domingo, 5 de fevereiro de 2012

nº 128 Uma "zampoña" na Exposicion Agricola Industrial y Artistica de Galicia


Catálogo metódico de los objetos exhibidos en la esposición (sic)
Agrícola Industrial y Artística de Santiago de Compostela.

No Ayes de mi país, que publiquei para Dos Acordes no 2010, em parceria com a Pr. Isabel Rei, acho que há poucos erros daqueles que aparecem depois de que o livro já está  editado. Mas há um que me doe como se me estiveram a tirar um dente são sem anestesia.
Na página 34 falo da relação de Marcial Valladares com o  artesão Manuel Garcia de Oca, a quem solicita umas miniaturas de utensílios de lavoura. Estas miniaturas estão destinadas a ser expostas, na Exposição de Produtos Agrícolas que se vai celebrar, e aí o meu primeiro erro, não em Compostela, senão em Madrid. Também está errada a data, 1857 e não 1851 como aparece no livro. Prometo corrigir isto se   há uma segunda edição.
A modo de compensação, achego algum dado mais que pode ser de interesse para os estudiosos da flauta.
Um ano mais tarde da expo de Madrid, celebra-se em Compostela a Exposición Agrícola Industrial y Artística. Valladares vai ter um grande protagonismo nesta mostra, achegando muitos frutos das suas propriedades de Vilaencosta. Junto aos produtos agrícolas, também havia artesanatos, com um pequeno mas interessantíssimo conjunto de instrumentos musicais.
Manuel Garcia de Oca, do lugar de Rio Bô, apresenta uma flauta de ébano com chaves de prata. Tomou como modelo a de Sérgio Valladares que ainda hoje se conserva na casa petrucial de Vilancosta?
A informação que nos dá o Catálogo metódico de los objetos exhibidos en la esposición sobre o resto dos instrumentos é muito importante, já que se nomeiam materiais, algum detalhe de carácter organológico e o nome dalgumas pessoas que podem ser construtores ou simplesmente os donos dos instrumentos.
Procedentes de Compostela, Antonio Bergaña, expõe um violino de nogueira e pinheiro embutido, Domingo Villar, uma guitarra inglesa, Urbano Anido, um realejo de cilindro, Severino Pérez, um malvisto (sic), piano harmónico. Desde Lalim, Andrés Nóvoa,  uma zampoña (sic) com registro de flauta.
Algum dos nomes que aparecem aqui são de artesãos de grande renome, mesmo nalgum caso, como o de Severino Pérez, um velho amigo meu.
Em El fomento de Galicia, na altura da Expo compostelana, aparecia a seguinte coluna:

«Don Severino Pérez, hijo de Cotovad en la provincia de Pontevedra, y alumno de literatura en esta universidad, acaba de inventar un instrumento músico que puede rivalizar dignamente con los pianos mas completos. El invento ha llamado la atención de los hombres mas notables de esta capital, entre ellos el célebre violinista don Hilario Curti, quien despues de haber ejecutado con maestría varias piezas en el nuevo instrumento, tributó mil elogios al escolar artista.
La forma del "Malvis", que así se llama esta reciente obra del genio, es la de una mesa regular; en su frente descúbrese el teclado, y el interior contiene, á manera del olvidado tímpano, tres órdenes de cristales que producen dulcísimos sonidos cuando los hieren una porción de martillos colocados con notable artificio, y que constituyen la esencia de la invención.
El artista ha dirigido al señor Zepedano, alcalde de esta capital y presidente de la sociedad económica de amigos del pais, la adjunta solicitud, pidiendo la cantidad que ha creido necesaria para la constucción de un "Melvés" digno del público que concurra en julio á la esposición compostelana. No dudamos que el Sr. Zepedano, en unión con las corporaciones que preside, sabrá dispensar al talento la protección á que es acreedor.
El señor Pérez debe enorgullecerse con el producto hermoso de sus desvelos: el laurel de las artes el el que mas ennoblece la frente de los hombres; el artista arranca á la naturaleza sus arcanos, y dice generosamente al mundo, á quien regala sus conceptos: "toma; esto es mi obra".
Felicitémonos: Galicia despierta al fin! Así nos lo prueba esa porción de sucesos que estamos presenciando; así también esa emulación noble que se observa entre sus hijos, y que concluirá por dar á nuestra pátria el esplendor y la gloria de que es digna». El Fomento de Galicia, Ano I, Nº 25, Quarta feira, 14 de Abril de 1858.

Severino Pérez Vázquez é uma personagem fascinante, inventor de artefactos com aplicações musicais como o próprio malvis, o tecnefone ou a vocalina. Oxalá que alguém, algum dia, escreva a sua biografia.
Outro dos nomes importantes é Urbano Anido, ebanista da rua do Hórreo, que bem a confirmar como muitos destes instrumentos singulares provêm de luthieres ocasionais. Neste caso, isto é apenas uma hipótese, suponho que a oficina de Anido compraria o mecanismo e, em realidade, da sua autoria, só seria o móvel.
Outro dos instrumentos mencionados é a zampoña que achega Andrés Nóvoa, mas a que objeto denomina este termo? O mais fácil é pensar numa flauta pastoril, quiçá de cana. Trata-se dum pito? 

2 comentários:

Igrexas disse...

Podes ler algo máis sobre Severino Pérez aquí:

https://gl.wikipedia.org/wiki/Severino_Pérez_Vázquez

José Luís do Pico Orjais disse...

Obrigado, já me comentaram.