Ando, desde já faz muito tempo, a voltas com isso que pudéramos chamar a filosofia do si. Depois de ler muito, escutar muito, olhar muito o que fazem os outros, chega a etapa em que precisas descobri-te, inventar-te, dar-te a conhecer a ti mesmo.
Por isso eu considero que muitos blogues não são o fruto dum exibicionista que oferece as suas idiotices a um público em potência, senão, mais bem, um modo de amostrar-se um a si mesmo de que pasta está feito.
Tinha dúvidas se publicar os meus rascunhos temeroso de que alguém pudera estar a olhar por um furadinho, mas cada um de nós somos essa difícil equação entre o que criamos e o que destruimos, independentemente da qualidade do feito ou desfeito.
Quando vi a rapariga da fotografia da Estampa, postagem nº 31, fiquei namorado dessa cara de pessoa nascida em liberdade. Se tivesse que descrever como era a Ilha antes da anexação, mostraria o rostro desta menina e ficaria calado. O meu rascunho tentava recolher essa magia e fazê-la minha, coma num antigo ritual para roubar-lhe a alma.
Sei que não é um grande desenho, mas como diria Michel Onfray: «Um filósofo-artista que fracasa é mais grande que um membro do rebanho que trunfa.»
8 comentários:
Vou comentar un artigo teu por primeira vez, decíndoche antes que gosto moito do blog. Os meus recordos de antes da "anexión" coinciden cos teus, mais tamén son os das pingueiras na cama, a bacenilla baixo dela, o quinteiro, as pozas no camiño sen alumeado, erguerse ás 7 da mañá e voltar as 9 da noite despois dunha viaxe en barco e en autobús para asistir ó insituto. Claro que estou dacordo coa túa reflexión, mais como ben dicías no artigo anterior, non deixa de ser unha imaxe idílica que oculta as moitas necesidades que tiñamos, incluso coincido co artigo de Manuel Rivas onde se queixa da estética da ponte, pero só nese aspecto. Os cambios negativos que sufrimos tamén serán en parte culpa nosa, digo eu, e que reflexan polo tanto que esa visión que tiñamos do paraíso era cando menos parcial. Lémbras cando reconociamos os barcos polo seu son cando ían chegando a porto e corriamos ós cons a recibir ó pai, ó tio, a un primo, ó veciño.. Hoxe só se escoita o ruido do tráfico. Ou cando chamaban por nós "a comeeeer!!", aí tamén se distinguía a chamada dunha nai se o facía en galego ou en castelán, costume esta última que se foi poñendo de moda cada vez máis, sobre todo para chamar ás nenas. Un inciso coa verba quinteiro. É curioso o significado que toma na Arousa, lugar onde se botaba o lixo na horta, onde se facían as necesidades, xuntándoo todo cos excrementos das galiñas ou do porco, e todo compostado, anaeróbicamente, empregábase como abono. Cando escoitei o alalá das mariñas, en versión de Uxía, disco que me prestaches, non me cadraba como un tema tan bonito falaba do portelo do quinteiro, ata que coñecín o significado do termo.
Caro amigo:
Tinha as minhas suspeitas de quem podia ser Na illa, mas o de que te emprestei um CD de Uxia desconcertou-me absolutamente. De qualquer modo e a espera de que me confesses a tua identidade, falo-te como a um amigo.
Eu não posso entrar a debater se é era melhor a Ilha agora ou antes da ponte. Este debate seria cínico (em termos filosóficos) pela minha parte, pois levo vivendo fora dezasseis anos.
Também não pretendo com Ilha de Orjais fazer um blogue da história da Arousa, senão, simplesmente, fazer um blogue sobre a minha história, a história que lembro, a que os meus sentidos captaram e a minha memória logrou reter.
Com tudo si acho que posso fazer reflexões gerais que valem para a Ilha ou para qualquer outro lugar em perigo de extinção (como território singular).
