As pantufas de Filgueira Valverde.
Teve a oportunidade de falar com o Dr.
Filgueira Valverde só uma vez, nos tempos em que cursava primeiro de carreira
na escola normal de Ponte Vedra. Na altura visitava assiduamente o Museo de Pontevedra cujas instalações,
salas e arquivo, foram a minha universidade, o lugar onde me formei e me apaixonei
pela história cultural do meu país.
Um dia, ao entrar no edifício Castro
Monteagudo, reparei na prateleira onde se mostravam os livros à venda. Entre
eles salientava um exemplar do Cancionero
Musical de Galicia de Casto Sampedro. Para mim, aquele era um livro quase
mitológico que conhecia graças aos créditos dos discos de Milladoiro. Perguntei
o preço. Custava, se não estou em erro, três mil pesetas, que ainda
parecendo-me uma barateza era um dinheiro que não tinha. Juntei pesinho a pesinho.
Alguns companheiros do grupo Leixaprén
—no que daquela eu tocava— encomendaram-me vários exemplares.
Com o bolso cheio de bilhetes fui à banca do museu
e pedi os cancioneiros a um funcionário que anotou a minha compra num livro,
algo que na altura já me resultou um bocadinho démodé. Foi nesse instante que pela porta vi entrar ao Dr.
Filgueira. O empregado saudou-o muito respeitosamente, mesmo com certo boato, e
ele acercou-se a onde nós estávamos e cravou os seus olhos nos cancioneiros que
acabava de comprar. Depois olhou para mim e disse-me algo acerca de que aqueles
livros eram uma joia, um tesouro da nossa cultura. Eu assentia e deixava-o falar
sem ser cônscio do papel jogado por ele na edição do dito cancioneiro. Finalizado
o seu elogio sobre a obra de Casto Sampedro —e em parte também dele— o Dr.
Filgueira dirigiu-se ao funcionário perguntando-lhe quantos exemplares ficavam
ainda em stock. Deviam ser poucos, pois o velho professor ordenou que fossem
retirados da venda de imediato.
O
encontro terminou com uma anedota quase de vaudeville. Outro empregado apareceu
de dentro do museu e dirigiu-se ao ex-diretor:
— Don José! Ya están preparados los canapies.
D. José olhou para mim e sorriu, caminhando na
direção em que viera o funcionário hipercastelhanista. E foi nesse momento em
que reparei como embora ele vestisse traje, gravata e uma gabardina tipo Bogarth,
nos pés levava umas pantufas de flanela a quadros, as pantufas dos avós de toda
a vida. Com o passo do tempo, a lembrança dum ex-diretor de museu idoso, trajado
e com pantufas é a melhor imagem que se me ocorre dos últimos anos do Dr. Filgueira.
Um homem que apôs quase cinquenta anos a frente do Museo de Pontevedra andava por aquelas instalações como pela sua
própria casa.
*
Graças ao Cancionero
Musical de Galicia de Casto Sampedro aprendi entre alalás, moinheiras e
gotas a ler música. Mas, por cima de tudo, foi com a extraordinária introdução
historiográfica de José Filgueira Valverde que conheci o universo musical do
nosso país, com a sua visão holística do folclore onde se misturam as artes, os
estilos, os géneros, as épocas... Também descobri graças a ele a existência dum
homem em Vilancosta que a mediados dos anos quarenta do século XIX começou a
recolher música tradicional, sendo nisto —como em tantas outras coisas— um
autêntico pioneiro. Esse homem, Marcial Valladares Núñez, foi o meu objeto de
estudo principal durante anos, chegando a editar, em parceria com Isabel Rei
Samartim, o seu cancioneiro Ayes de mi
pais.
