara transformaram em obra de arte.</div><div><div><br /></div><div>Mas não esqueçamos que as intérpretes e as compositoras jogavam em território hostil. Mergulhar na biografia das mulheres de que falamos neste artigo é devastador. Gelu, Elvira e Madalena Iglésias abandonaram suas respectivas carreiras quando se casaram. María Josefa López Fernández, ganhadora do Festival de Eurovissão, dialogava assim com o seu entrevistador:</div><div><br /></div><div>«—¿Qué da más trabajo, María José, componer o ser ama de casa y madre de familia?</div><div>—Ambas cosas, pero creo que más ser ama de casa.</div><div>—¿Cuál de las dos profesiones prefieres?</div><div>—Ama de casa y madre de familia ante todo». <span style="font-size: x-small;">Diario de Burgos, 06/03/1969, p.3</span></div><div><br /></div><div>Esther Gloria foi aluna de Lola Rodríguez de Aragón e Conchita Badía. Estudou no conservatório madrileno e, em 1960, foi aluna becária nos cursos internacionais <i>Música en Compostela</i>. Confesou ter chegado à música ligeira como a brincar, tentando a sorte nos festivais com maior remuneração e projeção económica. Parece que ela trabalhou na trilha sonora de alguns filmes que não consegui localizar e, é evidente, que não parou na tentativa de ser compositora de <i>música séria</i>, como ela mesma a descreveu. Tenho certeza que num futuro próximo o repertório de Esther Gloria Prieto trazer-nos-á lindas novidades.</div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjcp3va-3ghvSGWQx0dgvUghml4fdtsDCah46DB04s0KjD0KNJG6l66tX6KXxc8RMGt218UdI4TQkSUt1-TyKd9cDbhI9Z-UZ03-cmesPlAVJ-0jLN4Gsg6YKFaU1HVU1W0vmx5V-AA-ooa7RjVnRSGpOwXPFXM1RVnu_jHoS2XvcL4Q1Zgq_aCJnh388g/s661/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_22-12-39.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="661" data-original-width="284" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjcp3va-3ghvSGWQx0dgvUghml4fdtsDCah46DB04s0KjD0KNJG6l66tX6KXxc8RMGt218UdI4TQkSUt1-TyKd9cDbhI9Z-UZ03-cmesPlAVJ-0jLN4Gsg6YKFaU1HVU1W0vmx5V-AA-ooa7RjVnRSGpOwXPFXM1RVnu_jHoS2XvcL4Q1Zgq_aCJnh388g/s320/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_22-12-39.png" width="137" /></a></div><br /><div style="text-align: center;">Retrato de Esther Gloria Prieto. Foto Reza. <i>La Región. </i>04/07/1965</div><div style="text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJItL9wle0hDEKVgPlIe7xfa9VdKGBXXuiRWgjST8JGiqT7c_HIDhf0_xdzu5SoohfYbVCBw3HNwIcc4S1RFqQFkmVOItMDCkqq5HuQqVtuYPci3QTs1Nn5N_1Pti2Vu4694GwSvIY6jQD3IK94THdAXBm4qgfSOnwpW9KeqTSBDmuVa_6xp73d1pUh8oW/s470/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_22-20-56.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="460" data-original-width="470" height="313" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJItL9wle0hDEKVgPlIe7xfa9VdKGBXXuiRWgjST8JGiqT7c_HIDhf0_xdzu5SoohfYbVCBw3HNwIcc4S1RFqQFkmVOItMDCkqq5HuQqVtuYPci3QTs1Nn5N_1Pti2Vu4694GwSvIY6jQD3IK94THdAXBm4qgfSOnwpW9KeqTSBDmuVa_6xp73d1pUh8oW/s320/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_22-20-56.png" width="320" /></a></div><br /><div style="text-align: center;">Retrato de Esther Gloria Prieto. <i>La Región. </i>12/07/1966</div></div></span></div><div><span style="font-family: arial;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdYlL3lPExYhiYGWP8tOnv_aX-p7-vPlNYd0s4apNp94cbXN6aqqdkx8wIXFElhvZnZPt6K7vqDs1cMBTbc9hSh7nxEI6N6o_7b7SFp3RaSRS8hEjXa_ga93N4bz8VR1TwtwTSaP82GcakP2vL2ZnSS6SansmS6Qv4QrPOJ_y-t7caiK8CQXNi_hyAa18d/s504/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_22-26-33.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="498" data-original-width="504" height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdYlL3lPExYhiYGWP8tOnv_aX-p7-vPlNYd0s4apNp94cbXN6aqqdkx8wIXFElhvZnZPt6K7vqDs1cMBTbc9hSh7nxEI6N6o_7b7SFp3RaSRS8hEjXa_ga93N4bz8VR1TwtwTSaP82GcakP2vL2ZnSS6SansmS6Qv4QrPOJ_y-t7caiK8CQXNi_hyAa18d/s320/Captura%20de%20pantalla_2023-12-09_22-26-33.png" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div>Retrato de Esther Gloria Prieto. <i>La Noche. </i>01/11/1967</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">Webs de interesse:</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">https://mulleresourensas.blogspot.com/2021/02/esther-gloria-prieto-alcaraz.html</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">https://estherponcemagazine.com/xana-capitulo-5/</span></div><span style="font-family: arial;"><b><br /></b></span></div>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-56227390305587383452023-07-21T19:37:00.006+01:002023-07-21T19:37:44.092+01:00nº 255 Faustino Rei Romero e Artur Garibáldi. Uma foto em Braga.<p><br /></p><p>O poeta Artur Garibaldi Pereira Braga (1913-1992) viajou por primeira vez à Galiza em 1935. Parece que esteve um tempo, o suficiente como para apaixonar-se do país, e também duma viguesa. Em qualquer caso, a sua conexão com a nossa terra propiciou um viçoso ramo de amizades, eventos, publicações e cargos honoríficos.</p><p>Foi autor, por exemplo, do livro de poemas <i>À Cidade de Vigo</i>, dedicado a todos os seus amigos da dita urbe galega. Neste estranho poemário, o rapsoda português, dedica uma das suas composições a um endereço de correios, polo que sabemos, com certeza, onde era que morava sua amada olívica<span style="font-family: arial;">.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><i>Há uma casa na Espanha</i></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><i>que tem lá meu coração:</i></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><i>por ela fiquei a amar</i></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><i>a gloriosa Naçao.</i></span></p><p style="text-align: center;"><i style="font-family: arial;">-Linda cidade de Vigo:</i></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><i>Sanjurjo Badia, 9!</i></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></p><p>Como para não se dar por aludida!</p><p>Desde a sua primeira visita a Galiza em 1935, o vínculo com a nossa terra não deixou de crescer, sendo nomeado em 1940 Acadêmico Correspondente da Real Academia Galega. Uns anos mais tarde, no 1944, organiza o primeiro Torneo Poético Luso-Galaico, com o que pretendia um maior achegamento literário entre ambas comunidades.</p><p>Como ativista no movimento de unidade de ação entre intelectuais de aquém e além Minho, foi promotor e participou em númerosos congressos e certames, como a Assembleias lusitano-galegas celebradas em Braga (1955), a primeira, e A Corunha (1961), a segunda.</p><p>Por certo, a Real Academia Galega publicou as atas e comunicações em 1965, no prelo da Editora Nacional, imprensa do regime franquista, dedicando-lhe o volume <i>Al Exmo. Sr. D. Manuel Fraga Iribarne</i>. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN9tm3DVrau8zi8COEs862mPBcZTpO_H6m7FHTwZXnT2QWKCfvsqW1EdHTM2ZmYeXNjYV_-WaPeBVLLTmAhEa0-SzWV7KhRJfwV8xO5fzw__-y7dUVOgMFCkg1FHquL9MSGoDiH6l0SXlHPN_BTj8vRh3eaS1H7xLfUvt6pX8TBNVRupMvfo0hRifZt_nC/s972/c-rag_17939_0171.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: arial;"><img border="0" data-original-height="972" data-original-width="969" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN9tm3DVrau8zi8COEs862mPBcZTpO_H6m7FHTwZXnT2QWKCfvsqW1EdHTM2ZmYeXNjYV_-WaPeBVLLTmAhEa0-SzWV7KhRJfwV8xO5fzw__-y7dUVOgMFCkg1FHquL9MSGoDiH6l0SXlHPN_BTj8vRh3eaS1H7xLfUvt6pX8TBNVRupMvfo0hRifZt_nC/s320/c-rag_17939_0171.jpg" width="319" /></span></a></div><div><br /></div><span style="font-size: x-small;">Foto de família dos assistentes à Assembleia corunhesa. O Garibáldi aparece acima, no centro, à esquerda, segundo olhamos, de Ferro Couselo. </span><div><span style="font-size: x-small;"><i>Primera y segunda asamblea lusitano-gallega: actas y comunicaciones.</i> Asamblea Lusitano-Gallega (1ª: 1955: Braga) Madrid : Editora Nacional, 1967</span><p>O seu posicionamento político levou-no a militar, sem fazer demasiado ruído, nas forças progressistas contrárias ao Salazarismo. Assim, entre as suas obras, há um curioso <i>Polonia heroica</i>, poemário publicado em 1941 e traduzido ao espanhol por Enrique Romero Archidona. Em entrevista publicada em El Pueblo Gallego (5 de Março de 1957), Garibáldi afirmava que dita publicaçao <i>constituyó un éxito, pero sentimos mucho miedo. -De Hitler? -Y de los muchos amigos que tenía entonces.</i></p><p>Os seus poemas tiveram acolhida na Galiza em jornais e revistas como Sonata ou Spes. O seu círculo de amizades mais íntimo estava no grupo de poetas vigueses, como os Álvarez Blázquez ou o próprio Celso Emílio. Entre esses elegidos estava o nosso Faustino Rei Romero, com quem vai colaborar nas páginas literárias dedicadas, nos jornais portugueses, à literatura galega.</p><p>Algumas semanas atrás, por sorte, abri um velho livro guardado no Fondo Local de Música do Concello de Rianxo e, entre as suas desarrumadas páginas, encontrei um pequeno recorte do jornal Faro de Vigo. Está datado em 22 de fevereiro de 1952. O breve, assinado por Faustino Rei Romero, vem ilustrado por uma fotografia de Artine, com o próprio Faustino e o Arturo Garibáldi como protagonistas.</p><p><br /></p></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhazjFrbbt9Q0Sgzo-CE4QneA_QPin3VHJGg1ktMub9HDe8WcU0jzgcUWz2Ca-kvRaQ4AI7OOwBByFoYUOX-rozQ5ifZEP_0WSRgvjCg8jdHlB-4KQucUX2n63YvjBoLUsKHTrZTTeiV0XX4qJxETzOBnP5SYcfLzNejIcaVRvMT7Wa0P0gM9homfiwwtAf/s2876/IMG_20230701_0001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: arial;"><img border="0" data-original-height="2876" data-original-width="1488" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhazjFrbbt9Q0Sgzo-CE4QneA_QPin3VHJGg1ktMub9HDe8WcU0jzgcUWz2Ca-kvRaQ4AI7OOwBByFoYUOX-rozQ5ifZEP_0WSRgvjCg8jdHlB-4KQucUX2n63YvjBoLUsKHTrZTTeiV0XX4qJxETzOBnP5SYcfLzNejIcaVRvMT7Wa0P0gM9homfiwwtAf/s320/IMG_20230701_0001.jpg" width="166" /></span></a></div><span style="font-family: arial;"><br /></span><p style="text-align: left;">Os dois amigos poetas teceram caminhos de ida e volta entre a Galiza e Portugal, e ambos lutaram, ao seu jeito, contra as ditaduras peninsulares. Obrigado.</p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYvHXg4jGE4e2Xdn6jdHNMB-6oLZTfUZ92WWYsb7JMpbqqN4rCMm9J3TDeFEjmstfStFAmRyWeYMmoMTzcsoGZSgtSLJOzSeaECMCFOjXJDcznuLiJ9Rotv_KCrcY170Np3V5zZKB9HyVEA6A5dsQZ5uS9d-s5wVkaQivMuhUeCA1cLHzmM0cKN5Z2Obr0/s2068/garibaldi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2068" data-original-width="1545" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYvHXg4jGE4e2Xdn6jdHNMB-6oLZTfUZ92WWYsb7JMpbqqN4rCMm9J3TDeFEjmstfStFAmRyWeYMmoMTzcsoGZSgtSLJOzSeaECMCFOjXJDcznuLiJ9Rotv_KCrcY170Np3V5zZKB9HyVEA6A5dsQZ5uS9d-s5wVkaQivMuhUeCA1cLHzmM0cKN5Z2Obr0/s320/garibaldi.jpg" width="239" /></a></span></div><span style="font-family: arial;"><div><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><span style="font-size: x-small;"><div style="text-align: center;">Dedicatória autógrafa de Arturo Garibáldi no exemplar de <i>À Cidade de Vigo </i>da minha coleção.</div></span></span><p></p></div>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-9907029240621337282023-05-06T13:15:00.006+01:002023-05-06T13:37:34.403+01:00nº 254 Ninguém se lembra do segundo! <h2 style="text-align: center;">Ninguém se lembra do segundo!</h2><h3 style="text-align: center;">Pequena biografia de Celestino López Sánchez.</h3><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSxkcOenNx2a755U0zEeHxK3D7JCrYlFqng5nNfGMzAF9ocsDySgE7mSIMbbMzSD3EM3Y9edj_bahgnjeZLS9BOSBf8FkNQfLsTbjAHp-vnypvcn_maO03mjgYYjr_aTo7YVUMkvkZhcPvec_K-2Sn29S_rKhwz4vCPj5M3opqAhMoro9fSjp-RebNdA/s123/254.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="123" data-original-width="123" height="123" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSxkcOenNx2a755U0zEeHxK3D7JCrYlFqng5nNfGMzAF9ocsDySgE7mSIMbbMzSD3EM3Y9edj_bahgnjeZLS9BOSBf8FkNQfLsTbjAHp-vnypvcn_maO03mjgYYjr_aTo7YVUMkvkZhcPvec_K-2Sn29S_rKhwz4vCPj5M3opqAhMoro9fSjp-RebNdA/s1600/254.png" width="123" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div><br /></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">Imensamente agradecido a:</span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">Flora Rodríguez, Pepe Pardavila e Jorge Abal da Póvoa, </span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">Ramom Pinheiro, Isabel Rei, Xoán Pastor Rodríguez, </span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">Tamara Dopico, Cantigas e Agarimos e</span></div><div style="text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">ao sábio Xosé Comoxo.</span></div><div><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em 28 de junho de 1924, na Praça da Quintana ou dos Literatos, realizou-se o concurso de gaita-de-foles mais famoso da história da Galiza. Nesse dia, Avelino Cachafeiro Bugallo é proclamado, de fato, o melhor gaiteiro do país. Segundo Rivas Troitiño, as obras obrigatórias do concurso foram a Alvorada de Veiga e um passacorredoiras, entendo que de livre escolha. No mesmo artigo afirma que “de los nueve gaiteiros inscritos, tres se retiraron, no sabemos si por temor al ya temido gaiteiro de Soutelo, o por otras razones”</span> <span style="font-size: x-small;">[Triunfo. </span><span style="font-size: small;">(23 março 1974)</span><span style="font-size: x-small;"> Año XXVIII, n. 599, p. 31-33]</span>. </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Apesar da escassa participação, a vitória alimentou o mito do Gaiteiro de Soutelo, elevado aos altares numa encenação que parecia, e talvez fosse, feita à medida. Dois dias depois da vitória de Avelino, Castelao acompanhou o herói na sua entrada triunfal em Soutelo. Ao chegar à porta de casa, o patriarca do clã, Fermín, acendeu um foguete. Os primeiros a cruzar o umbral foram os irmãos Cachafeiro, e depois Castelao, como Escrivão Geral da galeguidade. Assim, o dia 10 de agosto, o jornal Galicia </span><span style="font-size: x-small;">[Castelao, D. (10 de agosto de 1924). “O Gaiteiro de Soutelo” . Galicia. p. 1]</span> <span style="font-size: medium;">publicou em primeira página uma crónica do político rianxeiro, acompanhada do retrato de Avelino que se tornaria icónico no imaginário da nossa cultura popular [Ver apêndice]. Nela, dá-se conta de que o terceiro prémio foi conquistado polo adolescente Cástor Cachafeiro. De quem não diz o nome é do gaiteiro que teve a honra de estar entre os dois irmãos de Forcarei. Polos jornais da época sabemos que se tratava de Celestino López Sánchez, gaiteiro do coro Cantigas e Agarimos e saxofone barítono do 3.º batalhão de infantaria. Mas, o que sabemos desta personagem que ousou desafiar em cima do palco, o próprio gaiteiro de Soutelo? Aqui estão as minhas descobertas.</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9JlP4VIAF_FkEJ1bzrYGfQHIcykMj2319rDfdQd3jeQ-d_BV9uAukPDf-QXh6Hl7nvJ0jAH7kxOCe3x3-NHSXYVn25BO6IIlwrIQA49lmeW-MHinFOQDw7RNV9_wifC7AW1xgx_AVwIuqVl6Qlr-Vqa_FuEJIfLp2XEftdxzbS9tSqxe5oo-Ea7Uqvw/s976/Cantigas%20e%20agarimos.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="583" data-original-width="976" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9JlP4VIAF_FkEJ1bzrYGfQHIcykMj2319rDfdQd3jeQ-d_BV9uAukPDf-QXh6Hl7nvJ0jAH7kxOCe3x3-NHSXYVn25BO6IIlwrIQA49lmeW-MHinFOQDw7RNV9_wifC7AW1xgx_AVwIuqVl6Qlr-Vqa_FuEJIfLp2XEftdxzbS9tSqxe5oo-Ea7Uqvw/s320/Cantigas%20e%20agarimos.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: 10pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: #202124;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span lang="pt-PT">Fonte: </span></span></span></span><a href="https://www.cantigaseagarimos.es/" style="color: navy; font-size: 10pt;">https://www.cantigaseagarimos.es/</a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #202124; font-family: "Liberation Serif", serif; font-size: 10pt;">No centro, em primeiro plano com gaita, Celestino López.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #202124; font-family: "Liberation Serif", serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;"><i><br /></i></span></b></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;"><i>Asociación de Exploradores </i>de Ponte Vedra</span></b></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;"><br /></span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Celestino López Sánchez nasceu em Ponte Vedra em 14 de julho de 1902, sendo os nomes dos seus pais os de Enrique e Josefa. Assim consta no seu atestado de óbito, embora tenha promovido a ideia da sua natureza compostelana.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Quase nada sabemos sobre a primeira década da sua vida, mas em 1912 acontecerá algo que será fundamental na formação musical posterior: o capitão de cavalaria Teodoro Iradier y Herreo funda a <i>Asociación de Exporadores de España</i>, na sequência do recém criado movimento escuteiro. Em dezembro desse mesmo ano nasce a delegação de Ourense e logo, a seguir, a de Ponte Vedra, tendo como presidente o omnipresente Marquês de Riestra. Ao primeiro executivo pertencem personagens conhecidas da vida de Ponte Vedra, como Prudencio Landín, Isidoro Millán ou Javier Pintos. No final desse ano, os exploradores formaram uma Banda de Música dirigida por Juan Serrano Marqués (Lugo, 1859 [conforme atestado de óbito]; 8 de janeiro de 1954). O maestro Serrano, aluno de Montes e Varela Silvari, entre outros, teve uma vasta experiência tanto com grupos infantis (<i>Orfeón infantil</i> de Lugo, <i>Orfeón infantil helénico</i> de Ponte Vedra...) quanto na direção de bandas musicais (Lugo, Ponte Vedra, Vigo...). Há que ter em conta que a <i>Asociación de Exploradores</i> recrutava crianças de entre 12 e 14 anos. Em 1914, o duo formado polo requinto Celestino López e o flautim Alfonso Quintas, acompanhados ao piano polo próprio maestro Serrano, participavam nas quermesses organizadas pola <i>Asociación</i>. Nesses eventos era frequente a presença do <i>Instructor Jefe</i> dos exploradores, o barítono Víctor C. Mercadillo. O bando de exploradores, formado sob o prisma do movimento scout, foi fortemente influenciado pola estética, organização e disciplina militar. Robert Baden-Powell, fundador mundial dos escuteiros, assim como Teodoro Iradier, seu sósia espanhol, eram soldados de carreira. Por mera intuição da minha parte, tendo a pensar que a influência britânica do fundador e a suposta marcialidade das gaitas-de-foles para o desfile, fizeram com que os exploradores se interessassem em incluir este instrumento galego nas suas formações, acompanhando, em muitos casos, tambores e cornetas. Assim, em 1914, podíamos ler num jornal a seguinte nova:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div></div><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div>«Se exhibe en un escaparate del Toral, una preciosa gaita gallega de madera clara y guarniciones de terciopelo y seda morado y amarillo, que encargó el comité de exploradores del distrito de Chamberí, en Madrid, al local de Santiago.</div><div>Tal instrumento es para la charanga de los exploradores de la Corte, y en el extremo del ronco lleva una artística plancha en mate, en la que, rodeando la estrella de cinco puntas, se lee: “Exploradores madrileños». La Correspondencia Gallega : diario de Pontevedra (6 abril 1914) Ano XXVI n. 7259 p. 1.</div></blockquote><div><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Sabemos que nas festas organizadas polos exploradores, Celestino tocava gaita-de-foles, acompanhado ao tambor e ao bombo polos camaradas escuteiros Ribadulla e Pacheco, como aconteceu em maio de 1918 com motivo da celebração do aniversário do Rei.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Celestino acompanhou também um coro escuteiro, precedente mais imediato para aquela que será, anos mais tarde, sua atuação no coro folclórico Cantigas e Agarimos.</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div><blockquote style="border: none; margin: 0 0 0 40px; padding: 0px;"><div style="text-align: justify;">«Tanto la banda de los exploradores como el coro de los mismos con su gaita, fueron ovacionadísimos y obsequiados en las Sociedades Casino, Gimnasio y Círculo Mercantil. [Visita à Estrada]» Diario de Pontevedra (6 de agosto de 1918) Ano XXXV n. 10290 p. 1.</div></blockquote><div><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 1px; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: #202124;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-PT"><b><br /></b></span></span></span></span></span></p><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;"><br /></span></b></div><div style="text-align: justify;"><b><span style="font-size: medium;">Compostela</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em 1919, Celestino recebeu uma pensão de estudos da <i>Fundación Figueroa</i>. Com quase total probabilidade, foi este o motivo que o levou a viver em Compostela. Um ano depois, começam os ensaios de <i>Cantigas e Agarimos</i>, coletivo de que faz parte desde sua fundação. Integrou também a banda do regimento de Zaragoza, tocando o saxofone barítono. Em 1923 casa com Manuela Segade López, celebrando o vínculo na igreja paroquial de San Miguel dos Agros. O padrinho do casamento é o fotógrafo Enrique Guerra, presidente do coral, o que reafirma ainda mais seu vínculo com Cantigas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Quando conquistou o 2º prémio no concurso de gaita-de-foles das festividades do Apóstolo (1924), foi referido na imprensa como músico de 3.ª da banda do regimento de Zaragoza. Na verdade, em junho já aprovara a oposição para a banda de música municipal, na qual tocará primeiro saxofone barítono e, depois, o contralto.
O <i>annus miriabilis</i> de 1924 se encerrará com o nascimento dos gémeos Leonardo e Aurora López Segade. Esta última casará com António Varela Caeiro, colunista da imprensa local e secretário do <i>pósito</i> de Rianxo. Uma carreira profissional muito semelhante, como veremos, à do sogro.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Vale ressaltar que Celestino coincidiu com o maestro Bernardo del Río na banda do regimento de Zaragoza, na banda municipal compostelana e em <i>Cantigas e Agarimos</i>, sendo esta uma pessoa a quem sempre guardou um carinho sincero.</span></div><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: #202124; font-family: Liberation Serif, serif;"><span>Nesse período estudou magistério, </span></span><span style="color: #202124; font-family: Liberation Serif, serif;"><span>recebendo</span></span><span style="color: #202124; font-family: Liberation Serif, serif;"><span>-se em 1928.</span></span></span></p><p style="text-align: justify;"><b style="color: #202124; font-family: "Liberation Serif", serif; text-align: left;"><span style="font-size: medium;">A guitarra e a <i>Agrupación Artística Compostelana</i></span></b></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit; font-size: medium;"><span style="color: #202124;"><span>E</span></span><span style="color: #202124;"><span>m 1929 nasce a </span></span><span style="color: #202124;"><span><i>A</i></span></span><span style="color: #202124;"><span><i>sociación</i></span></span><span style="color: #202124;"><span><i> Artística Compostelana</i></span></span><span style="color: #202124;"><span>, sendo Celestino o primeiro regente da sua </span></span><span style="color: #202124;"><span><i>rondalla</i></span></span><span style="color: #202124;"><span>. </span></span><span style="color: #202124;"><span>Com efeito</span></span><span style="color: #202124;"><span>, entre os muitos instrumentos que tocava estava </span></span><span style="color: #202124;"><span>a guitarra</span></span><span style="color: #202124;"><span>, como pode ser conferido na notícia a seguir:</span></span> </span></p><blockquote style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-left: 1cm; margin-right: 1cm;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"></span></span></blockquote><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div><br /></div><div>«El director del coro Cántigas e Agarimos y profesor de la Banda Municipal don Celestino López Sánchez ha dado ayer noche en su academia de música ante un público selecto invitado particularmente al acto, un magnífico recital de guitarra, en el que fue muy aplaudido y demostró la sorprendente técnica y dominio que tiene en la ejecución del referido instrumento.</div></blockquote><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div>Celestino López Sánchez se propone llevar a cabo por Galicia una tornee artística para darse a conocer como guitarrista notabilísimo que es». El pueblo gallego : rotativo de la mañana. (15 de marzo de 1929). Año VI Número 1581</div></blockquote></div><div><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: medium;">Era frequente que nos concertos da rondalla, Celestino tocasse algumas peças a solo.
À frente da Agrupación Artística é mais do que possível que tenha dirigido, e até formado, a um adolescente Basílio Carril (1914-1974), famoso fabricante de gaitas-de-foles. Dizia-se que ele até construiu sua própria guitarra </span><span style="font-size: x-small;">[Ver entrada da Gran Enciclopedia Gallega assinada por Benedicto García]</span><span style="font-size: medium;">.
