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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

nº 141 Novidades da egoteca.

Sempre é uma alegria ver como livros teus ou nos que ti participas saem ao mercado e podes compartilha-los com o pessoal. Ultimamente apareceram dois que acho ficaram muito bem, e que são desde já um produto muito recomendável para as pessoas que amem a música e a poesia a partes iguais.
Com a editorial Xeriais, acabo de colaborar como músico na edição de O meu primeiro Celso Emilio. Na realidade, com quem colaborei foi com os seus autores, Xosé Lastra Muruais e a sua filha Xiana Lastra Pernas. Nem que dizer que a estas alturas da minha vida só colaboro naquelas coisas que cumprem as minhas expectativas ideológicas, culturais, artísticas... Mas se quem liga é a família Lastra Pernas, estou pronto mesmo para invadir Polónia. 
Na parte musical, grandes arranjos de Xurxo Varela e Nani García. Nas vozes María Manuela, Mini e Mero, Xiana Lastra e meu irmão Manolo Dopico. Nos instrumentos Roberto Grandal, Nuria Lestegás, Simón García, Juanma Varela Louro, Xavier Ferreiro e mais eu, além do Xurxo e do Nani.

Eis o link do facebook.

Junto com Isabel Rei e Joam Trilho, vimos de editar A música de seis poemas universais de Ernesto Guerra da Cal. O título é uma espécie de imitação dos Seis poemas galegos de Lorca, nos que o poeta ferrolano teve tanto a ver. Nós, agrupamos numa edição única as composições dispersas ou mesmo inéditas que sobre poemas de Guerra da Cal pudemos localizar. Obviamente não foi doado, mesmo nalgum caso houve que fazer numerosíssimas gestões para lograr consultar os originais, mas ao final logramos o nosso cometido e acho que ficou um livro útil, belo e dum grande valor histórico.
Nem que dizer que para mim foi um honor e um grande prazer compartilhar este trabalho com o grande mestre Joam Trilho, do que tanto apreendi, sobre tudo a fazer as coisas bem. O mesmo com a minha irmã nas lutas culturais Isabel Rei, tão comprometida como eficaz, nem sempre qualidades que vão à junta. 
Bom, se a isto sumamos os Cantos Lusófonos... pois isso, um ano de esplêndidas colheitas.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

nº 130 Apresentando os Cantos Lusófonos.

Toca apresentar os Cantos Lusófonos, e parece que vamos ir a quanto canto lusófono há.
Eis as datas:


- Sábado, 11 de Fevereiro: Compostela: Gentalha do Pichel: 20:30
- Quinta feira, 16 de Fevereiro: Vila Garcia: Escola Oficial de Idiomas: 19:00
- Quarta feira, 29 de Fevereiro: Vigo: 20:00


Não sei o local de Vigo. Quando saiba, direi.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

nº 127 Opúsculos das Artes.


Em parceria com aCentral Folque e coa colaboração da Pró Academia Galega da Língua Portuguesa, Ilha de Orjais acaba de botar ao mar um novo barco com rumo incerto mas muito esperançoso. O dito navio chama-se Opúsculos das Artes, e pretende ser uma revista digital de descarga gratuita que porá a dispor de toda a comunidade aqueles documentos  que consideramos de imprescindível consulta.
Está alojada no portal de descargas de aCentral Folque: http://commons.folque.com/
No mesmo apresentámonos da seguinte forma:


