quinta-feira, 30 de abril de 2009

nº 39 PePe Romero, Bravo Mestre!

Hoje fui a Nóia à presentação dum C.D. Aguardava escutar a dois mestres queridos por mim, a José Espanha, clarinetista e compositor e a PePe Romero, geneticamente gaiteiro. Só tocou este último e só por ouvi-lo, a viagem a Nóia logo dum mais que duro dia de trabalho, pagou a pena.
Saiu o gaiteiro ao cenário e durante uns segundos contemos a respiração, sabíamos que ia acontecer algo grande, e aconteceu.
A música de PePe é equilibrada e dominante. Equilibrada porque soube adaptar as novas técnicas ao velho ofício, porque o revolucionário soa a tradicional, a mais difícil equação nos tempos que vivemos. Dominante porque foi suficiente um lamento do instrumento para apoderar-se das nossas vontades, fazer-nos activamente passivos, essa milagre que faz com que um espectador se sinta protagonista do espectáculo.
Arría a Xarda, a sua achega ao livro disco de Barbantia As voces da Musa, tem, alem disso, o sabor a salitre duma foliada marinheira, o aroma da malhante abandonada na beira-mar. Poderia chamar-se Rianjo, Ribeira ou Porto do Som. Poderia ter o rostro dos velhos marinheiros desenhados por Castelao ou a cor duma lua reflectida no mar.
Bom, obrigado, Mestre, pela aula magistral. Galiza e gaitas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Onde se pode conseguir o cd pepinho. Despois de ler a túa crónica, tárdame en escoitalo. Saúde.

José Luís do Pico Orjais disse...

Não gosto de dar resposta a anónimos, mas chamando-me Pepinho entendo que somos amigos. O livro e Cd As voces da Musa, editado por Barbantia, no que se encontra o tema de PePe Romero, é um livro objecto, uma edição única feita como papel especial e fio de linho, encadernado a mão, etc. O seu preço e privativo assim que o Concelho de Noia fez uma para presentear, em edição rústica e com o Cd no interior. As músicas do Cd são desiguais mas alem do tema de PePe que paga a pena escutar com calma, participam gentes como Emílio Cao, Sonia Lebedynski ou José España, um grandíssimo mestre de clarinete. Suponho que em Nóia há exemplares suficientes. Um abraço.