A formação de Celestino como guitarrista e rondallista pode ter vindo daquela banda de exploradores pontevedrina. Seu regente, Juan Serrano, também tocava guitarra e bandurra. Se considerarmos que Serrano foi aluno de Montes, mais uma vez, também guitarrista, poderíamos falar de algo semelhante a uma escola. Na realidade, Montes, Serrano e López Sánchez constituem uma cadeia de custódia de uma tradição musical ou <span style="font-family: inherit;">prática comum, bandística, orfeonística e guitarrística. Infelizmente, para poder falar nesses termos, falta-nos o fundamental: seu repertório.</span></span></span></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit; font-size: medium;">Em 1930, Celestino demitiu-se da banda de Santiago para liderar a banda de A Lama.</span></div><div style="text-align: justify;"><b style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit; font-size: medium;"><br /></span></b></div><div style="text-align: justify;"><b style="text-align: left;"><span style="font-family: inherit; font-size: medium;">Professor de primário. A Póvoa do Caraminhal </span></b></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit; font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit; font-size: medium;">Em 1932 começa o ano como professor de educação primária e música da academia compostelana <i>Nieves</i>, mas, apenas dois anos depois, após um período de <i>cursillista</i>, começou a lecionar na escola do <i>pósito</i> da Póvoa do Caraminhal. Na vila nazarena funda a <i>Agrupación Artística Musical y Recreativa</i> Arosa, à semelhança da <i>Agrupación Artística Compostelana</i>. Também iniciou sua estreita relação com as organizações de pescadores, sendo na época do golpe de estado franquista, secretário do <i>pósito</i>.</span></div><span style="font-size: medium;"><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKjViRVfPc4To9HuFCwSUmd0RuypYNk_RC71HY68udWND5gh0Am2lvVuURMR2uxc2Oc8wbzntw6BJUY4gFTk2zgB0UZEF4IyXAmgKPHpPc0KNKqLQY6prX1oobBsPN2i3Yor-QjYzIgsZAic4Z1jL2h28Ms0-qbWvL6Gw54phOVPrkk0L2An3zogexqA/s1413/Rondalha%20Arosa.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="870" data-original-width="1413" height="197" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKjViRVfPc4To9HuFCwSUmd0RuypYNk_RC71HY68udWND5gh0Am2lvVuURMR2uxc2Oc8wbzntw6BJUY4gFTk2zgB0UZEF4IyXAmgKPHpPc0KNKqLQY6prX1oobBsPN2i3Yor-QjYzIgsZAic4Z1jL2h28Ms0-qbWvL6Gw54phOVPrkk0L2An3zogexqA/s320/Rondalha%20Arosa.jpeg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i style="color: #202124; font-family: inherit; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;">Agrupación Artística Musical y Recreativa Arosa</span></i><span style="color: #202124; font-family: Liberation Serif, serif; font-size: 10pt;">?</span><i style="color: #202124; font-family: inherit; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"> </span></i><span style="color: #202124; font-family: Liberation Serif, serif; font-size: 10pt;">ca. 1935</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #202124; font-family: Liberation Serif, serif; font-size: 10pt;">Arq. Xoán Pastór Rodríguez</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #202124; font-family: Liberation Serif, serif; font-size: 10pt;"><br /></span></div></span><div class="separator" style="clear: both;"><span style="font-size: medium;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZjUFDB3lOwJzxwcRcUhhnOm-5kV-zXnuXWyD_owXOciEowrSjoEMm4-gPdiJGu3Mzjo7yb1g4fvNfgnFhDG4hnO5BIktkg5CBzHnyBWL2cN-RRfDIxv_dST_-niNc-jvOXTCVBV1hvN-aDyRf4BlmK4xwg1596SWAFmHjdgYaKEjU4EVC0F5wDq236w/s1216/rondalha.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1023" data-original-width="1216" height="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZjUFDB3lOwJzxwcRcUhhnOm-5kV-zXnuXWyD_owXOciEowrSjoEMm4-gPdiJGu3Mzjo7yb1g4fvNfgnFhDG4hnO5BIktkg5CBzHnyBWL2cN-RRfDIxv_dST_-niNc-jvOXTCVBV1hvN-aDyRf4BlmK4xwg1596SWAFmHjdgYaKEjU4EVC0F5wDq236w/s320/rondalha.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #202124; font-family: "Liberation Serif", serif; font-size: 10pt;"><i>Agrupación Artística Musical y Recreativa Arosa</i></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #202124; font-family: "Liberation Serif", serif; font-size: 10pt;"><i>El Pueblo gallego</i> (28 -fevereiro-1936 ) Ano XIII, n. 3891, p.3</span></div><br />Como todos os cursillistas da República, ele foi expurgado. Assim, em setembro de 1936, foi suspenso do seu cargo por um ano. No entanto, depois de três meses, ele já tinha voltado para a escola. Em junho de 1937 </span><span style="font-size: x-small;">[BOE, Burgos, 7 de agosto de 1937] </span><span style="font-size: medium;">foi reintegrado definitivamente no cargo, ordenando-se o pagamento dos salários que lhe eram devidos.<br />Nos primeiros anos da década de 40, aprovou as oposições de orientação marítima e integrou a junta local de pesca da costa noroeste. Além disso, ocupa o cargo de chefe local do Sindicato Espanhol de Professores (S.E.M.), sindicato vertical franquista.<br /></span></div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><pre lang="pt-PT" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Liberation Mono", monospace; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; text-align: start;"><span style="color: #202124;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: medium;"><b>Presidente da Câmara Municipal da Póvoa do Caraminhal</b></span></span></span></pre><pre lang="pt-PT" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Liberation Mono", monospace; font-size: 10pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; text-align: start;"><span style="color: #202124;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><b><br /></b></span></span></span></pre><pre lang="pt-PT" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Liberation Mono", monospace; font-size: 10pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; text-align: start;"><span style="color: #202124;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZOiaHp1sy9TWh_WtgM7C6wm1etLdnqBBYVs6QVCYeBpaHl9SSrp1sRZQPXJLmal26uTFc3B9SysSOJk3xULfY8MioC7_bjWKsZ_cJMvtxCMhfT4n1XQGl4357lNtLDQdB58_XCBAQcFERyrda4T6ZP0WDPVd_LAayrC-hm6fqvXKJqHoODu3dTWtzjQ/s474/Captura%20de%20pantalla_2023-04-11_22-48-11.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="474" data-original-width="350" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZOiaHp1sy9TWh_WtgM7C6wm1etLdnqBBYVs6QVCYeBpaHl9SSrp1sRZQPXJLmal26uTFc3B9SysSOJk3xULfY8MioC7_bjWKsZ_cJMvtxCMhfT4n1XQGl4357lNtLDQdB58_XCBAQcFERyrda4T6ZP0WDPVd_LAayrC-hm6fqvXKJqHoODu3dTWtzjQ/s320/Captura%20de%20pantalla_2023-04-11_22-48-11.png" width="236" /></a></div><br /><b><br /></b></span></span></span></pre><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Por um curto tempo, 1952-1954, ocupou a presidência da Câmara Municipal da Póvoa do Caraminhal. Durante sua gestão, começaram as conversas sobre a valorização turística do entorno de Curota e foi recebido o busto de Valle-Inclán, um presente do concelho de Ponte Vedra, obra do extraordinário artista Benito Prieto Coussent. Em agosto de 1953 é apresentada ao seu público a <i>Agrupación Artística Musical Caramiñas</i>, na qual Celestino dirige o coro.</span></p><pre lang="pt-PT" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: "Liberation Mono", monospace; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: #202124;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: medium;"><b>Juízo a<i> Cantigas e Agarimos</i></b></span></span></span></pre><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em 1954, o jornal <i>La Noche</i>, regista uma troca de impressões entre Celestino López e Francisco Rodríguez, então diretor de Cantigas e músico, vice-regente e, posteriormente, regente da Banda Municipal de Santiago de Compostela. Enfrenta-se um membro fundador e regente do coro, com o primeiro maestro após a refundação provocada pola morte de Bernardo del Rio. Este debate resulta interessante em extremo para entender a evolução dos coros galegos.</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div></div><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div><div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div></div><div><div><div style="text-align: justify;">«El coro Cantigas e Agarimos juzgado por su antiguo director Celestino Sánchez.</div></div></div><div><div><div style="text-align: justify;">[...]</div></div></div><div><div><div style="text-align: justify;">-Opino que dos gaitas están bien en los desfiles y en las foliadas, pero no en otra clase de cantos, en los que me inclino a utilizar una sola, puesto que, además del exceso de sonido, y posible desafinación y la también posible poco unidad entre las mismas, pueden deslucir y quitar el carácter a la canción.</div></div></div><div><div><div style="text-align: justify;">Opino también, que el director debiera ir uniformado, como es clásico en este tipo de agrupaciones, lo cual no quita personalidad, pero en cambio desentona, rompiendo la vistosa armonía del conjunto» La noche. (5 de agosto de 1954) Ano XXXVI. N.º 10431. p. 4</div></div></div></blockquote><div><div><div><blockquote lang="es-ES" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-left: 1cm; margin-right: 1cm; text-align: start;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"></span></blockquote></div></div></div><span style="font-size: medium;"><div style="text-align: justify;">Alguns dias depois, Francisco Rodríguez, respondeu um tanto zangado perguntando a Celestino por que ele não lhe dera aquelas gentis recomendações na conversa que os dois tiveram o dia do concerto.</div></span><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div><blockquote lang="es-ES" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-left: 1cm; margin-right: 1cm; text-align: left;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"></span></span></blockquote><br /></div><div><div>«En lo que al Director se refiere, estoy de acuerdo en que debe vestir igual que los coristas, para no desentonar el conjunto. Espero que en su día quede resuelta esta cuestión, que es asunto interno de la Colectividad.</div></div><div><div>En cuanto al empleo y afinación de las gaitas acompañando al Coro en alalás y foliadas, estas, que son casi siempre a dos voces al disponer de dos gaitas es lo lógico que cada una se emplee, respecto del Coro, oportunamente en cada voz: porque si se suprime una de las gaitas, evidentemente reproduce un desequilibrio sonoro en el conjunto, lo que supone peor el remedio que la posible desafinación.</div></div><div><div>¡No suprima gaitas, don Celestino! Hace pocos meses he visto y oído un prestigioso coro de nuestra región actuar simultaneamente con tres gaitas, y no sé que tengan ningún propósito de suprimir alguna…</div></div><div><div>Los tiempos evolucionan, y esta misión “sagrada” de suprimir gaitas y folklores queda reservada a la música importada llamada de negros, que se me antoja ya infiltrada en la ropa. La Noche. (14 de agosto de 1954) Ano XXXVI. n.º 10439. p. 2</div></div></blockquote><div><div><p style="text-align: justify;"></p></div></div><div><div><p><span style="font-size: medium;"><span style="color: #202124; font-family: "Liberation Serif", serif; text-align: start;">Celestino contra-atacou com seus velhos argumentos, aliás, não tão distantes dos de Francisco Rodríguez.</span> </span></p></div></div><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div><div><div style="text-align: justify;">«Las composiciones musicales armonizadas están destinadas a ser interpretadas por orfeones y polifónicas masas corales en las que todas sus cuerdas están bien nutridas de voces y no dan la sensación de debilidad y pobreza.</div></div></div><div><div><div style="text-align: justify;">El quitar a un coro gallego de la interpretación de las canciones “folklóricas” es lo mismo que oirle tocar a una gaita la rumba del “negro zumbón”. Cada cosa es para lo que es.</div></div></div><div><div><div style="text-align: justify;">[…]</div></div></div><div><div><div style="text-align: justify;">Si como observamos la tendencia “moderna” a orfeonizar toda nuestra música regional, aun aquellos cantos del mayor sabor enxebre, entonces es preferible dejar los trajes que representan al tipo individual de nuestros paisanos en traje de fiesta, y se toquen con smoking o chaquet». La Noche. (24 de agosto de 1954). Ano XXXVI. nº. 10447. p. 4</div></div></div></blockquote><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div><div><div style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"> </span></div></div></div></blockquote><div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">O confronto não durou muito porque no ano seguinte Cantigas se apresentou nas festas do Nazareno e, em 1958, Celestino e Francisco Rodriguez foram nomeados sócios honorários na mesma sessão da junta diretiva do coro compostelano.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em julho, uma delegação de Cantigas e Agarimos desloca-se à Póvoa do Caraminhal, sendo recebida polo próprio Celestino, talvez em agradecimento pola sua nomeação como sócio honorário da entidade. Então, escreve um novo artigo onde faz algumas reflexões reveladoras da sua visão sobre o papel das mulheres nesses grupos. Ao serem incorporados aos corais, na década de 1920, estavam prestes a dar um passo decisivo na defesa de seus direitos. Até então, era de se esperar que fizessem parte das <i>Hijas de María</i>, sendo inapropriado do seu sexo cantar em coros seculares e mistos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Além de se exporem publicamente em eventos em que participavam coristas de ambos os sexos, participavam em excursões dominicais, como recordou Celestino, a parques de merendas do Castinheirinho, Amanecida ou o Caminho Novo. Todavia, os coros giravam, durando as turnés dias ou semanas, como quando um destes grupos tinha de atravessar o Atlântico. Foram, as coristas, mulheres valentes. Mas este avanço para elas, sem dúvida histórico, não significa que todos os preconceitos arraigados no cérebro dos coristas masculinos foram repentinamente erradicados.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Celestino faz uns comentários no jornal <i>La Noche</i> que sintetizam toda uma ideologia patriarcal e paternalista, expressões que não são sinónimos perfeitos, mas sim complementares. O franquismo instaurou o machismo de estado, mas, obviamente, a ideologia já fora inventada.</span></div></div></div><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px; text-align: left;"><div><div><div><div style="text-align: justify;"><br /></div></div></div></div><div><div><div><div style="text-align: justify;">«Hubo tiempos, no muy remotos, que el pertenecer a una colectividad artística era el mayor honor que podía caberle a un artesano. Con fe y entusiasmo, se sacrificaba por parte de “ellos”, el tiempo que podían invertir en tomar y charlar la penúltima chiquita de la noche para dedicarlos a las tareas artísticas, y por parte de “ellas”, las últimas vueltas en los paseos cotidianos por las calles y rúas de las ciudad.</div></div></div></div><div><div><div><div style="text-align: justify;">¿Es más honroso y decente para las chicas artesanas, el pulular por calles y jardines o frecuentando los lugares mas concurridos para su mayor exhibición? Como hombre, les manifiesto que no son precisamente esas las mejores armas para buscar el compañero ideal, porque la modestia, la sencillez y la virtud, son como la violeta que aun estando oculta, se la busca por su pureza, belleza y perfume</div></div></div></div><div><div><div><div style="text-align: justify;">Al pertenecer a una agrupación artística, demuestra la delicadeza y perfección espiritual, vestir ese traje tan gracioso y elegante y enxebre, cantar las alegres foliadas y sentimentales alalás, etc., le dan un encanto y pureza de alma, que significan un poderoso imán para los mozos, y así hemos visto, que muchas chicas que han pertenecido al coro, han encontrado sus ideales en él y fuera de él, que seguramente no hallarían de otra manera por mucho que se lo propusiesen, y soy testigo que fueron objeto en todo momento del mayor respeto, las mayores consideraciones y de las más cariñosas manifestaciones de afecto en casa y fuera de ella» La Noche. Ano XXXVIII. n.º 11696. 30/08/1958</div></div></div></div></blockquote><div><div><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Duas filosofias diferentes são misturadas aqui. A krausista, influente nos coros Clavé, em que se pretendia educar as classes trabalhadoras através da música, afastando-as, entre outras coisas, das tabernas e do alcoolismo. Por outro lado, o movimento antoniano e os círculos católicos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Estes procuravam captar aos jovens que saíam da tutela da igreja, ingressando em associações seculares, como as de influência krausista, ou em organizações políticas de esquerdas. As mulheres aqui se dedicavam a atividades artísticas, como teatro ou apresentações musicais, muitas vezes sem rigoroso conteúdo religioso, mas sempre com uma moral cristã impecável. Em ambos os casos, fossem as intenções melhores ou piores, tratava-se de controlar o lazer, principalmente no caso das mulheres, não foram a decidir ir livremente para onde quisessem.
Um episódio ocorrido no ano da fundação de Cantigas e Agarimos ilustra perfeitamente como a mulher e colocada forçadamente no centro do “problema”.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Os primeiros ensaios de Cantigas decorrem nas instalações do <i>Centro Católico Obrero</i> de Santiago. Logo eles têm que deixar este espaço e são realojados nos da <i>Unión Protectora de Artesanos</i>. A causa foi, justamente, que os católicos não concordavam com a presença de mulheres no coro. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em 1956, Celestino é nomeado presidente da Sociedad Liceo Pueblense, sendo reeleito em diferentes convocações. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b>Despedida</b> </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Em novembro de 1964 morre Manuela Segade López (1904-1966). Este fato marca o ocaso da vida de Celestino López. Em novembro de 1966, escreve em El pueblo gallego uma emocionada despedida a vizinhança da Póvoa. Problemas de saúde levam-no a residir em Vigo. A partir daí continua a colaborar nos especiais publicados pola imprensa durante as festividades nazarenas. Essas colaborações, solicitadas por seu amigo Juan B. Martínez Lemiña (1906-1975), são um dos poucos vínculos que lhe restam com a sua vila de residência durante mais de quarenta anos.
Celestino López Sánchez morre em Vigo o 26 de Agosto de 1971. A causa oficial foi infarto do miocárdio. Foi enterrado no cemitério de Pereiró. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b> Finalmente</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Durante a escrita desta pequena biografia tive a oportunidade de conversar com algum ex-aluno de Celestino López. Eles lembram-se dele como dum professor muito rigoroso. É evidente que sempre foi acompanhado por uma disciplina militar, talvez alimentada desde cedo nos exploradores de Ponte Vedra. Para além do quão simpático achemos a personagem, é claro que a sua atividade como gaiteiro, guitarrisista e corista fazem dele alguém a ter em conta e a quem devemos continuar a investigar. É possível que a partir dessas pesquisas tragamos à tona novos achados reveladores. Vamos ver.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><b>Arquivo de Imprensa</b></span></div><blockquote lang="es-ES" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-left: 1cm; margin-right: 1cm; text-align: start;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: #202124;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"></span></span></span></span></blockquote></div><blockquote lang="es-ES" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-left: 1cm; margin-right: 1cm; text-align: start;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"></span></span></span></span></blockquote><blockquote lang="es-ES" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-left: 1cm; margin-right: 1cm; text-align: start;"><span style="font-size: 10pt;"></span></blockquote><blockquote lang="es-ES" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-left: 1cm; margin-right: 1cm; text-align: start;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"></span></blockquote></div><blockquote style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-left: 1cm; margin-right: 1cm;"><span style="font-size: 10pt;"><span style="font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span style="font-size: 10pt;"></span></span></span></span></span></blockquote></div>
<div style="text-align: center;"><iframe allow="autoplay" height="280" src="https://drive.google.com/file/d/17snujQGqpKO1v7v3njbLZkXIg066mYOw/preview" width="440"></iframe></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjqV64nazFxtQnoIOLv3EiX45UmgsLPQ8qj5AMuqx7tkSlJjXWRKpGowPwys6a4cSjMm3lvcL8YXo4lvUT-_JuvdmQ_cF6GMFkAB7kw4BVd9Jba3T1XP29k_qO5GJiPra2u5kmkqUvpP48zeT5T2EuVysOoqBQue3Hby1O5VtOdTEKmsQwFC8889sbnpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="73" data-original-width="205" height="71" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjqV64nazFxtQnoIOLv3EiX45UmgsLPQ8qj5AMuqx7tkSlJjXWRKpGowPwys6a4cSjMm3lvcL8YXo4lvUT-_JuvdmQ_cF6GMFkAB7kw4BVd9Jba3T1XP29k_qO5GJiPra2u5kmkqUvpP48zeT5T2EuVysOoqBQue3Hby1O5VtOdTEKmsQwFC8889sbnpg=w200-h71" width="200" /></a></div><br /><br /></div>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-58201625192440529992022-08-31T22:53:00.001+01:002022-08-31T22:53:28.254+01:00n° 253 Eu ia dar um passeio por Rianxo quando<p><br /></p><p>Eu ia dar um passeio por Rianxo quando, </p><p>inesperadamente,</p><p>encontrei-me com Walt Whitman.</p><p>Cumprimentei,</p><p>e ele me cumprimentou.</p><p>Nervoso,</p><p>toquei a haste dos meus óculos;</p><p>Whitman,</p><p>acariciou a aba do seu chapéu.</p><p>Perguntei a ele por Wilde</p><p>‒a quem beijou nos lábios em Camden‒</p><p>Ele interessou-se por Manuel António</p><p>‒a quem rezo todas as noites antes de dormir‒</p><p>Invejei-lhe o cabelo e o talento.</p><p>De mim, apenas invejou as minhas cinco décadas.</p><p>-Goodbye, Mr. Walt.</p><p>-Goodbye, Barão de Orjais.</p><p>Quase me virava as costas</p><p>quando escutei que sussurrava:</p><p><i>-Many things to absorb I teach to help you become eleve on mine.</i></p><p>Barão de Orjais de <i>If I were a Whitman</i>.</p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-Zax-sQsSO8xsEca8RrqJIKBqiP3CaVNtmIADbxLwTCMFwd9cZdFi3qaFyj621DWd7KkZWsTajYWX145IqdTTeEVTq7blV9dhmTRNUZLt3zub-YTdfcsV59ZfFeedgskfdTDR5uJ8T1D_MSxOYTLeZZyxOF14LNRfvJfATTVyLyOhE22YMfXGN9Kh3Q/s4608/IMG_20220831_215527_023.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-Zax-sQsSO8xsEca8RrqJIKBqiP3CaVNtmIADbxLwTCMFwd9cZdFi3qaFyj621DWd7KkZWsTajYWX145IqdTTeEVTq7blV9dhmTRNUZLt3zub-YTdfcsV59ZfFeedgskfdTDR5uJ8T1D_MSxOYTLeZZyxOF14LNRfvJfATTVyLyOhE22YMfXGN9Kh3Q/s320/IMG_20220831_215527_023.jpg" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p><p>Barão de Orjais, de If I were Mr. Walt</p>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-85790960377190440462022-08-02T20:09:00.000+01:002022-08-02T20:09:19.184+01:00Nº 252 Crónica negra da Sanfona<p> Em 13 de novembro de 1863, aparece no Boletim Provincial de Lugo a seguinte nova:</p><p></p><blockquote>Don Antonio del Rio y Cuesta Juez de primera instancia en la villa de Noya y su partido.</blockquote><p></p><p></p><blockquote>Por el presente se cita, llama y emplaza por el termino de treinta días perentorios á Lucas Casal Tarpa, vecino de la parroquia de San Nicolás de Mosteirón lugar do Outeiro, Ayuntamiento de Sada, partido de Betanzos á fin de que se presente en la cárcel pública de esta capital á responder á los cargos que contra el mismo resultan en causa criminal sobre la muerte de Feliz Romero, pues no haciéndolo se sustanciará con los Estrados y le parará el perjuicio que haya lugar. Al propio tiempo se exhorta con las Autoridades civiles y militares para que procedan al arresto de Lucas y su remisión caso ser habido. Noya 26 de octubre de 1863. Antonio del Río y Cuesta. Manuel Ramón Martelo. Escribano Originario.</blockquote><p></p><p>No mesmo breve do jornal, dá-se a descrição do suposto assassino:</p><p></p><blockquote>Edad de 40 á 44 años, estatura alta y de buen color, es tuerto y deja caer sobre el ojo un gran mechón de pelo: viste chaqueta negra y azul, pantalón de lo mismo y algunas veces de tela, unos zapatones y un sombrero ongo de lana blanca por encima de un pañuelo encarnado que ciñe á la cabeza, tambien tiene uno ó dos aretes en las orejas y gasta capa negra, ó azul, toca Zanfona y algunas veces lleva alforjas cruzadas al pecho y además anda con un perro pequeño color pardo ceniciento y adiestrado en juegos, tiene cédula de vecindad del número primero espedida en 22 de Abril de este año. Registrado núm. 949</blockquote><p></p><p>Em 17 de junho de 1864, o sanfonista Lucas Casal continuava em fuga e captura, pelo que e publica novamente no Boletín Oficial da Província de Lugo o mesmo edital, mas esta vez com ligeiras modificações nos nomes dos protagonistas. Lucas Casal Tarpa aparece agora como Lucas Casal y Jarpa e a sua vítima como Félix -e não Feliz- Romero.</p><p>Absolutamente fascinado por encontrar-me com uma descrição tão minuciosa dum sanfonista galego de mediados do século XIX, acudi ao Arquivo diocesano de Compostela na procura da verdadeira identidade do cego de Mosteirão.</p><p>Se em 1863 tinha entre 40 e 44 anos, o sujeito devera ter nascido ca. de 1823. Num intervalo duns 50 anos a redor dessa data (1800-1850), não encontrei mais que a um Lucas Casal cuja partida de nascimento dizia o que segue:</p><p></p><blockquote><p>Em 18 de octubre, año de 1823, el Br. Dn. Manuel Benito Milleiro, cura propio de esa parroquia de S. Julian de Osedo y S. Nicolas de Mosteirón su anejo, en esta bauticé solemnemente y puse los santos óleos a un niño que nación el mismo día, hijo de lexítimo matrimonio de Juan Casal y de Josefa Prego su mugger vecinos de la dicha de Mosteirón, púxosele por nombre Lucas María. Fue su madrina Dª Josefa Ramos...</p><p></p></blockquote><p>De ser esta pessoa a que andávamos a procurar, havia, novamente, um problema com o seu segundo apelido. A solução pode estar na própria partida de batismo, na relação que se faz das avós. </p><p></p><blockquote>Abuelos paternos Pedro Casal y Fca. Rodríguez difunta vecina de la dicha Mosteirón; Maternos Marcos Prego, difunto y María Jaspe, cecinos que son y fueron de la parroquia de Osedo. </blockquote><p></p><p>Semelha que Lucas María Casal Prego, adotou nalgum intre o apelido da sua avó materna, passando a se chamar Lucas Casal y Jaspe. Segundo o mapa cartográfico dos apelidos na Galiza [https://ilg.usc.es/] o apelido Jaspe só tem alguma ocorrência em três concelhos galegos, com uma máxima porcentagem povoacional no de Oleiros, vizinho a Sada.</p><p>Com estes dados à vista, considero que podemos afirmar que o sanfonista acusado de causar a morte de Félix Romero foi o sadense Lucas María Casal Prego (Mosteirão, Sada, 18 de outubro de 1823; ?), cujo nome, na <i>cédula de vecindad</i> devia aparecer como Lucas Casal y Jaspe.</p><p>E quem era em realidade este sanfonista de Mosteirão? Apenas sabemos mais que alguns dados biográficos e só contamos, que não é pouco, com a sua descrição física para fazermo-nos um ideia do ser aspeto. O fato de levar chapéu de <i>hongo</i> branco e aretes nas orelhas, faz com que pensemos na hipótese de ser um marinho, quiçá reconvertido a cego andante depois dalgum acidente no exercício do seu ofício. Os chapéus de hongo branco, chambergos, de obispo ou de caminho, que de todas estas maneiras eram chamados, foram usados nas colónias espanholas de ultramar, como Cuba ou Filipinas. Os aretes nas orelhas também podiam reforçar a ideia de ser um marinho veterano. Mas, fique claro que nos movemos no terreio das hipóteses. Enquanto trabalhava na personagem de Lucas Casal foi-se formando na minha cabeça a imagem de Lucas Casal que se tornou imediatamente esboço no meu caderno de notas. Coloco aqui os desenhos só para que o pessoal acredite o mal que me funciona por vezes o meu caletre.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAebykMEU9O85yULco_r9XfmI1TYAVcjhB-XvF-mItG_plj3nvoQaCsPSsVzswFYP51gO_XgP1l_THg8XAUlgp4Gp_RNHcpKGCz6D-foSG5fFJ-m0s9q_wlJVK-45QNCqaqYhhcqrVYMqfXqf3yYy7nciTsgn1HgLlVf_smvk5qly5sZYE2c5tgN8Edw/s4608/IMG_20220802_205959_407.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAebykMEU9O85yULco_r9XfmI1TYAVcjhB-XvF-mItG_plj3nvoQaCsPSsVzswFYP51gO_XgP1l_THg8XAUlgp4Gp_RNHcpKGCz6D-foSG5fFJ-m0s9q_wlJVK-45QNCqaqYhhcqrVYMqfXqf3yYy7nciTsgn1HgLlVf_smvk5qly5sZYE2c5tgN8Edw/s320/IMG_20220802_205959_407.jpg" width="320" /></a></div><p style="text-align: center;"> <span style="color: #222222; font-family: "Liberation Serif", serif; font-size: 12pt; text-align: left;">©</span>Orjais</p><p>As liortas entre músicos e comediantes, e em geral todo tipo de feirantes, foram habituais e, como nao podia ser doutro modo, os cegos iam bem armados. No cintura levavam um punhal, pois como dizia Pablo Mendoza de los Ríos (1737) havia "ciegos, no de amor, sinó de bayna abierta".</p><p>Mais nao sempre eram os culpáveis da briga, as vezes apareciam como simples vítimas.</p><p></p><blockquote><p>También se vió ante el mismo Tribunal la causa procedente del Juzgado de Cambados, por el delito de atentado contra Benito Rodríguez y José Manuel Rañó Ferreirós.</p><p>Refiere el Fiscal, que durante la tarde del 24 de Junio del año último, el Guardia municipal de Carril Arturo Meigide Otero, que como tal agente de la autoridad se hallaba prestando servivio en la romería de San Juan, que se celebraba en Bamio, reprendió á los procesados por estar maltratando á un ciego que pedía limosna tocando la zanfoña y aquellos lejos de atender sus indicaciones, le acometieron dándole de bofetadas y agarrándole de las barbas, recibiendo también otra bofetada Amador Sijas López, que le hizo sangar por las narices, de mano del Benito, al acudir en auxilio del mencionado Guardia, requerido poe este al verse acometido por ambos procesados.</p><p>Que son autores los procesados, y procede imponer à los mismos la pena de 3 años, cuatro meses y ocho días de prisión correccional, multa de 150 pesetas con las costas. La Correspondencia Gallega: diario de Pontevedra: Ano XIX nº 5349 7/12/1907</p></blockquote><p>Então, em 1906. ainda caminhavam os cegos de sanfona por Bámio, Vila Garcia. talvez numa das suas últimas aparições nestas terras. A sua presencia polo Salnês faz-me pensar nos desenhos de Castelao, tão realista no trazado dos instrumentos. É evidente que o caricaturista rianxeiro teve oportunidade de tomar apontamentos do natural em feiras e romarias da contorna como Sao Ramão de Bealo ou do Santiaguinho de Padrão ou em qualquer outro lugar, mesmo Rianxo, a onde chegara um cego andante. E é por isso que os seus desenhos, só precisam de soar.</p><p><br /></p><p><span style="background-color: white; color: #555555; font-family: "Open sans", Arial, Helvetica, Verdana, sans-serif; font-size: 14px;"></span></p>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-16009282521753049702021-05-20T21:52:00.013+01:002021-05-23T09:06:31.727+01:00nº 251 Fina Galicia: Uma Diva ye-yé (1ª parte)<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></p><div style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><p><b><span style="font-size: medium;"> </span></b></p><p><b><span style="font-size: medium;">Heterodox@s Galeg@s</span></b> <b>01 <br /></b></p><p style="text-align: center;"><b>Fina Galicia: Uma Diva ye-yé (1ª parte) </b><br /></p><p>De Fina Galicia sabemos mais bem pouco. No meu arquivo pessoal conto
com alguns documentos onde reconheço a uma mulher formosíssima,
elegante e com uma voz que às vezes acada níveis de excelência.
Mas, com certeza, desconheço quase que tudo desta artista que
aparece arredor de 1955; que transita pelo cimo da sua popularidade
nos primeiros sessenta e cujo rastro dilui-se pouco a pouco ate se
converter numa espécie de personagem legendária. Anuncio desde já
que não tenho todas as respostas, mas sim quisera fazer uma primeira
aproximação que conduza à descoberta duma mulher corunhesa da que
fiquei, devo dizer, absolutamente fascinado. <b> </b></p><p><b>De Josefa López
a Fina (Finita) Galicia.</b> <br /></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Em 1958, <i>El Pueblo Gallego</i> (23 de agosto), publica uma
entrevista feita a Fina Galicia na que a cantante achega alguns dos
escassos dados biográficos que temos dela. Por uma das suas resposta
sabemos que o seu nome real era Josefina López, mas ela mudou seu
apelido polo de Galicia porque <span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span lang="es-ES">«</span></span><span lang="es-ES">nací
e</span><span lang="es-ES">n</span><span lang="es-ES"> la Coruña,
enxebre cien por cien; </span><span lang="es-ES">[</span><span lang="es-ES">y</span><span lang="es-ES">]
</span><span lang="es-ES">a que tuve empeño frente a consejos de
adoptar otros nombres ya tópicos, como “Granada”, “Andalucía”,
etc. este de mi tierra que tanto amo</span><span style="font-family: Liberation Serif, serif;"><span lang="es-ES">».</span></span> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Também nos informa
de que seu instrutor foi o maestro Quiroga (1899-1988), o popular compositor de
<i>Tatuaje</i> ou <i>Ojos verdes</i>, proprietário duma editora e
duma academia onde selecionava e instruía a futuras estrelas.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Porém,
antes de 1958, e
apesar da sua juventude, a
cantante corunhesa já contava com um pequeno
curriculum que incluía
uma viagem a Venezuela e a México, périplo no
que deveu realizar atuações nalguns canais de TV, principalmente
venezolanos.</span></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"> </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>1955-1958. Das
noites do Morocco à tournée com o <i>Festival en Gilacolor</i>.</b></p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b> </b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>1954.</b> As
primeiras notícias na imprensa que temos de Fina Galicia remontam-se
a 1954 e a relacionam com um dos géneros onde vai concorrer nestes
primeiros anos da sua carreira: o flamenco. Como se verá, compartirá
cenários com alguma das primeiríssimas figuras do cante da
pós-guerra, mesmo, nalgum caso, com os mais grandes: Manolo Caracol
e La Paquera de Jerez.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">“Teatros.</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Price.- 7 (¡éxito!):
Festival del cante. La Paquera de Jerez, Paco Isidro, Montoya, el
Posaero, el Culata y todos los ases de la baja Andalucía. 11 noche,
función homenaje a la Paquera de Jerez y 11 macarenos. Grandioso fin
de fiesta, com intervención de Manolo Caracol, Finita Galicia,
Camilín, Juanito Campos, Dolly Montenegro, Gloria y Shanfres, el
Pili, Adela Borja y principales figuras de la escena. ¡Será un
acontecimiento!”. Hoja del Lunes de Madrid, 27 de setembro de 1954
in <a href="https://aventurerosdelflamenco.blogspot.com/">https://aventurerosdelflamenco.blogspot.com</a></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b> </b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>1955.</b> A
continuaçao de pisar as tábuas do madrileno teatro Price, a
atividade da nossa biografada desloca-se a Barcelona, atuando na
Alameda del Cómico e, acabada a temporada de verão, no teatro
Victória com um programa de variedades. Não é até fins desse ano
que volta a Madrid, esta vez para atuar em Salas de Festa como o
cabaré Morocco, inaugurado só cinco anos antes.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Durante o biénio
<b>1956-1957</b> não encontramos nenhum dado relacionado com Fina
Galicia na imprensa galega e espanhola. Pensamos que neste tempo
deveu ter alguma oferta, como já dissemos, para ir fazer as Américas, radicando-se em
Venezuela e, quiçá, deslocando-se para algum trabalho a México.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-style: normal;"><b> </b></span></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-style: normal;"><b>1958.</b></span>
Manuel Gila Cuesta <i>Gila</i> (1909-2001) já era uma personagem muito
popular em 1958, principalmente pola sua participação numa dúzia
de filmes, nalgum deles como protagonista. O <i>Festival en
Gilacolor</i>, produção de José Mª Lasso de la Vega, um dos mais
grandes produtores e representante de artistas da época, vinha a ser
como um espetáculo de variedades com números intercalados entre os
monólogos do humorista madrileno. Portanto, um espetador podia rir
com as chamadas telefónicas do Gila e a um tempo desfrutar duma
vedete cantando e mostrando “palmito y salero”, um quadro de
baile flamenco, um conjunto vocal ou o genuíno ballet francês (sic)
“Las Gila girls”. E entre aquele elenco heterogéneo, a
colaboração especial da nossa Fina Galicia. Não sabemos se a
cantante corunhesa fez a gira completa de <i>Gilacolor</i> polo
estado espanhol, mas podemos localizá-la no mês de julho no teatro
Calderon de Barcelona e nos galegos García Barbón, Malvar e Rosalía
de Castro em agosto. Em qualquer caso, o projeto não durou mais de
uma temporada, quiçá apenas uns meses, já que neste mesmo ano
Fina Galicia ingressa no elenco do madrileno Teatro Fuencarral. Desta
etapa ficou para a posteridade a belíssima capa de <i>Primer Plano</i>,
<i>Revista española de cinematografía, </i>com um retrato da
cantante corunhesa de enigmática elegância. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_2f3QHqwnmh3d_rD7KwVpjkId8rg-DTtYC0ec206B6BLuQcuOEqXVJgWar3Y2VeL5o4YALKnlWlfiAwhCc3uGYQyAP2YUJw6p951laDEqxugJ5Gd6LlNtEhr6HZiBDb3k7Kgxvq4IkxpQ/s1350/SID+08714421051809110.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1350" data-original-width="1041" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_2f3QHqwnmh3d_rD7KwVpjkId8rg-DTtYC0ec206B6BLuQcuOEqXVJgWar3Y2VeL5o4YALKnlWlfiAwhCc3uGYQyAP2YUJw6p951laDEqxugJ5Gd6LlNtEhr6HZiBDb3k7Kgxvq4IkxpQ/s320/SID+08714421051809110.jpg" /></a></div><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Arquivo do Pico Rodríguez</span></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"> </span><br /></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">A pé de página
podemos ler: “Fina Galicia. La sensación de Madrid. A su vuelta de
América y parte de Europa, Fina Galicia se presentó em el teatro
Fuencarral como primerísima figura de la canción, logrando ser
aclamada por su arte extraordinario, juventud y belleza”. <i>Primer
Plano</i>. 1958</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>1959-1963. A
vedete.</b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b> </b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>1959.</b> Em
janeiro do 1959 Fina Galicia trabalha no espetáculo <i>De lo bueno…
lo mejor</i>, de Rafael Farina. No elenco, ademais deles dois,
encontramos nomes como Los Chimberos, Hermanas Bernal e Jorge
Sepúlveda. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>1961.</b> Não
sabemos o tempo que a cantante corunhesa passou com o cantaor
salmantino, mas não é até o ano 61 que volvemos encontrar anúncios
com seu nome, esta vez como estrela principal no cabaré Villa Romana
de Madrid.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Na frequente
alternância ou convivência entre a vedete e a cançonetista
pseudo-folclórica, Fina participa dum novo espetáculo, <i>La sangre
morena</i>, esta vez de Ochaíta e Valerio e música de Solano. Estes
três criadores de canções ostentam o duvidoso honor de ter
composto nada menos que o <i>Porompompero</i>. <i>La sangre morena</i> tinha
como primeiras figuras a El Príncipe Gitano, o da “icónica”
interpretação de <i>In the ghetto</i>, e a Dolores Vargas, irmã do
anterior, conhecida artisticamente como La Terremoto. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b>1962.</b> Durante o ano 1962 não encontramos o seu nome anunciado
mais que entre as atrações dalguma sala de festas como a Teyma,
situada na madrilena praça Callao. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>1963-1965. A
época dos </b><i><b>Festivais de la Canción</b></i><b>.</b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b> </b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>1963.</b> Do 21
ao 23 de julho de 1963 celebrou-se na Praça de Touros de Benidorm o
V Festival Español de la Canción organizado pola R.E.M., ou o que é
o mesmo, a Red de Emisoras del Movimiento. Neste festival o prémio
principal e de maior quantia era para uma canção, não para quem a
interpretava, mas obviamente o prémio para o cantor ou cantora era
uma ajuda importante na procura dum espaço no competitivo mundo da
canção ligeira. Por ali passaram artista como Raphael, o Duo
Dinámico ou Julio Iglesias, assim que Fina Galicia deveu de ver
parte dos seus sonhos feitos realidade quando lhe foi concedido um
segundo prémio dotado com 20.000 pts. O No-do filmou parte do
evento, graças ao qual podemos ver uns poucos segundos de imagens em
movimento da cantante corunhesa.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dyKROllds0up5eIooOtoSU3hXgy0XAH6yoiBrobywlHZ2nHX7zU_UoZ_7ovuBcS-QIGzI7_BaDWFk5m3p23XA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div> <p></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">No-Do TVE</span></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"> </span><br /></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Imediatamente depois
do seu sucesso no Festival de Benidorm grava para Zafiro um EP com
quatro das canções participantes: <i>Viejo reloj</i>, <i>Suéñame</i>,
<i>Quédate</i> e <i>Cuándo y dónde</i>. Na contracapa do disco
podemos ler uma nova referência ao seu périplo polas Américas:</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">“Su nombre no
suena aún em España todo lo que merece por la calidad
extraordinaria de su voz y por la personalidad de su estilo. Ello se
debe a que Fina Galicia há venido actuando hasta ahora em
Hispanoamérica.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Recorrió em
triunfal gira artística vários de aquellos países y actuó durante
una larga temporada em la televisión venezolana”. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXvn8bZCaHI9aCV6blV8SllD8WZPFdn-lXqDKIvQeSp4fPd_Xd0dgddavZUgGcIPPPc0XS-Pmo9x3IDCqoYCPhkmJe9DrThkGXb63gDBGysWedX3HDuxf4cDNXyLtjlQgFXaYtanYd6rlq/s1506/Fina+Galicia+partitura.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1506" data-original-width="966" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXvn8bZCaHI9aCV6blV8SllD8WZPFdn-lXqDKIvQeSp4fPd_Xd0dgddavZUgGcIPPPc0XS-Pmo9x3IDCqoYCPhkmJe9DrThkGXb63gDBGysWedX3HDuxf4cDNXyLtjlQgFXaYtanYd6rlq/s320/Fina+Galicia+partitura.jpg" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Foto de Fina Galicia na capa duma partitura de Edicones Segovia</span></div><p></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Arquivo do Pico Rodríguez</span></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"> </span><br /></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Como artista
exclusiva do selo Zafiro-Iberofon vai gravar uma série de E.P’s e
singles promocionais que nos proporcionam um pequeno catálogo de
canções da nossa artista:</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>Z-E 434 1963<br /></b></p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Viejo reloj –
Ignacio Román-Rafael Jaén</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Suéñame – Rafael
de León-Máximo Baratasy-Antonio Areta</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Quédate – Ignacio
López García-Adolfo Garcés</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Cuando y dónde –
Camilo Murillo-Antonio Segovia</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>Z-E 491 1963</b></p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
Pobre Apolo - [Ignácio] Román-M[anuel]. Alejandro</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Pasó el amor -
Román-M. Alejandro</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Cabiar de vida -
Román-M. Alejandro</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Desperté - Román-M.
