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sábado, 19 de maio de 2012

nº 134 As oito covinhas do Palheiro.

Ontem, sexta 19 de maio, saímos o meu amigo Carlos Collazo e mais eu explorar o mato. Foi uma tarde de muito andar, na que desfrutar de paisagens e da conversa.
Na aldeia de Palheiro, o jardim de Rianjo, caminhamos cara a costa na procura dum pequeno petróglifo, o qual, segundo o meu caro amigo Carlos, é o mais formoso dos do nosso concelho. Andamos um bocadinho entre as lajes até dar com ele, e tenho que reconhecer que desde esse momento não o dou tirado da minha cabeça.
Trata-se dum conjunto de oito covinhas, uma central com sete mais ao seu redor, rodeado todo o conjunto por um círculo. 


O círculo externo está muito erodido pelo que não estou certo do seu desenho ser tal e como aparece no calco, mas as covinhas têm um aspecto muito próximo ao do seguinte esquema:

Botei toda a noite a pensar em quem faria esse petróglifo, como e por que o faria deste jeito. Não tenho respostas. Não sou arqueólogo, nem matemático, mas, por pura brincadeira vou construir uma hipótese, tão acientífica como sugestiva. Não me tomem a sério.

Tenho lido muito sobre os petróglifos, como se faziam, que técnicas se utilizavam e mesmo arriscadas interpretações sobre a sua utilidade ou significado, mas muito pouco sobre o processo criativo do artista rupestre. Um desenho como o da aldeia do Palheiro, precisa dum certo poder de abstracção, de conhecimentos sobre as proporções, as propriedades do círculo... Quem fiz esta agrupação de covinhas quiçá era um artista que traçou primeiro um rascunho ou copiou dum modelo que vira em algum lugar, que estava no seu cérebro por tradição, por imaginação, por alucinação...
Quiçá a forma mais doada de traçar sete círculos equidistantes entre sim e com um oitavo que se situa no centro seja colocando discos sobre a laje até conseguir que tenham uma disposição harmoniosa. Também se pode ir desenhando a mão alçada, corregendo até conseguir o modelo desejado, mas podemos pensar que o autor desta gravura fazia parte uma civilização suficientemente evoluída como para poder desenhar um heptágono inscrito numa circunferência. 

A recta AB,mediatriz do rádio, tem o mesmo tamanho que as cordas dos arcos. Resulta pois, bem doado, traçar um desenho similar ao do monte Palheiro, só com a ajuda dum compasso e sem recorrer ao número pi. 


Agora que já temos o desenho feito, haverá que buscar-lhe um significado. O mais destacável é o número de círculos, sete na contorna de um central. O sete é um número muito presente na nossa cultura, pois segundo a religião cristiana, Deus criou ao mundo em sete dias, é dizer, uma semana. Mas a divisão da semana em sete períodos de vinte e quatro horas tem a ver com a ideia do universo que tinham os antigos. 

«El sistema astronómico de Ptolomeo, que se mantuvo vigente en Occidente hasta que cuajó la revolución copernicana, estaba basado en la cosmología aristotélica, la cual estaba inspirada, a su vez, en los modelos mesopotámicos y egipcios. En este modo de concebir la estructura del universo, la Tierra ocupaba el centro, y los planetas y estrellas giraban a su alrededor. Aristóteles, haciéndose eco de las creencias de su tiempo, imaginó que todas las estrellas fijas se hallaban como incrustadas en una enorme esfera cristalina que envolvía el universo conocido, como su capa más externa. En el interior de esta esfera había otras siete, todas concéntricas a la Tierra, de forma que cada una de ellas alojaba a uno de los siete planetas conocidos (incluyendo como tales al Sol y a la Luna) y era responsable de su movimiento.»  Fonte

Seguindo este razoamento geocêntrico, o círculo externo da gravura do Palheiro poderia ser a esfera das estrelas fixas, os sete círculos exteriores o Sol, a Lua, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno. O círculo interior, a Terra.

Mas, falando de heptágonos, planetas e círculos, não podemos esquecer a Estrela de Sete Pontas, que podemos traçar seguindo os nodos que nos marcam o centro das esferas.



Não lembra este último desenho ao Vitriol dos mações?


Para mais enredar todo, uma última imagem tirada da web http://www.horusmedia.de. Tem um cabeçalho verdadeiramente curioso: «Línea del Grial. Dibujo según un modelo de la estrella de siete puntas de los Caballeros Templarios de Francia que indica la ubicación de las principales comandancias de su orden y la línea del Grial.»

Enfim, que o mais provável é que o petróglifo do Palheiro não seja mais que uma espécie de mancala pré-histórico. Tal vez, faz alguns milhares de anos, dois povoadores destas terras, jogaram uma partida contemplando uma vista formosíssima da nossa Ria.

Para rematar esta postagem, colo alguma imagem mais das que pudemos encontrar na mesma laje que a que vimos de comentar. Estava já a cair a tarde e não pudemos demorar mais o regresso. Para outro dia ficaram as medições, os desenhos e se estou inspirado, as fantasias.

Máis covinhas...
Pegadas que derretem rochas?
Para isto não tenho palavras...