Opúsculos das Artes é uma revista de achegas, de graça e em suporte digital. Disponibilizaremos documentos sobre as diferentes disciplinas da Arte Galega que até hoje estavam desaparecidos, ignorados ou invisíveis entre os inúmeros objetos das bibliotecas, arquivos e museus. Opúsculos das Artes nasce da vontade de aCentral folque e do blogue Ilha de Orjais de fazer divulgação desses documentos, considerando que devem ser de fácil acesso para investigadores e para o público em geral. Publicaremos um mínimo de dois números por ano, com contidos que tenham a ver com as diferentes disciplinas artísticas como a música, literatura, fotografia, pintura, etc.
Em definitiva, Opúsculos das Artes é também uma revista cooperativa, que deve nutrir-se do trabalho solidário dos investigadores, tendo como princípio básico a retroalimentação e colaborando na construção duma comunidade científica galega documentada e solidária.
O primeiro volume de Opúsculos das Artes está dedicado à figura do artista plástico e músico Isidoro Brocos (1841-1914), autor duma das obras mais formosas da escultura de costumes galega: O Velho da Sanfona. Da leitura dos textos em torno a esta pequena peça de barro, demos com um rico caudal de documentos sobre a música tradicional da Galiza, entre os que sobranceian os magníficos planos duma sanfona de 1909.
A vida dos Brocos, Isidoro e Modesto, daria para vários monográficos, e quem sabe se voltaremos a eles em futuros números dos Opúsculos das Artes, mas este primeiro dedicado à Sanfona de Isidoro Brocos entendemos que é um belo exemplo do que queremos seja a nossa revista.
Na mesma plataforma podes descarregar o livro do meu amigo e produtor dos Opúsculos das Artes, Ramão Pinheiro AlmuinhaA la Habana quiero ir. Los gallegos en la música de Cuba.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

nº 126 Entrevista de Iolanda Mato para a AGLP.

O mau de ir a congressos é que às vezes fazem caso do que diz. Já os velhos aconselham que não há que sair da casa sem dar-se um banho e sem a roupa interior bem limpa, que nunca se sabe. Por sorte, antes desta entrevista que aqui vos deixo, ate arrumbara um bocadinho a barba. Pena de corrector de olhos.
Já sem brincadeira, obrigado à Academia Galega da Língua Portuguesa pelo convite ao ato e a todos e todas os colabores que fizeram que este saíra tão bem.
Do vídeo só lamento que quase não se veja a Iolanda Mato, beleza, e ainda mais lamento que não se escute a sua formosa voz tão cheia desses matizes sonoros que não se aprendem de velho, só se entesouram de criança.
Obrigado também à Isabel Rei, que sempre anda argalhando para dar a ver o trabalho da Academia e, sem merece-lo, também o meu.

sábado, 5 de novembro de 2011

nº 123 Cantos Lusófonos



Já está em papel os meus Cantos Lusófonos, o meu terceiro livro e sem dúvida, o mais pessoal. São setenta peçinhas acumuladas em toda uma vida de cantor, em toda uma vida de cantar. Há melodias que levam comigo desde criança, outras aprendi-nas com os companheiros de Leixaprén, do Coletivo Arma-danças, com Maria Manuela, mas a maioria são o fruto de muitos anos de andar entre cancioneiros como um ratinho melómano e fanático da cultura popular. Queria que um feixe dessas canções falaram de mim a gente. Já era tempo.
Mas os Cantos Lusófonos é um livro de autoria coral. Os autores principais somos a minha mulher Teresa e mais eu. Quando namorávamos de fim de semana eu sempre lhe levava uma quadra no peteiro que ela prendia da orelha como quem prende uma flor. Logo casamos e na espera de ser pais, as canções foram o melhor remédio contra o desespero... Então chegou Dália, e a música que levávamos tanto tempo entesourando não nos deu para lhe dizer o muito que a queremos. É por isso que o livro leva uma dália perfumando na capa.
Também são autores César, Manolo, Xosé Ameneiro, Miro e Xoán (Leixaprén); Ugia Pedreira, Ramom Pinheiro e Servando Barreiro (Arma-danças), Manuela, Xurxo e Paco Barreiro (María Manuela) e a quinta do 12 de Outubro e as suas jornadas terapéuticas filogastronomicomusicais.
Por último são co-autores centos de crianças que em tantos anos de mestre de música aturaram os meus cantos lusófonos, admirados de que todos eles fossem tão doadamente percebíveis.
Resulta-me complicado dizer todo o que quisera sobre este livrinho de canções de fundo de almário, assim que colo aqui fragmentos das três grandes cantoras lusófonas que me prologaram: Uxia Senlle, Ugia Pedreira, e María Manuela (esta em forma de desenhos).