Alejandro</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>00-7 Promocional
1964</b></p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Ciudad solitaria –
Doc Pomus-Mort Shuman</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Es inutil –
Pieretti-Sonna-Privitera</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>00-8 Promocional
1964</b></p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Copacabana – J. de
Barro-A. Ribeiro</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">Un poncho y un
sombrero – D. Oace-G. Colonello</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Cabe destacar como
nas gravações do 1963 os autores das canções são todos
espanhóis: os participantes do Festival de Benidorm e o Manuel
Alejandro, compositor reclamado polas grandes figuras. Embora, os temas dos
discos promocionais são todos êxitos internacionais
traduzidos ao castelhano. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDDKqzoCrlPMLOlgawIwQV7jMwmnGksfqOFodC1iJ1ys90mtsUwKrDipYx-1Wgw7vweYUJI9V-sLb-XUFxbx4xBQ_paKFmQY9x2auwob7cgpM4gH0CoxU_QunT6kVMdQjqx7XiIzjEXoFT/s2048/img001.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="2020" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDDKqzoCrlPMLOlgawIwQV7jMwmnGksfqOFodC1iJ1ys90mtsUwKrDipYx-1Wgw7vweYUJI9V-sLb-XUFxbx4xBQ_paKFmQY9x2auwob7cgpM4gH0CoxU_QunT6kVMdQjqx7XiIzjEXoFT/s320/img001.jpg" /></a></div><p></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Arquivo do Pico Rodríguez</span></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"> </span></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnO1_-4vUisVjji9cPZzqh7oX4nrNVhXdL_Keb-ovBtZFA7RgAoYKE7mjehPqBM3wOLJHtDFNggDUN_mnzwHy5WdmzKKGjfb66sexsVlE6UaM4P_TLEu0UhtO9oyNwwQkTuK2dYqpe9z0J/s2048/img002.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1991" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnO1_-4vUisVjji9cPZzqh7oX4nrNVhXdL_Keb-ovBtZFA7RgAoYKE7mjehPqBM3wOLJHtDFNggDUN_mnzwHy5WdmzKKGjfb66sexsVlE6UaM4P_TLEu0UhtO9oyNwwQkTuK2dYqpe9z0J/s320/img002.jpg" /></a></div><p></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"> <span style="font-size: x-small;">Arquivo do Pico Rodríguez</span></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"> </span></p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>1964.</b> Zafiro
deveu querer apostar por Fina Galicia ao lançar estes discos
promocionais que a levaram, inclusive, a estar nas tradicionais
recepções de Franco nos jardins da Granja de San Ildenfonso, na
comemoração do 18 de julho. Esta recepção a que acudia o corpo
diplomático acreditado em Madrid, o Governo e as altas jerarquias da
nação, contava com atuações musicais em direto baixo a direção
dum velho conhecido da nossa cantante: o Maestro Quiroga. No ano 64,
nos jardins segovianos, cantou Fina Galicia diante de Franco e de
Carmen Polo<span style="font-size: x-small;"> e</span> de lado de muitos outros artistas tais como Sara
Montiel, Juanita Reina, Luis Mariano ou Tony Leblanc.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Nesse mesmo ano acontece
algo que pode significar um cambio na carreira da cantante corunhesa.
Num programa da TVE emitido o 10 de maio de 1964, Fina Galicia canta
<i>Uma noite na eira do trigo</i>. O programa era um especial
dedicado a luita contra o cancro, transcorrendo parte dele em
Compostela. Não consegui ver estas imagens, polo que não sei que
instrumento e instrumentista a acompanhava.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O certo é que Zafiro, com a produção de Ignacio Roman, vai lançar
um L.P. em 1965 no que Fina Galicia interpreta um repertório
completamente em galego. O disco será chamado <i>Alma gallega</i> e
a cantante corunhesa estará acompanhada pola Agrupación Coral
Flolklórica de Cámara de Madrid, baixo a direção do mestre nado
em Ortigueira, Domingo Martínez Vieito. Na parte instrumental
participam o gaiteiro Antonio Garcia, o tambor Saturnino Clemente e
na guitarra, o próprio maestro Domingo M. Vieito.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Este conjunto de
canções serão reeditadas por Zafiro em múltiplas ocasiões e com
diferentes formatos, podendo encontrar-nos com E.P’s onde se
reduziram os cortes ou em L.P’s nos que as peças de <i>Alma
gallega</i> se misturaram com outras de diferentes discos,
intérpretes e géneros. Um destes pot-pourri, tal vez o mais
ilustre, é o que levou por título <i>Voces do Pobo</i> (1976), uma
cassete que viajou nos carros de todas as famílias progres da minha
geração.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">O meu exemplar de
<i>Alma gallega</i>, um E.P. do 1966, leva no seu interior um libreto
em quatro línguas: castelhano, francês, inglês e alemão. O fato
de conter estas traduções fala-nos dum troco no paradigma. Agora
não se faz um produto para a emigração, para os galegos e galegas
em ultramar. Interessa mais aproveitar o turismo e mesmo, neste meu
exemplar, aparece um autocolante em dourados muito significativo:
Recuerdo de Ortigueira.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> <b>ZM-18 1965</b></p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">01 N’a eira/ Ala
la – Domingos Martínez Vieito</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">02 Negra sombra –
Juan Montes-Rosalía de Castro</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
03 Ruliño/ Villancico (Popular) - Armonización: Domingo Martínez
Vieito</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">04 Alalá de Amoeiro
(Popular) - Armonización: Domingo Martínez Vieito</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
05 Son o mellor mariñeiro/ Popular – Armonización: Domingo
Martínez Vieito</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">06 Cando a terra
chama – Martínez Vieito</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
07 Pandeirada labrega/ Martínez Vieito</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">08 Foliada de
Ortigueira – D. Martínez Vieito</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">09 Alborada
gallega/Fragmento - Veiga</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">10 Unha noite na
eira do trigo – Curros Enríquez-Alonso Salgado</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">11 Meus amores –
Golpe-Baldomir</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">12 Aires
gallegos/Popular </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>1965.</b> Em
1965, Fina vai participar no I Festival Hispano Portugués de la
Canción del Miño. No parque do Possio ganha um terceiro prémio,
por trás da portuguesa Maria Júlia e de Esther Gloria Prieto. Esta
última, filha de Julio Prieto Nespereira e sobrinha de Obdulia
Prieto Nespereira, obtêm também um segundo prémio como compositora
com a canção <i>La voz del río</i>.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Em setembro desse
mesmo ano, volvemos a localizar a nossa cantante em Barcelona, esta
vez atuando nas Ramblas, num espetáculo onde se levará a cabo a
eleição de Miss Artista 1965.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">E depois disto, mais
nada. Perdo o rastro de Fina justo quando mais me apetecia saber
dela. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"> </p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>Conclusões.</b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b> </b></p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fina Galicia foi
cupletista, vedete, cantante ye-yé e até provou sorte na canção
de salão galega, acompanhada à guitarra pelo maestro Martínez
Vieito. Foi uma trabalhadora do espetáculo nas boates e
nos tablaos flamencos. Quis trunfar como uma Concha Piquer ou como
uma Concha Velasco, mas sem ter que renunciar às suas origens
galegas. Por isso mudou o nome e teve, desde um primeiro momento, o
projeto íntimo de cantar em galego. A sua biografia tem muito em
paralelo com outras mulheres bravas que procuraram um espaço
artístico longe da Galiza. Parece óbvio lembrar aqui à Ana Kiro.
Mas Fina Galicia deixa logo de ter presença nos médios e o seu nome
é ignorado na atualidade polos estudiosos das nossas músicas
populares. Oxalá este artigo deite alguma luz sobre Josefa López,
de nome artístico, Fina Galicia.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>Breve audiç</b><b>ão:</b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b> </b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i> <b>Viejo reloj</b></i> (Ignacio Román-Rafael Jaén) Zafiro (Z-E 434)</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Pertencente ao disco com canções do Festival de Benidorm, esta peça foi composta por Ignacio Román, produtor, também para Zafiro, do disco <i>Alma Gallega</i>. Rafael Jaén (1915-1984) foi o compositor da famosíssima rumba <i>Mi carro</i>, de Manuel Escobar. <i>Viejo reloj</i> é um bolero cantado por Fina com uma voz muito elegante, fazendo uso dum vibrato típico da canção sudamericana. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Escutar <a href="https://drive.google.com/file/d/1MOWr5YCsHJ4JpToQyT-Z8lqbIFngaYxF/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a><a href="https://drive.google.com/file/d/1MOWr5YCsHJ4JpToQyT-Z8lqbIFngaYxF/view?usp=sharing" target="_blank"> </a></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span> </span><i><b>Pobre Apolo</b></i> (Ignácio Román-Manuel Alejandro) (Z-E 491)</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Esta peça faz parte do EP de canções compostas por Ignacio Román -mais uma vez- e Manuel Alejandro, criador de êxitos para Raphael ou Julio Iglesias, entre outros muitos. No áudio aprecia-se um reverb (disculpem se não é este exactamente o efecto utilizado) comumente usado nos anos 60. A voz de Fina está, na minha opinião, mais na onda de Marisol ou Rocio Durcal que na de Concha Velasco, mas, em qualquer caso, num estilo marcadamente ye-yé.</p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Escutar <a href="https://drive.google.com/file/d/1aIqHFWtnK-xLaWB83UC5NGi6StZVLtlq/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"> <br /></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><b> Unha noite na eira do trigo </b></i><b>ZM-18 1965</b></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Quando um escuta a voz de Fina nesta versão do poema de Curros, pode apreciar as grandes dotes dramáticas da artista corunhesa. A gravação apenas tem um par de anos de diferença a respeito das anteriores e, sem embargo, a voz parece mais avelhentada, mais madura. Além disso, a cantora interpreta o texto até quase pronunciar a última frase num contido soluço. É evidente que nalguns portamentos a afinação entra em crise, mas resolve aceptavelmente e tem momentos onde a sua interpretação resulta absolutamente convincente. </p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Escutar <a href="https://drive.google.com/file/d/1RblTfglcBoVzYrCzD4rQqhQlBdZ62JEp/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a></p><p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"> <br /></p><p>Um dos grandes descobrimentos para nós deste disco foi o de poder escutar as harmonizações e interpretações na guitarra de Domingo Martínez Vieito (Ortigueira, 1917-?) Este músico militar apaixonado da guitarra merece, e talvez algum dia fagamos, um trabalho de recuperação do seu legado musical. </p><p></p></div>
<p style="line-height: 140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;">
</p>
<p style="line-height: 1140%; margin-bottom: 0cm; text-align: left;"></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="text-align: left;"><style type="text/css">p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 115%; background: transparent none repeat scroll 0% 0%; }a:link { color: rgb(0, 0, 128); text-decoration: underline; }a:visited { color: rgb(128, 0, 0); text-decoration: underline; }</style></p>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-81902372642443254752021-03-02T09:12:00.006+00:002021-03-02T19:27:29.719+00:00nº 250 Dez anos de Cantos Lusófonos.
<p lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><a name="__DdeLink__8_1429181353"></a>
</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><br /></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Quando andava a fazer este
livrinho, a minha mulher e mais eu conhecemos à pessoa mais
importante das nossas vidas: a nossa filha Dália. É por isso que o
livro tem na capa um desenho desta flor e uma dedicatória para ela. </p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Além disso, há três mulheres mais que
participaram na composição do volumem com seu alento de companheiras e amigas: Maria
Manuela, ilustradora ilustre, e Ugia Pedreira e Uxía Senlle com sendos prólogos. Nunca melhor acompanhado.<br /></p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">O <i>Cantos Lusófonos</i> leva anos
esgotado nas livrarias e não sei se é possível encontrar algum
exemplar de velho. Eu gosto imenso de partilhar estas canções
porque todas elas fazem parte dum momento importante da minha vida, e no seu conjunto, constituem o trilho musical da minha existência.</p><p align="left" lang="pt-PT"> </p>
<style type="text/css">p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 115%; background: transparent none repeat scroll 0% 0%; }a:link { color: rgb(0, 0, 128); text-decoration: underline; }a:visited { color: rgb(128, 0, 0); text-decoration: underline; }</style><div style="text-align: center;"><iframe height="240" src="https://drive.google.com/file/d/1v6ibCHbHeHwRccP4w2CPhFFzwatNBiDs/preview" width="400"></iframe> </div><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: justify;">
<p lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWICXZ2AZzc22qzjADsPn82hp1UnXHuQuLZjW_iqSGijHDKTEev_7Lr6opNIH8Qvafy4cEFkB3bkcju0xPHGSpVqG6MZ1Dqrg3nGpCOuqZ3YAeFnmTTlTAxat-ivHscbaj-Q_HyruISrhV/s480/20111103_cantos_lusofonos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="349" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWICXZ2AZzc22qzjADsPn82hp1UnXHuQuLZjW_iqSGijHDKTEev_7Lr6opNIH8Qvafy4cEFkB3bkcju0xPHGSpVqG6MZ1Dqrg3nGpCOuqZ3YAeFnmTTlTAxat-ivHscbaj-Q_HyruISrhV/s320/20111103_cantos_lusofonos.jpg" /></a></div><br /> Alguma das peças de <i>Cantos Lusófonos</i> viajou até o meu disco <i>Poetas</i>
nas mãos carinhosas de Alejo Amoedo e na perfeição vocal de Helena
de Afonso. Que eles dois interpretem uma peça arranjada por mim é um motivo
para não abandoar, quando abandoar resulta tao motivador!<p></p>
<style type="text/css">p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 115%; background: transparent none repeat scroll 0% 0%; }a:link { color: rgb(0, 0, 128); text-decoration: underline; }a:visited { color: rgb(128, 0, 0); text-decoration: underline; }</style></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>
<iframe allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/8hdO7PfJ_X0" width="560"></iframe>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-89902627319974242562021-02-16T20:15:00.004+00:002021-02-16T20:24:53.420+00:00nº 249 Uma coleção de fotografias de Rianxo, o Museo de la Baraja e um sujeito de Vox que passava por ai.
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;"> </span></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Há alguns meses comprei uma pequena coletânea de fotografias de
Rianxo ao Museo de la Baraja de Madrid. O seu diretor as vendeu para
mim muito baratas, sabendo que o seu destino era a vila onde as
instantâneas foram tiradas. Agradeço imenso, O lote tem alguma
leitura curiosa e que gostaria de partilhar. É por isso que começo
mostrando-vos as belas imagens.</span></p><p lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglSTahQNf_zeozocQbToeS73X-rXbQaxiNiv-9bmoKZj4VTBkJPJFM7z1Awg9eGhdjGX4oFEB9d5nAwx-j25WI3T3Yb6fsnTQr81iPEVlXwLv9FZWID5CVjsjbFY_z5LZIvTN8ZKpYUdzn/s1646/img010.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1009" data-original-width="1646" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglSTahQNf_zeozocQbToeS73X-rXbQaxiNiv-9bmoKZj4VTBkJPJFM7z1Awg9eGhdjGX4oFEB9d5nAwx-j25WI3T3Yb6fsnTQr81iPEVlXwLv9FZWID5CVjsjbFY_z5LZIvTN8ZKpYUdzn/s320/img010.jpg" width="320" /> </a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Fig. 1</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"> </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL8Rps74h7ecQyzx4lETgOw8Agwl0GpE8wxxSXyGnAGr-dB8AQ7iDILhLL0bPxpr31LAh8ipPJ8gMgt6uwy8NrNjUGG9ODqAro2NROQxCrbT80mdm3E6OoMK8m2wNhmTTlvMraqKIAZnU0/s1646/img011.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1009" data-original-width="1646" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL8Rps74h7ecQyzx4lETgOw8Agwl0GpE8wxxSXyGnAGr-dB8AQ7iDILhLL0bPxpr31LAh8ipPJ8gMgt6uwy8NrNjUGG9ODqAro2NROQxCrbT80mdm3E6OoMK8m2wNhmTTlvMraqKIAZnU0/s320/img011.jpg" width="320" /></a></div></div></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Fig. 2</span></div><div style="text-align: center;"></div><div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7K7Ns1oIVQ_Kaw39A5inq5TzuNCuPIuQfhKCAyiXy9Mm_njMUZgyO_qHKj3FxhUCm4wLWaNERfeFDyNgegUQ11rwcty3SuWCw4wLfclBcjYIPzdjvaONOhv9z_wim1CYk3xzYC8r8t3xY/s1646/img014.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1009" data-original-width="1646" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7K7Ns1oIVQ_Kaw39A5inq5TzuNCuPIuQfhKCAyiXy9Mm_njMUZgyO_qHKj3FxhUCm4wLWaNERfeFDyNgegUQ11rwcty3SuWCw4wLfclBcjYIPzdjvaONOhv9z_wim1CYk3xzYC8r8t3xY/s320/img014.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Fig.3</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"> </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQhE69umtmtxxIUneebRRrQgxOhpgklebumqJ8fUuInzQqrn49CTuhlBRx1aDvAs_4iNilWAf_AvU38yqP8jST-eLmMDibSV1FAdpOHi4Lmw34ophyeK6M1wSlbaOa4yrPy35wxXdoY0y4/s1646/img015.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1009" data-original-width="1646" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQhE69umtmtxxIUneebRRrQgxOhpgklebumqJ8fUuInzQqrn49CTuhlBRx1aDvAs_4iNilWAf_AvU38yqP8jST-eLmMDibSV1FAdpOHi4Lmw34ophyeK6M1wSlbaOa4yrPy35wxXdoY0y4/s320/img015.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Fig.4</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"> </span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcMeKc4yIFL0HNehkFZrv2XVDiaLXEfqHJ0U7b5EgPhWkzNmjMUZRj6Ng2HGWfoDaZxLg8lfqnebxrQ3kAMIXvDREYZIOQNVO4BAgY-ysCSj1qRJDhFHxooDIhUpnKuz14KWSQsRyVT2Ol/s1646/img014.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1009" data-original-width="1646" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcMeKc4yIFL0HNehkFZrv2XVDiaLXEfqHJ0U7b5EgPhWkzNmjMUZRj6Ng2HGWfoDaZxLg8lfqnebxrQ3kAMIXvDREYZIOQNVO4BAgY-ysCSj1qRJDhFHxooDIhUpnKuz14KWSQsRyVT2Ol/s320/img014.jpg" width="320" /></a></div></span><span style="font-size: x-small;"><span style="font-size: x-small;">Fig.5</span></span><br /></div><p lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">A qualquer pessoa acostumada a ver fotografias
históricas de Rianxo, o conjunto irá imediatamente sugerir duas
questões:</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">1º A maioria das imagens são muito conhecidas por
estar penduradas nas paredes do Museu de Manuel António e fazer
parte da coleção de postais de <i>La Colmena</i>, estabelecimento
de C. González.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">2º Também que a qualidade de exposição das minhas
cópias é muito baixa, tendo em conta que de alguma delas existem
reproduções magníficas.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Sendo isto absolutamente verdade existem vários
aspectos que tornam a este conjunto agora no meu poder em algo do
maior interesse.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">A primeira questão a ter em conta é a autoria das
fotografias e a sua datação. No Museu de Manuel António, e em
diversas publicações, insistem em atribuir-lhas todas a José Pérez
González (1901-1942), músico e fotografo amador. Já no 2012,
avisava numa postagem de Ilha de Orjais da improvabilidade, senão
impossibilidade, de que alguma destas fotografias fossem do primo de
Manuel António. Aquela da que eu falava especificamente, datada em
1912 e na que aparecia um homem mostrando um jornal coa notícia do
afundimento do Titánic, teria que ser obra dum menino de apenas onze
anos. Depois de um tempo, soubemos que em realidade essas primeiras
fotografias foram tiradas por José Barreiro, ajudado pelo seu amigo
e correligionário, José María Varela Torrado.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Distinguir quais foram feitas por Pepito Pérez e
quais por José Barreiro é coisas de uma análise profunda para a
que precisaríamos de ver o tipo de placas utilizadas, conhecer em
profundidade a história de Rianxo e, por cima de tudo, saber ler uma
fotografia. Este labor deveria ser uma tarefa colegiada, pois ninguém
sabe de tudo, e nem preciso dizer que muito necessária.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">O meu método de leitura duma fotografia semelha-se
em tudo ao dum texto escrito. Começo no canto superior esquerdo e,
muito devagar vou lendo até terminar no canto inferior direito.
Simples.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Da leitura das fig. 1 e 2 apreciamos as seguintes
diferenças:</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">1º Fig. 1 Os plátanos do Campo de Acima têm
folhas.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;"> Fig. 2 Os plátanos do Campo de Acima carecem de
folhas. Portanto, as fotografias 1 e 2 foram tiradas em estações
diferentes.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">2º Fig. 1 No centro do Campo de Abaixo há um farol
e a Escola da República parece que está sem pintar.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;"> Fig. 2 Embora possa haver um problema de
perspectiva, semelha que nesta altura na praça não havia um farol e
que a Escola da República estva sem pintar.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Da fig. 2, na que se vê a Casa do Povo, podemos
dizer alguma coisa mais. Na fachada ainda não fora colocada a placa
dedicada a Ángel Baltar, assim que a fotografia teve que ser tirada
antes de 1929. Também se aprecia o encofrado das colunas da esqueira
pola que se acede à porta principal do Concelho. De saber quando se
fiz esta obra, teríamos a data certa da fotografia.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Como curiosidade, na fig. 2 vê-se um grupo de nenos
e nenas rodeando a um adulto que parece dizer-lhes algo. As crianças
levam livros debaixo do braço, talvez o Primer Manuscrito ou a
Encilopédia, e o adulto uma carteira cruzada ao peito, polo que
muito possivelmente estejamos ante o mestre com seus alunos.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Nas fig. 3, 4 e 5, também podemos ver algo que nos
situa em épocas diferentes na história rianxeira. Nas três notamos
a presença da Capela de São Bartolomeu, um fito que nos permite
situar perfeitamente a câmara do fotógrafo. Mas a capela da fig. 3
aparece no estado anterior à sua restauração, um elemento mais
para datar este grupo. Na fig. 5 vê-se claramente a capela pintada
de branco e com a espadana e a campá que lhe foi colocada na altura.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Noutra postal da minha coleção, da série de <i>La
Colmena</i>, fig. 6vê-se claramente a capela branca com sua espadana e com
a porta aberta olhando para Rianxo, é dizer, ao leste, portanto
desorientada. Na fig. 3 esta porta aparece bloqueada.</span></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvclhmFdHlGaVOOzluyn9r6mUlR0ni93dNiFLHjOUMxMXpJdoStIAfMyPj__u0PX-C2pqeJZLZc20VBXMOPjmpOzKZtCfnUlWvJTKe2P_hmKhiwz4aKz5c_4le6dnA-j-_hW4R5cwSrbN4/s1626/sao+bartolome003.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1049" data-original-width="1626" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvclhmFdHlGaVOOzluyn9r6mUlR0ni93dNiFLHjOUMxMXpJdoStIAfMyPj__u0PX-C2pqeJZLZc20VBXMOPjmpOzKZtCfnUlWvJTKe2P_hmKhiwz4aKz5c_4le6dnA-j-_hW4R5cwSrbN4/s320/sao+bartolome003.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-size: x-small;"> Fig.6</span> <br /><p></p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">As duas dornas jeiteiras da fig. 3 são a <i>Juanita</i>
e a <i>San Antonio y Animas</i>.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Fazia referência à baixa qualidade das imagens
impressas. Na minha opinião poderíamos estar ante umas provas de
impressão, já que as figuras aparecem desenquadradas no papel, com
uma banda lateral em branco onde alguém anotou como recordatório,
os lugares onde se tiraram as fotografias. Essa pessoa não devia ser
rianxeira, pois usa expresoes como <i>Plaza Mayor</i>, pouco ou nada
utilizada em galego .ou <i>Alameda</i> ,para um espaço que um
rianxeiro denominaria Campo de Arriba ou de Abaixo. Mas o erro mais
grande e o de denominar à Capela de São Bartolomeu como Ermita de
Guadalupe.</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Se observamos os postais pola parte de atrás fig.7,
podemos ler impresso neles a frase Tarjeta Postal e o desenho dum
anagrama com as siglas IFAG, as quais fazem referência a Industria
Fotoquímica Antoni Garriga. </span></p><p lang="pt-PT" style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgap_n-D44DaUwu4tcJ5x-dVZ09bceGhTF53vHVrcUJDgKXHklJVsyBBNhoDpWvxqQWjNAFlZ9tuwZPzo6ZS507W9d-ZGMq4sKyvadHaM7kBkPtuJ0kWqxeAEyut_KrQaOb-33eyy3NTFxF/s1646/img016.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1009" data-original-width="1646" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgap_n-D44DaUwu4tcJ5x-dVZ09bceGhTF53vHVrcUJDgKXHklJVsyBBNhoDpWvxqQWjNAFlZ9tuwZPzo6ZS507W9d-ZGMq4sKyvadHaM7kBkPtuJ0kWqxeAEyut_KrQaOb-33eyy3NTFxF/s320/img016.jpg" width="320" /></a> </p><p lang="pt-PT" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Fig.7</span></p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: trebuchet;">Antoni e o seu irmão Rafael foram engenheiros
pioneiros no desenvolvimento de produtos fotográficos. Rafael
Garriga Roca (1896-1869) é o avó de Ignacio Garriga Vaz de Concicao
(sic), candidato de Vox a Generalitat de Catalunya. Como é sabido, o
político xenófobo é filho duma guinéu-equatoriana nascida antes
da independência do seu país, portanto de nacionalidade espanhola.
Se Ignacio Garriga fosse um Rei da Espanha, talvez o seu sonho,
mereceria a alcunha régia de Ignacio I <i>El Ox</i><i>í</i><i>mor</i><i>o</i><i>n</i>,
porque ele próprio é uma contradição em termos. Se ser catalão e
ultra nacionalista espanhol a um tempo é um disparate, ser de Vox e
negro, parece uma piada.
</span></p><span style="font-family: trebuchet;">
</span><p style="text-align: left;"><span style="font-family: trebuchet;"><style type="text/css">p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 115%; background: transparent none repeat scroll 0% 0%; }a:link { color: rgb(0, 0, 128); text-decoration: underline; }a:visited { color: rgb(128, 0, 0); text-decoration: underline; }</style></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: trebuchet;"><i>Todas as fotografias desta postagem pertecem ao arquivo do Pico Rodríguez, depositado no Fondo Local de Música do Concello de Rianxo.</i></span><br /></p></div>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-39533663815513267182021-02-02T22:42:00.002+00:002021-02-02T22:49:32.359+00:00nº 248 Leyendas de la música e o nascimento da fábrica Dieste.
