Para mim, a rainha de todos os tipos de amêijoa que se marisqueia e se prepara nas nossas rias é a amêijoa encarnada, Venerupis rhomboides, chamada fora da Arousa, rubia e em Portugal, amêijoa-vermelha. E de todas as formas de preparar esta delicatessen eu escolheria as Amêijoas com unto.
A receita é muito doada. Só há que colocar umas batatas no fundo da panela e cobrir de água. Botar-lhe um pedacinho de unto galego, chega com um dado, e cobrir com os bivalves que se abrem e deitam todo o mar que levam dentro fazendo um caldo marinho extraordinário. Quando vão estar as batatas prova-se o sal e decide-se quanto precisa, mas vai ser só uma pitada. Uns minutos mais e pronto para comer.
Deveríamos situar este prato na denominada cozinha pobre marinheira, é dizer, uma refeição acessível para as pobres economias dos marujos, que procuravam no marisco uma fonte de alimentação próxima e livre, como se véu fazendo desde a pré-história até a época moderna. As amêijoas, ao igual que outros bivalves como o mexilhão, são uma fonte rica em ferro, e o unto supõe uma achega proteínica que faz deste prato um alimento muito interessante para os corpos anémicos dos anos da fome.
A senhora idosa que me falou e deu a receita das Amêijoas com unto aborrecia deste prato. Dizia que o comera tantas vezes quando criança que não podia nem escutar falar dele.
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Polvo à moda da Arousa
Gaspacho arousão
2 comentários:
que di essa senhora idosa que as patacas deveriam ser cachelos com tona...
Ouvido cozinha....
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