sábado, 19 de janeiro de 2013

nº 154 O Sillón dos Moros.

Ser profe nestes dias resulta bem durinho, mas, de vez em quando, acontece alguma alegria. Ontem, duas crianças de sexto, Marcos e Alonso do Aranho, disseram-me que cerca da sua casa, havia um rochedo chamado O Sillón dos Moros, um lugar ao que gostavam de ir nas suas expedições pelo mato. Ao escutar o nome soube que naquele lugar tinha de haver algo bom e perguntei-me como até agora não soubera da sua existência. Tenho que dizer que desde que lhes escutei falar do lugar fiquei preso pela ansiedade de ir lá, olhando pela janela se a ciclogénese ia embora e deixava raiolar o sol.
Hoje, ao meio-dia, enviei um correio ao amigo Carlos Collazo por ver se vinha comigo e a resposta foi imediata. As quatro e meia, aproximadamente, púnhamos rumo ao Sillón dos Moros.
Seguimos todas as indicações de Marcos e Alonso, que resultaram ser singelas e precisas, sem nenhuma possibilidade de perda. Depois de passar o centro cultural da Capela subimos cara ao monte pela estrada até colher uma pista repleta de caçadores. Baixo fogo amigo, ou quando menos essa era a nossa esperança, fomos caminhando sem ter muita certeza de estar pelo caminho certo. Quando já começávamos a duvidar, vimos um homem e a sua espingarda encostado a um 4X4, assim que decidimos achegar-nos a ele para lhe perguntar. Foi desnecessário. A poucos metros vimos uns cons que formavam um balcão ao rio, como pendurados a um vale de aparência glacial formado por um rio entre duas montanhas.
Nesse instante o Carlos e mais eu olhamo-nos para disser a um tempo:

- É aí.

Comecei a tirar fotos e uma vez mais comprovei o difícil que é transmitir em imagens estáticas o que vemos na realidade. O promontório vê-se desde o caminho como uma espécie de grande mámoa com um acesso lógico pelo que te vai levando a senda que se abre entre os cons. Teve a sensação de que o chão está todo ferrado de pedra [foto 1], quiçá o refugalho dos pedreiros ou quem sabe...


 
 foto 1

Para chegar ao Sillón entra-se por uma plataforma entre dois cons redondeados [foto 2] que vem sendo como o pórtico ao grande monumento paisagístico. Sempre gosto de lembrar que os galeguistas do manifesto de Lugo incluíam a defesa da paisagem na sua estratégia para lograr a soberania estética da nação galega.

foto 2

Depois deste primeiro patamar, descemos por um canal [foto 3] perfeitamente traçado que leva directamente ao Sillón.

foto 3

O Sillón dos Moros [foto 4] é exactamente isso, um cadeirão de pedra, com o seu espaldar e umas maravilhosas vistas aos montes da redonda, os mais próximos o Cerqueiro, o monte do Aranho, o Treito... Também se vê algo da ria e os picos dos altos montes barbações. Magnífico. 
A pedra em questão é branca, destacando no meio do mato, mesmo no conjunto pétreo, tendo no assento umas caçoletas pequenas.

foto 4

Sentado na pedra fiz esta instantânea [foto 5] que, como disse, apenas dá uma ideia da sensação que um sente ocupando tão privilegiada atalaia.

foto 5

O lugar merece visitas mais demoradas que com certeza serão dadas proximamente, mas uma vista de olhos rápida e arriscada, os disparos dos caçadores cada vez soavam mais perto, permitiram-nos descobrir alguma coisinha de interesse.
Eu gostei imenso duma pedra [foto 6], novamente esquisitamente branca, com duas pias cumpridas e comunicadas semelhando como algibes feitos de propósito para reter a água. Ainda que na foto pareça pequena, a pedra é de consideráveis proporções.

foto 6

Como não podia ser doutro modo, os graffiteiros do passado deixaram lá também a sua marca. Quando voltemos faremos uma descrição mais detida destas gravuras, mas por enquanto, fiquem estas imagens [foto 7-8].

foto 7
 
foto 8

Quisera, para concluir, fazer uma reflexão final. Nos anos que levo de mestre, cumpri em dezembro dezassete, venho observando como cada vez, os profissionais do ensino estão melhor preparados, mais especializados, com melhores recursos. Por contra, na minha modesta opinião, cada vez escutamos menos ao nosso alumnado. Sempre pensei que @s profes podemos ajudar aos noss@s alun@s a apreender algo, mas é de estúpidos não aproveitarem os ensinamentos que eles nos dão todos os dias. Tenho a impressão que nestes dezassete anos fui eu o aprendiz. Por certo, se eles me examinaram como eu os examino a eles, aprovaria?


P.S. Depois de publicado esta postagem recebi uma foto que me tirou o Carlos Collazo com o seu móbil. Acho que é a imagem que melhor transmite o que um sente nesse lugar. 

    

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro sen ninjunha duda que aprobarias...Carlos

Fran de Carreiròn disse...

Véxoo a vostede moi infectado xa da enfermidade dos pandullos, seguramente polas malas compañías coas que anda por aí... ;)

José Luís do Pico Orjais disse...

Quando tinha 18 ou 19 anos ia desde a Arousa até o Mosteiro da Armenteira a andar para gozar do melhor românico do Salnês. Já me dirás se não levo tempo padecendo de pandulhite.

magago disse...

Pintaza, compañeiro! Poderías xeolocalizalo?

José Luís do Pico Orjais disse...

Manuel, envio-te um correio com a localização.

Anónimo disse...

unha pintasa paresida a Coiros ? Carlos.