<p lang="es-ES">
<i> </i></p><p lang="es-ES"><i>Nadie está obligado a ser genio, pero todos estamos obligados a
aspirar a la obra para salvarnos. </i>
</p>
<p lang="es-ES" style="text-align: right;">Eduardo Dieste.</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Entre as pequenas joias bibliográficas que fatigam
os meus andeis -que diria Borges- encontra-se o formoso volume
titulado <i>Leyendas de la música</i> (1911) de Eduardo Dieste (1881-1954). Formoso
volume, repito, como objeto, pois como leitura resulta mais bem
prescindível. Está composto o exemplar por dois relatos ou
novelinhas titulados <i>Margaritas de oro</i> e <i>La canción tonta</i>,
literatura romântica, folhetinesca, na que se pode entrever alguma
referência paisagística ao Rianxo diestiniano. Na minha opinião, o
principal valor que para os rianxeiros tem as <i>Leyendas de la
música </i>reside em estarmos a olhar a primeira obra do que
poderíamos chamar <i>a fábrica</i><i> Dieste</i>; o primeiro dos
volumes publicados por qualquer dos moradores do número 1 da rua de
Abaixo.</p>
<p lang="pt-PT"><b>A coleção</b></p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><i>Leyendas de la música</i> faz o volumem XI da
coleção Biblioteca de Escritores Gallegos, editorial madrilena do
bilbaíno Luis Antón del Olmet (1886-1923) e do pontevedrês
Prudencio Canitrot (1883-1913). Foi impresso na Imprenta de Alrededor
del Mundo -que belo nome- em Caños nº 4. </p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Canitrot e Eduardo Dieste coincidiram fisicamente na
Ponte Vedra de fins do século XIX, e ainda que por idade é possível
que ambos não intimaram, resulta improvável as famílias não se
conhecerem.</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Luis Antón del Olmet também teve muita relação
com os galegos e nomeadamente com Rianxo. El barbero municipal, em
agosto do 1913, dá conta da visita do ilustre escritor à vila
rianxeira, convidado por Castelao. </p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">A união de Canitrot e Olmet deu numa empresa
fabulosa contando com nomes como Ramón del Valle Inclán (<i>Las Mieles
del rosal</i>), Manuel Murguía (<i>Desde el cielo</i>), Linares Rivas
(<i>Mientras suena la gaita</i>), Wenceslao Fernández Flórez (<i>La tristeza
de la paz)</i> ou Sofía Casanova (<i>El pecado</i>). A estes nomes de galegos
consagrados na corte madrilena, somaram-se outros quase ou absolutamente
desconhecidos, como o de Eduardo Dieste. Este ex-seminarista e periodista de 30 anos publica o seu livro a consequência de ter ganhado o primeiro prémio no concurso organizado pola editorial de Olmet e Canitrot.</p>
<p lang="pt-PT"><b>O texto</b></p>
<p lang="pt-PT">Abrindo o volumem de <i>Leyendas de la música</i>,
aparece um soneto no que o seu autor, J. Ramirez Uria, descreve,
belamente, ao seu amigo Eduardo:</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="break-before: auto; margin-bottom: 0.25cm; page-break-before: auto;">
Su alargada figura la de un Greco parece,</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">y hay
grabado en su rostro un raro complejismo:</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">tristeza
que sonríe... ira que languidece...</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">escéptica
mirada con fulgor de ascetismo.</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">Su pelo
lacio y negro de bohemio poeta</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">al de un
prerrafaelista nazareno retrata,</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">Edgar
Poe Compuso su extraña silueta</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">y Muset
le hizo el lazo suelto de la corbata.</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">Su alma
ingenua y profunda es el alma gigante</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">de aquel
gentil modelo de caballero andante</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">cuya
bella locura hizo flotar su airón.</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">Le es
posible, á quererlo -y por ello alardea-</p>
<p align="center" lang="es-ES" style="margin-bottom: 0.25cm;">ver en
cada cocota vil una Dulcinea</p>
<p align="center" lang="pt-PT">y ver en
cada pecho vacío un corazón.<br />
<br />
</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Em realidade, Ramírez Uría está a
por em verso o retrato sem assinar que aparece na capa do livro, tal
vez do próprio Canitrot.</p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0fVQaLGv4FdFsG8PalObOfp_5C-MPOBZJfheOXhrwBlsitpN1BuH4Db6aYfS_bbihABzTEvTL3tLdLVqshfRqLl3Dl8G6uLHtAYldAlFCrPBQsFU1DXwCpSUW4ggG5GNbu9x6RaR6ikYZ/s1600/eduardo+dieste.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0fVQaLGv4FdFsG8PalObOfp_5C-MPOBZJfheOXhrwBlsitpN1BuH4Db6aYfS_bbihABzTEvTL3tLdLVqshfRqLl3Dl8G6uLHtAYldAlFCrPBQsFU1DXwCpSUW4ggG5GNbu9x6RaR6ikYZ/s320/eduardo+dieste.png" /></a></div><p></p><p lang="pt-PT" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Arquivo do Pico Rodríguez</span><br /></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"> <br /></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><b>Finalmente </b></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">No prólogo que antecede às duas noveliñas que <span style="font-family: inherit;">No
prólogo que antecede às duas novelinhas que compõem <i>Leyendas de la
Música</i>, Eduardo Dieste descreve uma paisagem bem conhecida para nós:</span><span style="font-family: inherit;"><span> </span></span></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span>«</span>Cruz
berroqueña y manchada de líquenes que atalaya el mar imponiendo á
los pescadores la obligación del recuerdo y de narrar su historia á
los de pueblo extraño que viajen en sus naves. Y aunque su vida por
tierra se extiende á poco, los que pasan por el apretado sendero que
bordea temerariamente la costa de abruptos barrancos también la
miran en remembranza, y las viejas se persignan y oran, acallando con
misterio las preguntas en voz demasiado sonora de los rapaces
prendidos á sus faldas. </span></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;">La
misma piedad alimenta de aceite una lamparilla que pende en su
centro. ¡Qué tristeza tiene el fulgor de la cruz cuando es de
noche! Y débil como es, en ocasiones de tormenta sostuvo con su
parpadeo animoso la esperanza de los marineros en peligro<span>».</span></span></span></p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-family: inherit;"><span> </span></span></span><span style="font-family: inherit;">Aos que
conhecemos Rianxo, esta paisagem evoca-nos o caminho que desde Punta
Fincheira percorre a costa sobrevoando os areais do Quenxo e Tanxil.
Bem ali, em Punta Fincheira, existe uma pequena cruz,
desrespeitosamente tratada pelo enchimento do porto e dos chalés
turísticos que a sombreiam. Este caminho costeiro une a vila dos
Dieste com o areal dos Baltar, como um cordão umbilical da
aristocrática cultura aldeã. E mesmo agora, quando somos nós que o
transitamos, ainda sentimos nele um algo de romântica literatura.</span><br /></p><style type="text/css">p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 115%; background: transparent none repeat scroll 0% 0%; }a:link { color: rgb(0, 0, 128); text-decoration: underline; }a:visited { color: rgb(128, 0, 0); text-decoration: underline; }</style>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-14736237362746914112021-01-01T11:15:00.001+00:002021-01-01T11:15:48.148+00:00nº 247 Caderno de Campo de Lisón Tolosana. Rianxo<div>
<p lang="pt-PT" style="text-align: center;"> </p><p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">A partir de outubro de 1963 e durante os seguintes dois anos, o
professor <a href="https://es.wikipedia.org/wiki/Carmelo_Lis%C3%B3n_Tolosana" target="_blank">Carmelo Lisón Tolosana (1929-2020)</a> realizou o trabalho de
campo na Galiza com o que fundamentou parte da sua importante obra
antropológica. Entre os numerosos lugares que visitou nesse périplo
figuram a vila de Rianxo e a paróquia de Assados. </p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Não sei a data exata na que o antropólogo Lisón
Tolosana e a sua mulher Julia Donald visitaram o nosso concelho, mas
o que sabemos com certeza é que aqui contou com a ajuda do que na
altura era um jovem professor, o grande amigo Xesús Santos. Ele foi
quem convocou ao grupo de marinheiros que na taberna de Galbán, na
ribeira rianxeira, contaram ao antropólogo espanhol alguma das suas
tradições, fobias e filias da gente do mar.</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">O documento que agora achego é a transcrição
literal do caderno de campo de Lisón Tolosana com algumas anotações
minhas que aguardo ajudem a compreender melhor algum aspecto. </p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Dividi o texto em parágrafos, para ter uma visão
ordenada dos temas que tratam nas suas conversas os marinheiros
convocados na taverna de Galbán.</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">O documento recolhido em Rianxo por Lisón Tolosana
achega-nos uma visão da cultura marinheira em transição, os velhos
e os novos tempos arredor duma mesa tavernária. A linguagem misógina
com a que falam os informantes resulta difícil de ler -mesmo
humilhante pelo seu trato as mulheres- mas entendo que transmite
muito bem o que era a sociedade marinheira, tantas vezes idealizada
e, por isso mesmo, com uma imagem pública muito deformada.</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Na seguinte entrada deste blogue, publicarei a parte
do caderno dedicado a Assados, um relato cheio de magia, trasnos e
superstições. Continuamos.</p>
<p lang="pt-PT" style="text-align: justify;">Agradeço aos amigos Ramóm Pinheiro Almuinha e a
Kike Estévez ter-me posto em conhecimento da existência destes
valiosos documentos.</p></div><p>
</p><p></p><p><iframe height="280" src="https://drive.google.com/file/d/1ws7fBK-9Fimi5RE7QhimfXiuHKShownh/preview" width="440"></iframe></p>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-8961253276854949162020-08-11T17:44:00.007+01:002020-08-11T18:01:07.779+01:00nº 246 Manuel Antonio na olhada moça de Carvalho Calero.<p>
</p><h3 style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Lembranza do Ulises
morto.</h3>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><i>f.1 </i>Grave, fremoso,
profundo, sonoro e raiolante destiño o de algúns homildes lugares
da terra, que ven abrirse a rosa de un ilustre nadal. De Belén virá
a luz! A escondida, a sinxela, a pequena cidade de David, dormida
antre palmeiras, arrolada pol-as voces pervagantes dos pegureiros que
apacentan as súas cabras nos soutos verdecentes e á pomba
mensaxeira do vento confían o mensaxe de unha canción... Eiquí,
no nosa terra, a vila mariñeira de Rianxo sabe de esas doces
maternidades. I en lembranza de un fillo seu, acendemos hoxe a
lámpada do recordo.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><i>f.2</i> Compríronse tres
anos de tránsito de Manoel Antonio. No ceo dos mariñeiros, fumando
a súa vella pipa, estará agora, cicáis en tranquila conversa con
Neptuno<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">1</span></b></span>, cuias barbas fluviás, acio de xebras e de cunchas,
tremarán, por ventura, unha leda risada de petrucio patrón. Verde
pazo do Rei do Mar; de cristal de roca, puro e limpo! Ceo salgado!
Anxos de escamadas colas, de ollos belixerantes, de redondos peitos!
Alá estará Manoel Antonio, esquecido de nós, amigo de Simbad<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">2</span></b></span> e
amado das sireas.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><i>f.3 </i>Pero, dorna fugaz,
do seu paso pol-a terra ficóunos un ronsel. Este ronsel<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">3</span></b></span> é “De
catro a catro”. Na cuberta da súa nao, no silenzo caviloso das
guardias, araña mariñeira, ia tecendo o seu diario de abordo.
Matinaba inauditas descubertas queimaba na súa pipa forte tabaco de
estelares navegacións, esculcaba a dor da noiva goleta, cambeaba
radiogramas estranos con estrelas descoñecidas. E todo elo nol-o
dou, un bó dia de marzal, no caristel<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">4</span></b></span> de un cuaderno de poemas.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><i>f.4 </i>Lírico <u>U</u>lises<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">5</span></b></span>.
“Odisea<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">6</span></b></span>”. Mais nosa “Odisea” tiña que ser lírica. Non podía
narrar aventuras de un rei que regresa ao fogar perseguido dos deuses
nemigos. Tiña que ter por héroe a un poeta; e por rapsodias,
desafiadas cancións. Canciós que aboian corpos de afogados, en que
as estrelas dialogan cos mastros e as gueivotas levan no peteiro as
cartas dos mariñeiros namorados: un mar sulcado pol-a quilla de
buques pantasmás; un mar que guarda no fondo do seu ventre de
chumbo, paraisos de coral e madrépora donde os poetas náuticos
fuman, xogan e xuran, parolan co Capitán Nemo<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">7</span></b></span> e beben o acedorón<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">8</span></b></span>
que lles sirven as sireas, taberneiras de adegas sulagadas.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"><i>f.5 </i>Alá estará Manoel
Antonio, n-algún bar submariño, xogando as cartas con Corbiére<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">9</span></b></span>.
Esquecido de nós, no seo dos mariñeiros. Pero nós non o
esqueceremos endexamáis. Porque é o noso Ulises. Porque escribíu a
nosa Odisea. E na data da súa morte, todos os que o amamos,
inclinados á beira do mar, escoitamos un son lonxano, unha sombra de
son. E o bronce submariño, o sino mergullados dos bretóns<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">10</span></b></span>, a campá
dos mortos de que a Salgari<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">11</span></b></span> falou o vello logo Catrame<span style="color: red;"><b><span style="font-size: x-small;">12</span></b></span>, que dobra en
lembranza e honor de Monoel Antonio. Ulises galego.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> </span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;"> R. Carballo
Calero. El pueblo gallego. 23 de fevereiro de 1933</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span style="color: red;">-----------------------</span> </span><br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> </p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">Quando o Dr. Ricardo Carvalho Calero (1910-1990) publica este artículo era um moço de vinte e dois anos recém formado em direito e acabava de cumprir-se o terceiro cabo de ano da morte do poeta rianxeiro Manuel Antonio. A peça jornalística que nos oferece o Dr. Carvalho Calero é duma beleza notável e está ch eia de referências literárias que descrevem, acho que felizmente, a imagem e personalidade do poeta do mar de Rianxo. Aínda ciente de que o artigo não precisa de ser explicado para que um possa gozar dele plenamente, deixem-me um pequeno comentário de texto para uma leitura um bocadinho mais profunda, e nunca melhor dito, poder mergulhar-nos nas profundidades do relato qual capitães Nemo.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i>f.1 </i>Curiosa esta comparação entre a <i>simples</i> Belém, com o seu presépio e os seus pegureiros e a Vila marinheira de Rianxo, que sendo também um lugar muito humilde, dá a humanidade um personagem ilustre do tamanho de Manuel António. Em realidade, com Castelao e Rafael Dieste foram três os vultos da nossa cultura paridos por Rianxo. Resulta algo questionável o pensamento de Carvalho Calero, já que nenhum dos três são filhos de humildes marinheiros, mais bem da burguesia vilão com a capacidade económica suficiente para dar-lhes estudos universitários. Mas entendemos que o contexto rianxeiro das primeiras décadas do século XX tinha algo de Arcádia, propícia para a formação de intelectuais humanamente bons e por natureza galeguistas. Assim o confessava o próprio Manuel Antonio.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;">"Mais a miña biografía non é miña; pertence á nosa vila e é dentro d'ela coma unha d'esas horas anónimas que todol-os días c'o mesmo paso invariábel recorre a agulla insensíbel d'o reloxe d'a torre que peta n-as horas coma un sonámbulo. Eu pudera ben trocar a miña biografía pol-a d'unha pedra d'a rua, pol-a d'un árbore d'a plaza ou pol-a de moitos homes que conezo de vista." <i>Manuel Antonio. Obra completa: V. I Prosa. </i>Ed. Xosé Luís Axeitos Agrelo.<i> </i>Real Academia Galega; s.l. 2012 p.87 </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i> f.2</i><span> </span>(1) Neptuno: Deus romano do mar.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> (2) Simbad: Marinheiro fictício do livro <i>As mil e uma noites</i>.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i> f.3<span> </span></i>Alguma vez li, lamento não lembrar a citação, que (3) ronsel era uma palavra que os poetas aprenderam dos marinheiros de Rianxo. Sei lá! Mas o caso é que não se documenta na nossa literatura antes de ca. 1922. </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"> <span style="font-size: small;">Pescaremos nas redes d'os atlas</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"> </span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;">ronseles de Simbad</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span style="font-size: small;"> </span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><i><span style="font-size: small;">De catro a catro.</span></i></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><i><span style="font-size: small;"> </span></i><br /></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span> </span><span> </span>(4) Caristel é uma palavra que pertence ao vocabulário literário exclusivo do Dr. Ricardo Carvalho Calero, aparecendo em versos:<i> Rosa secreta, caristel de orballo </i>e também em peças de teatro: <i>A Arbre</i> ou o <i>Auto do prisioneiro</i>. A palavra mais habitual no léxico galego seria <i>canistrel</i>: cesto de varas. </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"> </span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i> f.4</i><span> </span>(5) Ulisses: Ou Odiseo, rei de Ítaca, personagem principal da Odisseia de Homero.</span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><i><span> </span><span> </span></i><span> </span><span> </span><span>(6) Odisseia: Poema épico grego atribuído a Homero. Século VIII a. C.</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><br /></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span> </span><span>(7) Nemo: Comandante do submarino Nautílios, do livro de Jules Verne <i>Vinte mil léguas submarinas</i>.</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><br /></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span> </span><span>(8) Acedorón: Tal vez se esteja a referir ao <i>kykeon</i>, bebida que aparece na Iliada, feita a base de água, cevada e ervas.</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><br /></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span> O parágrafo <i>f.4</i> parece-me o mais formoso do artigo porque conecta perfeitamente com todo o imaginário manuelantoniano. Tal é assim, que ao ir lendo palavras como <i>afogados</i>, <i>cartas</i>, <i>mastros</i>, <i>gaivotas</i>, evocamos imediatamente versos e poemas inteiros do poeta rianxeiro. É sugestiva (e poética em si própria) essa ideia de que a lírica galega n</span><span>ão pode ser épica, no sentido de narrativa, sen</span><span>ão em forma de canç</span><span>ão. Os heróis n</span><span><span><span>ã</span></span>o seriam, ent</span><span>ão, os guerreiros, mas sim os/as poetas. Já o dizia o camarada Hernández: <i>Tristes guerras, si no es el amor la empresa</i>.</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><br /></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span> </span><span><i>f.5 </i></span><span><span><span> </span>(9) Corbière: Tristan Corbière (1845-1875) foi um poeta bret</span></span><span><span>ão representante do simbolismo e pertencente ao grupo dos Malditos. Certamente o paralelismo com Manuel António é surpreendente:</span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span> </span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span>- Ambos nasceram no mês de julho.</span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><br /></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span>- </span></span><span><span><span><span>Ambos</span></span> enfermaram de crianças: T.C. reumatismo articular e M. A. tuberculose.</span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span> </span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span>- </span></span><span><span><span><span><span><span>Ambos</span></span></span></span> tiveram um único amor <i>re</i>-conhecido: T.C. Amida Giuseppina e M. A. Mercedes Rodríguez Pimentel.</span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span> </span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span>- </span></span><span><span><span><span><span><span>Ambos</span></span></span></span> publicaram só um livro em vida: T.C.<i> Les Amours jaunes </i></span></span><span><span><span><span>e M. A. <i>De Catro a Catro.</i></span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span><i> </i></span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span><i>- </i></span></span></span></span><span><span><span><span><span><span><span><span>Ambos</span></span></span></span> colocaram ao mar no centro da sua poética.</span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span> </span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span>- </span></span></span></span><span><span><span><span>Finalmente</span></span></span></span><span><span><span><span><span><span><span><span>, ambos</span></span></span></span> morreram de tuberculose a idade de 29 anos.</span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span> </span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span>Que Manuel António era uma reencarnaç</span></span></span></span><span><span><span><span><span>ã</span>o do poeta bret</span></span></span></span><span><span><span><span><span><span><span><span><span>ã</span></span></span></span></span>o fica claro nos seguintes versos:</span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span> </span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span>Eu sou o cachimbo de um poeta,</span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span> </span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span>sua ama: que a Besta lhe aquieta.</span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span> </span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span>De O cachimbo de um poeta. <i>Os amores amarelos.</i></span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span><i> </i><br /></span></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span> </span><span>(10) O sino mergulhado dos</span></span></span> bretões<span><span><span> faz referência a lenda da cidade de Ys, que ficou sob a água por culpa dos seus pecados. Os sinos da Sé, mesmo assim, continuavam a dobrar produzindo um som abafado.</span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><br /></span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span><span> </span><span>(11) e <span>(12)</span> </span> O italiano Emilio Salgari (1862-1911) publicou em 1894 <i>Le novelle marinaresche di Mastro Catrane</i>, como o seu nome indica, contos marinheiros dum velho lobo de mar.</span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span> </span></span></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><span><span> </span></span></span></span><span style="font-family: verdana;"><span style="color: red;">-----------------------</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: verdana;"><span style="color: red;"> </span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span>Em 1930, ano da morte de Manuel Antonio, o professor Carvalho Calero ainda era para muitos Ricardito, o jovem poeta do Ferrol autor de <i>Trinitarias</i>, livro de versos em castelhano. Mas ao tempo que madurava como pessoa ia publicando por solto os seus primeiros poemas e os seus primeiros artigos em galego. E nessa Odisseia de aprendizagem, de toma de consciência, de militância, </span><span>que tantos vivemos, </span><span>o Dr. Ricardo Carvalho Calero foi-se convertendo no nosso herói, um Ulises-guia neste eterno navegar no que nunca damos chegado a porto.</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span> </span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjghWuu9UqurY_2lUv0IgEBljj5M6MLurRB9ShFsTjoMzIoWlLiJ_6fiBcQysnJcUg5w2I1qEQkMlvw_UDeb5wLYsMyjsBTkV3Y3yRmJXK8x5T8mvMge45wAe-MpQg9ERprC16vRsxUCqTg/s539/Vida+gallega+%253A+ilustraci%25C3%25B3n+regional%253A+A%25C3%25B1o+XX+N%25C3%25BAmero+367+-+1928+febrero+10.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="539" data-original-width="495" height="443" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjghWuu9UqurY_2lUv0IgEBljj5M6MLurRB9ShFsTjoMzIoWlLiJ_6fiBcQysnJcUg5w2I1qEQkMlvw_UDeb5wLYsMyjsBTkV3Y3yRmJXK8x5T8mvMge45wAe-MpQg9ERprC16vRsxUCqTg/s0/Vida+gallega+%253A+ilustraci%25C3%25B3n+regional%253A+A%25C3%25B1o+XX+N%25C3%25BAmero+367+-+1928+febrero+10.jpg" width="407" /></a><span> <br /></span></span></div><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><i>Vida Gallega</i> nº 367; 10 de fevereiro de 1928.</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><br /></span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span>Original de Lembranza do Ulises morto.</span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsURlyDb-5t_Jm0N1RoN-vyCBEan5lY8w2o5bB9ICHJMh4HfRLPQ_blL4qkgN78y4O8A-qR1acCf9Pj4s1rZP9Z5iOlQyKVNc7CWlTn0sz69VueII9PuTK6G9MCOgkuQvrEYFILWGONKS4/s1829/El+Pueblo+gallego+%253A+diario+de+la+ma%25C3%25B1ana%252C+al+servicio+de+los+intereses+de+Galicia%253A+A%25C3%25B1o+X+N%25C3%25BAmero+2782+-+1933+febrero+24.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1829" data-original-width="1424" height="555" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsURlyDb-5t_Jm0N1RoN-vyCBEan5lY8w2o5bB9ICHJMh4HfRLPQ_blL4qkgN78y4O8A-qR1acCf9Pj4s1rZP9Z5iOlQyKVNc7CWlTn0sz69VueII9PuTK6G9MCOgkuQvrEYFILWGONKS4/s640/El+Pueblo+gallego+%253A+diario+de+la+ma%25C3%25B1ana%252C+al+servicio+de+los+intereses+de+Galicia%253A+A%25C3%25B1o+X+N%25C3%25BAmero+2782+-+1933+febrero+24.jpg" width="432" /></a></span></span></div><span style="font-family: arial;"><span><br /></span></span><p></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span>Como ilustraç</span><span><span><span><span><span><span><span><span><span><span>ã</span></span></span></span></span></span></span></span></span>o musical a esta postagem recomendo-vos escutar <i>La Cathédrale Engloutie</i> de Debussy, baseada no mito da cidade asulagada de Ys. </span></span></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><span> </span></span><i><span> </span></i><i> </i><br /><i></i></p><p><style type="text/css">p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 120%; }</style></p><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"></div><div style="text-align: center;"><iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/cVMGwPDP-Yk" width="360"></iframe></div>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-65538624607472041392020-08-09T00:33:00.002+01:002020-08-09T00:33:59.660+01:00nº 245 Cantares de Rianxo. <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Na postagem <a href="https://ilhadeorjais.blogspot.com/2019/08/n-238-alcumes-de-rianxo.html" target="_blank">nº 238</a> transcrevia um arquivo do Museu de Ponte Vedra feito pelo padre Valentin Losada em 1915 que continha uma listagem de alcunhas, muitas delas ainda vivas a dia de hoje. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Uns anos antes, em 1911, no jornal argentino Nova Galicia, apareciam uns <i>Cantares de Rianxo</i>, com alguns nomes mais para a coleção. Infelizmente estes <i>Cantares</i> foram publicados sem assinar, assim que nada sabemos de quem os coletou ou compus, mas indubitavelmente deveu de ser um rianxeiro retranqueiro.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Em qualquer caso estamos ante um documento interessante para que algum dia um antropólogo inocente redija o verdadeiro relato das linhagens de Rianxo, linhagens sem escudo na fachada, mas com grande ancestralidade. Já veremos.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8nPSLxtTPdIBWmau244EccR1abX6_LH5aaGNk-c8lMa2FZxC28ch7aauLBvl3sSB_M6khOJfSyOsmbZvg5q5gEVPL1zAAFHVVdUd7Z196ylFx4XCw10AlmdwECQ3lJWCie1DeeMYtt6Np/s1133/quadras+rianxo.jpg" imageanchor="1" style="display: block; padding: 1em 0px;"><img border="0" data-original-height="1133" data-original-width="495" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8nPSLxtTPdIBWmau244EccR1abX6_LH5aaGNk-c8lMa2FZxC28ch7aauLBvl3sSB_M6khOJfSyOsmbZvg5q5gEVPL1zAAFHVVdUd7Z196ylFx4XCw10AlmdwECQ3lJWCie1DeeMYtt6Np/s640/quadras+rianxo.jpg" /></a></div> <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Nova Galicia. nº 369. 6 de agosto de 1911.<br /><p></p>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-74045819851395696592020-08-05T15:36:00.001+01:002020-08-05T15:36:37.529+01:00nº 244 O Monte das Mámoas de Catoira.<div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A pouca distância da nossa casa da Baiuca, em Catoira, encontra-se o Monte das Mámoas, um pequeno outeiro duma beleza muito singular. Hoje fui passear e tirar algumas fotos em torno duma dessas mámoas que dão nome ao lugar acompanhado das pequenas, sabedor de que o espaço é perfeito para uma pequena lição de história, flora autóctone, geologia... <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Já na casa, procurei alguma informação na rede superficial e li espantado que a descoberta em 1956 (sic) deste conjunto arqueológico é atribuída a Ramón Sobrino Buhigas. Imediatamente compreendi que algo tinha que estar mal pois o naturalista e arqueólogo pontevedrino morrera no ano 1946. Então, o mérito só poderia corresponder a seu filho, Ramón Sobrino Lorenzo-Ruza (1915-1959) [a partir de agora R. S. L.], na altura comissário de escavações arqueológicas, entre outras muitas ocupações.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Felizmente, contamos com uma série de publicações dum membro da família Sobrino, o professor Ángel Núñez Sobrino, que não apenas esclarece os detalhes desta descoberta, mas também achega dados sobre outros restos arqueológicos do concelho de Catoira. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Comecemos polas mámoas. Em <i> El trayecto vocacional de un arqueólogo</i>, o professor Ángel Núñez publica anotações da agenda de trabalho de R. S. L. Uma dessas anotações dá-nos a data exata na que visitou Catoira e indica quem foi a pessoa que o orientou para chegar até o monumento megalítico.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">"3 de abril de 1955<br /></div><div style="text-align: justify;">Excursión a Catoira. López, el de la papelería "El Sol" me habla de conchas en la Balastrera. No las encontramos. Frente a la Balastrera otro montículo también de cantos rodados y limonita. Descubro dos mámoas y las fotografío. Tienen sepultura megalítica, saqueada. Se llama "Monte das Mámoas". Pregunto y no saben decirme el porqué de este nombre." p. 23 e 24</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Portanto, as webs deveriam correger o erro e dizer nas suas entradas que O Campo das Mámoas foi descoberta para a arqueologia o 3 de abril de 1955 por Ramón Sobrino Lorenzo-Ruza. Obviamente, o povo que lhe deu nome ao monte, já as descobrira muito antes. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas, como nos ensina o professor Núñez Sobrino, o trabalho do seu tio em Catoira não se limitou ao achado da Balastrera, senão que nas suas anotações há outros dados de interesse para nós.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em <i>Correspondencia europea a un arqueólogo galego </i>podemos ler:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">"Temos que indicar que todos os debuxos do arqueólogo (R. S. L.) foron utilizados en percepción directa, agora ben, con diversos procesos de presentación e de utilización: os obtidos en frescura directa cos materiais levados no cartafol, e disto temos dous claros exemplos: uns petróglifos en Catoira "<u>150 mts. as N. del campo de fútbol de la Lomba. Granito de grano fino</u>" e "Moraña. Lage. Outeiro das Pías I. Outeiro do Testo, Outeiro das Pías II. Camino de Longas a Rozas". p. 190 O sublinhado é meu.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por último, em Ramón <i>Sobrino Lorenzo--Ruza (1915-1959), eximio arqueólogo</i> encontra-mo-nos com algum dado mais:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">"Casa de D. Ferrín Rivero, lugar de Aragunde, parroquia Ayto. Catoira. Procede de Tallarina en medio de más leiras en el mismo lugar, a unos 200 o 300 metros de la casa. En outeiro de Barral próximo a esta hay cazolestas 3 o 4 en fila". p. 24</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Todos estes petróglifos são hoje conhecidos e há diversas publicações de carácter informativo ou especializado que se ocuparam deles, mas acho que os desenhos e fotografias que R. S. L. fiz nas suas excursões a Catoira devem de ficar ainda inéditos. Tal vez podamos encontrar algo no arquivo pessoal do arqueólogo doado pola sua família ao concelho de Teo. Já veremos. