sábado, 6 de maio de 2023

nº 254 Ninguém se lembra do segundo!

Ninguém se lembra do segundo!

Pequena biografia de Celestino López Sánchez.




Imensamente agradecido a:
Flora Rodríguez, Pepe Pardavila  e Jorge Abal da Póvoa, 
Ramom Pinheiro, Isabel Rei, Xoán Pastor Rodríguez, 
Tamara Dopico, Cantigas e Agarimos e
ao sábio Xosé Comoxo.

Em 28 de junho de 1924, na Praça da Quintana ou dos Literatos, realizou-se o concurso de gaita-de-foles mais famoso da história da Galiza. Nesse dia, Avelino Cachafeiro Bugallo é proclamado, de fato, o melhor gaiteiro do país. Segundo Rivas Troitiño, as obras obrigatórias do concurso foram a Alvorada de Veiga e um passacorredoiras, entendo que de livre escolha. No mesmo artigo afirma que “de los nueve gaiteiros inscritos, tres se retiraron, no sabemos si por temor al ya temido gaiteiro de Soutelo, o por otras razones” [Triunfo. (23 março 1974) Año XXVIII, n. 599, p. 31-33]
Apesar da escassa participação, a vitória alimentou o mito do Gaiteiro de Soutelo, elevado aos altares numa encenação que parecia, e talvez fosse, feita à medida. Dois dias depois da vitória de Avelino, Castelao acompanhou o herói na sua entrada triunfal em Soutelo. Ao chegar à porta de casa, o patriarca do clã, Fermín, acendeu um foguete. Os primeiros a cruzar o umbral foram os irmãos Cachafeiro, e depois Castelao, como Escrivão Geral da galeguidade. Assim, o dia 10 de agosto, o jornal Galicia [Castelao, D. (10 de agosto de 1924). “O Gaiteiro de Soutelo” . Galicia. p. 1] publicou em primeira página uma crónica do político rianxeiro, acompanhada do retrato de Avelino que se tornaria icónico no imaginário da nossa cultura popular [Ver apêndice]. Nela, dá-se conta de que o terceiro prémio foi conquistado polo adolescente Cástor Cachafeiro. De quem não diz o nome é do gaiteiro que teve a honra de estar entre os dois irmãos de Forcarei. Polos jornais da época sabemos que se tratava de Celestino López Sánchez, gaiteiro do coro Cantigas e Agarimos e saxofone barítono do 3.º batalhão de infantaria. Mas, o que sabemos desta personagem que ousou desafiar em cima do palco, o próprio gaiteiro de Soutelo? Aqui estão as minhas descobertas.

No centro, em primeiro plano com gaita, Celestino López.


Asociación de Exploradores de Ponte Vedra

Celestino López Sánchez nasceu em Ponte Vedra em 14 de julho de 1902, sendo os nomes dos seus pais os de Enrique e Josefa. Assim consta no seu atestado de óbito, embora tenha promovido a ideia da sua natureza compostelana.
Quase nada sabemos sobre a primeira década da sua vida, mas em 1912 acontecerá algo que será fundamental na formação musical posterior: o capitão de cavalaria Teodoro Iradier y Herreo funda a Asociación de Exporadores de España, na sequência do recém criado movimento escuteiro. Em dezembro desse mesmo ano nasce a delegação de Ourense e logo, a seguir, a de Ponte Vedra, tendo como presidente o omnipresente Marquês de Riestra. Ao primeiro executivo pertencem personagens conhecidas da vida de Ponte Vedra, como Prudencio Landín, Isidoro Millán ou Javier Pintos. No final desse ano, os exploradores formaram uma Banda de Música dirigida por Juan Serrano Marqués (Lugo, 1859 [conforme atestado de óbito]; 8 de janeiro de 1954). O maestro Serrano, aluno de Montes e Varela Silvari, entre outros, teve uma vasta experiência tanto com grupos infantis (Orfeón infantil de Lugo, Orfeón infantil helénico de Ponte Vedra...) quanto na direção de bandas musicais (Lugo, Ponte Vedra, Vigo...). Há que ter em conta que a Asociación de Exploradores recrutava crianças de entre 12 e 14 anos. Em 1914, o duo formado polo requinto Celestino López e o flautim Alfonso Quintas, acompanhados ao piano polo próprio maestro Serrano, participavam nas quermesses organizadas pola Asociación. Nesses eventos era frequente a presença do Instructor Jefe dos exploradores, o barítono Víctor C. Mercadillo. O bando de exploradores, formado sob o prisma do movimento scout, foi fortemente influenciado pola estética, organização e disciplina militar. Robert Baden-Powell, fundador mundial dos escuteiros, assim como Teodoro Iradier, seu sósia espanhol, eram soldados de carreira. Por mera intuição da minha parte, tendo a pensar que a influência britânica do fundador e a suposta marcialidade das gaitas-de-foles para o desfile, fizeram com que os exploradores se interessassem em incluir este instrumento galego nas suas formações, acompanhando, em muitos casos, tambores e cornetas. Assim, em 1914, podíamos ler num jornal a seguinte nova:

«Se exhibe en un escaparate del Toral, una preciosa gaita gallega de madera clara y guarniciones de terciopelo y seda morado y amarillo, que encargó el comité de exploradores del distrito de Chamberí, en Madrid, al local de Santiago.
Tal instrumento es para la charanga de los exploradores de la Corte, y en el extremo del ronco lleva una artística plancha en mate, en la que, rodeando la estrella de cinco puntas, se lee: “Exploradores madrileños». La Correspondencia Gallega : diario de Pontevedra (6 abril 1914) Ano XXVI n. 7259 p. 1.

Sabemos que nas festas organizadas polos exploradores, Celestino tocava gaita-de-foles, acompanhado ao tambor e ao bombo polos camaradas escuteiros Ribadulla e Pacheco, como aconteceu em maio de 1918 com motivo da celebração do aniversário do Rei.
Celestino acompanhou também um coro escuteiro, precedente mais imediato para aquela que será, anos mais tarde, sua atuação no coro folclórico Cantigas e Agarimos.

«Tanto la banda de los exploradores como el coro de los mismos con su gaita, fueron ovacionadísimos y obsequiados en las Sociedades Casino, Gimnasio y Círculo Mercantil. [Visita à Estrada]» Diario de Pontevedra (6 de agosto de 1918) Ano XXXV n. 10290 p. 1.



Compostela

Em 1919, Celestino recebeu uma pensão de estudos da Fundación Figueroa. Com quase total probabilidade, foi este o motivo que o levou a viver em Compostela. Um ano depois, começam os ensaios de Cantigas e Agarimos, coletivo de que faz parte desde sua fundação. Integrou também a banda do regimento de Zaragoza, tocando o saxofone barítono. Em 1923 casa com Manuela Segade López, celebrando o vínculo na igreja paroquial de San Miguel dos Agros. O padrinho do casamento é o fotógrafo Enrique Guerra, presidente do coral, o que reafirma ainda mais seu vínculo com Cantigas.
Quando conquistou o 2º prémio no concurso de gaita-de-foles das festividades do Apóstolo (1924), foi referido na imprensa como músico de 3.ª da banda do regimento de Zaragoza. Na verdade, em junho já aprovara a oposição para a banda de música municipal, na qual tocará primeiro saxofone barítono e, depois, o contralto. O annus miriabilis de 1924 se encerrará com o nascimento dos gémeos Leonardo e Aurora López Segade. Esta última casará com António Varela Caeiro, colunista da imprensa local e secretário do pósito de Rianxo. Uma carreira profissional muito semelhante, como veremos, à do sogro.
Vale ressaltar que Celestino coincidiu com o maestro Bernardo del Río na banda do regimento de Zaragoza, na banda municipal compostelana e em Cantigas e Agarimos, sendo esta uma pessoa a quem sempre guardou um carinho sincero.

Nesse período estudou magistério, recebendo-se em 1928.

