Às vezes encontro-me com textos nos jornais que me enchem a alma, porque me fazem ver situações ou sensações que quisera ter vivido e que infelizmente jamais poderei experimentar. É o caso deste artigo aparecido no jornal La Noche em 1961. Para que sintam o que eu senti, colo aqui o texto sem mais comentário.
Acordes
El caballero de la noche
Después de un día tipicamente canicular, la noche era unha bendición para todos. Olia a incendio fornstal y, desde la Ribera, se veían sobre el Barbanza dos pavorosos focos de fuego que producían reflejos siniestros sobre el mar inmóvil.
A aquellas horas, la temperatura era ideal y la calma absoluta. Los astros giraban en la bóveda celeste inmersos en su tremendo y eterno silencio. De pronto, brotó en el ambiente el rápido preludio de un piano.
Nos volvimos. había una gran galería que dabba a un salón de románticos cortinones y retratos de damas antiguas. Al piano, un caballero magro, alto y entrecanado, con la vista perdida en sabe Dios que recuerdos. ¿Que significaban aquellos acordes, aquella divagación musical cara a la noche rianxeira?... Quizás el caballero intentase reactivar sensaciones y sentimientos desvanecidos tras una niebla de años. O puede que quisiera expresar en bella armonía el dolor producido por algún reencuentro.
Cerró la tapa del piano y se detuvo un instante a considerar los objetos familiares: el reloj de pared, la vieja lámpara, los antiguos óleos... Después se acodó en la ventana y aspiró el aire de la noche... ¿Por qué será tan hermoso el pasado?... ¡Oh, si se pudiese revivir!
Una motora se alejaba cuando sonaron las doce en la campana del reloj parroquial y aun los incendios del Barbanza ponían un reflejo trágico sobre las aguas de la bahía.
S.M.
La Noche, 09/IX/1961
O jornal La Noche -que estivo nas quiosques de 1946 a 1967- pertencia ao mesmo grupo editorial que El Correo Gallego e contou com diretores como Raimundo García Domínguez Borobó, que promoveram a escritores galegos e fomentaram o uso da língua galega.
La Noche acostumava fazer um especial sobre as Festas de Guadalupe em Rianxo, páginas que hoje são um agasalho para tod@s os que amamos ao nosso povo. Segundo me conta o meu grande amigo Xosé Comoxo, meu assessor pessoal em rianxeirismo, o factotum desta impresa foi Máximo Sar, a quem lhe devemos, só por isso, uma homenagem pública. Ele procurava aos autores e os anunciantes que sufragavam a edição dessas páginas culturais.
Na minha opinião, o autor do artigo El caballero de la noche e que assina com as inicias M. S. foi o próprio Máximo Sar que evita citar o nome desse cabaleiro pianista, obviamente o Rafael Dieste, tal vez por uma precaução de orde política. Se temos em conta que o escritor do Félix Muriel retornou em agosto do 1961, o artigo foi publicado apenas uns dias, ao sumo um mês depois de recuperar o velho piano que a família comprara para a sua irmã Olegaria. Não posso nem imaginar o que deveu ser para Rafael chegar à sua casa da Rua de Abaixo, abrir a tampa do velho instrumento e começar a digitar sobre as peçinhas brancas e pretas. A pobre de Olegaria, na sua ofuscação de décadas, reconheceria aqueles sons como familiares? Do que si estou certo é de que Dieste deveu escolher muito bem aquela primeira tocata. Conhecendo a personagem e os seus genes, estou convencido de que foi uma cantiga popular, tal vez um alalá ou unha foliada marinheira improvisada, com a vista posta na saudade daquele Rianxo que lhe roubaram.
2 comentários:
Vintecinco anos lonxe do seu lar acumulan moita morriña...
Pois sim...
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