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por último achego umas fotografias minhas duma das mámoas da Balastrera. O monumento megalítico está situado numa localização imbatível para visitas com fins didáticos. Infelizmente, sobre a mámoa há um plantação de pinheiros, na atualidade exploração de resina, a qual, sem ser eu arqueólogo, acho pode danar em poucos anos este espetacular monumento megalítico. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">BIBLIOGRAFÍA</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">NÚÑEZ SOBRINO, Ángel <br /></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>-Correspondencia europea a un arqueólogo galego. </i>Gallaecia. V. 11; 2012.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">-<i>Ramón Sobrino Lorenzo-Ruza (1915-1959): El trayecto vocacional de un arqueólogo.</i> Pontevedra. nº 21; 2006.<br /></div><div style="text-align: justify;"><i><br /></i></div><div style="text-align: justify;"><i>-</i><i><i>Sobrino Lorenzo--Ruza (1915-1959), eximio arqueólogo.</i></i> Separata Anuario Brigantino, nº 38; 2015.<br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrPbhdoU5gE1NwO5DAeW11H0RKjL7F5O4__Tn6SKEgc2xDoVwe7YiqDxuOf9W7S-XP-CpQ9APxAfCEOQ_AfUAUIv03LnQRnftp2OC_zq2fInhmHNwJugMoyKLat6CUXu7JCRY4ep0vne6b/s2048/IMG_3666.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1365" data-original-width="2048" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrPbhdoU5gE1NwO5DAeW11H0RKjL7F5O4__Tn6SKEgc2xDoVwe7YiqDxuOf9W7S-XP-CpQ9APxAfCEOQ_AfUAUIv03LnQRnftp2OC_zq2fInhmHNwJugMoyKLat6CUXu7JCRY4ep0vne6b/s640/IMG_3666.JPG" width="443" /><br /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Vista da Mámoa desde o sul.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWQHjN0XDznhLEQPuyDrnPQsGJwB-eKXo6VltfMHn-FlL5vhibGCXjXSuLBp8ME5_WxZFw2h-2ER1zLOnRxW36jp2FNBxOjDHh1ntwmlGSnfFNLLACWxfpbGqWwmsU0jQrYs-sHKBN5Dwf/s2048/IMG_3670.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1365" data-original-width="2048" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWQHjN0XDznhLEQPuyDrnPQsGJwB-eKXo6VltfMHn-FlL5vhibGCXjXSuLBp8ME5_WxZFw2h-2ER1zLOnRxW36jp2FNBxOjDHh1ntwmlGSnfFNLLACWxfpbGqWwmsU0jQrYs-sHKBN5Dwf/s640/IMG_3670.JPG" width="445" /><br /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Afundimento no alto da mámoa.<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWQHjN0XDznhLEQPuyDrnPQsGJwB-eKXo6VltfMHn-FlL5vhibGCXjXSuLBp8ME5_WxZFw2h-2ER1zLOnRxW36jp2FNBxOjDHh1ntwmlGSnfFNLLACWxfpbGqWwmsU0jQrYs-sHKBN5Dwf/s2048/IMG_3670.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVj4FtQ_fMFyoQjDQnuYWMYmOos8Hk6gsPmrwYjDcSO1ejdcD9yiTjNwZvlfzSUkpTF-w4DfQPh__pKPO82dEoZ-zZX_UZkoGEeQBkGn1pJOaDa5F8OhKF9stVbE293R7PPLKeWvmgyFaM/s2048/IMG_3671.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1365" data-original-width="2048" height="309" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVj4FtQ_fMFyoQjDQnuYWMYmOos8Hk6gsPmrwYjDcSO1ejdcD9yiTjNwZvlfzSUkpTF-w4DfQPh__pKPO82dEoZ-zZX_UZkoGEeQBkGn1pJOaDa5F8OhKF9stVbE293R7PPLKeWvmgyFaM/s640/IMG_3671.JPG" width="446" /><br /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Cabeças de dois ortóstatos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl-UudKni4d5PL6y96ZzseTO3SLkO-zZIDxS2uCBRPuYpnx32hmHY7E1wvUJWwtoxASPpwkHacaTvfi0ReoAcDHxEm-N-4y-1moWYMeKsj_1jrTWOUkQXgQvky4uA0iqIYRaG7FdurCBR0/s2048/IMG_3672.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1365" data-original-width="2048" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl-UudKni4d5PL6y96ZzseTO3SLkO-zZIDxS2uCBRPuYpnx32hmHY7E1wvUJWwtoxASPpwkHacaTvfi0ReoAcDHxEm-N-4y-1moWYMeKsj_1jrTWOUkQXgQvky4uA0iqIYRaG7FdurCBR0/s640/IMG_3672.JPG" width="447" /><br /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Detalhe da cabeça de um ortóstato.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAJ_Uqg_iZ88Ww3EhgwZf9miZiRW1tdMhKAT59FsCxM7YM44mD01VrnslYsmJxluxlSyoAAtsK35-_81BzWeYtntx9Yznz7iF7_3i-t-g_YrACZYmxcoKmt_JYuFpG5KBa_26ql7chjoaF/s2048/IMG_3673.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1365" data-original-width="2048" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAJ_Uqg_iZ88Ww3EhgwZf9miZiRW1tdMhKAT59FsCxM7YM44mD01VrnslYsmJxluxlSyoAAtsK35-_81BzWeYtntx9Yznz7iF7_3i-t-g_YrACZYmxcoKmt_JYuFpG5KBa_26ql7chjoaF/s640/IMG_3673.JPG" width="446" /></a></div><div style="text-align: center;"><div>Vista desde o norte da mámoa.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl-UudKni4d5PL6y96ZzseTO3SLkO-zZIDxS2uCBRPuYpnx32hmHY7E1wvUJWwtoxASPpwkHacaTvfi0ReoAcDHxEm-N-4y-1moWYMeKsj_1jrTWOUkQXgQvky4uA0iqIYRaG7FdurCBR0/s2048/IMG_3672.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"></a><br /></div></div>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-49195784801297656502020-07-13T12:33:00.002+01:002020-07-13T12:35:01.103+01:00nº 243 Uma carta de Faustino Rey Romero a Gabriela Mistral.<div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Já aconteceu comigo muitas vezes estar a procurar algo nalgum arquivo físico ou digital e por acaso topar-me com outra coisa absolutamente inesperada. Quando isso acontece, sempre fico um bocadinho amolado porque por uns dias aparto a minha vista do tema original, centrando-me no novo achado. Assim, há umas semanas acudi à biblioteca digital de Chile seguindo o rastro duma carta de Rubén Dario, mas sem saber muito bem como, fiquei prendido noutra que um aspirante a cura enviara em janeiro de 1947 à prémio Nobel (1945) Gabriela Mistral. O remitente era o nosso Faustino Rey Romero, na altura, também aspirante a poeta.</div><div><br /></div><div><b>O contexto:</b></div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Em 1947, Faustino é um moço de 25 anos e todavia terá que aguardar até março do 48 para ser ordenado padre. Encontra-se, pois, no seminário de Tui e isso não lhe impede andar a voltas com a publicação do seu primeiro livro. Em realidade, o seu noviciado como poeta começou quando apenas contava 19 anos de idade, com um poema titulado <i>Un día de difuntos</i>. Infelizmente não encontrei dito poema, mas sim o seu primeiro texto em prosa, publicado no jornal El Compostelano o nove de maio de 1940 e titulado <i>Con Flores a María</i>. Este artigo é como uma declaração de intenções que parece obedecer a uma necessidade -quem sabe se própria ou motivada por pressões externas- de justificar-se. Assim, conta-nos no artigo que trás a leitura de <i>Manecho o da rua</i> de Lesta Meis -um dos volumes da coleção Lar com essas capas tão formosas desenhadas por Camilo Díaz,- ocorre-se-lhe pensar porque ele nao pode ser como o protagonista da novela que trás emigrar a Cuba "mas que al trabajo, dedica preferente atención a la literatura".</div><div style="text-align: justify;">Assim, o jovem Faustino pergunta-se:</div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">" ¿Por qué yo, como el héroe de la novela, no correspondía a mi vocación literaria? ¿Para qué leí lo más granado d enuestra literatura castellana y gallega? La abeja que pasa horas y horas zumbando en su cotidiana faena de recoger el dulce néctar de las florecillas silvestres, con algún fin lo hace. Sencillamente, para trasformar ese néctar en dulces panales de miel."<br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O texto resulta um bocadinho ingénuo, algo inteiramente normal se pensamos que se trata dum cativo de dezanove anos, mesmo sendo esquisito que um quase adolescente escreva, independentemente do contido, duma forma tão correta. <br /></div><div style="text-align: justify;">O remate do artigo precisaria duma análise profunda dos biógrafos e peritos em Rey Romero. Na minha opinião contem alguma mensagem para navegantes, quiçá para os seus superiores e sem dúvida, toda uma declaração de intenções.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">"María, madre mía: Yo te pido protejas a España y a toda la humanidad, y a mi me lleves de la mano en mi peregrinación por este valle de lágrimas."<br /></div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Estamos em 1940, recém rematada a guerra provocada pelo golpe militar e em plena repressão dos vencedores. Na maioria dos artigos feitos por católicos ortodoxos falam da Santa Cruzada, pedem a Maria, a Cristo ou ao Apóstolo que proteja aos salvadores da religião e da <i>sua</i> pátria. Faustino implora por Espanha e por toda a humanidade, sem distingos, sem plegrárias ás divindades que ajudaram e continuavam a ajudar com a aniquilação das hordas marxistas. Mas ao mesmo tempo aclara, quiçá aqui para calar alguma boca o eliminar suspeitas, que a sua pena nunca vai ser utilizada para escrever contra a religião da que em breve será um dos seus soldados:</div><div><br /></div><div>"Te hago asimismo ofrenda de mi pluma al consagrarte mi primera publicación (a María), y hoy, oh madre mía, que antes de que escriba una sola línea contra la religión católica, apostólica y romana, a la que me honro en pertenecer, que se seque mi brazo derecho y el cerebro que dicte tamaños dislates."</div><div><br /></div><div>E certamente, o Faustino Rey Romero, cura heterodoxo, poeta do divino e do profano e parrandeiro doutorado, jamais faltou à sua promessa. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Também neste 1940, ano fecundo nas primeiríssimas obras publicadas por Faustino, vai ver a luz os que acho são os seu primeiros versos em galego postos em letras de molde, caso de <i>Un día de difuntos</i>, poema que eu não pude ler, estar em castelhano. Titula-se Spes Nostra, Salve! [El Compostelano, 18/09/1940] e a interlocutora e, mais uma vez, Maria. O bom é que este poema, com um título tão apropriado para a pós-guerra que começa, está escrito em galego. O biógrafo de Faustino, X. Ricardo Losada, aponta que uma das possíveis causas de que o poeta de Isorna tivesse que deixar o Seminário de Ourense foi o seu comportamento <i>revolucionário</i> e citando a Víctor Campio acrescenta:</div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">"Faustino non pasaba desapercibido [no seminario]. Facíalle poemas a calquera cousa que vise. E tiña a teima do galego." Ricardo Losada, X. <i>Un evanxeo bufo.</i> Galaxia. Vigo. 2015 p. 68<br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Antes da aparição de <i>Florilógio poético</i> em 1949, o espaço habitual onde publicava Faustino Rey Romero foi a revista <i>Spes</i>, revista apelidada Órgano de la Juventud Católica de Pontevedra. Em realidade, vai ser um habitual até o feche da mesma em 1962. Aqui aparecem como exclusiva muitos dos poemas que vão alimentar os seus livros e também algum inédito, que tal vez por isso, acho foi esquecido polos seus antólogos, como o titulado <i>La lámpara del sagrario</i>.<br /><i></i></div><div style="text-align: justify;"><i>Spes </i>foi, além disso, a editora do <i>Florilogio</i>, o primeiro poemário de D. Faustino.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9CGln0Gvt93lpJjlbJC9nXUFGYQNHdyDOoffcYkYN6rbbWIOOIbsdKGr1Z1OHJe5OusRaeZYHk0SmLoX2hE6llGx97YCUIG5kMJvniz7en9p1y83V7vH7YsGYOwKdlwVg52Wk1_1eLudN/s1452/Spes.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1452" data-original-width="1037" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9CGln0Gvt93lpJjlbJC9nXUFGYQNHdyDOoffcYkYN6rbbWIOOIbsdKGr1Z1OHJe5OusRaeZYHk0SmLoX2hE6llGx97YCUIG5kMJvniz7en9p1y83V7vH7YsGYOwKdlwVg52Wk1_1eLudN/s320/Spes.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;"></div><div><br /></div><div><b>O texto.</b></div><div><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;">Em 1947, Faustino Rey Romero tem já em mente a edição dum livro de poemas, muitos deles, como já disse, publicados por separado na revista mensal <i>Spes</i>. Para apadrinhar a sua entrada na Arcádia mística dos poetas franciscanos, procura a aprovação de Rey Soto e de Gabriela Mistral. Para um seminarista galego, o consagrado Antonio Rey Soto, crego, poeta, bibliófilo... parece uma pessoa acessível. Segundo me informou Xesús Santos, mesmo Faustino pensara nele para acompanha-lo quando oficiasse a primeira missa. Finalmente, Rey Soto não apareceu nem polo livro nem pola igreja. O petitório a Gabriela Mistral semelha mais ousado e cheio de candidez. A uma mulher que acaba de receber o Nóbel, a carta do seminarista galego deveu-lhe de parecer adorável, mas também não temos notícias de que houvesse resposta. <br /></div><div style="text-align: justify;">Mas o Florilogio não saiu espido do prelo; Faustino teve que se conformar com o cura-poeta catalão Miguel Melendres Rué (1902-1974), pessoa muito afastada dele no plano ideológico e até diria que no humano, polo que tal vez fosse uma escolha da revista Spes. <br /></div><div style="text-align: justify;">Cabe dizer que esta vocação epistolar do poeta de Isorna para procurar padrinhos literários deveu de ser praticada com certa assiduidade como demonstra os elogios de Juana de Ibarbourou publicados junto aos poemas <i>Gabanza do burriño, O feno e Os Emigrantes</i> na própria revista Spes:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">"En la obra poética de Faustino Rey Romero, todo es rico, límpido, puro, poesía, agua de manantial." Juana de Ibarbourou, <i>Spes: revista mensual</i>, Janeiro de 1951.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O texto da carta dá alguns dados de interesse para os historiadores de Rey Romero. Em primeiro lugar, o poeta conta-lhe a Gabriela Mistral o seu projeto de publicar o <i>Florilogio </i>entre julho e agosto do 47, mas isto não se produz até o 49, quando D. Faustino fora já ordenado sacerdote. Também sabemos pola carta que o primeiro título que manejou foi o de <i>Florilegio devoto</i>, e não <i>Florilegio poético</i> como acabou sendo. Isto pode não carecer de importância. Um <i>florilegio</i> é uma seleção de textos, algo assim como uma antologia, e o adjetivo que acompanha ao nome vem a aclarar a matéria da que trata a coleção. <i>Devoto</i> parecia fazer referência a uma coletânea íntima, pensamentos escolheitos dum crente em diálogo permanente com seus deuses lares: São Francisco, a Virgem, Cristo, A Natureza... <i>Poético</i> resta protagonismo ao íntimo e qualifica a uma coletânea de poemas tirado dum conjunto maior, quiçá na ideia da editora Spes de incluir só aqueles que foram publicados com anterioridade na sua revista.</div><div><b><br /></b></div><div><b>Finalmente.</b><br /></div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Para os faustinianos, entre os que me encontro, qualquer dado que apareça sobre a vida e milagres do poeta de Isorna é sempre uma alegria e uma porta aberta a novas investigações e achados. Existem magníficos trabalhos como os de Xesús Santos, Carmen García ou X. Ricardo Losada, mas parte da sua produção está ainda por inventariar e estudar. Nada sei da sua correspondência particular, se existe ou foi destruída ou dispersada. Nessas cartas ficariam refletidas muitas coitas e lutas íntimas, mas também a construção duma geração poética magnífica que brandiu suas armas poéticas contra um Estado escuro e repressor.</div><div style="text-align: justify;">Também, e este é um desejo pessoal que deito aqui e aguardo recolham futuros estudos sobre Rey Romero, fica por colecionar os seus artigos na imprensa. D. Faustino foi um grande publicista, como o qualificavam na altura, e a sua presença nos jornais da pós-guerra até a sua morte em Argentina são constantes e fundamentais para conhecer a personagem na sua totalidade. Veremos.</div><div style="text-align: justify;"></div><br />
<div style="text-align: justify;"> <iframe height="480" src="https://drive.google.com/file/d/1qZnhsTJn177EdcIkSf_o8Pj7NTybQtfQ/preview" width="380"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><font size="1">Rey Romero, Faustino. [Carta] 1947 ene. 5, España [a] Gabriela Mistral [manuscrito] Faustino Rey Romero. Archivo del Escritor. . Disponible en Biblioteca Nacional Digital de Chile http://www.bibliotecanacionaldigital.gob.cl/bnd/623/w3-article-136441.html . Accedido en 11/7/2020.</font></div><div style="text-align: justify;"><font size="1"><br /></font></div><div style="text-align: justify;"></div>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-83575327190540600112020-04-18T12:14:00.000+01:002020-04-18T12:16:03.195+01:00nº 242 Genealogia do Barão de Orjais.<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div lang="pt-BR" style="text-align: justify;">
A última vez que vi ao Barão de Orjais eu era muito
novo e ele velho de mais. Coincidimos num breve espaço de vida, um
tempo de formação para mim e de despedida para ele, um tempo que
agora é só meu. </div>
<div lang="pt-BR" style="text-align: justify;">
Aquela manha em que abandonou a ilha, dissemo-nos
adeus sem palavras; não era necessário porque através das
minhas bágoas infantis pude ver esfumado o seu olhar sonoro e
percebi tudo. </div>
<div lang="pt-BR" style="text-align: justify;">
Antes do último saúdo, o Barão presenteou-me um
velho cartapácio cheio de documentos heterogêneos, com tamanhos e
grafias diversos. Havia um pouco de tudo: cartas pessoais, a conta
dum restaurante lisboeta, a partitura duma contradança para flauta,
o programa de concertos dum ballet russo em Paris, uma antologia das
suas frases célebres às que pomposamente chamou <i>Autolorjia de
Aforismos</i>...</div>
<div lang="pt-BR" style="text-align: justify;">
De entre todos aqueles papelinhos houve um que me
pareceu especialmente interessante pois falava das origens do Barão
de Orjais.</div>
<div lang="pt-BR" style="text-align: justify;">
Eis aqui esse documento que agora comparto em
homenagem a um grande homem, o meu mestre.</div>
<style type="text/css">p { margin-bottom: 0.25cm; line-height: 120%; }</style><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLMIhmxAUroy1nHc0Ke_MR4QEwIKR5z7jlZ14aZzDiSfJr6x5dPsFGTT2I5n13CDoparBlu1KYWhqz7JU9icXcs6ZcLL6N3xv6tvIceG4k70WXGzmJ-JqWSIseBznpjz3rW0JgJ6vXHVX7/s1600/Barao+de+Orjais.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1308" data-original-width="357" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLMIhmxAUroy1nHc0Ke_MR4QEwIKR5z7jlZ14aZzDiSfJr6x5dPsFGTT2I5n13CDoparBlu1KYWhqz7JU9icXcs6ZcLL6N3xv6tvIceG4k70WXGzmJ-JqWSIseBznpjz3rW0JgJ6vXHVX7/s1600/Barao+de+Orjais.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<br />José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-91064390915943489402020-01-16T19:56:00.001+00:002020-01-16T19:56:42.249+00:00nº 241 Um rianxeiro executado no garrote vil.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAT0WNSLe6RhRHx_4MthiQbrdKiC5A3Lsk_esDTyvXBTmhaC9ULse2jUA-kv_uGgYccjHN6jNjBxPGtADenI4GXVVyeeolxHe1WLkJ5Cy606X2TdZvffwXbWNgiEi89Y6dKRtfUltmpG1c/s1600/garrote.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="314" data-original-width="442" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAT0WNSLe6RhRHx_4MthiQbrdKiC5A3Lsk_esDTyvXBTmhaC9ULse2jUA-kv_uGgYccjHN6jNjBxPGtADenI4GXVVyeeolxHe1WLkJ5Cy606X2TdZvffwXbWNgiEi89Y6dKRtfUltmpG1c/s320/garrote.png" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 11 de março de 1834 está a acontecer um macabro espetáculo na madrilena Plaza de la Cebada. A um homem muito novo vai-lhe ser aplicado o garrote vil, no mesmo lugar em que só onze anos antes fora aforcado Rafael del Riego. O acusado, –confesso e convicto– chamava-se Francisco Camaño (sic), tinha no momento de ser ejecutado 22 anos e era natural de Rianxo, partido de Santiago, Galiza. Os feitos aconteceram do seguinte modo:</div>
<div style="text-align: justify;">
Francisco Camaño saíra de instrução com a 3ª companhia do 1º batalhão do 4º regimento da guarda real de infantaria. Devia ser, portanto, um soldado de elite, já que a guarda real era o corpo militar mais próximo, como o seu nome indica, às <i>Reales Personas</i>. Em março de 1834 acabava de ser estreada a regência de Maria Cristina de Borbon e, como resultado, o conflito sucessório que causou a primeira guerra carlista. Mas os feitos que levaram a Francisco a sentar-se na cadeira do garrote vil tiveram lugar meses antes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 14 de janeiro do 34, a companhia pernoitava em San Sebastián de los Reyes, a apenas 18 quilómetros de Madrid. As ordenanças militares recolhiam o direito de alojamento obrigatório às tropas em transito consistente em dar «hospedaje [...] a los militares estando en marcha ó en operaciones y quando en aquellas no hay cuarteles para la tropa ni pabellones para los oficiales». <span style="font-size: x-small;">J. D'W. M. <i>Diccionario Militar. </i>[Madrid; Imp. de D. Luís Palacios] 1863</span></div>
<div style="text-align: justify;">
A vizinhança acostumava a protestar por esta obriga, pois em muitos casos os soldados abusavam da hospitalidade recebida e havia roubos, violência ou abusos de todo tipo, principalmente sobre as mulheres. Por isto, as camadas sociais mais privilegiadas estavam liberadas de ter que proporcionar alojamento à tropa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O caso é que aquele dia 14 de janeiro, a senhora Anselma García apareceu morta no seu domicílio de San Sebastián de los Reyes, com claros signos de ter sido assassinada. O móbil foi, ao parecer, o roubo de 564 rs. ficando imediatamente preso o soldado Francisco Camaño a quem Anselma acolhera no seu domicílio. Ao princípio, o soldado nega-o tudo, mas finalmente confessa ter matado a Anselma de «un golpe en la cabeza con la llave del fusil, y que después la remató con un ladrillo». O acusado levava acima, num <i>taleguito</i>, a quantidade, supostamente subtraída à vítima, de 564 rs.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 11 de março, dia da execução, às 10:30 da manhã, ocupam a praça da Cebada de Madrid, «un capitán, tres subalternos y cien hombres del regimiento de infanteria de la Princesa y del de coraceros de la guardia real, un capitán, dos subalternos y 40 individuos». <i>Diario de Avisos.</i> 11 de março de 1834.</div>
<div style="text-align: justify;">
Desde a Real Carcel de Madrid até a praça da Cebada, Francisco Camaño foi custodiado por um oficial e vinte soldados, enquanto um sargento, um cabo e oito soldados abriam passo à comitiva. Tal despregue de efetivos, que pareceria mais próprio dum regicida que dum vulgar assassino, tem a ver, na minha opinião, com uma encenação exemplar, cujos destinatários principais são os próprios soldados. O feito de o garrote vil ser público obedece a um fim pedagógico, o de mostrar as consequências de cometer um delito de extrema gravidade. Além disso, e estando implicado o exército, acrescenta-se o fato de estarmos num momento especialmente sensível. Com a primeira guerra carlista encetada, resulta absolutamente prioritário contar com a colaboração da cidadania no alojamento das tropas de passo. Isto já é o suficientemente oneroso e vexatório para a vizinhança como para que crimes como o acontecido em São Sebastián de los Reyes fique sem o devido castigo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de ser agarrotado, o cadáver de Francisco Camaño foi entregue aos frades da Paz y la Caridad, que o conduziram ao cemitério onde foi desmembrado, como cumprimento final da condena que lhe fora imposta. É mais que possível que um pedaço do seu corpo, acostumava a ser a cabeça, fosse cravada numa pica num lugar principal da cidade, vila ou aldeia onde foi cometido o assassinato ou de onde era originária a vítima, para escarno final do executado e para exemplo de tudo aquele tentado a cometer um crime semelhante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUqxR9fpUwifVX_94-Tff67KCLcDu8q_6cSOtJxm1J83vPilHhuA5iGvOmTMUQln7wnbnEgW-TyHhJlC7zHjiTUT9qq80LVfK9amn0pcTpc0Qm_oX5w9PSNgswxPg44Fy6L-QE3VtBAJHC/s1600/19-0.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="358" data-original-width="548" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUqxR9fpUwifVX_94-Tff67KCLcDu8q_6cSOtJxm1J83vPilHhuA5iGvOmTMUQln7wnbnEgW-TyHhJlC7zHjiTUT9qq80LVfK9amn0pcTpc0Qm_oX5w9PSNgswxPg44Fy6L-QE3VtBAJHC/s320/19-0.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Final</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Resulta absolutamente repugnante entrar em detalhe de como era o espetáculo público dos cumprimentos da pena capital. Na Plaza de la Cebada queimaram-se bruxas, levantaram-se patíbulos onde hão ser enforcados ou agarrotados delinquentes comuns, salvadores da pátria, intelectuais e deficientes mentais, todos elas mortes igualmente criminais que as que se julgavam. Se alguém quer saber como era o trâmite de agarrotar a uma pessoa recomendo a leitura de <i><a href="http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/un-reo-de-muerte--0/html/ff7a3da6-82b1-11df-acc7-002185ce6064_1.html" target="_blank">Un reo de muerte</a></i>, um breve relato de Mariano José de Larra, insuperável em beleza e compromisso, escrito apenas um ano depois da morte de Francisco Camaño. Permito-me terminar esta postagem com as mesmas palavras que o Fígaro culmina o seu artigo: «A sociedade, exclamei, ficará satisfeita: um homem já morreu».</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><b>Nota:</b></i> A primeira notícia que teve sobre a existência do tal Francisco Camaño, granadeiro executado no garrote vil em Madrid, foi com a leitura do livro de Daniel Sueiro <i>Los verdugos españoles</i>, Ed. Alfaguara; Madrid. 1971.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-91843742223759699682019-12-30T23:34:00.001+00:002019-12-30T23:36:14.836+00:00nº 240 A Ara de Vadoa de Santa Maria de Sacos. <br />
<div style="text-align: justify;">
O passado 21 de dezembro, Xavier Groba, Ramom Pinheiro e mais eu, tivemos o gosto imenso de apresentar o livro <i>Antonio Fraguas. A memoria musical de Cotobade</i>, precisamente lá, em Cotobade, acompanhados do Presidente da Câmara e do admirado historiador Xosé Fortes. Mas, o melhor de tudo foi ver a sala cheia dos verdadeiros protagonistas do livro, os vizinhos e vizinhas, os quais, novamente, amostraram-se generosos e entregados.</div>
<div style="text-align: justify;">
Hoje, depois de digerir também a apresentação feita o 28 na Corunha, nos locais do coro Cántigas da Terra, andei a ver na rede a oferta dos museus para este natal. No de Ponte Vedra fiquei com muitas ganhas de levar as pequenas a ver <a href="http://www.museo.depo.gal/noticias/notas.de.prensa/es.02011195.html" target="_blank">Galaicos</a>, a expo temporal onde se pode contemplar, entre outras peças icónicas, o casco de Leiro ou as espadas do Ulha. Mas a minha surpresa foi ler na lapela de <i><a href="http://www.museo.depo.gal/noticias/notas.de.prensa/ga.02011224.html" target="_blank">Notas de Prensa</a></i> o relato da doação duma ara romana feita pela vizinhança de Dorna, Cotobade ao museu! Uma ara que, e isto é o que quisera contar, não se tratava dum objeto totalmente desconhecido para mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Uma Ara Romana num centro social.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Numa das múltiplas visitas que fizemos a Cotobade nos meses prévios à publicação do livro, deu-nos por ir até Santa Maria de Sacos, entre outras coisas por ver os interessantes cachorros figurados da igreja paroquial. Esse dia soubemos da existência duma ara que aparecera não sei onde e que fora guardada para a sua custódia e conservação nas dependências da Casa do Povo. Obviamente, três intrépidos investigadores como o Xavier, Ramom e mais eu, não podíamos perder a ocasião de ir ver a pedrinha. O instante em que nos abriram as portas e ficamos ante ela não se me vai esquecer na vida. </div>
<div style="text-align: justify;">
A minha primeira impressão é que estava ante uma das pedras mais integramente conservadas que nunca vira. É mais, <i>in situ,</i> eu teve a sensação de estar ante uma ara que nunca fora utilizada, que ficara tal vez enterrada na própria oficina do pedreiro ou quem sabe. Estou convencido que futuros estudos por pessoal especialista vai deitar luz sobre este e outros assuntos e os resultados prometem ser bem curiosos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhT7RbAAxV1VJeqwf4LPnO8vQ3McIF1bo5rB_inM1hvH9Fjstq6GE2t-UZz4JqCJZ0t15KJMsRWWO2RVXBIw6MQj9gKm8AIIzHUDliCnqus3G5fp_fX8B5qeoNBEm0_fy44oBOayRi2v8s/s1600/IMG_9197.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1067" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhT7RbAAxV1VJeqwf4LPnO8vQ3McIF1bo5rB_inM1hvH9Fjstq6GE2t-UZz4JqCJZ0t15KJMsRWWO2RVXBIw6MQj9gKm8AIIzHUDliCnqus3G5fp_fX8B5qeoNBEm0_fy44oBOayRi2v8s/s320/IMG_9197.JPG" width="213" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"> Xavier Groba e um servidor em plena epifania.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRLC20duXx5M22DY4Z6d1cuGrwbEGviwF_avtCa_BOz03MmsbMIZ4KnP2P73tGALyaCxrHWTBCntF6zNQFkqu5igiV0AW8_vzSgK8858g0lZmmc0fyMx0BQalhbyxIGHMGox-WhMTUn66n/s1600/IMG-20190627-WA0005.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRLC20duXx5M22DY4Z6d1cuGrwbEGviwF_avtCa_BOz03MmsbMIZ4KnP2P73tGALyaCxrHWTBCntF6zNQFkqu5igiV0AW8_vzSgK8858g0lZmmc0fyMx0BQalhbyxIGHMGox-WhMTUn66n/s320/IMG-20190627-WA0005.jpg" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
O pedrão no lugar de custódia.</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Vadoa. Lindo nome.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A ara de Sacos mede 89 cms de alto, ocupando a parte epigráfica uns 56 cms, segundo as medidas tomadas às presas no local social onde era custodiada. As letras gravadas mantêm todo o sulco, pelo que não é difícil a sua transcrição. A minha leitura foi a seguinte:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
DEOM</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
VADOA</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
FAVS.VS</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
L M</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ou o que é o mesmo:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
DEO MAXIMO</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
VADOA </div>
</div>
<div style="text-align: center;">
FAVSTI VOTUM SOLVIT</div>
<div style="text-align: center;">
LIBENS MERITO</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Vaiamos por partes. D(EO) M(AXIMO) ou Deo Optimo Maximo faz referência a quem se lhe faz a oferenda, neste caso, Júpiter. Também sabemos que foi um voto privado já que o epígrafe acaba com as letras VSLM, acrónimo de <i>Votum Solvit Libens Merito</i>, que se traduziria por <i>Cumpriu a promessa de bom grado. </i>Fica então por descifrar VADOA e FAVS . <i>Faus</i> parece-me a contração do genitivo possessivo <i>Fausti</i>, que pode indicar possessão ou parentesco. <i>Vadoa</i> seria então um antropónimo indígena? Infelizmente não conheço antecedentes claros desta epigrafia noutras aras até agora inventariadas e estudadas. E se se trata do nome duma pessoa, tal vez uma mulher, seria da família dos Fausto ou escrava de Fausto? Em qualquer caso, ai vai a minha tradução:</div>
<br />
Ao Deus Máximo (Júpiter) Vadoa, da família de Fausto, cumpriu a promessa de bom grado.<br />
<br />
Na feitura duma ara participavam três pessoas: o <i>ordinator</i>, o calígrafo que redigia o texto e o adaptava ao espaço, o <i>lapicida</i>, que gravava as letras na pedra, e por último o pintor, que iluminava as letras normalmente de cor escarlata ou vermelhão. Suponho que nas obras menores ou mais baratas, este processo podia fazê-lo uma soa pessoa. O tipo de letra pouco rigorosa, algo desordenada e o acrónimo final leva-me a pensar que deveríamos datar a peça no tardo-império, quiçá no século III ou IV depois da nossa era.<br />
<br />
<i>Nota: Faço votos para que os arqueólogos e paleógrafos deste país não me crucifiquem. Não foi por mal.</i><br />
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Cotto Vadis.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Resulta que o gentilício Cotobade não vem de Couto do Abade, como pareceria a primeira vista, senão que a sua origem seria muito mais complexa. Num artigo de Gonzalo Navaza no <a href="https://portaldaspalabras.gal/lexico/palabra-asinada/o-nome-de-cotobade-nin-couto-nin-abade/" target="_blank">Portal das Palabras</a> lemos:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">A sistemática ausencia de ditongo na sílaba inicial mostra que no
topónimo non está presente o substantivo latino cautum (de onde <i>couto</i> en galego, <i>coto</i> en castelán). Así o advertiu Nicandro Ares, que no seu breve estudo do topónimo <i>Cotobade</i> do concello de Chantada suxire como étimo un composto do galego <i>coto</i> ‘curuto, prominencia ou elevación no terreo’ seguido do xenitivo dun nome persoal:</span><br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><i>Cotobade</i> débese descompoñer en <i>coto</i>, palabra de orixe prerromana *Cotto (…) e un nome persoal en xenitivo <i>Bade</i>, o cal se repite illado na toponimia galega e parece que non é aférese de abbas, -atis ‘abade’, senón o antropónimo <i>Vatis</i> (Ares 2001:74)</span><br />
<br />
Pois nada, que para o Xavier Groba, para Ramom Pinheiro e para mim, as terras de Cotobade serão para sempre o Coto Vade ou coto de Vadoa, pois como diz o provérbio: <i>se non è vero, è bem trovato</i>.<br />