A guitarra e a Agrupación Artística Compostelana

Em 1929 nasce a Asociación Artística Compostelana, sendo Celestino o primeiro regente da sua rondalla. Com efeito, entre os muitos instrumentos que tocava estava a guitarra, como pode ser conferido na notícia a seguir: 


«El director del coro Cántigas e Agarimos y profesor de la Banda Municipal don Celestino López Sánchez ha dado ayer noche en su academia de música ante un público selecto invitado particularmente al acto, un magnífico recital de guitarra, en el que fue muy aplaudido y demostró la sorprendente técnica y dominio que tiene en la ejecución del referido instrumento.
Celestino López Sánchez se propone llevar a cabo por Galicia una tornee artística para darse a conocer como guitarrista notabilísimo que es». El pueblo gallego : rotativo de la mañana. (15 de marzo de 1929). Año VI Número 1581


Era frequente que nos concertos da rondalla, Celestino tocasse algumas peças a solo. À frente da Agrupación Artística é mais do que possível que tenha dirigido, e até formado, a um adolescente Basílio Carril (1914-1974), famoso fabricante de gaitas-de-foles. Dizia-se que ele até construiu sua própria guitarra [Ver entrada da Gran Enciclopedia Gallega assinada por Benedicto García]. A formação de Celestino como guitarrista e rondallista pode ter vindo daquela banda de exploradores pontevedrina. Seu regente, Juan Serrano, também tocava guitarra e bandurra. Se considerarmos que Serrano foi aluno de Montes, mais uma vez, também guitarrista, poderíamos falar de algo semelhante a uma escola. Na realidade, Montes, Serrano e López Sánchez constituem uma cadeia de custódia de uma tradição musical ou prática comum, bandística, orfeonística e guitarrística. Infelizmente, para poder falar nesses termos, falta-nos o fundamental: seu repertório.

Em 1930, Celestino demitiu-se da banda de Santiago para liderar a banda de A Lama.

Professor de primário. A Póvoa do Caraminhal 

Em 1932 começa o ano como professor de educação primária e música da academia compostelana Nieves, mas, apenas dois anos depois, após um período de cursillista, começou a lecionar na escola do pósito da Póvoa do Caraminhal. Na vila nazarena funda a Agrupación Artística Musical y Recreativa Arosa, à semelhança da Agrupación Artística Compostelana. Também iniciou sua estreita relação com as organizações de pescadores, sendo na época do golpe de estado franquista, secretário do pósito.

Agrupación Artística Musical y Recreativa Arosa? ca. 1935
Arq. Xoán Pastór Rodríguez

Agrupación Artística Musical y Recreativa Arosa
El Pueblo gallego (28 -fevereiro-1936 ) Ano XIII, n. 3891, p.3

Como todos os cursillistas da República, ele foi expurgado. Assim, em setembro de 1936, foi suspenso do seu cargo por um ano. No entanto, depois de três meses, ele já tinha voltado para a escola. Em junho de 1937
[BOE, Burgos, 7 de agosto de 1937] foi reintegrado definitivamente no cargo, ordenando-se o pagamento dos salários que lhe eram devidos.
Nos primeiros anos da década de 40, aprovou as oposições de orientação marítima e integrou a junta local de pesca da costa noroeste. Além disso, ocupa o cargo de chefe local do Sindicato Espanhol de Professores (S.E.M.), sindicato vertical franquista.

Presidente da Câmara Municipal da Póvoa do Caraminhal



Por um curto tempo, 1952-1954, ocupou a presidência da Câmara Municipal da Póvoa do Caraminhal. Durante sua gestão, começaram as conversas sobre a valorização turística do entorno de Curota e foi recebido o busto de Valle-Inclán, um presente do concelho de Ponte Vedra, obra do extraordinário artista Benito Prieto Coussent. Em agosto de 1953 é apresentada ao seu público a Agrupación Artística Musical Caramiñas, na qual Celestino dirige o coro.

Juízo a Cantigas e Agarimos
Em 1954, o jornal La Noche, regista uma troca de impressões entre Celestino López e Francisco Rodríguez, então diretor de Cantigas e músico, vice-regente e, posteriormente, regente da Banda Municipal de Santiago de Compostela. Enfrenta-se um membro fundador e regente do coro, com o primeiro maestro após a refundação provocada pola morte de Bernardo del Rio. Este debate resulta interessante em extremo para entender a evolução dos coros galegos.


