Ás 8
horas do 12 de julho de 1966, no Salão Nobre do Palácio da Deputação de Ponte
Vedra, celebrava-se a jornada de estreias do VII Festival de la Canción Gallega.
No piano, acompanhando à soprano Dolores Pérez, o grande Miguel Zanetti dava começo
ao programa com as primeiras notas das Dez
canções galegas.
Este conjunto de cantigas compostas pelo maestro
lisboeta Frederico de Freitas (1902 -
1980), são dez poemas musicados cujos versos pertencem à pena de Fermín
Bouza Brei, Emílio e X. Mª Álvarez Blázquez, Luís Amado Carballo, María del
Carmen Kruckenberg, Ramón Vidal, Ramón Cabanillas e o nosso Faustino Rei
Romero.
Não espanta a participação do padre de Isorna neste
agrupamento poético por quanto é bem conhecida a sua amizade com os Álvarez
Blázquez ou o Bouza Brei. O verdadeiramente interessante é que um poeta
relativamente pouco conhecido, como Rei Romero, passe a fazer parte da obra
musical dum dos grandes compositores de Portugal.
A dia de hoje, não posso dizer certo quem fez a
coletânea poética com a que trabalhou o Frederico de Freitas, mas é muito
provável que fora iniciativa de Emílio ou Xosé María Álvarez Blázquez.
O caso é que depois de muita busca, dei com a
partitura Canta, paxarinho, canta, que faz a número cinco das Dez canções
galegas, letra de Faustino Rei Romero e música de Frederico de Freitas.
Celso Álvarez Cáccamo, filho do poeta a quem se lhe
dedicou no 2008 o Dia das Letras Galegas, definiu um dos meus artigos como um
trabalho detectitexto. Pois, certamente, parece-me uma grande definição para o
que fago, já que às vezes quase exerço de investigador privado.
Todas as gestões feitas na Galiza para encontrar as
Dez canções galegas tiveram um escasso sucesso. Então, dirigi o meu esforço
cara Portugal, e concretamente ao Centro de Investigação e Informação da
Música Portuguesa. Esta entidade, que não tinha cópia da obra solicitada,
encaminhou-me até a Dr.ª Helena Marinho, grande pianista portuguesa e
conhecedora da obra do Freitas. Ela sim sabia da existência das peças requeridas
e da sua localização, junto com o resto do espolio do maestro, na Biblioteca da
Universidade de Aveiro.
A Diretora dos Serviços de Biblioteca,
Informação Documental e Museologia desta Universidade, Dr.ª Ana Bela Martins e
a sua colaboradora Dr.ª Patricia Silva, fizeram as gestões precisas para que o
escaneado das Dez Canções
Galegas, e entre elas a do Faustino Rei Romero, chegaram a mim. Para elas
três o meu agradecimento.
Eis a primeira página de Canta, paxariño, canta:
Expólio do Compositor Frederico de Freitas
Universidade de Aveiro
Albergo esperanças de que para maio podamos escutar
esta peça em Rianjo, mas isto é coisa que já contarei outro dia.
O Faustino Rei Romero é para mim uma grande caixa de
surpresas que sempre me colhe desprevenido, ele aparece onde menos se lhe
espera.
No
número 3 da revista do padroado da cultura galega de México Vieiros, há um poema titulado O nome acadado dos nomes. Está assinado pelo Nobel Juan Ramón
Jiménez. Nada teria de especial este poema se não fora porque ao pé do nome do
autor podemos ler: «Versión galega de Faustino Rey Romero, Presbítero. Madrí,
1965»
Nº 3 Revista Vieiros
Outono 1965
Aproveito a ocasião para recomendar vivamente a leitura desta revista feita por Luis Soto, Carlos Velo e Fernando Delgado Gurriagarán. Os textos são magníficos, mas ainda melhor é a maquetagem e as ilustrações.
Memoria de Catoira
Concello de Catoira 2011
Termino com uma foto do Padre rianjeiro na companha de Baldomero Isorna (?). Que grandes!!!
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