<br />
<b>Finalmente.</b><br />
<br />
Como colofão a este pequeno artigo dum arqueólogo inocente, agradecer aos vizinhos e vizinhas de Santa Maria de Sacos ter custodiado esta belíssima ara romana, um exemplar que, com certeza, vai dar muito que falar. Obrigado.<b> </b></div>
<div style="padding-left: 60px; text-align: justify;">
<br /></div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-46795211226551383732019-10-28T17:47:00.000+00:002019-10-29T09:03:06.400+00:00nº 239 Por que ninguém fala de Daniel Sueiro?<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Para Alejo Amoedo,</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">com abraço fraterno.</span></div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No ano 17 publiquei um artigo sobre Daniel Sueiro e um conto seu baseado no surrealista prémio chamado o «duro avecrénico». Falo com muitas pessoas de grandes conhecimentos literários e, consequentemente, ampla cultura geral. Porem, apenas encontro a ninguém que conheça a obra deste fabuloso contista e romancistas corunhês. Com a feira montada arredor da exumação dos restos do ditador Francisco Franco achei que o seu nome estaria quotidianamente na boca de repórteres, tertulianos e demais agentes mediáticos, mas nem assim. Resulta incrível que com tanta exibição de citas, ditos e disques, ninguém –ou quando menos a mim não me chegou– lembrara a ampla bibliografia do Daniel, escrita quando não só se precisava para publicar dum editor com dinheiros, também era preciso muito valor, ou como diriam na altura aqueles hominhos de bigodinho e óculos escuros , «tenerlos bien puestos».</div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem, ainda que só seja para presumir de biblioteca coloco aqui alguns dos meus imprescindíveis sueiros.</div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVdVM0ML-AgNH-u4aQZ6Pr1rClRd3PPtJ1krRyIB5NfrrTpTs8jHrZxAi16XtQaVdtCQC8i0TNfEEft-653hpbpv6lkNAVQcU-e6egCrKXB2fon8UYhsOTRESnnYuhB55LN3aa3uVc45Gb/s1600/IMG_20191028_134014.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVdVM0ML-AgNH-u4aQZ6Pr1rClRd3PPtJ1krRyIB5NfrrTpTs8jHrZxAi16XtQaVdtCQC8i0TNfEEft-653hpbpv6lkNAVQcU-e6egCrKXB2fon8UYhsOTRESnnYuhB55LN3aa3uVc45Gb/s320/IMG_20191028_134014.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Os meus sueiros.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Sobre Franco, o Valle e o statu quo franquista.</b></div>
<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDLm3EkVJH2gZCadSGAX48gRM6j8LsuInZcojIpK0snCHA7y9-aHdyf7kAqQbeCQBl5-wkQeVFxzrKwtDdQmeBeKgWbAFHisd6G1xWg8uAE8rKvyBaj0_GujvO8br8DoQV41TJ7Ri-9dBI/s1600/IMG_20191028_134040.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDLm3EkVJH2gZCadSGAX48gRM6j8LsuInZcojIpK0snCHA7y9-aHdyf7kAqQbeCQBl5-wkQeVFxzrKwtDdQmeBeKgWbAFHisd6G1xWg8uAE8rKvyBaj0_GujvO8br8DoQV41TJ7Ri-9dBI/s320/IMG_20191028_134040.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>La verdadera historia del Valle de los Caidos. </i>Sedmay ed; Madrid, 1976</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Eis uma leitura imprescindível antes de falar sobre o que a construção do Valle supus de projecto magalômano, delírio de ditador complexado, cumplicidade da igreja... Tem a virtude, ademais, de ir colocando no seu sítio todas as lendas, rumores, diferentes opiniões sobre algumas boas coisas que teve a construção, como a remissão de dias de cárcere aos presos que lá "livremente" acudiram a trabalhar. O livro termina com o relato dum incidente que houve na basílica, quando um moço falangista chama de traidor a Franco e também do único atentado que na altura sofrera o monumento. Certamente, a última frase –lida na distância parece premonitória– da ultima página do livro de Sueiro foi tirada duma brochura distribuída pela Defensa Interior, grupo que reivindica o atentado: «Franco, ni en tu tumba te dejaremos descansar tranquilo». Quiçá, diria eu, porque a tumba onde o deitaram não era sua.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtr3HsQq-TbZ_44DxBNdvz5L4sSBwy4qsUQxidyKtBhMyqoGR5h34rnrS0elpn4sJlp29rlYag-ts1Z9i0-P2PPRG8JQ8i-mFiiTkGB9hsKWnkdMH54GvS-aYhOA0o55mQUQ1lbipY0eVn/s1600/IMG_20191028_134216.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtr3HsQq-TbZ_44DxBNdvz5L4sSBwy4qsUQxidyKtBhMyqoGR5h34rnrS0elpn4sJlp29rlYag-ts1Z9i0-P2PPRG8JQ8i-mFiiTkGB9hsKWnkdMH54GvS-aYhOA0o55mQUQ1lbipY0eVn/s320/IMG_20191028_134216.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
1ª ed.<i> História del Franquismo</i> Argos Vergara; Madrid 1978</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Os quatro tomos da História del Franquismo de Sueiro e Diaz Nosty deveram ser, na altura, um impacto para muitas pessoas que mesmo sendo antifranquistas, foram educadas no culto ao ditador, com todos os tópicos que dele se diziam. Nada mais contraditório que essa imagem do homem austero combinada com a do grande espoliador do património nacional. Espanha era sua, continente e contido. Imprescindível a este respeito o artigo titulado "El gran espólio":</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
«La orden creadora del Consejo de Administración del Patrimonio Nacional (4 de abril de 1942), organismo autónomo con plena personalidad jurídica dependiente directamente de la jefatura del Estado, insistía reiteradamente en las facultades personales y omnímodas del mismo Jefe del Estado, don Francisco Franco, sobre todos esos bienes. Este Patrimonio nacional, que se convertiría durante un tiempo en coto privado o feudal familiar de Franco y sus allegados, secular Patrimonio de la Corona con anterioridad, sólo muy pocos años había podido mantenerse como Patrimonio de la República». p. 225-226.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Que dom Francisco se conformava com pouca coisa para viver fica claro noutro parágrafo da <i>Historia do Franquismo</i>:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
«Uno de los bienes comunes –bien que adscrito al Patrimonio Nacional– más directa y personalmente puestos "al uso y servicio del Jefe del Estado" fue el Monte de El Pardo, un propiedad de diecisiete mil hectáreas que Franco convirtió en el más cerrado de sus cotos privados, después de que la República lo hubiera abierto, por el tiempo que pudo, al uso y disfrute del pueblo. no sólo estaba dedicada tan extensa finca a las diarias batidas cinegéticas de Franco y sus allegados o colaboradores más fieles –más de un centenar de puestos fijos de tiro quedaban allí a su muerte, amén de un Pabellón de Caza levantado en 1973 y que casi no llegó a estrenar–, sino que en sucesivas etapas fueron segregadas de ella enormes parcelas de terreno que iban a dedicarse a lujosa zona residencial de las clases dominantes y a instalaciones de lúdica expansión para las mismas».</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRLECa6kjctZbB6le30agaoEE0-PqhENKXJS0P_xJKi5CjNDes2cuBNWCeQ_669C-Tdn7SStwN6va_2sUXkdyJBHAnAhXxOXCKsxrhpqe1C8K0dmL8Y5S-ay-hD06UF-V1p9y8ZVmjwhML/s1600/IMG_20191028_134153.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRLECa6kjctZbB6le30agaoEE0-PqhENKXJS0P_xJKi5CjNDes2cuBNWCeQ_669C-Tdn7SStwN6va_2sUXkdyJBHAnAhXxOXCKsxrhpqe1C8K0dmL8Y5S-ay-hD06UF-V1p9y8ZVmjwhML/s320/IMG_20191028_134153.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>Estos son tus hermanos </i>Ed. Zero S.A.; Madrid, 1977</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Na página que normalmente ocupam as dedicatórias dos livros, uma nota informa ao leitor das vicissitudes do, na minha opinião, melhor romance de Sueiro:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
«Esta novela fue escrita en España en el año 1960. Se publicó en México, en Ediciones Era, en 1965. Y ahora [1977] aparece por vez primera en edición española».</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
É claro por que foi proibida uma obrinha que fala do regresso dum exilado à sua terra e da acolhida fria, quando não hostil, que recebe dos que aqui ficaram e usurparam os direitos dos vencidos. Na segunda edição espanhola de <i>Estos son tus hermanos</i>, o próprio Sueiro faz no prólogo uma acertada reflexão:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
«Pues bien: los censores, incluso los de más alto nivel ministerial –en la época en que el paternal consejo quiso enmascarar el "cerco por hambre" a que también quiso condenársenos–, me decían que esta novela atentaba contra la convivencia de los españoles. Tuvo que ser leída inicialmente por los propios exiliados, en Máxico; no eran ellos ni era yo los que atentábamos contra la convivencia nacional: ni ellos con su legítimo y largamente insatisfecho derecho de regresar a llas raíces, ni yo denunciando los hipócritas cuando no alevosos recibimientos que los paladines de la convivencia estaban dispuestos a dispensarles parapetados tras sus "bunkers", o el que podían darles esas otrs criaturas del egoísmo y el odio, también del temor, que cruzan por las páginas de sta historia sin que siquiera corresponda a su autor el mérito de haberlas inventado. Ni ningún otro, tal vez». p. 13</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
A história que se conta no romance é como a de tantos outros: Antonio Medina, um moço conquense de 23 anos, tem que exilar-se em 1939 a França. Em 1952 retorna a uma cidade que já apenas conhece, morando na casa do seu irmão Pascual. Em realidade, aquela casa era tão sua como de Antonio. Mas, chegou com ver o rótulo da loja que fundara seu pai, e com a que agora corria Pascual, para saber que as coisas mudaram. Quando ele teve de exilar-se o texto do rótulo dizía: Manuel Medina e <i>hijos</i>. Agora esse <i>hijos</i> perdera o <i>s</i> final.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Toda a novela é o relato da hipocrisia de Estado que vendeu uma abertura das fronteiras e ofereceu abrigo a todos aqueles exilados sem delitos de sangue. Uma imagem cara ao exterior de bondade e misericórdia, mas sem restituir direitos, nem voltar a muita gente o que de seu lhes pertencia.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Este diálogo descreve perfeitamente a política cosmética do Franquismo:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
«–Supongo que estará usted decidido a quedarse entre nosotros para siempre –dijo el policía, por último, mirándole con curiosidad.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Tampoco ahora respondió Antonio. Le contemplaba, a su vez, con la misma curiosidad, idéntico detenimiento.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
–No me fío de usted –le dijo al comisario, por fin.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
–La desconfianza es recíproca, querido amigo. Pero, de momento, yo no hago más que cumplir con mi deber, evitar que a usted le rompan los huesos. ¡Pues no íbamos a dar que hablar por ahí...! Figúrese.» p. 249</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGLwtYHq_vFiZYqYVvGEa8gO-7nEpRtNoi8oRzakIGJqf4CrICE9J3iJEvqWfP56LKcnPo6ytXwhAbLHeSoDKf1-FM_-1WIw3bTQRGJhWU3cyN269qDK1qi0ZxA8OU0bu4DR8p4Y-deNfV/s1600/IMG_20191028_172355_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGLwtYHq_vFiZYqYVvGEa8gO-7nEpRtNoi8oRzakIGJqf4CrICE9J3iJEvqWfP56LKcnPo6ytXwhAbLHeSoDKf1-FM_-1WIw3bTQRGJhWU3cyN269qDK1qi0ZxA8OU0bu4DR8p4Y-deNfV/s320/IMG_20191028_172355_1.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>Cuentos Completos</i>. Alianza Editorial; Madrid 1988</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Resulta fácil de dizer que Daniel Sueiro é, como escritor, um contador de histórias. A sua literatura era perigosa para o regime não pelo seu conteúdo político, filosófico, vermelho ou mason, era só por descrever uma realidade que todos conheciam, mas que não se atreviam a descrever. Mesmo nos livros históricos acima expostos, encontramos mais dados, citações ou trechos de entrevistas que a própria tese do autor, com todo o que isto nos diria da sua base ideológica.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Entre os seus contos há autênticas alfaias literárias, como o titulado <i>La carpa</i> que descreve as misérias dos cómicos da légua, seres de «caras pintadas, narices postizas, apolillados uniformes de santones y generales, billetes falsos, versos de Zorrilla, gritos, trampas, palabras, palabras, palabras...». p. 79</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
De todos eles, o que mais abalou a minha alma, ou o que seja que temos ai dentro para alertar-nos sobre o belo, foi <i>El regreso de Frank Loureiro</i>. Trata a história dum homem que retorna à sua terra desde Nova Iorque, lugar ao que emigrara por necessidades económicas. Saíra com 16 anos e tornava passados os 40 a um lugar que viveu esse trânsito lento da sociedade quase feudal das primeiras décadas, a um capitalismo atrofiado de metade de século. Mas Frank é um perdedor. Como lhe passara a Antonio, o protagonista de <i>Estos son tus hermanos</i>, aqui já ninguém aguardava por ele. Por isso foi um texto incómodo, porque no 1964, ano da sua publicação, a emigração era património do estado, uma magnífica maquina governamental para trocar pobres por divisas. Então, como agora, não é?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Da leitura de <i>El regreso de Frank Loureiro</i> saiu uma pequena partitura para piano que amavelmente foi interpretada pelo meu caro amigo Alejo Amoedo. Não é uma partitura excelente, mas acho que transmite com precisão o que o meu coração sentiu quando fiz a primeira leitura. Porque tenho a certeza de que todos os grandes contos têm a sua melodia. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="215" src="https://www.youtube.com/embed/8DaE6IzF2U4" width="460"></iframe></div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-30738883974248870512019-08-30T10:33:00.001+01:002020-01-15T12:56:23.974+00:00nº 238 Alcumes centenários de Rianxo .<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br />
Na postagem nº 236 mostrava uma fotografia dum coreto desenhado por Castelao. Essa imagem encontra-se no Arquivo do Museo de Pontevedra, numa pasta baixo o título genérico de <i>Ría de Arousa. Vocabulario e Folklore de pescadores.</i> D. Casto Sampedro contactou com pessoas de todos os concelhos do Barbança na procura de dados relacionados com a vida marinheira da nossa bisbarra. Um dos documentos mais curiosos contém uma relação de alcumes de Rianxo, supostamente os mais usados na altura, lá pelo 1915. O autor da coletânea foi o padre Valentim Losada, tio de Manuel Antonio. </div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
«Lista de apodos muy usados en Rianjo (La Coruña)</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">A.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
As de Cuerno, A Mentireira, A Saiñeira [de saim, gordura que deita a sardinha], As de Pelitón, Almirante, Aurejas, As de Pelengrín, A d'abuelo.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">B.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Babosa, Balila-na-pedra, Barbuda, Bechaco, Baila-baila, Boyana, Bajulla, Bajalona.<br />
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><b>C</b>.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Cacho, Coxico, Cú-de-pedra, Cú-de-ouro, Cú-de-lura, Cú-la-pau, Castelo, Careca, Cairompe, Conasio, Carabela, Carabelita, Caramelo, Caixón, Cacharula, Calzones, Colondro [cabaço], Castañola, Cuciñeiro, Caramuxo.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><b>Ch</b>.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Cheiriña, Chaveras, Chubasco, Chiplé, Choca, Chonfa.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><b>E</b>.</span><br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
Escuera.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">F.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Fariña, Facoca.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">G.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Gía.<br />
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">J.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Jolá, Joreta, Jaitiña.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">L.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Luis da Melra, Lirenta, Lemeña.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">M.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Maya, Masidrán, Morceja, Menoro, Mascata.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">O.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O'Urco, O Paneiro,<br />
<br />
<b><span style="font-size: large;">P.</span></b><br />
<br />
Peteira, Peteiruda, Pempeno, Peneireira, Parrulas, Pindonga, Patife, Pexeja.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">Q.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Quizá-zalga.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">R.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Recatorce, Roxa, Resquixa.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">S.</span></b><br />
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Sevilla, Sudre, Serodio.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">T.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Tetón,Tripa-montes.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">V.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Vizcaya, Velera.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">X.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Xan das Polas, Xan de Pingue.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">Z.</span></b><br />
<b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Zarical.»</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Seria interessante estudar a origem destas alcunhas, a sua supervivência no tempo, a transmissão por via paterna ou materna, etc. mas é tarefa para outro momento da minha vida ou melhor ainda, para outra pessoa. Em qualquer caso na leitura desta escolma há que ter em conta a linguagem marinheira, os localismos, o sesseio próprio desta fala, etc. <i>Colondro</i>, por exemplo, é o termo próprio de Rianxo para denominar ao colombro ou cabaço, na atualidade pouco ou nada usado pelas novas gerações. <i>Castanhola</i>, com certeza, faz referência a um peixe, não ao instrumento musical de percussão e <i>Quizá-zalga</i> parece mui apropriado para alguém ser muito chato com um zarabeto que teve a desgraça de nascer no paraíso das sibilantes.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Também neste arquivo do Museu de Pontevedra existem comentários dos colaboradores de Casto Sampedro sobre a origem dos alcumes dados aos habitantes das diferentes vilas da nossa comarca. Por exemplo, há diversas explicações de qual é a causa de os rianxeiros ser chamados de "mata a mosca na perna". Num dos papeis lê-se: «Rianjo. Mata a mosca na perna. Mosqueiros. Porque como solo se dedican a la pesca, cuando es escasa o no la hay, cosa mas frecuente de lo que conviene, se echan al sol y al picarles las moscas las matan con mucha habilidad».<br />
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Disto e do porquê aos de Rianxo também se lhes chama <i>Marra um</i>, fala numa carta de 1915 Manuel Rodríguez Insua:</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">«Rianjo. 22/X/1915</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Estimado D. Juan.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Recibí su apunte
por Bravo, al que contesto.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">El mote de “Marra
un” es muy antiquísimo y aplicaban ésto siempre que contaban
alguna cosa, por ejemplo; si contaban un ciento de sardinas y faltaba
una, en vez de decir falta una decían “marra unha” y siendo
jureles”marra un” (y aun hoy lo dice algun viejo). Lo del “mata
á mosca na perna” es de cuando están los pescadores en las playas
o (postas) esperando a que sea hora para largar el aparejo y unos
durmiendo, otros jugando la brisca y todos ellos con el pantalon
subido hasta la rodilla; viene la mosca y pica, y ellos van
levantando la mano poco á poco y la dejan caer de fuerza y matan la
mosca quedando muy conformes con haberla matado.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pero Dios libre a
cualquiera que le llamen a los marineros “marra un” que
seguidamente contestan “marra a p.t. que che pareu” y cuando le
dicen “mata a mosca na perna” contestan fillo de p.t. todo esto y
algo más y a veces en la mar cuando se juntan los de Villajuan y
Rianjo tienen ido a las manos. Del Chazo y Boiro, no se nada.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Recuerdos a su
señora de toda ésta familia, junto con las mias, y para U. el
aprecio de su affno. S. S.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Manuel
R. Insua.»</span></div>
<div align="right" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Para perceber bem a mensagem desta carta temos que desvendar a identidade dos nomes que aparecem na mesma. O antiquário pontevedrino D. Casto Sampedro, fundador da Sociedade Arqueológica e do museu da capital provincial, tinha como colaborador da zona de Rianxo –além do crego Valentín Losada– a Juan Goday Goday, dono da fábrica de conservas do Castillo. Este é o <b>D. Juan</b> a quem vai dirigida a missiva. A continuação aparece o nome de <b>Bravo</b>, que pelo contexto do conjunto documental penso que deve de ser Manuel Bravo Fernández, presidente da comissão de festas da guadalupe do 1916. Por último só resta falar do autor da carta. </div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Manuel Rodríguez Insua foi «carpinteiro, encargado da fábrica de conservas no "Castillo", da familia Goday, comerciante, propietario, recadador do imposto de Consumos, e concelleiro (cargo do que renuncia por enfermidade, en marzo de 1924)». <i>Rianxo na súa historia</i>, Comoxo, Xosé & Santos, Xesús.</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Em 1915 a fábrica já estava em franca decadência. Apenas uns anos depois, em 1918, começam a publicar-se anúncios com a intenção de a vender junto com as fincas anexas. </div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">«Venta de fincas de producción y recreo.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">FÁBRICAS. En la ría de Arosa, provincia de Coruña se vende una Fábrica de Salazón y edificios que fueron de Fábrica de Conservas y casa habitación, ocupando todas las edificaciones una superficie de unos 1500 metros cuadrados. Es la única Fábrica que existe en la localidad y alrededores reuniendo excelentes condiciones para trabajar.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">En la fábrica existen a la venta alguna maquinara y útiles de fabricación. </span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">FINCA DE RECREO. La huerta unida a la Fábrica, cerrada con altas murallas de piedra, tiene unos quince ferrados de sembradura, con árboles frutales y viña, su mejor producción; dada su inmejorable situación dominando desde ella toda la ría de Arosa, es de lo más hermoso como finca de recreo.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">para informes, dirigirse a D. Juan Goday Goday en Villagarcia de Arosa.» Diario de Pontevedra, 27 de dezembro de 1918.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Em 1923, os nomes do médico de origem catalão e o vizinho de Rianxo Manuel Rodríguez Insua aparecem juntos numa nova publicidade para a venta da fábrica que nos achega alguma informação mais de como eram as instalações:</div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">«En la ria de Arosa, Rianjo, se venden o alquilan: fábrica de salazón con casa de siete habitaciones y una gran galería y con edificios fueron para fábrica de conservas y huerta de unos quince ferrados, con agua potable, viñedo y árboles frutales en toda su producción, cerrada con altas murallas, hermosa situación, en el centro de la ría, para finca de recreo.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Para informes, en Rianjo, don Manuel Rodríguez Insua, en Villagarcía, don Juan Goday Goday». Galica: diario de Vigo. 7 de junho de 1923.</span></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Em 1928 morria em Vila Garcia Juan Goday Goday e Manuel Rodríguez em 1934. Afortunadamente, a morte do velho encarregado da fábrica do Castillo evitou-lhe ver como os assassinos do seu filho, Manuel Rodríguez Castelao e do seu filhastro, José Losada Castelao, «os Insua», utilizavam o velho terreno dos Goday, –na altura já dos Baltar– como campo de concentração e que até o próprio General Mola assenhoreara lá como amo do <i>Castillo</i>. Como diria Castelao, cousas da vida!<br />
<br />
P.S. O Manuel Rodriguez Insua mostra uma magnífica caligrafia escolar na sua carta enviada a Juan Goday. O texto não é só esmerado no estilo caligráfico senão mesmo na ortografia e regras de pontuação. Fiquem estas imagens como exemplo.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN1MzvxWFGmuHKxqNcza9CQqrzK7v5XxI6NCUaSxQ1Yr006Hdb70MNxyNxMBMvHHYaTFxbF8IFBwbLUWfQfykhPf5yu_pKEjG9W7IZ4-loeGBlUtShZCRnJWa2RdgIXpsFW_2BIb4rr_JA/s1600/fragmento+carta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="562" data-original-width="1600" height="112" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN1MzvxWFGmuHKxqNcza9CQqrzK7v5XxI6NCUaSxQ1Yr006Hdb70MNxyNxMBMvHHYaTFxbF8IFBwbLUWfQfykhPf5yu_pKEjG9W7IZ4-loeGBlUtShZCRnJWa2RdgIXpsFW_2BIb4rr_JA/s320/fragmento+carta.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Cabeçalho da carta de Manuel R. Insua a Juan [Goday]</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Museo de Pontevedra-</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXFW4wrolQ-s8vGAZGuP1gkRtUlYPdNQvvQUr07IorLOQ6awyd7obmvJ6EPvMmwxJ49eEoWKcdTPfx8F_1jd87OditaF11nad2OoigTuTRl7u0P4Xcx_KU40XHLWy9qfn0k7efJrWBAdi5/s1600/assinatura+manuel+rodr%25C3%25ADguez+insua.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="307" data-original-width="1600" height="61" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXFW4wrolQ-s8vGAZGuP1gkRtUlYPdNQvvQUr07IorLOQ6awyd7obmvJ6EPvMmwxJ49eEoWKcdTPfx8F_1jd87OditaF11nad2OoigTuTRl7u0P4Xcx_KU40XHLWy9qfn0k7efJrWBAdi5/s320/assinatura+manuel+rodr%25C3%25ADguez+insua.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Assinatura de Manuel R.[Rodríguez] Insua</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Museo de Pontevedra.</div>
<br />
<br /></div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-17700869168156219652019-08-12T20:33:00.002+01:002019-08-12T20:38:54.355+01:00nº 237 Declaración de Peritos. O Castelo da Lua em 1722.<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 11 de maio de 1722 morria D. Martín Domingo de Guzmán y Niño, quarto Marquês de Montealegre. Apenas uns meses depois, seu filho, Sebastián de Guzmán y Espinola Enríquez de Mógica y Porres, marquês de Montealegre e Quintana del Marco e conde de Castronuevo, contratava a dois pedreiros e um carpinteiro para que lhe <i>taxassem e moderassem</i> seu castelo e fortaleça de Rianxo, hoje conhecida como o <i>Castelo da Lua</i>. </div>
<div style="text-align: justify;">
Os peritos declararam diante do escrivão Joseph Benito de Torres Figueroa Villardefrancos, de apelidos idênticos a Dª Maria de Torres Figueroa y Villardefrancos, casada com Pedro Torrado Mariño Romay y Caamaño, senhor da casa de Abanqueiro. </div>
<div style="text-align: justify;">
Os dados que se achegam neste pequeno relatório parecem-me de grande interesse por serem uma instantânea da fortaleça num momento preciso, o vinte e nove de novembro de 1722. Além, fala de edificações singulares, como a capela, das que nunca antes tinha ouvido falar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Sobre o documento:</b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O texto elaborado pelo escrivão de Torres Figueroa tem algumas características que podem complicar um bocado a sua transcrição moderna. Alem do uso da abreviaturas acostumadas na época e doutras elaboradas ad hoc, comete faltas de ortografia que parecem pouco habituais mesmo para os anos em que foi escrito. Estamos na etapa final do barroco e não será até 1742 que a R.A.E. publique a sua primeira ortografia. Algumas características próprias da <i>Declaración de peritos</i> são as seguintes:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
-Como bom vizinho da ria de Arousa, não diferencia entre os fonemas <span style="background-color: white; color: #222222; font-family: sans-serif; font-size: 14px;">/s/</span> e <span style="background-color: white; color: #222222; font-family: sans-serif; font-size: 14px;">/θ/ </span>transcrevendo sempre com a grafia s ou ç. </div>
<div style="text-align: justify;">
-Uso do digrafo tt para o son /t/.</div>
<div style="text-align: justify;">
-Uso constante e sem qualquer regra de vírgulas e, sobre tudo, pontos.</div>
<div style="text-align: justify;">
-Uso da letra r para o som /rr/.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A minha única motivação à hora de transcrever um documento é a curiosidade intelectual. Do que mais gosto é do processo, de ir descobrindo o que os protagonistas do documento nos quiseram transmitir. A presente transcrição foi elaborada sobre o escaneado feito pelos técnicos do Museo de Pontevedra e encarecidamente recomendo que antes de utilizar qualquer parágrafo da mesma se contraste com a fonte original.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><b><i>Posesión do castelo de Rianxo por Sebastián de Guzmán Espinola e o seu fillo (1722).</i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Declaración
de peritos=</span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div align="justify" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">En
la Villa de Rianjo. A veinte y nuebe días de el mes de noviembre del
mill setezientos y veinte y dos años. Antonio de Bar[r]os y Pedro
Nuñes. Maestros de canteria y Pedro García. Maestro de
Carpintteria; Ante su mr<sup>d </sup>p [muy reverendo padre] Fernando
Troncoso; rexidor susodicho y a presencia de mi escribano dieron la
declaración siguientte= Primeramente declararon que aviendo
reconocido la entrada prinsipal. de el Castillo de Rianjo allaron que
tiene; una fortaleza raça. con unos parapetos. al sircuyto. para
Abrigo y anparo de soldados; la qual se alla. entteramente
ar[r]uynada con diferenttes quiebras: en mucha partte rasa. asta los
simentos y lo que se mantiene en pie todo. ar[r]uynado. con. mucha
faltta de matteriales; y aviendola medido allaron que por la parte de
el medio dia y fonttera prinsipal; tiene quarentta y una baras.
Castellanas; de alto, seis; y de grueso. tres; y el Angulo. que esta
a la parte del poniente y pegado a la mar; veinte y ttres baras, del
largo; seis de alto, y dos y quarentta de grueso; y por lo que dicho
lleban. aviendo tamvien reconosido el angulo que cor[r]esponde al
nordeste; pegado tanvien con la mar; que tiene de largo. dies y seis
baras; y de grueso; tres; tassan y moderan los reparos de todo ello;
en catorce. mill. siette. sienttos. y sesentta reales de vellon= y
aviendo reconosido la fortaleza prinsipal dentro de que se alla. Una
torre fuerte. según la rodea. al sircuyto; y tiene, de largo.
Sientto y veinte y ttres baras. y un pie; y de grueso. seis pies; la
qual se alla firme y segura; y solo. le falta el antepecho al
sircuyto; para cubrirse. los soldados; tasan y moderan. sus reparos;
en siete mill. y Dusientos reales= y aviendo. Reconosido. la muralla
exterior que sircunda la referida fortaleça. en medio de que ay una
comunycacyon, mas capaz con unas partes que por otras; y tiene. su
escarpe; por la parte. exterior que dice. a la mar; con sus troneras,
para Artilleria. y otras para fusileria; y a la parte de nortte; una
puerta falsa que sale. a la mar; y en frente de ella. otra que pasa.
A la fortaleça. prinsipal, por la plaça de Armas; y en dicha
puerta. de la mar, se alla. un Castillete. ar[r]uynado. todo.
Juntamente. el antepecho de otra muralla que se alla. encastrada de
dicho castillete; y enfente. de la torre principal; segun tiene de
grueso. dos. baras. y medio tassan. el redifisio. y reparos de sus
ruynas; en seys. mill. y quinientos reales= y aviendo. Reconosido. la
torre principal de la qual. solo se alla. un lienço seguro; y los
tres. ar[r]uynados; cuyo grueso hes de tres baras; y tiene de gueco
[hueco?] seis; y un quarto que se alla pegado a ella. del mesmo
grueso. de trese pies. y medio. en quadrado, con otra figura pegada a
el; que tiene de largo, treinta y seis. pies. y de ancho doze; que
con el grueso de las paredes. por todas parttes. Indica. Aver sido.
calaboso= y otro quartto y o pieça que tiene veintte y ocho pies. y
medio de largo; y quinçe. de Ancho. que indica aver sido. capilla= y
un horno que indica. aver estado cubierto; cuyas pieças. se allan
dentro de la plaça. de harmas. y considerando. sus quiebras, ruinas
y falta de materiales; tasan y moderan sus reparos; incluso. los de
dicha tor[r]e; perfexsionandolo. todo a lo llano; en Diez y siette
mill seis sientos. y ochentta reales; A toda costa; y llave. en mano;
cuya partida. junta; con las anttes [?] ymporta; quarenta y seis mill;
sientto. y quarenta. reales teniendo consideración. A aver en çer.
mucha piedra. de las ruynas= y dicha tasa. y reparación. la hacen.
devajo del juramento que fecho tienen, conformandose con sus
intelixencias y todo ello. Llave. en mano= ansi lo declararon.