«El coro Cantigas e Agarimos juzgado por su antiguo director Celestino Sánchez.
[...]
-Opino que dos gaitas están bien en los desfiles y en las foliadas, pero no en otra clase de cantos, en los que me inclino a utilizar una sola, puesto que, además del exceso de sonido, y posible desafinación y la también posible poco unidad entre las mismas, pueden deslucir y quitar el carácter a la canción.
Opino también, que el director debiera ir uniformado, como es clásico en este tipo de agrupaciones, lo cual no quita personalidad, pero en cambio desentona, rompiendo la vistosa armonía del conjunto» La noche. (5 de agosto de 1954) Ano XXXVI. N.º 10431. p. 4
Alguns dias depois, Francisco Rodríguez, respondeu um tanto zangado perguntando a Celestino por que ele não lhe dera aquelas gentis recomendações na conversa que os dois tiveram o dia do concerto.

«En lo que al Director se refiere, estoy de acuerdo en que debe vestir igual que los coristas, para no desentonar el conjunto. Espero que en su día quede resuelta esta cuestión, que es asunto interno de la Colectividad.
En cuanto al empleo y afinación de las gaitas acompañando al Coro en alalás y foliadas, estas, que son casi siempre a dos voces al disponer de dos gaitas es lo lógico que cada una se emplee, respecto del Coro, oportunamente en cada voz: porque si se suprime una de las gaitas, evidentemente reproduce un desequilibrio sonoro en el conjunto, lo que supone peor el remedio que la posible desafinación.
¡No suprima gaitas, don Celestino! Hace pocos meses he visto y oído un prestigioso coro de nuestra región actuar simultaneamente con tres gaitas, y no sé que tengan ningún propósito de suprimir alguna…
Los tiempos evolucionan, y esta misión “sagrada” de suprimir gaitas y folklores queda reservada a la música importada llamada de negros, que se me antoja ya infiltrada en la ropa. La Noche. (14 de agosto de 1954) Ano XXXVI. n.º 10439. p. 2

Celestino contra-atacou com seus velhos argumentos, aliás, não tão distantes dos de Francisco Rodríguez. 

«Las composiciones musicales armonizadas están destinadas a ser interpretadas por orfeones y polifónicas masas corales en las que todas sus cuerdas están bien nutridas de voces y no dan la sensación de debilidad y pobreza.
El quitar a un coro gallego de la interpretación de las canciones “folklóricas” es lo mismo que oirle tocar a una gaita la rumba del “negro zumbón”. Cada cosa es para lo que es.
[…]
Si como observamos la tendencia “moderna” a orfeonizar toda nuestra música regional, aun aquellos cantos del mayor sabor enxebre, entonces es preferible dejar los trajes que representan al tipo individual de nuestros paisanos en traje de fiesta, y se toquen con smoking o chaquet». La Noche. (24 de agosto de 1954). Ano XXXVI. nº. 10447. p. 4
 
O confronto não durou muito porque no ano seguinte Cantigas se apresentou nas festas do Nazareno e, em 1958, Celestino e Francisco Rodriguez foram nomeados sócios honorários na mesma sessão da junta diretiva do coro compostelano.
Em julho, uma delegação de Cantigas e Agarimos desloca-se à Póvoa do Caraminhal, sendo recebida polo próprio Celestino, talvez em agradecimento pola sua nomeação como sócio honorário da entidade. Então, escreve um novo artigo onde faz algumas reflexões reveladoras da sua visão sobre o papel das mulheres nesses grupos. Ao serem incorporados aos corais, na década de 1920, estavam prestes a dar um passo decisivo na defesa de seus direitos. Até então, era de se esperar que fizessem parte das Hijas de María, sendo inapropriado do seu sexo cantar em coros seculares e mistos.
Além de se exporem publicamente em eventos em que participavam coristas de ambos os sexos, participavam em excursões dominicais, como recordou Celestino, a parques de merendas do Castinheirinho, Amanecida ou o Caminho Novo. Todavia, os coros giravam, durando as turnés dias ou semanas, como quando um destes grupos tinha de atravessar o Atlântico. Foram, as coristas, mulheres valentes. Mas este avanço para elas, sem dúvida histórico, não significa que todos os preconceitos arraigados no cérebro dos coristas masculinos foram repentinamente erradicados.
Celestino faz uns comentários no jornal La Noche que sintetizam toda uma ideologia patriarcal e paternalista, expressões que não são sinónimos perfeitos, mas sim complementares. O franquismo instaurou o machismo de estado, mas, obviamente, a ideologia já fora inventada.