«Cantos Lusófonos é um trabalho necessário e urgente. Estamos num momento determinante para a sobrevivência da nossa língua e sabemos que cantando o nosso acervo rico e comum podemos ter esperanças fundadas nas mil primaveras mais que Cunqueiro alviscou.»
Uxía Senlle


«A música popular não rejeita nada, é esponja que absorve e modela as formas no tempo. A música lusófona é um microchip minúsculo latente e vivo. A música lusófona não sabe que gosta e se emociona imensamente consigo mesma, assusta-se de tanto amor como se tem. A música lusófona é um ADN, um Santo Graal, um dinossauro vivo... tem mil hipóteses, muitas perspetivas, mais voltas e reviravoltas. Porém, isto só será visível para quem quiser ver com os 5 sentidos + um... Nas mãos tem você um cancioneiro que lhe pode adoçar um instante de vida...»
Ugia Pedreira


María Manuela

Também os da Academia Galega da Língua Portuguesa escreveram algo tão lindo como isto:

Breve resenha:
Com este Cantos lusófonos. Cancioneiro Popular, José Luis do Pico Orjais, apresenta-nos, fruto da sua pesquisa no âmbito da historiografia musical e do seu gosto, setenta peças tiradas de cancioneiros galegos, portugueses e brasileiros.
Com duas breves e intensas apresentações de Uxía Senlle e Ugia Pedreira vão cá aquelas letras, lidas uma e outra vez dos principais cancioneiros, postas em papel por Casto Sampedro, Lopes-Graça ou Veríssimo de Melo, escutadas e interpretadas até criarem na memória musical do editor um bom stock de canções tradicionais que agora se oferecem ao público, acompanhadas de partitura e em formato popular para serem tocadas e cantadas.
Trabalho necessário e urgente, com vocação de esperançadora mensagem. Espelho e esponja viva que larga a música tradicional galega na corrente lusófona infinita, para compreendermos e desfrutarmos a perspectiva total de que somos parte. Convidando à festa, à participar da música e do canto, agrupam-se as melodias por blocos, não com critérios taxonômicos, senão mais bem colocando o repertório tal e como o editor na sua experiência gostaria de tocá-lo jeitoso.
Cumpre com este volume a AGLP o desejo de ver editado, em conjunto lusófono e para público lusófono, parte destacada do acervo da nossa cantiga popular. Obrinha muito útil, seguindo as linhas populares das Edições da Galiza, que a paixão de um mestre, a experiência de um intérprete e a erudição de um historiador da cultura galega convertem não apenas num repertório divulgativo quanto numa ferramenta de comunicação destinada a recuperar o canto nos espaços populares, educativos, associativos, festeiros.
Vou já cantar as cantigas, para que fui convidado.

Se alguém quere comprar Cantos Lusófonos fazer pedido na loja de imperdível:

Ou no correio da AGLP:


Ficha técnica:

Coleção "Clássicos da Galiza": Volume 3
Desenhos: Maria Manuela Diaz Orjales
Coordenação editorial: Heitor Rodal Lopes (Edições da Galiza) e Ernesto Vasques Souza (AGLP)
Adaptação e revisão textual: José Luís do Pico Orjais
Correção textual: Carlos Durão e Fernando Vásquez Corredoira
Promove: Academia Galega da Língua Portuguesa. Rua Castelão, nº 27 - 15900 Padrão, Galiza
Edição: Edições da Galiza, 2011
ISBN: 978-84-936481-4-5
Depósito Legal: SE-7169-2011

sábado, 16 de julho de 2011

nº 117 Cantigas de amigo com amigos.

