sexta-feira, 3 de julho de 2009

nº 53 A câmara de Ugia II

JANELAS

Há janelas contaminadas de carena,
vãos contranaturais
como olhadas de concreto,
há paredes impossíveis
em lugares inauditos,
cruzes desvidradas,
muros de esparavel.
Há um problema resolvido
com atávicos somiês,
com portas agônicas revividas,
onde um musgo que se extingue
cheira à floresta do mar.
Há um antropólogo
perplexo ante o fenómeno,
uma augusta rareza
fertilizada de tradição,
há um céu que se amostra deslocado
entre o burato irreverente
duma viga de formigão.
E depois está o homem
que nivela perpianhos
con conchas de venera,
o opus incertum
e o opus quadratum,
a ortodoxia do iconoclasta
a heterodoxia do santarrão.
Depois estou eu
que leio binómios em cada estratégia,
que amo a aquele anjo
com cara de ladrão,
que gozo das drogas legais
e dos panfletos,
que rezo orações
a um Deus perdedor.
E depois estas tu,
Tudo.
Fotos: Ugia Pedreira ©, Texto: Orjais ©

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