«Hubo tiempos, no muy remotos, que el pertenecer a una colectividad artística era el mayor honor que podía caberle a un artesano. Con fe y entusiasmo, se sacrificaba por parte de “ellos”, el tiempo que podían invertir en tomar y charlar la penúltima chiquita de la noche para dedicarlos a las tareas artísticas, y por parte de “ellas”, las últimas vueltas en los paseos cotidianos por las calles y rúas de las ciudad.
¿Es más honroso y decente para las chicas artesanas, el pulular por calles y jardines o frecuentando los lugares mas concurridos para su mayor exhibición? Como hombre, les manifiesto que no son precisamente esas las mejores armas para buscar el compañero ideal, porque la modestia, la sencillez y la virtud, son como la violeta que aun estando oculta, se la busca por su pureza, belleza y perfume
Al pertenecer a una agrupación artística, demuestra la delicadeza y perfección espiritual, vestir ese traje tan gracioso y elegante y enxebre, cantar las alegres foliadas y sentimentales alalás, etc., le dan un encanto y pureza de alma, que significan un poderoso imán para los mozos, y así hemos visto, que muchas chicas que han pertenecido al coro, han encontrado sus ideales en él y fuera de él, que seguramente no hallarían de otra manera por mucho que se lo propusiesen, y soy testigo que fueron objeto en todo momento del mayor respeto, las mayores consideraciones y de las más cariñosas manifestaciones de afecto en casa y fuera de ella» La Noche. Ano XXXVIII. n.º 11696. 30/08/1958

Duas filosofias diferentes são misturadas aqui. A krausista, influente nos coros Clavé, em que se pretendia educar as classes trabalhadoras através da música, afastando-as, entre outras coisas, das tabernas e do alcoolismo. Por outro lado, o movimento antoniano e os círculos católicos.
Estes procuravam captar aos jovens que saíam da tutela da igreja, ingressando em associações seculares, como as de influência krausista, ou em organizações políticas de esquerdas. As mulheres aqui se dedicavam a atividades artísticas, como teatro ou apresentações musicais, muitas vezes sem rigoroso conteúdo religioso, mas sempre com uma moral cristã impecável. Em ambos os casos, fossem as intenções melhores ou piores, tratava-se de controlar o lazer, principalmente no caso das mulheres, não foram a decidir ir livremente para onde quisessem. Um episódio ocorrido no ano da fundação de Cantigas e Agarimos ilustra perfeitamente como a mulher e colocada forçadamente no centro do “problema”.
Os primeiros ensaios de Cantigas decorrem nas instalações do Centro Católico Obrero de Santiago. Logo eles têm que deixar este espaço e são realojados nos da Unión Protectora de Artesanos. A causa foi, justamente, que os católicos não concordavam com a presença de mulheres no coro. 

Em 1956, Celestino é nomeado presidente da Sociedad Liceo Pueblense, sendo reeleito em diferentes convocações. 

Despedida 

Em novembro de 1964 morre Manuela Segade López (1904-1966). Este fato marca o ocaso da vida de Celestino López. Em novembro de 1966, escreve em El pueblo gallego uma emocionada despedida a vizinhança da Póvoa. Problemas de saúde levam-no a residir em Vigo. A partir daí continua a colaborar nos especiais publicados pola imprensa durante as festividades nazarenas. Essas colaborações, solicitadas por seu amigo Juan B. Martínez Lemiña (1906-1975), são um dos poucos vínculos que lhe restam com a sua vila de residência durante mais de quarenta anos. Celestino López Sánchez morre em Vigo o 26 de Agosto de 1971. A causa oficial foi infarto do miocárdio. Foi enterrado no cemitério de Pereiró. 

 Finalmente

Durante a escrita desta pequena biografia tive a oportunidade de conversar com algum ex-aluno de Celestino López. Eles lembram-se dele como dum professor muito rigoroso. É evidente que sempre foi acompanhado por uma disciplina militar, talvez alimentada desde cedo nos exploradores de Ponte Vedra. Para além do quão simpático achemos a personagem, é claro que a sua atividade como gaiteiro, guitarrisista e corista fazem dele alguém a ter em conta e a quem devemos continuar a investigar. É possível que a partir dessas pesquisas tragamos à tona novos achados reveladores. Vamos ver.

Arquivo de Imprensa



1 comentário:

isabel rei disse...

Obrigada eu! Excelente biografia. Abraço.