domingo, 18 de janeiro de 2009

nº 12 Um bugulu do Bosch

Este Natal, Teresa, a minha mulher, presenteou-me um livro (dois volumes) formosíssimo da editorial Tashen, titulado Los secretos de las obras de arte de Rose-Mari & Rainer Hagen. Os autores analisam as imagens intentando explicar todas aquelas coisas que não vemos a primeira vista. O mau é que as vezes também querem explicar o que resulta simplesmente óbvio. Isto acontece, por exemplo, no famoso quadro do Bosch, O Carro de Feno. No ângulo inferior esquerdo da tábua aparece uma figura descrita deste modo:



"A la izquierda aparece un hombre, un titiritero por el alto sombrero negro, que lleva un niño en la capucha al que quizá haya raptado."




Fonte: Museu do Prado.

A personagem central, a do alto chapéu, é um cego que se apoia num guia, o seu criado. Leva um capote cumprido e assomando pelo capuz vemos a cabeça e o braço estendido duma marioneta.
A técnica que executavam estes artistas ambulantes consistia em manipular um boneco de mão usando como telão o capote e como manipulador o próprio cego ou o criado.

Muito conhecida é a imagem de O Galego dos Curritos, obra do pintor Leonardo Alenza y Nieto, (Madrid, 1807-1845).

Fonte: Museu do Prado.

Esta cena mostraria a performance dum músico nas ruas de Madrid vários séculos apôs do quadro do Bosch.

Por último, resulta curioso ver como o sanfonista pintado por Fierros, actualmente no Museu de Lugo, tem os atributos próprios do artista ambulante, comuns aos três desenhos: grande chapéu, cumprido capote e uma moca ou pau na mão para servir de bordão ou assegurar-se a superioridade nos maus encontros.

Fonte: Museu de Lugo.

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