sábado, 8 de setembro de 2012

nº 145 A cruz sepultada.

Com o título desta postagem, A cruz sepultada, tentei definir em poucas palavras o que sinto cada vez que atravesso o adro da igreja de Santa Columba em Rianjo e olho para o arranque dum dos seus contrafortes. O que vejo é exactamente isto:


Se reparam no perpianho que está no centro da fotografia, verão parte dum bloco de pedra onde há gravada uma cruz inscrita numa circunferência. Obviamente há que ser muito ousado para dizer que é exactamente o que contém esta pedra meio oculta, e eu sou de natural cobarde. Mas quisera fazer algumas reflexões e algo de ciência ficção, sem que isto sirva de precedente.
Sempre que estou à beira do gravado pergunto-me quanto pode custar que um arqueólogo, um técnico de património e algum que outro operário municipal façam o seguinte:

- Levantar alguma pedra do adro, fazer uma pequena escavação e descobrir o perpianho para que se veja a cruz na sua totalidade.

- Depois de tomar notas, medidas e fotografias tornar a deixa-lo todo como estava.

Considero que isto não havia custar muito dinheiro. Tecnicamente é possível? Acho que sim.

O ganho com esta operação arqueológica não seria menor. Tenhamos em conta, e por pura lógica, que se a cruz está nos cimentos da igreja, tem de pertencer a uma obra contemporânea ou anterior a mesma. Existem dados bem contraditórios ou pouco claros sobre a datação de Santa Columba, mas se os contrafortes foram construídos no século XV, por um supor, esta seria, portanto, uma data ante quem.

Como sei que será difícil que os técnicos de património atendam aos meus rogos, só podemos especular sobre o desenho do gravado e a sua possível interpretação. Tendo em conta que a parte visível da cruz leva cinco ou seis séculos à intempérie a rés de chão, é normal que esteja tremendamente degradada e custe saber certo de que tipo de cruz estamos a falar. Os braços parecem rectos, ao igual que os extremos dos mesmos, assim que eu descartaria uma cruz paté. Procurando uma coerência nas medidas e proporções, fiz este rascunho, a modo de interpretação.

 


Existem muitos exemplos de cruzes semelhantes a esta, é dizer, inscritas numa circunferência, gravadas na parte visível dum grande bloco de pedra. Rebuscando em internet, encontrei uma que pode ser muito semelhante a nossa de Santa Columba. O bom, é que pertence a uma igreja muradana.

 Fonte aqui.

Por último, dizer que o meu desenho, a minha interpretação da cruz sepultada, lembra muito a uma cruz de Malta, a ordem hospitalária. Que curioso, a rua paralela a igreja de Santa Columba chama-se do Hospital.

Post Scriptum

Depois de publicado esta postagem, o meu amigo Carlos Collazo assinalou-me mais duas cruzes nos muros da igreja. Estão colocadas nos silhares mais altos dos muros exteriores do templo e são estas:




Ambas estão quase inteiras mas com fendas ou mutilações que poderiam provar a sua função de  simples perpianhos, e não a de elementos decorativos ou emblemáticos. É dizer, considero que a sua presença é circunstancial. Tal vez são pedras reutilizadas, tentativas que não chegaram a lograr-se... Sei lá.
Só frisar o fato de a última ter os braços e os seus extremos arqueados, iguais ás tantas vezes reproduzidas cruzes templárias.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pepe hai unha enteira na parede ó lado desta.....e outra na norte tamen enteira....abre os ollos...;-)...

Anónimo disse...

son eu...