segunda-feira, 1 de junho de 2009

nº 49 A Câmara de Ugia I

O conceito de estranhamento é muito usado em etnologia quando teorizamos sobre o trabalho de campo. O investigador deve manter uma distância com os informantes para que questões de tipo afetivo, prejuízos, etc., não afetem significativamente a investigação.

A mim, resulta-me muito complicado analisar, estudar, interpretar os usos e costumes da gentes da Arousa, porque seria falar em primeira pessoa e não resultaria muito científico. Por isso apreendo tanto de artigos ou comentários feitos por qualquer pessoa em qualquer tempo referidos a nós, e que pouco a pouco irei pousando no contentor da Hemeroteca dos Ilhéus.
Mas, ás vezes, tens a sorte, como eu tenho, de conhecer a indivídu@s excepcionais que te regalam a sua olhada particular sobre o teu mundo, que já é, que bom!, um mundo compartido.
É o caso da minha irmã Ugia Pedreira, poeta e cantora, que sacou a sua câmara e me enviou uma instantânea da Arousa indiosincrática. Ugia pode definir a um povo com imagens, como Proust deu aos seus recordos o aroma duma magdalena.

Se eu tivera que definir a minha terra usaria sabores, o do pão de ovos do patrão molhado no leite saturado de Colacao, as ameijoas com unto, delicatessem argonauta, e os lamparões cozidos, o chiclete do mar. Mas Ugia escolhe o que lhe entra pela câmara, com a sua facilidade para captar o importante. O cabeçalho da postagem completa-se com o numeral I, porque aguardo que seja uma série que tenha abrigo no meu blogue, com ou sem os meus comentários. Obrigado, Ugia.


© Ugia Pedreira

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