1º Nada justifica a destruição duma singularidade. A Ilha de Arousa era um espaço que as forças, para mim inexplicáveis da natureza, fez tal e como era: uma Ilha. A criação duma ponte atravessando o Bau e destruindo a insularidade é um acto anti-natura, uma violação da ordem estabelecida.
2º Este facto anti-natura só seria compreensível se as melhoras de tipo humanitário (que palavra tão mal usada) fossem compensatórias da aberração ecológica. E isto assim? Falas de pingueiras, quinteiros e outros costumbrismos mas, estas melhoras só são possíveis graças a que existe uma ponte? Eu acho que não.
Uma última questão, e esta em termos exclusivamente antropológicos. Durante o século XIX a ilha tinha algo mais de 1000 pessoas e durante o século XX chegou a algo mais de 5000, uma povoação superior à de Catoira com maior superfície habitável. Os assentamentos de povoação não são casuais e se a Ilha de Arousa não deixou de crescer desde a colonização de São Martinho Pinário é porque a gente aceitou como boa a sua situação. De não ser assim, o lógico e que depois de liberados das cargas com os foros, pouco a pouco fossem fugindo cara núcleos de povoação mais avançados, como a emergente Vila Garcia, que passou de ser um núcleo insignificante no XIX, à verdadeira metrópole do interland arousão. O Ilheu morou onde queria morar, uma ilha no meio da Ria de Arousa.
A chegada da Ponte, converteu a Ilha numa aldeia ou vila mais do Salnés, que legitimamente era o que podiam querer ser os seus moradores.
Em fim, a ponte está ai, como estará proximamente a do AVE(rración) cruzando de Isorna a Catoira, ou como já está na actualidade, também em Catoira, a que afeia as Torres do Oeste, esse lugar mágico onde segundo Rosalia não se podia ir com o coração negro. Um saúdo do teu amigo.
Por certo, Na Illa, esquecia dizer que gosto imenso do teu blogue, que visito cada vez que há novidades.
Pepinho, xa te contestarei noutro momento que agora non teño tempo, pero decirche que unha cousa é na illa e outra na Arousa. Os da illa en Bueu son os de Ons. Saúde e terra.
Desculpa, Na Arousa, pelo erro no álias, mas o blogue no que entro a diário e do que gosto e do teu, como podes ver no meu blogroll. O outro não o conheço mas entrarei. Por certo, prefiro Saúde e Pátria, ou melhor,Saúde e Mar.
Pepinho, non te vou confesar a miña identidade. As identidades revélanse, o que se confesa son os pecados, e eu hai tempo que non confeso, o que non quer decir que non peque, ou eso espero. Tampouco revelarei a miña identidade, por outro lado tarefa ilusoria na internet. Xa cho direi algún día, cando te vexa. Outra aclaración, Na Arousa non é un blog, simplemente é un nick, apareceu có logotipo de blogger.com porque adoptei unha identidade falsa pare escribir nun blog que non admitía comentários anónimos.
Agora xa referíndome á túa resposta, teño que decir que non estou dacordo có primeiro punto. Hai singularidades que debemos combater e si é posible destuir. Non considero as pontes coma un acto antinatura, tampouco á da Arousa. Tampuco comparto o segundo punto. Falas de "costumbrismos". As pingueiras e os quinteiros non eran costumes, eran carencias que non escolléramos. Con eses exemplos quería mostrar as moitas necesidades que tiñamos. A ponte contribueu de maneira decidida a mellorar todas estas carencias. Seguramente se poderían ter resolto doutro xeito, de igual maneira que o impacto da ponte e o desenrolo que trouxo pudo ir por outro lado, esto último era o que quería resaltar.