foto: Actus

Que surpressa mais bonitinha. Os amigos de Actus, Francisco Luengo e meu primo Xurxo Varela, incluiram na página web da associação uns áudios que graváramos na Universidade Laboral de Gijón. Teve o honor de tocar com gente do grandíssimo nível do próprio Luengo (director) e Xurxo, Paulina Ceremuzynska, Manuel Vilas e César Árias.
Podeis escutar os áudios aqui.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nº 105 Dias de congressos

O mês de março vem quentinho, cheinho de trabalho e de projectos que precisam ser realidades. Vou estar em dois congressos cujo fio condutor sera a sanfona e a amizade. De facto, se isto último não andara por meio, duvido muito que tivera dito sim a petição de palestrar em pleno curso escolar.

O dia 11 estarei em Ourense, no congresso homenagem a figura do músico e intelectual galego Faustino Santalices. Os organizadores são, entre outros, os irmãos Cástor e Félix Castro, amigos de velho e autênticos activistas da nossa cultura. Falarei do contexto social no que desenvolveu a sua atividade o pai da sanfona moderna, o mundo convulso e cambiante que lhe tocou viver.
Uma semana mais tarde, o dia 18, falarei em Narão de outro vulto da nossa cultura, o escultor compostelão, Isidoro Brocos. Além de artísta plástico, Brocos foi músico e investigou a música tradicional galega. Presentarei um fundo documental onde haverá muitas e agradáveis surpresas para os amantes da sanfona e do folclore musical em geral. Organiza a aCentral folque, uma ilha de interior.

Se sobrevivo já irei contando.

Para mais saber:



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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

nº 103 A lenda de Paio Gómez Charinho de Antón Alcalde.

Como já anunciara na postagem nº 99 teve a honra de colaborar com a Banda da Escola de Música de Rianjo na encenação de A lenda de Paio Gómez Charinho do mestre Antón Alcalde. Eu toco uma discretíssima sanfona e pego um gritinhos fazendo dum Paio Gómez algo zangado. Gostei infinito da experiência, não por subir novamente aos cenários, que já vou velho para certas coisas, mais sim por compartir um tempinho com a mocidade emergente de Rianjo, a que dá bom nome a vila e exemplo de trabalho e responsabilidade a tanto adulto preguiçoso e irresponsável. Ponhamos a cultura em mãos deles e o porvir será melhor que o presente.
Coloco o áudio que já se pode ouvir no portal da federação de bandas fgbmp.net, gravado no mês de novembro no Auditório de Galiza, em Compostela.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

nº 99 Colaboração com a Banda de Rianjo

Nos dois próximos fins de semana vou ter a honra de fazer uma pequena colaboração com a Banda da Escola de Música de Rianjo. Tráta-se da estreia da 2ª Sinfonia "A lenda de Paio Gómez Chariño" do muito novo compositor rianjeiro Antón Alcalde. Vou tocar brevemente a sanfona e fazer uns recitados. Já contarei como me foi.

Datas de concertos:

13/11/2010 Ribadumia.

14/11/2010 Rianjo. Auditório, 20:00 horas.

21/11/2010 Santiago de Compostela. Auditório de Galiza, 22:00 - 24:00 horas.

sábado, 25 de setembro de 2010

nº 95 Aventura castreja

Faz umas semanas recebi uma chamada de telefone na que se me dizia que se estava a gravar um documentário de (em palavras de Xurxo Ayán, assessor científico) Pré-historia Recente e Proto-historia da Galiza. Pediu-se-me opinião sobre duas cenas com intervenção de instrumentos musicais, o convite de Estrabão e uma incineração, na que se desenvolveria um abelhão misturado com cornos ou buguinas.

Ao final participamos como músicos na representação do relato de Estrabão que diz:

«Durante três quartas partes do ano os morados das montanhas não se alimentam senão do bolota, que, depois de seca, é triturada e moída para fazer o pão, que se pode guardar durante muito tempo. Bebem zytos (bebida fermentada) e o vinho, que é raro, é bebido depois dos festins familiares; também não usam azeite mas manteiga. Comem sentados em bancos construídos ao redor da parede, dispostos por ordem de idades e de dignidades, e os alimentos circulam de mão em mão. Enquanto bebem, os homens dançam ao som de flautas e trombetas; nessas danças dão grandes saltos e caem de joelhos.» Geográfica 3,3,7

O meu parceiro, e criador da melodia que interpretamos, foi Emilio Lois, além dum grande músico uma grande pessoa (das que infelizmente já não abundam).

