sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

nº 247 Caderno de Campo de Lisón Tolosana. Rianxo

 

A partir de outubro de 1963 e durante os seguintes dois anos, o professor Carmelo Lisón Tolosana (1929-2020) realizou o trabalho de campo na Galiza com o que fundamentou parte da sua importante obra antropológica. Entre os numerosos lugares que visitou nesse périplo figuram a vila de Rianxo e a paróquia de Assados. 

Não sei a data exata na que o antropólogo Lisón Tolosana e a sua mulher Julia Donald visitaram o nosso concelho, mas o que sabemos com certeza é que aqui contou com a ajuda do que na altura era um jovem professor, o grande amigo Xesús Santos. Ele foi quem convocou ao grupo de marinheiros que na taberna de Galbán, na ribeira rianxeira, contaram ao antropólogo espanhol alguma das suas tradições, fobias e filias da gente do mar.

O documento que agora achego é a transcrição literal do caderno de campo de Lisón Tolosana com algumas anotações minhas que aguardo ajudem a compreender melhor algum aspecto. 

Dividi o texto em parágrafos, para ter uma visão ordenada dos temas que tratam nas suas conversas os marinheiros convocados na taverna de Galbán.

O documento recolhido em Rianxo por Lisón Tolosana achega-nos uma visão da cultura marinheira em transição, os velhos e os novos tempos arredor duma mesa tavernária. A linguagem misógina com a que falam os informantes resulta difícil de ler -mesmo humilhante pelo seu trato as mulheres- mas entendo que transmite muito bem o que era a sociedade marinheira, tantas vezes idealizada e, por isso mesmo, com uma imagem pública muito deformada.

Na seguinte entrada deste blogue, publicarei a parte do caderno dedicado a Assados, um relato cheio de magia, trasnos e superstições. Continuamos.

Agradeço aos amigos Ramóm Pinheiro Almuinha e a Kike Estévez ter-me posto em conhecimento da existência destes valiosos documentos.

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