domingo, 21 de fevereiro de 2010

nº 81 Brisas Rianjesas de Felipe Paz Carbajal

Numa lista dos mais grandes compositores galegos para banda de todos os tempos, deveria figurar sempre o nome de Felipe Paz Carbajal (Ponte Vedra, 23 de agosto de 1850 – Noia, 1918). Isto não só pela qualidade das suas partituras, senão também pela recorrência constante da sua assinatura nos reportórios das bandas galegas mais clássicas.

O compositor pontevedrês teve uma vida musical muito intensa que poderíamos resumir nos seguintes itens(1):

- Foi discípulo de José Carnicer, Lorenzo Castro, Antonio Licer, Isidro Fernández e José Gómez.
- 1868. É nomeado director da Banda do Hospício de Ponte Vedra.
- 1878. Funda a Banda Popular de Ponte Vedra.
- 1890-1918. Dirige a Banda de Nóia, na que continua até a sua morte.
- 1892. Dirige a Banda de Vila Garcia e Travanca.
- 1894. É nomeado organista da Sê compostelana pelo cardeal-arcebispo de Santiago, José María Martín de Herrera.
- 1909. Dirige desde a sua fundação o orfeão La Aurora Noyesa.
- 1912-1914. Dirige a banda de Ponte Areias.


O mestre Paz Carbajal tem-se cruzado muitas vezes na minha vida ao revisar os velhos arquivos das bandas populares do nosso país, ou o falar sobre compositores galegos com os membros mais idosos destas bandas.
Ultimamente, teve um encontro muito afortunado com ele na forma duma preciosa partitura dedicada às gentes de Rianjo.
Por gentileza de Sofia, bibliotecária da B.P.M. Castelao de Rianjo, pudem consultar um maço de partituras que foram encontradas na casa petrucial de Manuel António. Entre os numerosos documentos impressos e manuscritos estava uma partitura assinada por Felipe Paz Carbajal titulada Brisas Rianjesas. Havia mais obras do compositor pontevedrês, mas esta é a única cujo título não estava incluído no catálogo do autor que eu manejava.

O texto musical:

O texto musical manuscrito, vinha apresentado numas folhas pautadas (7 p.) de 20 X 30 cm aprox. encabeçado do seguinte modo: «Brisas Rianjesas» Vals coreado por Felipe Paz Carbajal. Cada sistema consta de cinco pautas. As três primeiras estão ocupadas pela vozes tenor 1ª, tenor 2ª e baixo e as duas últimas por guitarras 1ª e 2ª. Esta indicação de guitarra não obedece ao que depois aprece no pautado, pois na realidade trata-se dum acompanhamento para piano.
Do compasso 33 ao 60 há uma pauta para frauta que semelha escrita a posteriori.

O contexto:

Graças ao livro Biografia de Arcos Moldes (2), sabemos que Brisas Rianjesas era uma comparsa que saiu à rua no Entrudo de 1906. Foi para esta agrupação que Felipe Paz compôs a obra do mesmo nome.

A relação do mestre pontevedrês com Rianxo vinha já de velho já que no mesmo livro antes citado vemos outro texto por ele musicado e datado em 1894, com o título Ayer del alma.

O texto poético:

O texto poético resulta um bocadinho brega, incluso para a época em que foi escrito, pelo que semelha estar feito com este fim, de propósito para uma entroidada. Na nossa partitura só temos os primeiros dezasseis versos, mas na Biografia de Arcos Moldes os autores oferecem-nos outros dezasseis encabeçados com o título Pasacalle.

Brisas Rianjesas

«Brisas Rianjesas»
llegan aquí
tu amor buscando,
sin par hurí;
tu, la corola
del corazón,
abre y que oreen
su hermosa flor.

De jardín del mundo
el adorno eres
y entre las mujeres,
bella sin igual;
por eso estas «Brisas»
de puros amores
hoy tantos primores
vienen a admirar.

Pasacalle

Flota en la atmosfera
serna y plácida,
envuelta en túnica
de blanca luz,
la brisa tenue
que cruza ligera
sus anchos ámbitos
del cielo azul.

Igual que aquellas
«Rianjesas Brisas»
amor brindando
van por doquier,
acariciando
com sus cantares
la flor más bella,
que es la mujer.

Para descarregar Brisas Rianjesas premer aqui.

Primeira folha do manuscrito.

(1) Dados obtidos do artigo VARELA DE VEGA, Juan Bautista. Felipe Paz Carbajal, un gran músico del XIX gallego. El Museo de Pontevedra, ISSN 0210-7791, Nº 55, 2001 , pags. 317-336

(2) SANTOS, Xesús & COMOXO, Xosé Biografia de Arcos Moldes (Rianxo: Apuntes dunha vila marinheira) 1865-1944 [Concelho de Rianjo; Rianjo], p. 176-177

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