A questão estava em como interpretar não só o que se dizia no texto, senão o que queria dizer aquele que viu e depois contou o que viu a Estrabão, já que ele não foi expectador directo. Resulta difícil pensar que dois instrumentos melódicos puderam estar soando a vez. Se a cena que se relata pudera ter algum rasgo de verossimilitude, a trombeta, trompa ou tuba, deveria ser natural, de jeito que enquanto a flauta ou aulhos fizera a melodia, a trombeta dera uma nota pedal. Com este fim escolhemos uma toba feita com cortiça de castinheiro. Para a melodia, simples e rítmica, uma espécie de rosca de fabricação bretona.

Escolhemos instrumentos pobres ou silvopastoris porque consideramos que em qualquer época os músicos utilizaram elementos do seu entorno mais próximo para elaborar tubos sonoros, palhetas, sonadores, etc.

Em resumo, a nossa pequena participação neste documentário de ficção, deu para uma encenação de música evocatória, é dizer, que os sons produzidos pelos nossos instrumentos, ilustrem um relato conhecidíssimo.

Para o debate sobre a combinação de instrumentos do tipo aulhos & trompa, deixo esta ilustração da famosa cerâmica de Lliria.

celtiberia.net

Por último, vaia o meu agradecimento a Xurxo Ayán, assessor científico e Toño Fernández, documentalista, pela sua confiança no meu conselho e a Emilio Lois, músico, pela sua cumplicidade.

Mais informação no blogue de Xurxo Ayán: arqueoneixon.

As provas do delito:

foto: Xurxo Ayán

foto: Xurxo Ayán

quinta-feira, 20 de maio de 2010

nº 84 Ayes de mi país

Já está a venta Ayes de mi país. Trata-seCor do texto do primeiro cancioneiro de música tradicional galega do que temos constância, elaborado por Marcial Valladares no 1865. O estudo que acompanha às partituras do escritor estradense estivo ao meu cargo em parceria com a professora e guitarrista Isabel Rei. Ela centrou-se fundamentalmente no aspecto analítico, correndo eu com o historiográfico.

Para mim supõe cerrar um ciclo na minha vida. Depois de tantos anos dedicado aos arquivos e nomeadamente à figura de Marcial Valladares, já tinha gana de ver o Ayes... na rua, ver que repercussão tem os muitos dados e documentos encontrados no casa de Vilaencosta, se damos recuperados de vez a Valladares como músico e recompilador de música tradicional.

Aproveito este espaço para agradecer ao editor, Javier Jurado (Dos Acordes) ter a vontade e a confiança em mim para fazer realidade esta publicação assim como à família herdeira do legado dos Valladares, por custodiar os documentos tão primorosamente e ao mesmo tempo ser tão generosos com os investigadores.

Para mais informação e pedidos: Dos Acordes.


domingo, 4 de outubro de 2009

nº 70 Morreu a Negra Sosa.

Na minha casa tínhamos um pick up branco, daqueles nos que o altifalante ia instalado na própria tampa. Nesse primitivo aparelho escutei desde os meus primeiros anos de vida alguma das melhores vozes da história da música popular. Jorge Cafrune, o grande Gardel, o Zeca Afonso, duos como os de Olga Manzano e Manuel Picón, os Gambino, grupos como Quilapayun ou Inti Illimani, mas sobre tudo as grandes damas da canção: Libertad Lamarque, Chabuca Granda, Soledad Bravo, Nacha Guevara...

