sábado, 5 de novembro de 2011

nº 123 Cantos Lusófonos



Já está em papel os meus Cantos Lusófonos, o meu terceiro livro e sem dúvida, o mais pessoal. São setenta peçinhas acumuladas em toda uma vida de cantor, em toda uma vida de cantar. Há melodias que levam comigo desde criança, outras aprendi-nas com os companheiros de Leixaprén, do Coletivo Arma-danças, com Maria Manuela, mas a maioria são o fruto de muitos anos de andar entre cancioneiros como um ratinho melómano e fanático da cultura popular. Queria que um feixe dessas canções falaram de mim a gente. Já era tempo.
Mas os Cantos Lusófonos é um livro de autoria coral. Os autores principais somos a minha mulher Teresa e mais eu. Quando namorávamos de fim de semana eu sempre lhe levava uma quadra no peteiro que ela prendia da orelha como quem prende uma flor. Logo casamos e na espera de ser pais, as canções foram o melhor remédio contra o desespero... Então chegou Dália, e a música que levávamos tanto tempo entesourando não nos deu para lhe dizer o muito que a queremos. É por isso que o livro leva uma dália perfumando na capa.
Também são autores César, Manolo, Xosé Ameneiro, Miro e Xoán (Leixaprén); Ugia Pedreira, Ramom Pinheiro e Servando Barreiro (Arma-danças), Manuela, Xurxo e Paco Barreiro (María Manuela) e a quinta do 12 de Outubro e as suas jornadas terapéuticas filogastronomicomusicais.
Por último são co-autores centos de crianças que em tantos anos de mestre de música aturaram os meus cantos lusófonos, admirados de que todos eles fossem tão doadamente percebíveis.
Resulta-me complicado dizer todo o que quisera sobre este livrinho de canções de fundo de almário, assim que colo aqui fragmentos das três grandes cantoras lusófonas que me prologaram: Uxia Senlle, Ugia Pedreira, e María Manuela (esta em forma de desenhos).

«Cantos Lusófonos é um trabalho necessário e urgente. Estamos num momento determinante para a sobrevivência da nossa língua e sabemos que cantando o nosso acervo rico e comum podemos ter esperanças fundadas nas mil primaveras mais que Cunqueiro alviscou.»
Uxía Senlle


«A música popular não rejeita nada, é esponja que absorve e modela as formas no tempo. A música lusófona é um microchip minúsculo latente e vivo. A música lusófona não sabe que gosta e se emociona imensamente consigo mesma, assusta-se de tanto amor como se tem. A música lusófona é um ADN, um Santo Graal, um dinossauro vivo... tem mil hipóteses, muitas perspetivas, mais voltas e reviravoltas. Porém, isto só será visível para quem quiser ver com os 5 sentidos + um... Nas mãos tem você um cancioneiro que lhe pode adoçar um instante de vida...»
Ugia Pedreira


María Manuela

Também os da Academia Galega da Língua Portuguesa escreveram algo tão lindo como isto:

Breve resenha:
Com este Cantos lusófonos. Cancioneiro Popular, José Luis do Pico Orjais, apresenta-nos, fruto da sua pesquisa no âmbito da historiografia musical e do seu gosto, setenta peças tiradas de cancioneiros galegos, portugueses e brasileiros.
Com duas breves e intensas apresentações de Uxía Senlle e Ugia Pedreira vão cá aquelas letras, lidas uma e outra vez dos principais cancioneiros, postas em papel por Casto Sampedro, Lopes-Graça ou Veríssimo de Melo, escutadas e interpretadas até criarem na memória musical do editor um bom stock de canções tradicionais que agora se oferecem ao público, acompanhadas de partitura e em formato popular para serem tocadas e cantadas.
Trabalho necessário e urgente, com vocação de esperançadora mensagem. Espelho e esponja viva que larga a música tradicional galega na corrente lusófona infinita, para compreendermos e desfrutarmos a perspectiva total de que somos parte. Convidando à festa, à participar da música e do canto, agrupam-se as melodias por blocos, não com critérios taxonômicos, senão mais bem colocando o repertório tal e como o editor na sua experiência gostaria de tocá-lo jeitoso.
Cumpre com este volume a AGLP o desejo de ver editado, em conjunto lusófono e para público lusófono, parte destacada do acervo da nossa cantiga popular. Obrinha muito útil, seguindo as linhas populares das Edições da Galiza, que a paixão de um mestre, a experiência de um intérprete e a erudição de um historiador da cultura galega convertem não apenas num repertório divulgativo quanto numa ferramenta de comunicação destinada a recuperar o canto nos espaços populares, educativos, associativos, festeiros.
Vou já cantar as cantigas, para que fui convidado.

Se alguém quere comprar Cantos Lusófonos fazer pedido na loja de imperdível:

Ou no correio da AGLP:


Ficha técnica:

Coleção "Clássicos da Galiza": Volume 3
Desenhos: Maria Manuela Diaz Orjales
Coordenação editorial: Heitor Rodal Lopes (Edições da Galiza) e Ernesto Vasques Souza (AGLP)
Adaptação e revisão textual: José Luís do Pico Orjais
Correção textual: Carlos Durão e Fernando Vásquez Corredoira
Promove: Academia Galega da Língua Portuguesa. Rua Castelão, nº 27 - 15900 Padrão, Galiza
Edição: Edições da Galiza, 2011
ISBN: 978-84-936481-4-5
Depósito Legal: SE-7169-2011

4 comentários:

Anónimo disse...

Agardo ansiosa este cancioneiro, tanto pola importancia da súa autoría como pola aprendizaxe que adquirirei da nosa cultura popular.

Paulo disse...

Que ben!!
Un bo feixiño de cantigas...iso é saúde.
Parabéns!!

Andrea Pérez Garabán disse...

É un pracer traballar con este pedazo de artista! Noraboa José Luis!

José Luís do Pico Orjais disse...

Pois obrigadinho. O prazer é meu.