Os folclorista sabem que o Dr. Filgueira
Valverde foi o fazedor que possibilitou a edição dos dois grande cancioneiros
galegos, o mencionado de Casto Sampedro e o Cancioneiro
Galego de Bal y Gay e Torner. Essas duas grandes coletâneas do nosso
folclore foram concebidas antes da Guerra Civil mas publicadas durante a
ditadura, em 1942 e 1973 respectivamente. O Cancioneiro
Galego é a obra de dois republicanos que tomaram o caminho do exílio. Jesús Bal y Gay retornou a Espanha em 1965 e
foi com ele com quem o Dr. Filgueira tratou a publicação das fichas elaboradas junto
a Eduardo Martínez Torner nas suas viagens por Galiza. Aquela obra concebida
pelo Centro de Estudos Históricos vinha a ser editada pela franquista Fundação
Barrié de Maza. O retornado Bal y Gay colaborando com o franquista Filgueira
Valverde. Tal vez isto aconteceu assim por Torner ter falecido anos antes num
hospital da caridade inglês, depois de ter feito coisas no desterro tão
importantes para a nossa cultura como os programas sobre folclore galego
emitidos pela BBC. Lembrar, por se alguém não souber, que o Martínez Torner era
asturiano, razão esta, em minha opinião, pela que se subestima tanto o seu
importante papel na historiografia musical galega.
**
Rematada a carreira de magistério, a minha
atividade profissional no mundo da música foi-se virando mais cara ao plano
teórico que ao prático. O Dr. Filgueira veio na minha ajuda numerosas vezes
para trazer-me dicas, respostas, fios dos que tirar. Os seus Adral, que colecionei e li com
verdadeiro interesse, foram o princípio de muitas aventuras nas que me
embarquei, deitando luz sobre problemas que eu tentava resolver. Seriam
intermináveis as referências utilizadas por mim cuja origem está nos escritos
do velho professor.
Ultimamente, venho de publicar um Opúsculos das Artes sobre o Festival de la Canción Gallega. Este
festival existiu graças ao contubérnio de dois intelectuais franquistas, o
crítico do ABC Antonio Fernández Cid e o presidente da câmara de Ponte Vedra,
Dr. José Filgueira Valverde. Durante as nove convocatórias celebradas entre
1960 e 1968 estrearam-se cerca de cem canções compostas por músicos espanhóis
renomados, sobre poemas de escritores galegos de todos os tempos. Isto só na
secção oficial, pois o número de peças para canto e piano ou para coro
apresentados aos concursos paralelos ao festival são dificilmente
quantificáveis. Junto com os concertos houve conferências dadas por Fernández
Cid e Filgueira Valverde, mas também por outros vultos da cultura galega nada
afins ao regime. Entre os palestrantes alguns velhos companheiros do Seminário
de Estudos Galegos, caso de Antonio Fraguas Fraguas, novíssimos poetas, como
Uxio Novoneyra, que a última hora não pode acudir ou Xosé María Álvarez
Blázquez. Este último recebeu um convite pessoal do Dr. Filgueira. Há que
lembrar que o poeta e editor ao que lhe dedicamos o dia das Letras Galegas no
2008 foi vítima da repressão franquista, sendo filho dum fuzilado, Dario Álvarez Limeses, e um dos
muitos mestres purgados após o começo da contenda.
O acontecido com a família Álvarez Limeses
durante os anos da Guerra Civil é um exemplo claro do embrulhado, dramático e
controvertido que pode chegar a ser tentar encontrar explicações ao
inexplicável: o uso da violência escusando-se na defnesa duns ideais
superiores.
Vejamos:
-Em 19 de abril de 1935, Xerardo Álvarez
Limeses anunciava ao seu genro a sua vontade de sair do Partido Galeguista por
não concordar com a política oficial de achegamento aos partidos de esquerda: «Eiqui estamos resoltos a irnos do partido
Filgueira, meu hirman Xose, meu fillo Xose M.ª, os dous Caramés, Sesto e outros
xovenes que non podemos ver con vos ollos a entrega do galeguismo os enemigos
da Relixón.» Fonte:
O galeguismo na encrucillada republicana Xavier
Castro. [Deputación Provincial de Ourense; Ourense] 1985
-Em 17 de agosto de 1936 é fuzilado na Caeira,
Alexandre Bóveda.
-Em 29 de setembro de 1936 morre de causas
naturais José Álvarez Limeses.
-Em 11 de outubro de 1936, Xerardo Álvarez
Limeses, na sua qualidade de Inspetor Chefe de primeiro ensino, pronuncia um emotivo discurso nos atos de reposição
dos crucifixos nas escolas públicas de Ponte Vedra. Na comitiva que trasladou o
crucifixo até a Escola Normal também formava parte o padre Fr. Luis Fernández Espinosa,
músico muito relacionado com o grupo da Sociedad
Polifónica de Pontevedra e confessor de Alexandre Bóveda o dia da sua execução.