Aqueles discos que comprava o meu cunhado Luís no Vazquez Lescaille de Vila Garcia, foram-me formando como pessoa e como músico, pois estavam compostos tanto desde a sensibilidade como dum espírito revolucionário e solidário, infelizmente em extinção na obra dos novos cantores.
Entre aquele feixe de boas vozes, quiçá a mais racial e comprometida com o folclore era a de Mercedes Sosa, a Negra Sosa, da que hoje nos inteiramos do seu passamento.

Alguma das suas canções mais populares, como Canción con todos ou Duerme, duerme negrito, foram das primeiras peças que meu irmão e mais eu apreendemos a tocar na viola. Outras, como Alfonsina y el mar, converteram-se em ícones no meu imaginário espiritual, sendo uma dessas cantigas que jamais poderei escutar com indiferença.

Faz alguns anos pude ver a Mercedes Sosa em Compostela, num cartaz que incluía à Bravo e o Silvio Rodríguez. A cantora Argentina estava em plena forma, ou quiçá só aparentava, e posso assegurar que quase em nenhuma das cantigas que interpretou, a Negra cantou sozinha.

O mais triste de que morra uma pessoa como Mercedes Sosa não é apenas que desapareça uma grande cantora, senão que com ela se apaga um dos escassos porta-vozes com que contava o povo. Muitas saudades, companheira.

www.mercedessosa.com.ar/

sábado, 19 de setembro de 2009

nº 66 Fernando Lopes Graça


Os adeptos à minha religião temos muito poucos santos a quem rezar. Eu peço a meu pai, santo patrão, que me transmita a sua habilidade para demonstrar tanto amor incondicional à sua família; a Castelao, meu modelo de patriota e artista e a Fernando Lopes-Graça, para que me ilumine com o seu dom de músico e pedagogo.

Este verão pude ver uns quantos documentários que recomendo fervorosamente sobre Castelao e Lopes-Graça, os meus santarrões.


Lopes-Graça, um documentário de Graça-Castanheira.

Graça Castanheira é o autor duma fita que foi passada pela RTP 2 e cujos protagonistas principais são amigos e parentes do autor de Marchas, Danças e Canções e do mítico A Canção Popular Portuguesa. Dele possuo uma dezena de livros com os seus artigos sobre música académica, folclore, biografias de músicos famosos que são a obra dum Lopes-Graça músico, português e comunista, quiçá por esta ordem.
Para os não iniciados nesta personagem cimeira da cultura portuguesa, o filme faz um esboço muito interessante da sua biografia, porquanto junto com pequenos trechos das suas obras, escutamos falar a gente que o tratou tanto como músicos ao seu serviço, como no âmbito doméstico. O guião está cheio de afectos, de cumplicidades, de comentários a jeito de confidência, etc.
Eu gosto imenso do mestre de Tomar, como compositor para grande orquestra ou para pequenos, às vezes pouco habituais, grupos instrumentais. Mas destacaria o seu labor como arranjador de melodias tradicionais para massa coral, na interpretação dos Coro da Academia de Amadores de Música ou para piano, nas mãos lisboetas de Olga Prats.

No transcurso do documentário teve a vontade de desenhar um rascunho sobre o velho mestre, feito com tudo o respeito de quem o admira devotamente.

Castelao e os irmáns da liberdade, de Xan Leira.

Esta é uma fita obrigada para quantos amamos este país. Editada no ano 2000 é a primeira das produções do multifacético documentalista argentino Xan Leira (Bos Aires; 1955), cuja obra fílmica presenta a dia de hoje os seguintes títulos:

- Castelao e os irmáns da liberdade. 2000
- Memorias dun neno labrego. 2002
- Alexandre Bóveda, unha crónica da Galiza martir. 2004
- Viceversa. 2005
- Crónica de pizarra e xiz. 2006
- Atila en Galicia. 2006
- Exilios: Lorenzo Varela. 2006
- Patagonia, utopia libertaria. 2006
- Historias de vida. 2006
- Lembranzas e reflexións de Isaac Díaz Pardo. 2007
- Crónicas da represión lingüística. 2008
- Galegos en Lisboa, a historia xamais contada. 2009

O filme tem muitos atractivos como são escutar a Teresa Castelao falar do seu irmão, a intelectuais galeguistas como Illa Couto, Pousa Antelo ou Granell e um bom feixe de imagens históricas da Galiza. Eu fiquei muito impressionado ao ver as imagens em movimento de Castelao ou a sua voz falando em castelhano para a colectividade uruguaia.