Xa para rematar, unha suxerencia. Lembras a pasantía de Doña Palmira?, no campo, onde agora está unha entidade bancaria, curioso e poético verdade. Pois ben, téñolle escoitado a meu pai, que en plena dictadura, a pesar de seren castelán falantes, nas aulas daba nocións gramaticais de galego. Non me refiro tanto á calidade das mesmas senón ó feito mesmo de ensinalo. Teño leido algún artigo teu sobre outros persoeiros da Arousa, penso que Doña Palmira podería ser obxedo dun deses artigos. A ver si atopas información. Saúde e NUNCA MAIS.
Finalmente, eu tamén estou en contra do AVE, pero penso que non é comparable coa construcción dunha ponte como a da Arousa. Bicos.
Lamento não conhecer a tua identidade. Eu acho que quando se dão opiniões, independentemente do suporte, devem ser assinadas, mas, como não pode ser doutro jeito, respeito a tua opção.
Desculpa o de denominar como costumista o das pingueiras e o vaso debaixo da cama. Eu referia-me, quiçá com certa ironia, a um quadro de costumes, uma imagem costumista, portanto um quadro de género. Isto não tem haver com o conceito de costume do que tu falas, o matiz é importante. O que queria em certo modo dizer é que ainda podendo ser maioritário na Arousa a existências dumas vivendas com carências, coisa da que não estou tão certo, havia outras onde não acontecia isto. Onde morou a minha família sempre tivemos um teito bem retelhado e uma casa de banhos em condições. Alguém poderá pensar que a nossa situação económica permitia-nos certos privilégios, mas não é assim, éramos muitos irmãos e havia que esticar muito o dinheiro.
Simplesmente era possível viver de outro modo. Se na Arousa havia carências, que de certo as havia, a culpa não era do isolamento geográfico, senão de outros isolamentos que poderíamos analisar dum modo multi disciplinar, desde a antropologia, a sociologia ou a política mais prosaica.
Sinto que aches que as singularidades se podem destruir, porque isso é o que durante as últimas décadas semelha opinião geral na Arousa. Sinto que sem querer esteja a debater sobre se a ponte sim ou a ponte não, quando faz tempo que decidi que não entraria em discussões bizantinas. E sinto que a dia de hoje a minha Utopia, só exista em uma porção de ilhéus que não se resistem a perder esse status de povo singular que lhe concedem os seus convizinhos de Ria.
Vivi em Riveira, Rianjo, Vila Garcia, nasci em Ogrobe e criei-me na Arousa. Onde estive exerci de arousão, um orgulho carcamão que vós, os nativos, me inoculastes por métodos não sempre pacíficos.
A ponte foi uma porta aberta a outra realidade com a que jamais concordarei.O teu amigo identificado. Orjais.
Penso que no fondo estamos a coincidir. Ainda que agora non teño tempo para extenderme máis, xa o farei, non atopo nestas definiccións que adxunto, tiradas do estraviz, que unha singularidade teña que ser necesariamente por definición algo bo, e tí non precisaches, por eso a afirmación me pareceu desproporcionada. Fíxate na frase que pon de exemplo e nos antónimos. Saúde.
Singularidade s. f. (1) Qualidade do que é singular. (2) Qualidade do que é extraordinário ou pouco comum: a singularidade de um feito. (3) Acto ou dito singular: as suas singularidades desacreditam-no. Sinóns. Raridade, excelência, particularidade, extravagância, excentricidade. Antón. Pluralidade [lat. singularitate].
Singular adj. (1) Relativo ou pertencente a um só. (2) Que nom se assemelha aos outros: espécie singular. (3) Original em que faz ou em que diz: pessoa singular. (4) Estranho: acto singular. (5) Diz-se do número que indica uma só pessoa, animal ou cousa. s. m. Gram. O número singular, o que indica uma só pessoa ou cousa. Combate singular: combate entre duas pessoas. Sinóns. Único, só, raro, extraordinário, insólito, surpreendente, desusado, estranho, inaudito, excelente, distinto, insigne, egrégio, especial. Antón. Plural [lat. singulare].
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