firmola dicho Antonio de bar[r]os. no lo ysieron los demas por no
saver; y solo su muy reverendo ante mi escribano que de todo ello doi
fee.</span><br />
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Fernando Troncoso. Antonio de Barros.</span><br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Ante mi</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">Joseph Benito de Torres Figueroa.</span></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>O plano de Enrique Castillo.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Duzentos anos depois da redacção da <i>Declaración de peritos</i> solicitado pelo Marquês de Montealegre, o projectista de obras públicas Enrique Castillo Basoa (Comillas, Santander, 1860; Corunha,1924) desenhou um plano com o lugar exacto onde se encontra o castelo. Encontrei-me com este documento –uma folha impressa de tamanho aprox. A5– por casualidade, entre os papeis de Pilar Castillo, pianista e filha do autor do mapa, sem qualquer indicação de onde foi publicado, se é que o foi, nem quando. Em qualquer caso podemos data-lo nas primeiras décadas do século vinte, antes de 1924, ano da morte do autor. Enrique Castillo fazia estes planos e mapas por encomenda de diferentes organismos como o Concelho da Coruña, a Deputação, a Real Academia da Lingua Galega... e até para a enciclopédia Espasa. Descobrir a que volume pertence esta impressão resulta verdadeiramente complexo. Em qualquer caso, na nota a pé de página le-mos que «el círculo negro indica el emplazamiento que tuvo el castillo» pelo que parece que o desenho complementa um artigo onde se cita a fortaleça rianxeira.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk9fcU2L1pfOzAjZtM5BEo46DnTaQbSP8moyU4rIHSFD6NaOiUrFu6g535BVJfJCqgw3sEe3qE0mGmj1JUKSKX1yNwkvE7p8C14VRzgY06Tajgyzc3JcWA_RZcpHzCId9MS7sa4ytd-tfQ/s1600/C_245_47_001.tif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1143" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk9fcU2L1pfOzAjZtM5BEo46DnTaQbSP8moyU4rIHSFD6NaOiUrFu6g535BVJfJCqgw3sEe3qE0mGmj1JUKSKX1yNwkvE7p8C14VRzgY06Tajgyzc3JcWA_RZcpHzCId9MS7sa4ytd-tfQ/s320/C_245_47_001.tif" width="228" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Arquivo da Real Academia da Língua Galega.</span></div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-45025240302205188282019-08-08T21:09:00.001+01:002019-08-08T21:10:29.168+01:00nº 236 O coreto da música de Castelao.<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: center;">
<h2>
<i>+</i></h2>
</div>
<div style="text-align: center;">
<i style="text-align: justify;">Sr. D. Casto Sampedro:</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Mi querido y respetable amigo: Su carta del 21 pasado, está caústica, pero justificada. Me gusta mucho cantar el <u>mea culpa</u> cuando se debe. sin embargo (siempre la rebaja) crea V. que también mi deseo de complacerle, han tenido que sufrir bastante por causa de <u>tercero</u>. Quiebras de no poder <u>todos todo</u>, como diría el P. Remigio Vilariño.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Hoy (antes no me atreví) le envio mi saludo por año nuevo y deseo que Dios se lo conceda (y me alegraré lo mismo del cacho que ya hemos despachado) con las mayores ganas y satisfaciones de espiritu y de cuerpo.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Y te envío mas fotografías que me manda un amigo mío, a quien había yo confiado su encargo de V. y al que solo la cartita levantó ampollas y obligó a moverse. Eso es, como el dice, complacer a V. a medias, ligero lo haré completamente, para hacer buena la frase de "vale mas tarde que nunca".</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Hoy mismo le escribo a ese chico de Rianjo para que complete pronto el encargo. Yo haré que me amplien aqui las fotografias de los escudos, pues tengo quien me lo haga, con gusto y pronto.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Para disculparme algo también yo, le envío la carta de mi amigo de Rianjo. y hasta que vuelva de concurso, al que iré para el 15 y 16 de febrero, Dios mediante, no le contesto, sobre si hay algo en este archivo referente a gremios marineros. Lo haré entonces, lo mas presto posible <u>también</u> para desabraviarle.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Salúdale afestuosamente su afectísimo seguro servidor amº (amigo) y Cap. (capelão?) Valentín Losada.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Cangas. 24 de Enero de 1916.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O padre Valentín Losada é homem bem conhecido pelos afeiçoados a história rianxeira, entre outras coisas, por ser curmão de José Sánchez Vázquez, Chantre da Colegiada de Íria; sobrinho do bispo auxiliar Araújo Silva e, sobre tudo, por ser tio do poeta Manuel António. Além disso, tem uma rua em Cangas onde exerceu o curato algo mais de trinta anos. Porém, a relação entre o antiquário pontevedrino Casto Sampedro e o padre Valentín deve proceder de quando este último esteve destinado na cidade do Leres. Em 1899, com apenas 25 anos, é nomeado professor de Religião nas Escolas Normais de Ponte Vedra. Até 1905, que parte com destino a Cangas, vai acumular um longo currículo exercendo de capelão e professor de Religião e Moral do Instituto, coadjutor de São Bartolomé, Senhor Capelão da Adoração Nocturna e Ecônomo de Louriçã. </div>
<div style="text-align: justify;">
A carta que acima transcrevo pertence a uma série epistolar entre duas pessoas que embora sendo amigos utilizam tratamento de respeito. Há que lembrar que ainda que ambos morreram em 1937, Casto Sampedro era vinte e cinco anos maior que o padre Valentín. O tom de desculpa da missiva remete a uma anterior na que o velho antiquário deveu mostrar todo o seu mau humor até ser apelidado pelo seu interlocutor de «caustico». O certo é que esta pequena carta achega-nos informações interessantes que me invitam a fazer algumas reflexões sobre os sujeitos que as escreveram:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1º Casto Sampedro e Folgar (Redondela, 1848; Ponte Vedra, 1937) foi o mais grande investigador galego da sua época em temas relacionados com o folclore –nomeadamente musical– e arqueológico. Não foi um investigador exclusivamente de gabinete, mas desde a sua oficina foi quem de tecer uma rede de informadores por toda a Galiza digna dum James Frazer e o seu <i>Ramo de Ouro</i>. Hoje, como demonstrou Xavier Groba, esta correspondência é fundamental para conhecer a atividade da <i>comunidade científica</i> criada na altura fora dos âmbitos estritamente académicos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2º Nesta carta, assim como noutras das publicadas pelo professor Groba, a <i>auctoritas</i> de Casto Sampedro resulta mais que evidente. Tanto tem se está a pedir um favor ou a quem lho está a pedir –neste caso um crego–; se o que prometes não o dás em tempo e hora a reprimenda vai ser brutal. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
3º Na carta há algum dato mais que nos permite moldurar a figura de Valentín Losada. Aparece, por exemplo, uma citação a Remigio Vilariño Ugarte (Gernika, 1 de outubro de 1865 - Bilbao, 16 de abril de 1939) jesuíta ultracatólico e ultraconservador. Sabendo da posterior adesão do Padre Valentín ao levantamento militar, esta citação não espanta. Também conta na carta que os dias 15 e 16 de fevereiro assistirá a um concurso. Trata-se, não se levem a engano, do Concurso Geral a Curatos celebrado nesses dias em Compostela. É de supor que ele foi em qualidade de membro do tribunal examinador.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o aspeto que me parece mais interessante reside no motivo principal pelo que Casto Sampedro pede a ajuda do rianxeiro Valentín Losada. O diretor da sociedade arqueológica está a recolher informação sobre o folclore dos mareantes nas Rias Baixas pelo que o padre pode enviar-lhe coisas tanto de Rianxo, onde nasceu, como de Cangas, onde exerce de crego. Também estava interessado pelos escudos, lavras que na vila de Castelao se contam por dúzias. Entre o material que lhe envia há uma coletânea de fotografias, a maioria muito parecidas as que já conhecemos e estão penduradas das paredes da Casa Museo de Manuel Antonio. O autor das fotos penso que pôde ser José Barreiro que em 1912 publica em Vida Gallega, nº 35, uma reportagem fotográfica sobre a vila rianxeira. </div>
<div style="text-align: justify;">
Entre o pequeno grupo de fotografias há uma que centrou imediatamente a minha atenção. Trata-se duma instantânea dum coreto ou palco da música portátil, rodeado de multitude de gente que escuta o concerto duma banda de música. Esta é a imagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxkXUwf0exsMTHuQ0kICt5b8p4opw75EH-N8oArojxlAozoihqwVvAQPOwxtGAJsmpEFPKGbuW-snBUFSuuH9zOHd48SmOajvHxcAG-8yPufFfb8nKAU_KdRPxDMkfibgsr5TI3aRwaFVu/s1600/coreto+rianxo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="461" data-original-width="635" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxkXUwf0exsMTHuQ0kICt5b8p4opw75EH-N8oArojxlAozoihqwVvAQPOwxtGAJsmpEFPKGbuW-snBUFSuuH9zOHd48SmOajvHxcAG-8yPufFfb8nKAU_KdRPxDMkfibgsr5TI3aRwaFVu/s400/coreto+rianxo.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Museo de Pontevedra</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Fundo Casto Sampedro</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No avesso da fotografia aparece a lápis uma breve descrição do documento: «Rianjo. Romeria de Guadalupe. (Momento en que el público escucha á la Banda Municipal de Música de Santiago».</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não há dúvida que se trata do Campo de Abaixo, numa fotografia tirada possivelmente desde a farmácia de Seco, atual Museo do Mar. Sabemos pela carta do padre Valentín que a instantânea tem de ser anterior a 1916. Por tanto, só fica saber quando foi que a Banda Municipal de Santiago tocou nas festas da Guadalupe e isto aconteceu na convocatória de 1913.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No <i>Barbeiro Municipal</i> do 6 de agosto, comunica-se o nome do presidente da comissão de festas, D. Manuel Bravo Fernández, e a boa notícia de que o consistório vai achegar 100 pts para sufragar os gastos orçamentados. Assim na <i>Gaceta de Galicia </i>em 4 de setembro sai o anúncio de que: «para las fiestas de Guadalupe que habrá en Rianjo, los días 13 y 14 ha sido contratada la música municipal de Santiago». O capital achegado pelo concelho era insuficiente para contratar à banda da capital da Galiza, já que segundo tarifas publicadas pela professora Beatriz Cancela Montes, por cada dia de saída fora de Compostela a agrupação cobrava 250 pts, mais gastos de transporte, manutenção e alojamento. Fará falta a ajuda generosa dos vizinhos e, sobre tudo, dos industriais, para chegar a esse capital, uma porção importante do gasto total dos três dias de festa de 1913.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se resulta maravilhoso encontrar-se com uma imagem dum coreto no Rianxo da <i>Belle Epoque</i>, ainda mais o é depois de ler o seguinte comentário aparecido no Barbeiro Municipal: «En las fiestas de Guadalupe levantarase un artístico palco para la música en la parte más amplia del paseo de la Alameda, que será ornamentado por nuestro gran Castelao con su innegable pericia y primorosa originalidad». 06/09/1913</div>
<div style="text-align: justify;">
Não é a única vez que Castelao colaborou com as festas da virgem rianxeira. Anos antes, como é sabido, construíra o famoso cabeçudo que deu lugar ao conto <i>Peito de Lobo</i>. Ao ver em detalhe a imagem do coreto podemos assinalar três elementos básicos na decoração: grinaldas de flores, tabuleiros quadrados com o escudo de Rianxo e umas grandes cabeças de leão de cujas boca saem os motivos vegetais. Foram estas cabeças obra de Castelao? Pois resulta difícil de saber, mas ao engrandecer a imagem apreciam-se partes descascadas, como se se trata-se de material reutilizado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDGgSAWN-sp95-IFYgtBIStZ_CdT4WOWWBRrHtFDnQM66Ri6pmM6JH_vWJyfxZf37o6KjpqHdMwCZk1P1NdHO5BmBw0NHDtGMfEWKd9dT-0i4VQLPo7XLz-DwlJZeagOJp3H00-zVAyUFK/s1600/careta+leon.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="453" data-original-width="286" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDGgSAWN-sp95-IFYgtBIStZ_CdT4WOWWBRrHtFDnQM66Ri6pmM6JH_vWJyfxZf37o6KjpqHdMwCZk1P1NdHO5BmBw0NHDtGMfEWKd9dT-0i4VQLPo7XLz-DwlJZeagOJp3H00-zVAyUFK/s320/careta+leon.jpg" width="202" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Sobre a cabeça dos músicos há um volumoso farol de gás ou querosene, já que ainda tardaria uns anos em chegar a corrente elétrica a Rianxo. A minha ignorância a respeito destas luminárias é total mas tem certo parecido com lâmpadas penduradas marinheiras, das que eram habituais nos cais ou no interior dos barcos.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5b6SyrNexFMUvgYsTcsTKAjYGr_tERC__UV2fqrf8k8ysadVSPRVyu0TD_hvbKkudNn0SGYyWXaP6z6tpKtBIKbrQ1kVDepnqfW11SXKOKF08eFKSxe2Q8lkOJzO7t2gXEBPiPvWNJjiJ/s1600/lampada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="504" data-original-width="219" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5b6SyrNexFMUvgYsTcsTKAjYGr_tERC__UV2fqrf8k8ysadVSPRVyu0TD_hvbKkudNn0SGYyWXaP6z6tpKtBIKbrQ1kVDepnqfW11SXKOKF08eFKSxe2Q8lkOJzO7t2gXEBPiPvWNJjiJ/s320/lampada.jpg" width="139" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O concerto da Banda parece que foi um acontecimento tão extraordinário na vila que fixo pequenas as seguintes edições da festa rianxeira. A frente da agrupação musical vinha Francisco Martínez, músico que, por essas casualidades que sempre se encadeiam, Castelao caricaturou duas vezes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPkkYuNNz5HsrUiMhIR6tC2rOe9m-anAe9RAymoeCgmmOAD6Z4DbxHjAzhFCaiQmzinaFbrFTYt7udMy5fNyFoizmHdlYnHvjFcyq8nrGhDdYMy9OKcByLrw14UGSkvC6NB6emBdj2Oz_c/s1600/Alfonso-CASTELAO-francisco-martinez-musico-1500303998.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="535" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPkkYuNNz5HsrUiMhIR6tC2rOe9m-anAe9RAymoeCgmmOAD6Z4DbxHjAzhFCaiQmzinaFbrFTYt7udMy5fNyFoizmHdlYnHvjFcyq8nrGhDdYMy9OKcByLrw14UGSkvC6NB6emBdj2Oz_c/s320/Alfonso-CASTELAO-francisco-martinez-musico-1500303998.jpg" width="214" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Col. part.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<b>Apêndice:</b></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Rianxo conta com um património material de grande valor histórico, etnográfico, artístico... Entre as edificações singulares vamo-nos encontrar com dois coretos ou palcos da música, cenário das velhas festas populares e hoje, infelizmente, quase restos arqueológicos.<br />
<br />
1º Paróquia de Assados, ao pé da capela de Santa Lúcia.<br />
Medidas:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieYJMHXlzdFSCk6uzB39D55Fdtds3i3UDf6CHlc_0G16LFKrRGR6sZxpJR60Oi2Mljtv4l1rO-skvjn2zVstWKmIkP6Eidw0otNzlJIfRoIMYS879fltj7PRg4DzwxzZWuusZurnPInthm/s1600/Assados.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="892" data-original-width="860" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieYJMHXlzdFSCk6uzB39D55Fdtds3i3UDf6CHlc_0G16LFKrRGR6sZxpJR60Oi2Mljtv4l1rO-skvjn2zVstWKmIkP6Eidw0otNzlJIfRoIMYS879fltj7PRg4DzwxzZWuusZurnPInthm/s320/Assados.jpg" width="308" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Superfície da cena.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvIbT8wQDkQMuOKALTNU-C0y55yi-QNlpPez3CdHfVtW0faSRTRznJ8IjXEq3_2Wdjo7zCCg2z0Vrl6I-7oZOLtjwJAoyOUcyo3amP1rttuZlqJTygsL2tXLAv_KirD8Je9bw0686iLuqP/s1600/Documento-1-p%25C3%25A1gina001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="1135" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvIbT8wQDkQMuOKALTNU-C0y55yi-QNlpPez3CdHfVtW0faSRTRznJ8IjXEq3_2Wdjo7zCCg2z0Vrl6I-7oZOLtjwJAoyOUcyo3amP1rttuZlqJTygsL2tXLAv_KirD8Je9bw0686iLuqP/s320/Documento-1-p%25C3%25A1gina001.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Base.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
2º Paroquia de Isorna. Quintães.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH95Cgzsc2K06tfFyVObQmPg7Fm_nmRKP5Ep9OXAHS4LWDc6nmCvXG2HOZ0vMGzaFJqObRfymbzVosJP3DQZ9cKxE3La44q13P-dyTuxJJJYln_l6QGo0r9WAU3f4xD_B6r3omlSefcM9M/s1600/Quint%25C3%25A3es.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="827" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH95Cgzsc2K06tfFyVObQmPg7Fm_nmRKP5Ep9OXAHS4LWDc6nmCvXG2HOZ0vMGzaFJqObRfymbzVosJP3DQZ9cKxE3La44q13P-dyTuxJJJYln_l6QGo0r9WAU3f4xD_B6r3omlSefcM9M/s320/Quint%25C3%25A3es.jpg" width="310" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Superfície da cena.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLAqACQ6hBluKuuZKthlzKiu7Yy6SUnE5vlUG1L0N3SLbENNqS45cSihaRel4EsE-21dozjT4ZJNm2TrcC954E2UCQXauJlRjMaGl-CnrnxM-ZJdL6yF6JDUugOfsHh6MAnXJLqmd2l1kQ/s1600/Documento-1-p%25C3%25A1gina001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="840" data-original-width="1142" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLAqACQ6hBluKuuZKthlzKiu7Yy6SUnE5vlUG1L0N3SLbENNqS45cSihaRel4EsE-21dozjT4ZJNm2TrcC954E2UCQXauJlRjMaGl-CnrnxM-ZJdL6yF6JDUugOfsHh6MAnXJLqmd2l1kQ/s320/Documento-1-p%25C3%25A1gina001.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Base.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Se comparamos os coretos de Assados e Quintães vemos como ambas têm uma base octogonal, com umas dimensões muito parecidas e quase idênticas nas suas proporções. A relação entre o diâmetro da cena e um lado do octógono são nos dois casos de +- 2,6 e entre a altura da base e o largo dum dos lados +- 1,5. As paredes eram de madeira e tenho a impressão que o chão original também. Na atualidade, a superfície da cena foi preenchida com cimento alterando como seria esta nos tempos em que os coretos estavam em uso. Contudo, no de Quintães aprecia-se perfeitamente o sistema de ancoragem das tábuas de madeira à base para sujeitar as paredes do cenário. Em cada ângulo do octógono há um quadrado escavado para colocar um travesseiro. A poucos centímetro do buraco sai da pedra um ferro tal vez para ajustar e impedir que o madeiro se mova. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQBzkLhLaChyphenhyphenjOjVMsdVb5Ljo6_R5lP4D8dMisfYojlv53wD0FmzW061y9a8lv84_4pUyQymFOb7Ya51afqLiFJZdS3DqnHcKtS-3nN2txc_HFUeW4a3OJdtcVf9awa2kOWDoedSMbg7s1/s1600/IMG_20190805_192046.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQBzkLhLaChyphenhyphenjOjVMsdVb5Ljo6_R5lP4D8dMisfYojlv53wD0FmzW061y9a8lv84_4pUyQymFOb7Ya51afqLiFJZdS3DqnHcKtS-3nN2txc_HFUeW4a3OJdtcVf9awa2kOWDoedSMbg7s1/s320/IMG_20190805_192046.jpg" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Os coretos acostumam a ser colocados em praças e alamedas, em lugares que permitem a visão panóptica dos espetadores, sem edifícios encostados que dificultem a livre contemplação dos músicos sobre o cenário. Teria sido natural que a alameda de Rianxo contara com um coreto de obra, dada a tradição bandística da vila. Mas não foi assim, e isto faz-me perguntar o porquê sim os há noutras paróquias do concelho. Assados tem uma grande tradição musical, com bandas civis desde épocas em que os palcos da música estavam no seu apogeu. Aliás, neste caso, o coreto está no adro anexo à capela de Santa Lúzia, lugar de celebração de romaria e feira de gado. Tem uma localização lógica e parece natural que em dito lugar alguém decidira construir um palco para a banda. O caso de Quintães é muito mais esquisito. Se já este lugar está um bocado afastado do resto dos lugares da paróquia de Isorna, resulta que a eira onde se colocou o coreto está também afastado do núcleo principal de povoação de Quintães. Na imagem aérea de googel maps pode-se ver o lugar nada acostumado onde se localiza o coreto.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKfn9IJF6wDBVTp_lwXYJf0RyRHgf-b8H_vh5F5B0EnS5ihQbRLUrAIhnYR4Bu-ubSCwpqzMwdiUOYkeXX9MTkAQ9i5g1InDNaPmKtzrRXFGrlerTlFBv-CbEaTDYzGxVXA5r07Ed4J_8y/s1600/mapa+quintas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="586" data-original-width="537" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKfn9IJF6wDBVTp_lwXYJf0RyRHgf-b8H_vh5F5B0EnS5ihQbRLUrAIhnYR4Bu-ubSCwpqzMwdiUOYkeXX9MTkAQ9i5g1InDNaPmKtzrRXFGrlerTlFBv-CbEaTDYzGxVXA5r07Ed4J_8y/s320/mapa+quintas.jpg" width="293" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">O ponto vermelho indica o lugar exato.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSe9Q44pV46RWMHDtSXVgr3cySOfoAgOEF3bdKi_1BxxEXuwhPVcI552i3bfJs-fTv1vb_oYUrXF1ml6aEBprIXO0lcP3SW_D9Jl3ygyM7ydI7pe0mmqFNC2Yt3RPP-1i8FKN2g0J_RD4Z/s1600/mapa+quintas+recorte.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="581" data-original-width="726" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSe9Q44pV46RWMHDtSXVgr3cySOfoAgOEF3bdKi_1BxxEXuwhPVcI552i3bfJs-fTv1vb_oYUrXF1ml6aEBprIXO0lcP3SW_D9Jl3ygyM7ydI7pe0mmqFNC2Yt3RPP-1i8FKN2g0J_RD4Z/s320/mapa+quintas+recorte.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Por último, cabe perguntar que futuro lhes aguarda aos coretos de Rianxo. O de Asados está no médio duma alameda, ao pé da igreja e dum parque para crianças. O de Quintães está sozinho, no médio duma eira que sempre que visitei estava sem gente. Com o passo do tempo e a sua total perda de funcionalidade, que fazer com essas edificações? A cantaria de ambos os dois coretos está em perfeitas condições, só o de Quintães sofreu um destroço num dos seus cantos. As pedras ainda estão lá, no lugar mesmo onde cairão. Entendo que administrativamente este tipo de edificações contam com algum tipo de proteção, mas, em qualquer caso, resulta difícil entender e explicar que o que hoje guardamos é uma simples base octogonal. E ainda bem!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLrY-w0DRfMLjcgjxpX8CrMCIdPn_LR7d4bGVaO_gTzsfsMHFP8JiggpI72bFDJfmL-wAZpLrV9cgKdPOvS4rxtrOcof0e66-jb62kXJOvC0CqYRH-iokoj_GOHRG890X99NrX_A0HR6yR/s320/IMG_20190805_192452.jpg" width="240" /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small; text-align: center;"> Canto da base danado.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Os palcos de música têm a sua origem ligada à democratização da música. As grandes músicas saem dos teatros para espaços abertos de entrada livre e gratuita. Num destes palcos, nas primeiras décadas do s. XX, um rianxeiro podia escutar adaptações de óperas de Verdi ou Wagner, zarzuelas de Chapí ou Amadeo Vives, passodobres de Soutullo ou Cambeses e até o mais atual cuplé da Meller. Agora, o número de músicos, as necessidades técnicas, o volume dos instrumentos daquela inexistentes, levaram as bandas a preferir cenários à italiana e só nos grandes coretos das capitais é que podemos, de quando em vez, assistir a um concerto de quiosque e alameda. Tal vez estou saudoso de mais, mas ainda tenho a esperança de que algum dia atualizemos estes espaços para dar-lhe uma nova vida musical. Que assim seja!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Bibliografia:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Cancela Montes, Beatriz <i>La Banda Municipal de Santiago </i>Santiago de Compostela; Andavira. 2016</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Groba González, Xavier [<i><a href="https://minerva.usc.es/xmlui/handle/10347/3621" target="_blank">Tese de doutoramento</a></i>]</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
**--**</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
**</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-90117657917685663092019-07-29T19:42:00.000+01:002019-07-29T19:42:33.966+01:00nº 235 Os Cantores del Instituto e a receção da obra de Lopes-Graça na Galiza. II<br />
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Em 1958, os cantores do instituto deram começo a uma série de concertos anuais que tinham lugar no convento de Santa Clara, justo ao
remate das celebrações do natal, baixo o titulo genérico de <i>La Despedida del
Villancico</i><span style="font-style: normal;">. </span><span style="font-style: normal;">Durante
toda a década dos 60, quando menos até 1970, entre as numerosas
peças interpretadas pelos coristas encontrava-se </span><i>Eu hei de
dar ao menino</i><span style="font-style: normal;"> de Fernando Lopes
Graça</span><span style="font-style: normal;">s. </span>
</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Podemos dar-nos uma ideia do repertório</span> habitual dum
concerto de <i>La
Despedida </i>lendo o que aparece publicado
no seguinte artigo de <i>El Pueblo gallego</i>.</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEynE4mStBF5Or6wGCZjErpjS_hWWenct1b-JazCidIzJrZzlVszdPluDKcMhspUlFpgona2WoNLZfbF9NqloM5BRai54Egx7po8S_tIYGX5uKSXwYzATX9G9clTspAS4QEebuXeInu86H/s1600/prensa_0143.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="732" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEynE4mStBF5Or6wGCZjErpjS_hWWenct1b-JazCidIzJrZzlVszdPluDKcMhspUlFpgona2WoNLZfbF9NqloM5BRai54Egx7po8S_tIYGX5uKSXwYzATX9G9clTspAS4QEebuXeInu86H/s320/prensa_0143.jpg" width="146" /></a></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><i>El
Pueblo gallego</i><span style="font-style: normal;">. Ano XXXVII nº 12222 1961 janeiro 7</span></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Pela circunstância que acabo de relatar, cada sete ou oito de janeiro –e durante mais duma década– </span>uma peça
do mestre de Tomar era interpretada na cidade de Pontevedra. Considero que isto é algo a valorizar na sua justa medida, sendo conhecedores do receio com que a sua obra era olhada na península por causas totalmente extramusicais.</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Nos mesmos concertos era habitual a presença doutro autor
português, Mário de Sampayo Ribeiro (1898-1966), </span><span style="font-style: normal;">compositor
e pedagogo musical, um dos ideólogos do reportório das </span><i>Mocidades
Portuguesas</i><span style="font-style: normal;">. Sampayo Ribeiro e o
seu programa pedagógico de intervenção musical nos escolares
sintoniza à perfeição com o </span><span style="font-style: normal;">impulso
que levou a criação </span><span style="font-style: normal;">dos
</span><i>Cantores del Instituto. </i><span style="font-style: normal;">Além
disso, o mestre teve a oportunidade de transmitir na Galiza as
suas ideias musicais através dos diferentes concertos que vai
protagonizar: </span>
</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;"><br /></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
–<span style="font-style: normal;">24 de abril de 1949, coro
</span><i>P</i><i>ol</i><i>y</i><i>pho</i><i>nia, </i><span style="font-style: normal;">lugar:
Catedral de Santiago de Compostela.</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;"><br /></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
–<span style="font-style: normal;">5 de agosto de 1952, Coro do
Centro Universitário de Lisboa, lugar: Salão artesoado de Fonseca.
Santiago de Compostela.</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;"><br /></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
–<span style="font-style: normal;">6 de agosto de 1952, Coro do
Centro Universitário de Lisboa, lugar: Igreja de Santa Maria, Ponte
</span><span style="font-style: normal;">V</span><span style="font-style: normal;">edra.
[Os concertos de 1952 foram por conta do Centro Universitário das
Mocedades Portuguesas] </span><i> </i>
</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;"><br /></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
–<span style="font-style: normal;">20 de agosto de 1957, </span><span style="font-style: normal;">Coro
do Centro Universitário de Lisboa, lugar: </span><span style="font-style: normal;">Praça
da Ferraria</span><span style="font-style: normal;">, Ponte </span><span style="font-style: normal;">V</span><span style="font-style: normal;">edra.
</span><span style="font-style: normal;">[As crónicas dos jornais
recolhem o seguinte comentário: «[...]la primera fue iniciada por una
canción popular francesa y continuada con música de Franz Gruber,
Joaquim Casimiro, Sampayo Ribeiro, Bach y Weber, con predominio del
tipo religioso. La segunda parte, la integraba una serie de canciones
lusas». À vista deste repertório e da essência escolástica do
coro </span><span style="font-style: normal;">estamos ante um possível
modelo para </span><i>Los cantores?</i><span style="font-style: normal;">]</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Em geral, o repertório dos </span><i>Cantores</i><span style="font-style: normal;">
combina a música antiga com o folclore galego, espanhol e até
mundial, como na série de cantos de natal. Outra da</span><span style="font-style: normal;">s</span><span style="font-style: normal;">
sua</span><span style="font-style: normal;">s características seria o
importante peso que tem o elemento religioso, não só na escolha do
reportório, senão na participação ativa em atos da liturgia
católica, nomeadamente na Páscoa e no Natal. O primeiro diretor dos
</span><i>Cantores</i><span style="font-style: normal;">, Agustín
Isorna Rios (1914-1966), pessoa de grande erudição, </span><span style="font-style: normal;">formou-se
musicalmente entre os mercedários do convento de Poio, abandonando
os hábitos para chegar a</span><span style="font-style: normal;"> </span><span style="font-style: normal;">ser
</span><span style="font-style: normal;">oficial do exército </span><span style="font-style: normal;">trás
o levantamento militar do 36. Ele é quem coloca os alicerces
ideo-musicais do coro do Instituto, quem põe os seus conhecimentos
paleográficos ao serviço dum repertório onde as cantigas medievais
ou a obra do seu amado Tomás Luís de Victoria marcaram presença
continuada. </span>
<br />
<span style="font-style: normal;"><br /></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">Mas neste ambiente conservador e
tradicionalista que pinta a figura de Lopes Graça? Pois contra todo
prognóstico, muito. </span>
<br />
<span style="font-style: normal;"><br /></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">O primeiro que haveria que dizer é
que o génio de Lopes Graça estava fora de toda dúvida. Na imprensa
galega apenas há crítica musical ao repertório de </span><i>Los
Cantores</i><span style="font-style: normal;">, só reflexões
gerais sobre a interpretação e afinação das vozes. Mas, às vezes, e lendo entre linhas, podemos tirar alguma reflexão de como se recebia a
obra do mestre de Tomar em comparação, por exemplo, com a de
Sampayo. Assim, depois da conferência-concerto dada por Filgueira
Valverde no Hostal dos Reis Católicos lemos num jornal compostelano:
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">«[…] y un “scalanto” navideño de López Graca (sic), uno de
los músicos de mayor calidad del Portugal actual». «[…] en dos
versiones portuguesas del maestro Sampayo Ribeiro, tan querido de
Galicia». La noche: 19/XII/1957, ano XXXVII, nº 11467</span></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><span style="font-style: normal;">Noutro lugar, o crítico de El
pueblo gallego, Justo Calderón dizia: «Para nuestro gusto, marcaron
los puntos límite de excelencia e inferioridad en un recital
(repetimos) de constante nivel superior, los dos villancicos
portugueses (delicioso el de Lopes Graça; dentro de l</span><span style="font-style: normal;">i</span><span style="font-style: normal;">nea
más conservadora si exquisitamente sutil el de </span><span style="font-style: normal;">Sampaio
Ribeiro), mirando hacia arriba y, mirando hacia abajo, la balada del
catalán Millet, “El cant des aucells”, no por deficiencia de
interpretación (verdaderamente loable) si no por menor adaptación
al la línea general de la velada</span><span style="font-style: normal;">».
</span></span><span style="font-style: normal;"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">10/I/1961, Ano XXXVII, nº
12224.</span> </span><span style="font-style: normal;">Há que lembrar que na
altura </span><i>El Canta dels ocells</i><span style="font-style: normal;">
era </span><span style="font-style: normal;">já</span><span style="font-style: normal;">
um símbolo do republicanismo e do catalanismo no </span><span style="font-style: normal;">violoncelo</span><span style="font-style: normal;">
de Pau Casals.</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">M</span><span style="font-style: normal;">as,
na lista de fãs incondicionais de Lopes Graça temos que situar em
primeiro lugar ao bibliófilo e crítico musical </span><span style="font-style: normal;">Antonio
Odriozola (1911-1987). </span><span style="font-style: normal;">Nos
fundos do Museo de Pontevedra encontramos um </span><span style="font-style: normal;">documento
mecanografado datado em 8 de dezembro de 1955 que testemunha claramente
isto que acabo de dizer. Trata-se duma carta de Odriozola ao diretor
de </span><i>La Noche</i><span style="font-style: normal;">, Raimundo
García Domínguez (1916-2003), conhecido como </span><i>Borobó</i><span style="font-style: normal;">,
no que lhe pede que inclua no jornal que dirige um artigo seu sobre
Lopes Graça. Em resumo, o texto vem a elogiar o concerto dado em
Ponte Vedra pelo Coro de Cámara de Pamplona, e com especial ênfase
a peça </span><i>Encomendação d</i><i>as</i><i> almas</i><span style="font-style: normal;">.