Documentários como os de Graça Castanheira e Xan Leira oferecem-nos uma biografia visual de grandes personagens da nossa história, num formato atractivo não só para os adeptos senão para ser usados com fins pedagógicos e propagandísticos. Além das afinidades ideológicas com Castelao ou Lopes-Graça, a sua obra artística e literária é tão absolutamente universal que é imprescindível continuar a brigar pela sua difusão e conhecimento. Assim seja.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

nº 48 Lucha Reyes

Lucha Reyes (Lima; 1936-1973) foi uma dessas estrelas fulgurantes, difíceis de catalogar mas absolutamente imprescindível em qualquer discoteca. Eu criei-me escutando as vozes da cantoras sul-americanas como Violeta Parra, Chabuca ou Soledad Bravo, assim que quase sinto vergonha ao dizer que Lucha Reyes é para mim uma autêntica novidade.
O que mais destacaria desta versão da Flor de la Canela, além da voz da peruana, seria o formidável arranjo instrumental, nomeadamente o acordeão de César Silva.

sábado, 16 de maio de 2009

nº 44 As Minhas Descargas

Acabo de criar um vínculo, As Minhas Descargas, desde o que se vai poder baixar algum artigo meu inédito ou já publicado anteriormente em papel.
De momento há dois documentos:

1. A obra impressa galega de Eduardo Martínez Torner. (Só bibliografia e partituras) Artigo publicado na Revista Etnofolk, nº 5.

2. Música de la Misa de S. Miguel de Sarandão. Artigo sobre uma missa encontrada por Isabel Rei e eu mesmo no arquivo de Marcial Valladares em Vilancosta. Fotos do fac-símile de Tero Rodríguez.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

nº 42 Ayes de mi país.

Estou a rematar as galeradas do meu próximo livro, que esta vez publicarei em colaboração com a professora de conservatório e guitarrista, Isabel Rei. Trata-se da edição do manuscrito de Marcial Valladares, Ayes de mi país, cancioneiro de música tradicional datado em 1865. É pois, a primeira colectânea de folclore musical elaborada na Galiza, uma pequena jóia que agora estamos a sacar à luz.

Resulta-me estranho desprender-me desta obra depois de tanto tempo. Durante mais duma década, levo estudando, investigando, desfrutando de Marcial Valladares e o seu contexto familiar, espacial e temporal. No percurso destes dez anos, publiquei outro cancioneiro, Cantos e Bailes da Galiza, de José Inzenga, e uma boa quantidade de discos, artículos e conferências. Nunca esteve parado, mas bem demasiado ativo, mas também em tudo momento senti a ansiedade, frustração, contrariedade ou o que for, de ter na gaveta o manuscrito do velho petrúcio da Estrada, sem hipótese de editar. Agora, graças a Javier Jurado e Dos Acordes o livro estará nas livrarias por volta do mês de junho. Que seja para bem.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

nº 41 Brea Segade Big Band

Taragonha, terra de músicos. Este poderia ser o lema duma campanha publicitária sobre o lugar no que estou a ministrar aulas nos últimos anos. Quase que em cada casa há alguém que é ou foi músico de banda ou de orquestra popular, ou ambas coisas à vez. Entre os muitos trombetas, saxofones, trombones ou clarinetes há autênticos mestres, homens e mulheres que além da sua habilidade para a execução, transbordam paixão pela música.
Com motivo do 25 aniversário da fundação do Xosé María Brea Segade, o cole taragonhês onde dou aulas, juntamos a uma porção destes músico para celebrar uma espécie de festa popular no pátio do colégio. O resultado foi mesmo espetacular. Os que tocaram, os pais Antonio, Manuel e Valentín, a mãe Aurora, os exalunos Richard e Martín, demonstraram ser uns grandes profissionais. Tocar com eles foi um autêntico luxo e só me fica dizer-lhes OBRIGADO.
Eis o artigo de El Correo Gallego que recolhe a nova.