-Em 30 de outubro de 1936 é fuzilado em Tui
Darío Álvarez Limeses.
-Em 8 de abril de 1937, morre Casto Sampedro y
Folgar, diretor do Museo de Pontevedra.
Xerardo Álvarez Limeses, na altura vice-diretor, converte-se em diretor acidental
na instituição arqueológica, cargo que ocupará até a sua morte em 9 de março de
1940.
-Em 23 de março de 1940 é nomeado diretor do Museo de Pontevedra o Dr. José Filgueira
Valverde, que na equipa anterior ocupara o cargo de Secretário.
Vinte anos depois do fim da guerra, Xosé María
Álvarez Blázquez participa no Festival de
la Canción Gallega, como já disse, por convite pessoal do já na altura
Presidente da Câmara Municipal. Além da sua extraordinária erudição, Xosé María
mostrou, mais uma vez, o seu enorme compromisso com o nosso país, pronunciando
uma das suas palestras em galego. Tratava esta sobre as Paxolinhas de Natal. No
mesmo ato pronunciou uma outra palestra Filgueira Valverde, esta vez sobre a
festa dos maios. O Presidente da Câmara utilizou o castelhano, suponho que para
não incomodar ao seu parceiro Fernández Cid ou ao co-financiador do evento, o Ministério de Información y Turismo de
Manuel Fraga Iribarne. A intervenção de Xosé María Álvarez Blázquez nesta
edição do Festival de la Canción Gallega
de Pontevedra —acontecida em 22 de julho de 1964 no Salão de Atos da
Deputação de Ponte Vedra— devera ser considerada uma das grandes efemérides da
resistência linguística galega durante os anos escuros do franquismo.
Mas neste festival aconteceu algo que merece
quando menos um comentário. Como já disse, a mecânica do festival consistia em
que um compositor espanhol compunha uma canção utilizando como letra um poema
dum escritor galego. Foram mais de sessenta os músicos participantes, repito,
todos eles de nacionalidade espanhola, a exceção de dois argentinos oriundos.
Nesta ilustre nominata de compositores colaram-se sete inesperados compositores portugueses: Joly Braga Santos, Frederico
de Freitas, Claudio Carneiro, Rosado Peixinho, João de Freitas Branco, Macedo
Pinto e Ruy Coelho. A dia de hoje tudo faz pensar que o culpável desta
participação lusa foi Filgueira Valverde. O Presidente da Câmara era um
velho conhecido, tal vez amigo, de Frederico de Freitas. Este
conhecimento/amizade deixou rasto nos respectivos arquivos pessoais em forma de
dedicatórias, recortes de jornais, programas de mão, etc. Considero ao Dr.
Filgueira indutor da presença do Freitas e, porque não, de todos os outros
compositores portugueses. Mesmo na convocatória de 10 de julho de 1967, sessão
inaugural do VIII Festival de la Canción
Gallega, a palestra correspondeu ao diretor do Museu de Porto,
Sr. Fernando Castro Pires de Lima, com o título Elógio da cantiga popular minhota. Nem falar da importância que esta
maridagem entre poetas galegos e músicos portugueses tem para uma história
cultural da Galiza e para tod@s os que defendemos o reconhecimento do papel que
a nossa terra deve ocupar no mundo lusófono.
Como curiosidade, dizer que no Festival de la Canción Gallega participou como poeta Ernesto Guerra da Cal. Três poemas seus foram musicados pelos compositores valencianos Matilde Salvador, Vicente Asencio e José Evangelista. Este último contou-nos —a Isabel Rei Samartim, a Joam Trillo e a mim mesmo— que os poemas do escritor republicano e exilado Guerra da Cal chegaram-lhes da mão de Eugenio Montes. Eis outra rede de contatos curiosa. Eugenio Montes escreveu em 1930 um dos livros, a meu ver, mais formosos da literatura em galego: Versos a tres cás o neto [Ed. Nós; La Coruña, 1930]. Em 1933 é um dos fundadores da Falange e se considera um dos intelectuais mais próximos a Primo de Rivera. Este homem, que após o seu ingresso na Falange jamais volverá a escrever em galego é o portador dos versos do exilado republicano Guerra da Cal, os quais, convertidos em canções, serão finalmente estreados em 1964 no Salão Nobre da Deputação de Ponte Vedra, na que assenhoreava o tal Filgueira Valverde.
