Em 1934, vai fazer 84 anos, o 7 de setembro também caiu em sexta feira. Esse dia, véspera da festividade da Virgem de Guadalupe, o sochantre da ex-colegiada de Íria e ilustre rianxeiro José Sánchez Vázquez assina a partitura titulada Despedida a la Virgen. Trata-se dum típico canto de romeiros muito semelhante ao conhecido como Adios, Reina del Cielo [A.R.C], um desses cantos marianos de difícil atribuição a compositor algum e que aparecem sempre como tradicionais.
A Despedida de José Sánchez parece uma melodia original sobre um texto inspirado no [A.R.C], uma letra da que podemos encontrar muitas variantes e reelaborações no cancioneiro musical da Virgem. A segunda estrofe é
idêntica à [A.R.C], mas da primeira não encontrei referente algum.
No 2014, e neste mesmo blogue, já falei desta pecinha composta pelo irmão de Dona Pura, a mãe de Manuel Antonio. A novidade é que encontrei no Fondo Local de Música do concelho de Rianxo um novo documento, esta vez com as vozes do duo e acompanhamento, com toda probabilidade para ser tocado no harmónio de Santa Columba. Vejamos ambos os dois documentos.
Os documentos:
J.S.V. 1 Despedida de la Virgen [música manuscrita] Partitura vocal. 1 folha (2 p.) 15X21 cm. Com letra. Espólio de José Pérez.
Nota: Assinatura autógrafa: Rianjo, 7 de Septiembre 1934 José Sánchez.
Despedida a la Virgen
De ti, ¡Oh Madre mía!
Esperan bendición,
los hijos de tu hijo
dádnosla con tu amor.
Adios del cielo encanto,
mi delicia y mi amor,
adios, ¡Oh Madre mía!
Adiós, adios.
Adios, ¡Oh prenda adorada!
J.S.V. 2 Despedida de la Virgen [música manuscrita] Partitura para tenor, tiple [soprano] e instrumento de tecla. 1 folha (2 p.) 21X31,5 cm. Com letra. Espólio de José Pérez.Nota: Marca de agua de J. Romaní. Barcelona.
Despedida a la Virgen
De ti, ¡Oh Madre mía!
Esperan bendición,
las hijas de tu hijo
dádnosla con tu amor.
Adios del cielo encanto,
mi delicia y mi amor,
adios, ¡Oh Madre mía!
Adiós, adios.
Adios, ¡Oh prenda adorada!
A diferença mais evidente entre ambas partituras reside na armadura. A J.S.V. 1 está em Mi Maior e a J.S.V. 2 em Mi b Maior. Suponho que o autor da segunda partitura optou pelo Mi b Maior e o seu relativo Cm por resultar-lhe mais cómoda ou estar mais habituado.
Outra diferença acho que importante reside em que na primeira versão o terceiro verso diz: «los hijos de tu hijo» e no segundo «las hijas de tu hijo». Acho que a explicação reside em que a função da primeira era ser cantada pelos romeiros que vão a festividade da Guadalupe, embora a segunda teria como protagonistas às filhas de María, coro para o que foram arranjadas muitas das obras com que contamos no nosso Fondo Local. Pode que a intenção da J.S.V. 1 fosse fazer da Despedida um tema popular, cantado meio espontaneamente no fim da celebração, como em muitas romarias marianas do Estado Espanhol. Tal vez o autor da J.S.V. 2 imaginava uma interpretação mais formal com o seu organista, um tenor e o coro de filhas de María para a parte de duo.
Por último, e de a nossa hipótese ser certa, a J.S.V. 1 seria uma partitura autografa, é dizer, escrita e assinada pelo seu autor. No segundo caso estaríamos ante uma partitura apócrifa. Quem foi o autor desta segunda versão? Tudo parece indicar que se trata de José Pérez, o proprietário original deste espólio. A partitura que elaborou o autor do J.S.V 2 é como um rascunho, tal vez uma simples anotação para lembrar o desenho harmónico. Isto se evidência na inexistência de plicas. Na estrofe a duo a partitura de piano carece de mão direita o que me faz pensar que o organista tocaria a melodia do tenor. Isto parece confirmar-se quando a sete compassos do final o autor do manuscrito escreveu o primeiro tempo da voz do tenor, colcheia com ponto e semicolcheia. Em qualquer caso, no J.S.V. 1 estão marcados os silêncios das introduções, tanto do solo de tenor como da estrofe de tenor e tiple, o que nos remete a um arranjo similar ao de J.S.V. 2.
Ainda que o arranjo da J.S.V. 2 é um bocado ingénuo e não passa dum rascunho, deixo aqui um midi [perdão pelos sons tão nefastos] para poder escutar a formosa melodia.
Outra diferença acho que importante reside em que na primeira versão o terceiro verso diz: «los hijos de tu hijo» e no segundo «las hijas de tu hijo». Acho que a explicação reside em que a função da primeira era ser cantada pelos romeiros que vão a festividade da Guadalupe, embora a segunda teria como protagonistas às filhas de María, coro para o que foram arranjadas muitas das obras com que contamos no nosso Fondo Local. Pode que a intenção da J.S.V. 1 fosse fazer da Despedida um tema popular, cantado meio espontaneamente no fim da celebração, como em muitas romarias marianas do Estado Espanhol. Tal vez o autor da J.S.V. 2 imaginava uma interpretação mais formal com o seu organista, um tenor e o coro de filhas de María para a parte de duo.
Por último, e de a nossa hipótese ser certa, a J.S.V. 1 seria uma partitura autografa, é dizer, escrita e assinada pelo seu autor. No segundo caso estaríamos ante uma partitura apócrifa. Quem foi o autor desta segunda versão? Tudo parece indicar que se trata de José Pérez, o proprietário original deste espólio. A partitura que elaborou o autor do J.S.V 2 é como um rascunho, tal vez uma simples anotação para lembrar o desenho harmónico. Isto se evidência na inexistência de plicas. Na estrofe a duo a partitura de piano carece de mão direita o que me faz pensar que o organista tocaria a melodia do tenor. Isto parece confirmar-se quando a sete compassos do final o autor do manuscrito escreveu o primeiro tempo da voz do tenor, colcheia com ponto e semicolcheia. Em qualquer caso, no J.S.V. 1 estão marcados os silêncios das introduções, tanto do solo de tenor como da estrofe de tenor e tiple, o que nos remete a um arranjo similar ao de J.S.V. 2.
Ainda que o arranjo da J.S.V. 2 é um bocado ingénuo e não passa dum rascunho, deixo aqui um midi [perdão pelos sons tão nefastos] para poder escutar a formosa melodia.
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