A última vez que vi ao Barão de Orjais eu era muito
novo e ele velho de mais. Coincidimos num breve espaço de vida, um
tempo de formação para mim e de despedida para ele, um tempo que
agora é só meu.
Aquela manha em que abandonou a ilha, dissemo-nos
adeus sem palavras; não era necessário porque através das
minhas bágoas infantis pude ver esfumado o seu olhar sonoro e
percebi tudo.
Antes do último saúdo, o Barão presenteou-me um
velho cartapácio cheio de documentos heterogêneos, com tamanhos e
grafias diversos. Havia um pouco de tudo: cartas pessoais, a conta
dum restaurante lisboeta, a partitura duma contradança para flauta,
o programa de concertos dum ballet russo em Paris, uma antologia das
suas frases célebres às que pomposamente chamou Autolorjia de
Aforismos...
De entre todos aqueles papelinhos houve um que me
pareceu especialmente interessante pois falava das origens do Barão
de Orjais.
Eis aqui esse documento que agora comparto em
homenagem a um grande homem, o meu mestre.
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