Estou a lembrar uma frase de Blaise Pascal que li num livro de Vila-Matas: «E se escrevi esta carta tão longa, foi porque não teve tempo de fazê-la mais curta.» Nestas últimas semanas andei com muito pouco tempo para ler e menos ainda para ler o que se publica na rede. Apenas li o cabeçalho de algum dos numerosos artigos publicados sobre o caso Filgueira Valverde, assim que é possível que muito do que eu contei já fosse contado nos últimos dias. Não faz mal, total a mim não me lê ninguém. Como sei, portanto, que o que escrevo apenas terá leitores, arrisco-me em último termo a dar a minha opinião —a modo de conclusão—, uma opinião que ninguém me pediu, assim que vai de graça.
Como curiosidade, dizer que no Festival de la Canción Gallega participou como poeta Ernesto Guerra da Cal. Três poemas seus foram musicados pelos compositores valencianos Matilde Salvador, Vicente Asencio e José Evangelista. Este último contou-nos —a Isabel Rei Samartim, a Joam Trillo e a mim mesmo— que os poemas do escritor republicano e exilado Guerra da Cal chegaram-lhes da mão de Eugenio Montes. Eis outra rede de contatos curiosa. Eugenio Montes escreveu em 1930 um dos livros, a meu ver, mais formosos da literatura em galego: Versos a tres cás o neto [Ed. Nós; La Coruña, 1930]. Em 1933 é um dos fundadores da Falange e se considera um dos intelectuais mais próximos a Primo de Rivera. Este homem, que após o seu ingresso na Falange jamais volverá a escrever em galego é o portador dos versos do exilado republicano Guerra da Cal, os quais, convertidos em canções, serão finalmente estreados em 1964 no Salão Nobre da Deputação de Ponte Vedra, na que assenhoreava o tal Filgueira Valverde.
Estou a lembrar uma frase de Blaise Pascal que li num livro de Vila-Matas: «E se escrevi esta carta tão longa, foi porque não teve tempo de fazê-la mais curta.» Nestas últimas semanas andei com muito pouco tempo para ler e menos ainda para ler o que se publica na rede. Apenas li o cabeçalho de algum dos numerosos artigos publicados sobre o caso Filgueira Valverde, assim que é possível que muito do que eu contei já fosse contado nos últimos dias. Não faz mal, total a mim não me lê ninguém. Como sei, portanto, que o que escrevo apenas terá leitores, arrisco-me em último termo a dar a minha opinião —a modo de conclusão—, uma opinião que ninguém me pediu, assim que vai de graça.
***
1. Sempre fui um péssimo estudante. Nunca me
adaptei ao sistema, nunca compreendi o sistema, nunca encontrei um lugar para
mim no sistema. Estudei magistério e aprovei as oposições à primeira, só porque
me examinei por música e me permitiram tocar. Porém escrevi quatro livros,
dúzias de artigos, palestras... Ou sou uma fraude ou é que para mim existiu
outra universidade, mais eficaz, menos acadêmica. É por isso que confesso que se
algo do que escrevi tem algum mérito dever-lho-ei em grande medida ao Dr. José
Filgueira Valverde e ao arquivo e biblioteca do Museo de Pontevedra.
2. Em minha opinião, a nomeação de Filgueira
Valverde como escritor homenageado no dia das letras galegas para o 2015 é um
intento de demolir a instituição desde o seu interior. Que o velho professor
seja o homenageado é um problema tanto para a esquerda como para a direita.
Também não lhe fazem nenhum favor ao próprio Filgueira Valverde. O melhor que
podiam fazer os seus filhos e agradecer à RAG o reconhecimento, mas renunciar a
ele —suponho que isso se poderá fazer—.
3. Em minha opinião, novamente, o Dr. José
Filgueira Valverde não merece nenhum reconhecimento, nem tão sequer um tão
desacreditado como o Dia das Letras Galegas. E não o merece não por ser um
autor medíocre ou sem obra, pois para mim esta tem méritos sobrados. Está
inabilitado por fazer parte do poder franquista. Os que dizem que há que
dissociar a personagem política do escritor que apreendam de mim, eu o estou a
fazer.