</span>
<br />
<br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">«Lopes Graça sabe bien –como Bartok, Strawinsky o Falla– que el folklore puede ser objeto de las más artísticas elaboraciones con tal que el resultado final sea fiel a la esencia de la inspiración popular. Y lo sabe bien porque –como lo fue Bartok– es a la vez un gran compositor y un riguroso y científico recolector de las canciones populares portuguesas y autor de un libro sobre ellas. Por ello, la <u>Encomendação das almas </u>que escuchamos a la Coral de Cámara de Pamplona era una obra lograda y una pieza impresionante que no era posible escuchar con indiferencia sino en plena y emocionante tensión.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">En 1951 publicaba Lopes Graça <u>Sete Encomendações das almas</u> para coro mixto a cappella, a las que pertenece la escuchada estos días a los navarros. No está ahora a mi alcance esa partitura ni el <u>Cancioneiro Minhoto</u> de Gonzalo Sampaio para comprobar si las melodías recogidas por este son la base de la obra de Lopes Graça, ni esa comprobación tiene la menor importancia. Lo que sí la tiene, es registrar el extraordinario logro artístico obtenido por el compositor. Aquella inolvidable voz de contralto y las conmovedoras entonaciones del coro, raspaban o sacudían el alma, evocando la impresionante ceremonia nocturna y haciendo acudir las lágrimas a los ojos. Puede estar bien satisfecho Lopes Graça de haber creado una obra genial y de que los navarros la interpreten con sinsuperable maestría.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Estas <u>Encomendações das almas</u> suelen cantarse en el Norte de Portugal, en las noches de Cuaresma, en los cruceros de los caminos que tienen su retablo de las ánimas, como muchos curceros gallegos. (Recuerdese el de la Ramallosa que cierra el libro <u>Rías Bajas de Galicia</u> de Castroviejo). Allí se difunden en el aire nocturno estas <u>Encomendações</u> de conmovedora belleza y con el texto de una de ellas cierro el artículo:</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Alerta, alerta,</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">a vida é curta, a morte é certa!</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Os irmãos meus, filhos de María,</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">pelas almas do Purgatório,</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">un Padre-Nosso,</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">uma Ave-Maria!.»</span><br />
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">C</span><span style="font-style: normal;">omo
curiosidade, Antonio Odriozola faz uns rascunhos das fotografias que
quer inserir no corpo do texto, entre as quais, uma muito simpática
de Lopes Graça:</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4yE0nsd1-A28EJQhg6U-qOVbOTGT-NSgPCn64ZjV-9s1rGvR5TMPSAcrEES4m4scRFvogAsN4LqbLV7FjwD3MB9TANS-9nRXyzz1TzXHNenYVjVIYOrsrMqe94bJrMsrOk6qTaV_Vrl8m/s1600/Desenho+Odriozola.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1214" data-original-width="1600" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4yE0nsd1-A28EJQhg6U-qOVbOTGT-NSgPCn64ZjV-9s1rGvR5TMPSAcrEES4m4scRFvogAsN4LqbLV7FjwD3MB9TANS-9nRXyzz1TzXHNenYVjVIYOrsrMqe94bJrMsrOk6qTaV_Vrl8m/s320/Desenho+Odriozola.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Fundo: Antonio Odriozola.</div>
<div style="text-align: center;">
Museo de Pontevedra.</div>
<br />
<span style="font-style: normal;">Odriozola e Lopes Graça já se
tratavam com anterioridade a este artigo –que segundo creio jamais
chegou a ser publicado– </span><span style="font-style: normal;">já
que na </span><span style="font-style: normal;">dedicatória</span><span style="font-style: normal;">
de </span><i>Bela Bartok: três apontamento sobre a sua personalidade
e a sua obra</i><span style="font-style: normal;"> podemos ler: «Para
D. Antonio Odriozola muito cordialmente. Fernando Lopes Graça.
Lisboa. Maio, 1954». Fundos do Museo de Pontevedra.</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">C</span><span style="font-style: normal;">om
tudo, o documento mais interessante, </span><span style="font-style: normal;">na minha opinião, com o que nos encontramos no Museo de Pontevedra
</span><span style="font-style: normal;">–</span><span style="font-style: normal;">do
fundo de Iglesias Vilarelle, compositor e diretor da Coral Polifónica
da cidade do Teucro</span><span style="font-style: normal;">– </span><span style="font-style: normal;">reside
numa partitura, as </span><i>Três líricas castelhanas de Camões,
</i><i>para coro mixto “a cappella”.</i><span style="font-style: normal;">
</span><span style="font-style: normal;">Esta obra aparece no catálogo
do espólio musical com o número LG 25. Segundo o mesmo catálogo
foi composta em Lisboa 1954/55 e a sua primeira audição teve lugar
o 20 de abril de 1966 pelo coro Gulbenkian. Mas na capa do exemplar
do Museo de Pontevedra aparece uma dedicatória: “</span><span style="font-style: normal;">À
Coral Polifónica de Pontevedra. Fernando Lopes Graça”. No
contexto de todos os dados achegados neste artigo e no anteriormente
publicado no meu blogue, resulta verosímil a hipótese de que as
</span><i>Três líricas castelhanas</i><span style="font-style: normal;">
fossem compostas para ser estreadas pela Polifónica de Pontevedra. Infelizmente, não posso demonstrar que esta estreia tivesse lugar na Galiza antes do 1966, data que aparece no catálogo. O que sim posso é fazer umas pequenas reflexões a respeito.</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;"><br /></span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-style: normal;">De Iglesias Vilarelle e a sua relação com Portugal já tenho falado noutras ocasiões, a propósito desse acontecimento histórico como foi a interpretação em 1939 do seu </span><i>Chucurruchú</i> pela orquestra de câmara da Emissora Nacional, baixo a batuta de Frederico de Freitas. Em qualquer momento desses frequentes encontros luso-galaicos em congressos, convívios, homenagens... Vilarelle pode saber de Lopes Graça, conhecer-se ou, simplesmente, chegar a um acordo puramente profissional. Porem, o fato de serem textos de Camões faz-me pensar, mais uma vez, no factótum de tudo quanto acontece na velha vila, D. José Filgueira Valverde. </div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Filgueira Valverde, como Antonio Fernandez-Cid, acostumavam a ilustrar as suas conferências com intervenções musicais. Estas podiam ser de piano solo, piano e voz ou corais, segundo as necessidades ou a disponibilidade dos músicos. Nos anos cinquenta, Filgueira começa a dar palestras em torno a figura duma das suas personagens favoritas: Luís Vaz de Camões. Para entender melhor o fenómeno permitam-me fazer uma pequena cronologia filgueira-camoniana:<br />
<br />
–Em 19 de julho de 1952, nos Cursos de Verão da Residencia "La Estila" o título do seu discurso foi <i>El legado de Camões. </i><br />
<br />
–No 54, quando Lopes Graça começava a escrever as <i>Três líricas castelhanas</i>, Filgueira participava nas Jornadas de literatura, na Corunha, em 21 de julho, com a palestra <i>Camoens, clásico español. </i><br />
<br />
–Anos mais tarde, no 58, todas estes relatórios farão parte do volume da editorial Labor, <i>Camões</i>, na que o diretor do Museo de Pontevedra, confesso iberista, defende a espanholismo do autor das <i>Lusíadas</i>.</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">«Pero ni la oriundez gallega, ni el bilingüísmo, ni siquiera el que se hubiese definido él mismo como "hespanhol"... bastarían para clasificarlo entre nuestros clásicos. La razón es muco más honda. Camoens constituye un eslabón en la áurea cadena de la lírica peninsular, cuyo estudio no es posible fragmentar, y, sobre todo, es quien lleva a su culminación la épica. <i>Os lusiadas</i>, como dijo Ramiro de Maeztu, son nuestra epopeya, y "en ellos se halla la expresión cunjunta del genio hispánico en su momento de esplendor... Donde acaban los <i>Lusiadas</i> comienza el <i>Quijote</i>». <i>Camoens, </i>Editorial Labor, S.A., Barcelona. p. 9</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Curiosamente, vinte e tantos anos antes, exatamente em 1930, Lopes Graça reflexionava em paralelo sobre o <i>Quixote</i> e <i>Os Lusíadas</i>, fazendo, ao mesmo tempo, "amigos" na <i>intelligentsia</i> do Estado Novo:</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">«Como Zozaya [que falava do inoportuno de ler o Quixote no ensino primário], nos exclamamos –Os Lusíadas não são leituras para crianças nem para adolescentes... Na escola não se fazem mister nem Vasco de Gama nem Júpiter tonante. Forme-se primeiro o homem, depois o patriota». <i>Disto e daquilo. </i>Edições Cosmos, Lisboa. p. 143</span></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Por último, as três peças musicadas por Lopes Graça são particularmente estudadas por Filgueira no seu livro <i>Camoens,</i> capítulo XII, pp. 409 e seguintes, titulado "Camoens, clásico castellano", idêntico cabeçalho que a palestra dada no colégio da Estila em 1954.</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
Na página 415 podemos ler:</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
«Excepto uno, atribuído a Boscán, los "motes" escogidos por Camoens son anónimos y proceden de villancicos populares o de villanescas cultas. Estos "motes" de las letrillas castellanas son los siguientes:</div>
<div align="justify" lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b>Ojos, herido me habéis,</b></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
acabad ya de matarme;</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
mas, muerto, volved a mirarme</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
por que me resucitéis.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
¿Qué veré que me contente?</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
¿Para qué me dan tormento,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
aprovechando tan poco?</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Perdido, mas no tan loco</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
quesescubra lo que siento.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
(Con indicación de "Alheio")</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b>De vuestros ojos centellas</b></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
que encienden pechos de hielo,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
suben por el aire al cielo,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
y, en llegando, son estrellas.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
("Alheio")</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Todo es poco lo posible</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
("Alheio")</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Vos tenéis mi corazón.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
("Alheio")</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
De dentro tengo mi mal</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
que de fuera no hay señal.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
("Alheio")</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Amor loco, amor loco</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
yo por vos, y vos por otro.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
("Alheio")</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Justa fue mi perdición,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
de mis males soy contento;</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
ya no espero galardón,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
pues vuestro merecimiento</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
satisfizo a mi pasión,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
("Trova de Boscán")</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Irme quiero, madre,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
a aquella galera,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
con el marinero,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
a ser marinera.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b>¿Do la mi ventura,</b></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
que no veo alguna?</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
–¿Por qué no miras, Giraldo,</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
mi zampoña como suena?</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
–Porque no me mira Elena.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
(Villancete Pastoril)» pp. 415-416</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
[O negrito é meu e indica na sequência de versos os títulos das <i>Três líricas castelhanas de Camões</i>.]</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A vista do texto de Filgueira ficam claras duas coisas. Em primeiro lugar as canções não são da autoria de Camões, senão populares, a exceção da de Boscán, e em todo caso recolhidas por ele. E, em segundo lugar, não me cabe muita dúvida de que Lopes Graça conhecia o texto de Filgueira sobre Camões, obviamente na versão da palestra dada na Estila.</div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b>Resumindo</b></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div lang="pt-PT" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Estou na certeza de que existe uma relação íntima entre a Polifónica de Pontevedra, os Cantores do Instituto, Filgueira Valverde e a criação em 1954/55 de <i>Três líricas castelhanas de Camões</i> do compositor português Fernando Lopes Graça. A dedicatória na capa da partitura que se custódia no Museo de Pontevedra é muito esclarecedora, mas nada diz a respeito de se o que se dedica é o exemplar ou a obra. Como hipótese, e aguardo que algum dia isto possa ser demonstrável, deito a ideia de que <i>Três líricas castelhanas de Camões </i>fosse uma encomenda da Polifónica, de Vilarelle ou de Filgueira Valverde para ilustrar as palestras-concerto deste último. Em qualquer caso considero uma honra contar no museu de Ponte Vedra com um manuscrito dedicado do grande Lopes Graça, na satisfação de sentir que algo dele nos pertence.</div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-29817468157977779732019-07-12T18:46:00.000+01:002019-07-12T18:46:24.497+01:00nº 234 Os Cantores del Instituto e a receção da obra de Lopes-Graça na Galiza. I<br />
<div style="text-align: justify;">
Em 1956, o compositor português Fernando Lopes-Graça (Tomar, 17 de dezembro de 1906; Cascais, 27 de novembro de 1994) cumpria 50 anos, a minha idade atual. Na altura, o maestro acumulava um longo historial de repressão por motivos políticos no que se incluíam detenções, prisão, impedimentos para ensinar e proibição de interpretar a sua obra. O seu posicionamento contra o salazarismo é conhecido por todos, assim como a sua militância no Movimento de Unidade Democrática e no P.C.P.</div>
<div style="text-align: justify;">
Se teve atrancos em Portugal, na Espanha de Franco o panorama não pintava melhor. </div>
<div style="text-align: justify;">
Numa entrevista à Revista Ritmo, nesse mesmo ano de 1956, Lopes-Graça lamentava-se da pouca repercussão que a sua obra tinha no Estado Espanhol:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
«–Después que mi amigo el consagrado pianista Leopoldo Querol ejecutó en Madrid, en 1942, mi <i>Concerto número 1</i> para piano y orquesta, que había creado (sic) [deve de ser estreado] con Freitas Branco el año anterior en Lisboa, yo creo que la única composición mía conocida en España es la <i>Encomendação das almas</i>, que la espléndida Agrupación Coral de Cámara de Pamplona ha estrenado en el Festival de Granada de 1954, y que me ha dispensado el honor de incluir repetidas veces en sus programas.» <i>Ritmo</i>, Ano XXVII nº 283 1956 Novembro. 01/XI/1956</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Y-75wmFVpwqVyAe3-aUr5dlFj0RJzx62ceqaUH0FIRO9dQT1CgrkvFsWfUJ6tCaWZxhUYLHBBxbGivnAy2l88R3HaQ3EVBvYYtH09nXhnHXl7j7hdkLo-AlKY_7UonBHqPLn_Sm_BrrP/s1600/Lopes-Gra%25C3%25A7a+Ritmo+Foto.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="634" data-original-width="426" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Y-75wmFVpwqVyAe3-aUr5dlFj0RJzx62ceqaUH0FIRO9dQT1CgrkvFsWfUJ6tCaWZxhUYLHBBxbGivnAy2l88R3HaQ3EVBvYYtH09nXhnHXl7j7hdkLo-AlKY_7UonBHqPLn_Sm_BrrP/s320/Lopes-Gra%25C3%25A7a+Ritmo+Foto.jpg" width="215" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Foto dedicada à Revista Ritmo 1956</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em realidade, se fazemos uma procura demorada e exaustiva, podemos ir encontrando referências a obras suas interpretadas em alguma cidade galega –e também na Espanha–, mormente por solistas ou agrupações portuguesas convidadas a eventos de fraternidade Galiza-Portugal. Assim, em 6 de dezembro de 1952, o coro de câmara <i>As pequenas cantoras de Portugal</i>, dirigido por Virgílio Pereira, atuam no teatro García Barbón de Vigo, incluindo no seu reportório as <i>Cantigas de Natividade</i>, do mestre de Tomar. </div>
<div style="text-align: justify;">
Este concerto poderá ter alguma importância no nosso relato, como veremos mais adiante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Continuando com a exposição cronológica dos feitos avançamos até o 16 de março de 1956, ano da fundação de <i>Los Cantores del Instituto </i>[de ensino médio]<i> </i> de Pontevedra. Em apenas dois anos o coro foi ganhando uma reputação alicerçada pelo mestrado de Agustín Isorna Ríos e Manuel Fernández Cayeiro e as extraordinárias relações públicas do diretor do instituto, D. José Filgueira Valverde. Assim, entre as numerosas atividades desse curso escolar, os coristas viajam a Madrid para participar nos atos da Semana Santa na que se vão interpretar algumas obras de Lopes-Graça. Mas, sabemos quais?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os professores Fernando Otero Urtaza (2014) e Xavier Groba (2015) aclaram que a participação do coro escolar tinha como principais eventos «as solenidades docentes, as festividades relixiosas do Nadal, Coaresma e oficios de Semana Santa e nas conferencias-concerto que Filgueira tiña ven a compartir con eles». Xavier Groba (2015) p. 69 Segundo aparece na brochura <i>Los Cantores del Instituto de Pontevedra. Historial y Repertorio. 1956-1963 [H. y R.] </i>as peças de Lopes-Graça interpretadas pelo coro foram as seguintes: </div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;">[Indicamos em cifra o curso no que foi interpretado pelo coro segundo se indica na brochura antes citada.]</span><br />
<i><br /></i>
<i>–Pela noite de Natal. </i>1955-1956;<br />
<i>–Vinde, vinde já a Deus. </i>1957-1958;<br />
<i>–Eu hei de dar ao Menino. </i>1955-1956;<br />
<i>–De varão nasceu a vara... </i>1956-1957.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Este grupo de partituras pertencem ao conjunto titulado <i>Cantos tradicionais portugueses de Natividade</i>, cuja primeira audição deu-se em Lisboa em 19-XII-1950, sendo gravado pelo Coro de Amadores para o selo discográfico Radertz em ca. 1951. Como se está a ver, os <i>Cantores do Instituto</i> escolheram do repertório de Lopes-Graça o mesmo grupo de canções que as <i>Pequenas cantoras de Portugal</i> cantaram no García Barbón. Mas os cantos da Natividade foram interpretados como exemplos de umas conferências de Filgueira Valverde sobre o Natal, obviamente dadas no mês de dezembro. É meses antes, em abril do 1957, que os cantores viajam a Madrid para atuar durante a Semana Santa na igreja paroquial de San Agustín e na igreja da Cidade Universitária, além de participar na retransmissão radiofónica de Radio Madrid ou Radio Nacional de España, segundo as fontes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
«Los cantores del Instituto de Pontevedra actuarán en la Hora Santa que transmite "Radio Madrid" el Jueves y Viernes Santo desde la Ciudad Universitaria y en las que predicará el ilustre musicólogo Padre Federico Sopeña.</div>
<div style="text-align: justify;">
También cantarán los Ofícios del Triduo Sacro: Jueves y Viernes Santo en la bellísima iglesia de San Agustín y el Sábado Santo, de nuevo, en la Ciudad Universitaria.</div>
<div style="text-align: justify;">
Aparte las obras clásicas, en especial de autores españoles, destaca y constituye novedad un excepcional conjunto de obras religiosas actuales, escritas casi todas ellas exprofeso para nuestro coro y que han de estrenarse en estas solemnidades de Semana Santa. Fueron dedicadas a los Cantores del Instituto por Joaquín Rodrigo, Cristóbal Halfter, F. Lopes Graca (sic), A. Moreno Fuentes y dos admirados compositores, honra de nuestra ciudad, P. Luís María Fernández y Antonio Iglesias Vilarelle.» El Pueblo gallego: rotativo de la mañana: Año XXXIV nº 11230; 30/III/1958.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estas peças de Lopes-Graça não podiam ser as da Natividade, as únicas que aparecem em <i>H. y R. </i>Felizmente, no magnífico catálogo do espólio musical do maestro organizado pela professora Teresa Cascudo, encontramos a solução ao mistério. Com a entrada LG 31 recolhem-se <i>Dos cantos religiosos tradicionales de Galicia</i>, para coro feminino a <i>capella</i>, dedicados «Para el Coro del instituto Nacional de Enseñanza Media de Pontevedra».</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na entrevista concedida à revista Ritmo em 1956, Lopes-Graça fala das suas obras mais recentes nestes termos:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
«Eso [a redação do <i>Diccionario de Música</i>] me ha impedido el trabajo de cración, que se reduce a dos o tres obritas corales (entregadas a la Coral Polifónica de Pontevedra y a los Cantores de Madrid), a las <i>Melodías rústicas</i>, para piano (que acabo de grabar, con la <i>Sonata número 2</i>, para His Master's Voice); a los <i>24 preludios </i>para piano, aun en su mayor parte inéditos; en fin, como obra de más empeño, el <i>Concertino </i>para piano, metales, percusión y cuerdas, dedicado a Helena Sá e Costa, y que esta ilustre pianista aguarda oportunidad para estrenar.» <span style="text-align: justify;"><i>Ritmo</i>, Ano XXVII nº 283 1956 Novembro. 01/XI/1956</span></div>
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<div style="text-align: justify;">
Posto em contacto com o Museu da Música Portuguesa de Cascais, e depois das ágeis gestões feitas pela sua directora Conceição Correia, a quem agradeço imenso a pronta resposta, teve a oportunidade de ver o manuscrito de <i>Dos cantos religiosos tradicionales de Galicia. </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8G_qLnEKyVPHZXNeF547B-BL34ovx8vtFgDFsag8bqm8LzeuwSpjTlr-Y6F2xSfYDUrZM7Gjq0V50-j-ZzlR4xNDfTNdR0uLjFIyR8gdThCpUoYQoHa90fBFgoLlyXZAg6XoMNcf-jQjo/s1600/capa+dos+cantos+religiosos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="509" data-original-width="491" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8G_qLnEKyVPHZXNeF547B-BL34ovx8vtFgDFsag8bqm8LzeuwSpjTlr-Y6F2xSfYDUrZM7Gjq0V50-j-ZzlR4xNDfTNdR0uLjFIyR8gdThCpUoYQoHa90fBFgoLlyXZAg6XoMNcf-jQjo/s320/capa+dos+cantos+religiosos.jpg" width="308" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Capa da cópia autografa LG 31</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Colecção Museu da Música Portuguesa</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnp0YX7jDhE4uAWTb-Qz08KNcm41Z-BHVkiXzDCMahUqzzL6sL1_FxJljU5KV22v156NKRKoiEp_-pn-hLhFJYD3NXBGJI6YDqCfmA1NJw_xusWun01M4FWM0zpPx2WQ0o6lPa1zz8uWh1/s1600/La+pasi%25C3%25B3n+dos+cantos+religiosos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="507" data-original-width="882" height="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnp0YX7jDhE4uAWTb-Qz08KNcm41Z-BHVkiXzDCMahUqzzL6sL1_FxJljU5KV22v156NKRKoiEp_-pn-hLhFJYD3NXBGJI6YDqCfmA1NJw_xusWun01M4FWM0zpPx2WQ0o6lPa1zz8uWh1/s320/La+pasi%25C3%25B3n+dos+cantos+religiosos.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="text-align: center;"> Íncipit de </span><i style="text-align: center;">La Pasión</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Colecção Museu da Música Portuguesa</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhKJ2kfJe54GadZF1JVqBM2Wrs7YsJNuDmWrWl0A9Bqsg1DKZbpWvzqEqiVFGngynxUzU9gcibgQ7OKhDQGbJxbsiqd6IiVHhP5f_DxA932fM50RRgw0B6g3PZhs_pWh4mNSJcE1trDDNw/s1600/El+ramo+dos+cantos+religiosos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="297" data-original-width="877" height="108" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhKJ2kfJe54GadZF1JVqBM2Wrs7YsJNuDmWrWl0A9Bqsg1DKZbpWvzqEqiVFGngynxUzU9gcibgQ7OKhDQGbJxbsiqd6IiVHhP5f_DxA932fM50RRgw0B6g3PZhs_pWh4mNSJcE1trDDNw/s320/El+ramo+dos+cantos+religiosos.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Íncipit de <i>El Ramo de Pascua</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Colecção, Museu da Música Portuguesa</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
O material tradicional que usou Lopes-Graça pertence ao fundo Casto Sampedro do Museo de Pontevedra e aparece recolhido na tese de doutoramento de Xavier Groba (2012).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
I</div>
0487 Xoves Santo "La Pasión" de Cenlle, romance [El discípulo amado]<br />
<div style="text-align: center;">
II</div>
0492.2 Domingo de Pascua, canto do Ramo de Pascua. "Romance religioso" [Rubiá, o máis probable, ou San Cristobo de Cea, ou Os Blancos] 1906<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em conversa com o próprio Xavier Groba, ele lembrou-me que na viagem a Madrid <i>Los Cantores del Instituto</i> gravaram para Hispavox o seu primeiro, talvez único, registo discográfico:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
«O luns e martes de Pascua os rapaces gravaron en Hispavox os seus primeiros rexistros discográficos de obras de Tomás Luis de Victoria, música compostelana, música medieval galega e as súas perduracións e villancicos tanto do Século de Ouro como populares harmonizados». Otero Urtaza (2015)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Que eu saiba, estas gravações nunca chegaram a editar-se, pelo que também desconheço se os <i>Dos cantos religiosos...</i> de Lopes-Graça foram interpretadas diante dos microfones de Hispavox.</div>
<br />
Conclusões.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A visita a Madrid teve como mestre de cerimónias, nunca melhor dito, ao P. Francisco Sopeña Ibáñez, um dos chefes da musicologia espanhola em tempos do regime franquista. Junto com os numerosos cargos docentes e de gestão que teve na sua dilatada carreira está o de ser pároco da Igreja de S. Tomás, na Cidade Universitária madrilena, um dos lugares onde vão atuar os <i>Cantores.</i> Em <i>H. y E.</i> o P. Sopeña dá a sua <i>singular</i> visão do que foram aquelas jornadas:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
«Durante dos años [1957 e 1958], el coro del Instituto de Pontevedra cantó la Semana Santa en nuestra iglesia de la Ciudad Universitaria, haciendo lo que sólo es posible en la adolescencia: rezar y, al mismo tiempo, cantar. [?] Cantan las viejas y entrañables "Cantigas"; cantan la hermosa y lúcida polifonía de Palestrina; cantan, como quien sueña, la canción gallega».</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cunha narrativa um bocado enredada –e até contraditória– o P. Sopeña dá uma definição que para mim é um dos melhores esboços feitos sobre a personalidade do professor José Filgueira Valverde. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
«El Instituto es la obra de una vida derramada en cristiano hasta el máximo: José Fernando Filgueira, que entra en la vida universitaria con una teses colosal sobre "Cantigas" –la tesis de la que hablaba siempre el inolvidable Asín Palacios–, lo dejó todo para ser, incluso desde su hogar, el creador de esta palpable maravilla. ¿Lo dejó todo? No dejó nada: pocas veces vermos más claro esa dialéctica de renuncia y de ciento por uno, mensaje, drama y recompensa de Dios a toda vocación realizada. Porque los libros, la arqueología, las excavaciones, el cancionero, hasta la vitalidad que estremece y que cansa, todo ha sido y es para esa adolescencia a la que asusta, encandila y encauza. Quen en le panorama de vocaciones sacerdotales cuenta tanto el Intituto de Pontevedra, hasta como signo».</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Asusta, encandila y encauza</i>, toda unha declaração de princípios dos métodos educativos do franquismo, e um modo muito espanhol de ser contundente com uma oratória em três períodos, tal e como o celebérrimo <i>fija, limpia y da explendor.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
O certo é que no seu laborar cristão, o professor Filgueira Valverde realizou ou promoveu algum dos marcos históricos mais importantes da cultura galega do século XX, entre os quais, sem dúvida, lançar pontes imorredouras entre Galiza e Portugal. De 1958, por exemplo, é a sua biografia de Camões em castelhano, com uma edição portuguesa umas décadas depois. Durante os anos que foi Presidente da Câmara de Ponte Vedra, de 1959 a 1968, vai-se celebrar na sua cidade o <i>Festival de la Canción Gallega</i>. Como já tenho contado, a este festival –que como o seu nome indica está dedicado a canções em língua galega para canto e piano– houve seis compositores portugueses a participar: Frederico de Freitas, João de Freitas Branco, Joly Braga Santos, Cláudio Carneyro, Victor Macedo Pinto e um quase inédito Jorge Rosado Peixinho. As gestões pessoais de Filgueira tiveram que ser decisivas para que este pequeno grupo de maestros portugueses participaram no festival junto com mais de setenta compositores de nacionalidade espanhola. Quando redigi o meu estudo sobre o festival fiquei surpreendido pela <i>ausência</i> de Lopes-Graça. Agora que conheço da <i>presença</i> da dedicatória de <i>Dos cantos religiosos...</i> a minha estranheza é ainda maior. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fica claro, então, o papel importante que no relato sobre a receção em território espanhol da obra de Lopes-Graça teve o coro dos Cantores del Instituto de Pontevedra e como sempre, eis a presença de Filgueira, surgindo como <i>Deux ex machina</i>, para dar uma solução lógica ao problema exposto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2vw2o1NVq1WVOxDLhe6sUDMSwANClY4_HitS6LfynWwojp_AYxm2nKveTtRZHufxZUGmDuW6xFVE3GIksBj5SYIQwyQVOW9puyjt6EZefEwBvINGhoU3e-uPuN403q2bLhqd9vkB8oqTc/s1600/IMG_20190712_185344+%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1156" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2vw2o1NVq1WVOxDLhe6sUDMSwANClY4_HitS6LfynWwojp_AYxm2nKveTtRZHufxZUGmDuW6xFVE3GIksBj5SYIQwyQVOW9puyjt6EZefEwBvINGhoU3e-uPuN403q2bLhqd9vkB8oqTc/s320/IMG_20190712_185344+%25282%2529.jpg" width="231" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Fotografia dos <i>Cantores</i> tirada ante a porta da Igreja de San Agustín de Madrid. 1958 <i>H. y R.</i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Por cima dos meninos vestidos de coroinhas o coro feminino que interpretou <i>Dos cantos religiosos tradicionales de Galicia. </i>Entre a raparigada aparece um padre, que pudera ser Francisco Sopeña.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Bibliografia:</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">CASCUDO, Teresa (1997) <i>Fernando Lopes-Graça. Catálogo do espólio musical. </i>Cascais, Museu da Música Portuguesa</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">d. P. ORJAIS, José Luís «Compositores portugueses no Festival de la Canción Gallega de Ponte Vedra» Opúsculo das Artes nº2 Abril, 2013 [<a href="http://commons.folque.com/2013/04/10/compositores-portugueses-no-festival-de-la-cancion-gallega-de-ponte-vedra/" target="_blank">Revista Digital</a>]</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">GROBA, Xavier (2012) <i>Casto Sampedro e a música do cantigueiro galego de tradición oral. </i>Redondela, Concello de Redondela. [Tese de doutoramento]</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">GROBA, Xavier (2015) <i>Xoán Tilve, Gaiteiro de Campañó. Compostela, aCentral Folque.</i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">OTERO URTAZA, Fernando (2014) «Un legado de Filgueira: Os Cantores do Instituto», en <i>Cadernos Ramón Piñeiro, </i>XXXI. Compostela, Xunta de Galicia.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">(1965) <i>Los cantores del instituto de Pontevedra. Historial y repertorio. 1956-1963. </i>Pontevedra, Imp. Lib. Paredes Valdés.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-47505135516369686752019-05-01T16:16:00.000+01:002019-05-03T22:56:17.900+01:00nº 233 Antón Fraguas e Castelao.<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">«Non foi esquencido Castelao na nosa terra de Cotobade; a súa vida, o seu arte e a súa preocupación pola grandeza de Galiza xunguidos na delicadeza do esprito que transcendía ó seu redor queda eiquí como unha luz, como unha estrela nordesía alcendida no máis outo valo pra alumear os vellos camiños do val e da montaña.» Fraguas Fraguas, Antonio <i>Boletín Real Academia Galega</i> nº 357 1975 pp.54-59. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em 1926, Castelao passa o verão em Paços, Carvalhedo, concelho de Cotobade, por mor dos conselhos do doutor para melhorar a saúde do seu filho Alfonso Luís (Estrada, 01/II/1914; Ponte Vedra, 03/I/1928). Os ares de Cotobade apenas alargaram a vida do raparigo, mas sim foram frutíferos no que faz a respeito da produção artística do mestre rianxeiro. Os cruzeiros, incluídos nas <i>Cruzes de Pedra da Galiza</i>; o Carvalho do Quinteiro, que hoje tem cem anos mais e continua rejo e são; a dedicatória a Florentina no livro segundo de Cousas, uma moça que morreu de amor... Nesses dias estivais Castelao ia e vinha, </span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">como lhe relata a </span>Díaz<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> </span>Baliño<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">,</span><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"> à capital da província para ocupar-se do seu trabalho em Fazenda:</span> <span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;">«Querido Camilo: Eu estou en Carballedo (capital de Cotobade) e teño que vir á oficiña e logo marchar alá n'unha camioneta Ford máis ruín que os vellos coches de cabalos.» Rodríguez Castelao, Alfonso Daniel, <i>Obra V. 6 Epistolario.</i> Xerais, 2000. p.102</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "courier new" , "courier" , monospace;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A passada fim de semana, na companha dos meus caros amigos Ramom Pinheiro e Xavier Grova, teve a oportunidade de comprovar como a memória dos dias em que Castelao morou em Cotobade continua viva na vizinhança de Loureiro. Foram, com certeza, os próprios vizinhos e vizinhas os que nos contaram como o pai de Antón Fraguas, Manuel Fraguas Rodríguez, convidou a Castelao a visitar a sua paróquia, cortesia ao antigo professor do seu filho no Instituto pontevedrino. Sentiam-se orgulhosos de que o prócer rianxeiro os visitassem e os imortalizassem coletivamente na sua obra nada menos que a través dos seus elementos mais simbólicos como o Carvalho do Quinteiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Lembrei, nestes dias de trabalho em torno a figura de Antón Fraguas, duma velha gravação em VHS conservada no Fondo Local de Música do Concello de Rianxo. Nela vê-se a retransmissão que a TVE-G fiz da chegada dos restos de Castelao a Galiza em 28 de junho de 1984, dia em que se cumpriam 48 anos do plebiscito do Estatuto de Autonomia. Daquela retransmissão apenas nos lembramos das imagens da carga policial, mas houve outros momentos dum valor histórico incalculável. Um desses momentos é o vídeo que agora vos presento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A cena que amostra a retransmissão é a seguinte: O avião que traz os restos de Castelao desde Buenos Aires sofre em Madrid uma ameaça de bomba. Devido a que o aparato está detido na capital do Estado, a TVE-G tem que improvisar sobre a marcha para cobrir esse tempo de mais. A pé de pista, no aeroporto de Lavacolha, um reporteiro –José Martínez Couselo– faz uma série de perguntas muito inteligentes a Antón Fraguas, Ramón Martínez López e a Xaquín Lorenzo, os quais, com as suas diferentes experiências vitais e ponlas do ideário galeguista dão uma lição magistral de história da Galiza contemporânea.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sobre o que dizem, obviamente, eu tenho as minhas próprias opiniões. Poderia divagar a redor de episódios que me parecem imprescindíveis de contar, como o sequestro do Estatuto de Autonomia por elementos do governo republicano, tão bem contado em primeira pessoa por Emilio González López, mas prefiro que escuteis aos mestres. Por certo, onde fica já esse galego, o que falam os velhos galeguistas e que faz ruborizar aos políticos de hoje. Quanto fomos perdendo pelo caminho!</span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Nota: Lamento o deficiente som e imagem, mas acho que dá para perceber. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ver no canal: <a href="https://youtu.be/sw5bjqklm4k" target="_blank">youtube</a></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/sw5bjqklm4k" width="560"></iframe>
</div>
José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-678157735382875071.post-89689714652582198902019-04-26T11:42:00.000+01:002019-04-26T11:42:06.780+01:00n° 232 Rianxo.Depois dos incéndios do 25 de março em Rianxo apetecia-me fazer alguma coisa em positivo, amostrando o Rianxo todavia verde, a paisagem que o negócio do lume não foi quem de destruir. E tinha que fazê-lo com os vizinhos de Ilha de Orjais, os meus car@s amig@s, a minha mulher e a minha filha. A coisa ficou linda de mais. Obrigado por querer-me sempre.<br />
<br />
<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/kXSV2qSOvF4" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen></iframe>José Luís do Pico Orjaishttp://www.blogger.com/profile/06592949865831494133noreply@blogger.com2