quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

nº 152 Uma molheira da Luftwaffe.

Em janeiro do 2010 escrevia alguma coisa sobre a história da simbologia fascista na Galiza (ver aqui), concretamente dos carimbos impressos na correspondência dum fabriqueiro arousão. A iconografia nazi produz certo estremecimento quando a temos tão cerca, entre as mãos, como se revivêramos os horrores que na altura provocaram os fanáticos alemães, sofrimento muito similar ao que hoje provocam outros fanáticos por causa duma ideologia, duma religião ou dum território.
Nos dias prévios ao Natal, fui ao Ferrol à casa familiar e um irmão meu indicou-me que olhara uma molheira antiga que a minha mãe guardava entre outras velharias. Ao dar-lhe a volta surpreendeu-me a marca da fábrica:


Trata-se duma peça de louça fabricada nos fornos de Plankenhammer, Floss Bavaria, tal e como se pode ler no emblema da firma.


O curioso da molheira da minha mãe é que junto ao emblema da marca Plankenhammer, aparece o da Luftwaffe, a águia imperial assegurando uma suástica. A cada lado da cruz gamada lemos FI. U.V., iniciais de Flieger Unterkunft Verxalting, uma marca de inventario da lufwaffe que vem a significar algo assim como «administração dos quartéis dos voos». Suponho que devia ser material do serviço em terra dos aviadores do exército alemão. 
A sopeira chegou à minha casa nos anos oitenta, na mala dum irmão militar que a encontrou no seu destino por terras espanholas. Outra caraterística da peça é a data junto a suástica: 1936. Neste ano, como é sabido, começava a Guerra Civil espanhola. Tal vez com esta baixela comeu algum dos aviadores da Legião Cóndor? Quiçá algum dos que deitaram bombas sobre Guernica? O dito,ter nas mãos esta peça de louça continua a produzir arrepios setenta e seis anos depois.

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