4. Em minha opinião, mais uma vez, o Dr. José
Filgueira Valverde apenas teve influência na morte por assassinato de Alexandre
Bóveda. Isso não quer dizer que não seja culpável da sua morte. Para mim todos
os que participaram do poder franquista são cúmplices da carnificina cometida
durante a guerra e, posteriormente, na ditadura.
5. Em minha opinião, por último, fica sem
resolver totalmente o papel político que as sociedades pontevedresas jogaram
durante os anos prévios, durante e depois da Guerra Civil. Cada vez estou mais
convencido de que o culpável do assassinato de Bóveda foi o fanatismo religioso
duns católicos que se agrupavam em círculos e juntas aparentemente culturais.
Na Polifónica de Pontevedra, formada
em boa parte por funcionários, ao igual que Bóveda, de fazenda, cantou na corda
dos tenores o médico Victor Liz Quibén, chefe da Guarda Cívica e personagem
sinistro ao que se lhe atribuem mais de vinte assassinatos. Também, não deixa de
ter graça que o irmandinho Antonio Losada Diéguez coincidira na corda de
barítonos com o caciquinho Vicente Riestra Calderón, competidores pela
jurisdição de A Estrada nas eleições a Cortes. O redor da Polifónica, na que cantara Castelao, Bóveda e a sua mulher Amalia,
andaram pessoas muito relacionadas com a Direita Galeguista liderada
por Filgueira como o seu inseparável Iglesias Vilarelle, Lino Sánchez ou o
próprio Gerardo Álvarez Limeses e o seu filho Xosé Mª Álvarez Gallego.
O tema do Museo
de Pontevedra devera também revisar-se. Como é sabido, uma parte dos fundos
com os que conta são fruto dos embargos decretados pelo Tribunal Regional de
Responsabilidades Políticas. A Castelao, por exemplo, se lhe impus em 1940 uma
multa de 75.000 pts. Como tal quantidade não foi paga, procedeu-se a confiscação
dos bens que Castelao guardava nas suas vivendas de Ponte Vedra e Rianxo.
Depois de negociações e acordos com a viúva e as irmãs do artista rianxeiro,
com os Baltar de mediadores, chegou-se ao estado atual, sendo o Museo de Pontevedra o lugar onde podemos
contemplar a maior parte da sua obra. Filgueira Valverde teve, como diretor do
museu, um papel preponderante junto a Sánchez Cantón no espólio dos bens de Castelao.
Resulta irónico que o património do artista rianxeiro ficasse a salvo numa
instituição pública graças ao andrógeno
Sánchez Cantón e ao manteigoso
Filgueira —assim eram qualificados pelo próprio Castelao—.
Final
Só me resta dizer uma coisa: se a R.A.G. tiver
vocação de volver a ser uma instituição séria, o Día das Letras Galegas do 2016
deveria ser dedicado ao escritor galego mais universal: Luis Vaz de Camões.
3 comentários:
Grande texto, meu... erudição, absurda seriedade, tudo ensarilhado numa lógica esmagadora e essas perguntas aí no final... Valle, Bolaño, Vila Matas e Cunqueiro, deveriam fazer parte do decorado e colocarmos numa montra as pantuflas de Filgueira coma homenagem maiuscula e superlativa...
Abraço,
Ernesto
Magnífico texto, José Luís, que merece ser lido por tíri@s e troian@s (se é que são diferentes! ;-) ) e estou a procurar espalhar.
Bom, não me presta muito a visão quase entranhável de Filgueira com pantufas, mas sim que têm um papel simbólico na criação da cultura galega: imaginemos o indivíduo quentando-as na mesa de braseiro de Piñeiro, tal para qual, dous piares do mesmo.
Abraço,
-celso
Celso Alvarez Cáccamo
Obrigado aos dois. Não pretendia dar uma visão amável ou entranhável do Filgueira nem tampouco negativa, simplesmente falar do que vivi e apreendi, nem sempre comprendi, naquele museu tão inabarcável. A vossa opinião é para mim muito importante, mais que a repercusão que possa ter o meu artigo, pois faz muito que só escrevo no meu blogue para os meus. Abração.
Enviar um comentário