Foto Suso Souto. El Correo Gallego.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

nº 39 PePe Romero, Bravo Mestre!

Hoje fui a Nóia à presentação dum C.D. Aguardava escutar a dois mestres queridos por mim, a José Espanha, clarinetista e compositor e a PePe Romero, geneticamente gaiteiro. Só tocou este último e só por ouvi-lo, a viagem a Nóia logo dum mais que duro dia de trabalho, pagou a pena.
Saiu o gaiteiro ao cenário e durante uns segundos contemos a respiração, sabíamos que ia acontecer algo grande, e aconteceu.
A música de PePe é equilibrada e dominante. Equilibrada porque soube adaptar as novas técnicas ao velho ofício, porque o revolucionário soa a tradicional, a mais difícil equação nos tempos que vivemos. Dominante porque foi suficiente um lamento do instrumento para apoderar-se das nossas vontades, fazer-nos activamente passivos, essa milagre que faz com que um espectador se sinta protagonista do espectáculo.
Arría a Xarda, a sua achega ao livro disco de Barbantia As voces da Musa, tem, alem disso, o sabor a salitre duma foliada marinheira, o aroma da malhante abandonada na beira-mar. Poderia chamar-se Rianjo, Ribeira ou Porto do Som. Poderia ter o rostro dos velhos marinheiros desenhados por Castelao ou a cor duma lua reflectida no mar.
Bom, obrigado, Mestre, pela aula magistral. Galiza e gaitas.

domingo, 19 de abril de 2009

nº 35 Fim da turnê com Maria Manuela e amigas.


Grande fotografia!!! De esquerda a direita, Pablo, Paloma Suanzes, Xurxo, Pilocha, Cholo (escondido), María Manuela, Paco Barreiro, Eu (com boné e adufe), meu irmão Manolo (abaixado), Roberto, Xiana e Lastra. Quantas histórias e quanta história nesta foto que nos fizemos no Círculo de Belas Artes de Lugo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

nº 34 Missale Romanun de Turim. 1361

Esta imagem pertence a um Missal Romano datado em 1361. Não logrei muita informação sobre o manuscrito italiano, acho que depositado numa biblioteca de Turim, mas a iluminatura é tão fantástica que não me resisto a publica-la no blogue.


Surpreende o extremado naturalismo da figura do anjo. A sua posse, como colhe o instrumento e até o próprio instrumento em si, semelha indicar que o pintor fiz o seu desenho do natural, observando a um gaiteiro em plena actuação.

No rostro ampliado, vemos que tem as bochechas infladas em atitude de deitar ar dentro do fole, a través dum soprete muito longo. Podemos captar toda a tradição bizantina e as pegadas da revolução naturalista de Giotto.






As mãos colhem o ponteiro com "musicalidade", dentro do complicado que resulta sempre que a postura pareça natural. A mão direita semelha acariciar a madeira com os dedos esticados, numa atitude muito gaiteiril.





E por último, a gaita, um exemplar perfeitamente crível. O bordão, colocado sobre o ombreiro direito está em posição quase vertical, como corresponde ao uso dum fole de cabrito. Está formado de três peças torneadas, rematado por uma copa um bocadinho desproporcionada.


De todas as imagens que tenho visto sobre iconografia da gaita, esta é a que até o de agora mistura dum modo mais espectacular antiguidade e realismo. Alguma outra, como com a que fecho a postagem, ainda tardaria duzentos anos em ser desenhada pela mão do grande Rafael Sanzio.


Venezia, Gallerie dell'Accademia

1500-1520